sábado, 31 de maio de 2014

escrita de fim de semana

em fim de semana, aproveito o balanço de alguma mornice e estico-me pela escrita de cariz mais ensaísta;

poderes e escola - relações em reconfiguração - podia - e é - um título para esta entrada;
começo por dizer que a escola, desde as suas mais remotas origens, teve como objetivo moldar as crianças (corpo e mente) a uma língua, a uma cultura, aos processos que num tempo e num contexto, definiram a normalidade, as regras, os preceitos do governo do coletivo; não apenas pelos conteúdos disciplinares (aquilo que se ensina nas diferentes disciplinas), como pela seleção e organização das disciplinas (os tempos, os modos, as didáticas) e, mais ainda, pelo conjunto de preocupações que cada período expressa (preocupações pela natalidade juvenil, pelas dependências, consumos ou comportamentos, seja pela ação individual e/ou de grupo onde cada um se insere);
para o cumprimento desta missão foram definidos objetivos educativos que se expressavam na ação escolar (os modos de organização da escola, os tempos letivos e não letivos, o papel da escola e dos profes na guarda das crianças, a oferta escolar e formativa, entre muitas outras dimensões); foi ainda definida uma estrutura organizacional que tem variado muito pouco desde 1976, por altura do célebre e por alguns desejado, decreto 769-A/76, designado como o decreto da gestão democrática, assente num órgão de administração (o 769-A não o contemplava e o conselho diretivo assumia ambas, só depois do 115-A/1998 se definiu a sua separação na assembleia de escola, atual conselho geral), de gestão (o conselho diretivo ou o diretor, uninominalmente) uma estrutura de supervisão ou definição estratégica, desde sempre assumida pelo conselho pedagógico;
nesta estrutura os profes estiveram quase sempre em maioria; imbuídos de um espírito de grupo, homogeneizados pela formação inicial das ciências da educação, independentemente das suas origens, formados no espírito democrático do pós 25 de abril (do nacional porrerismo, das vontades de mudar o mundo, crentes no espírito harmonioso e equilibrado do universo, na crença que a educação e a escola mudam pessoas e mentalidades), as situações de conflito e/ou litígio e/ou divergência quanto às opções e sentidos e modos de gestão das escolas foi quase sempre minimizada, desvalorizada e relegada para questões mais pessoais, de desentendimentos e não questões de política dura; mais, para a generalidade dos profes, imbuídos de um espírito de alguma colegialidade, de pretensos interesses pedagógicos (como se estes não fossem eles mesmo de natureza política) sempre afirmaram que a política ficava à porta da escola; com esta afirmação quase sempre quiseram afirmar que política era partido e não opções, escolhas que se assumiam na direção ou na gestão - e só mesmo os profes acreditaram nestas palavras, tudo o resto os contrariava, desde os conselhos locais de educação ou, posteriormente, os conselhos municipais de educação, ao papel das câmaras e vereadores na gestão dos recursos afetos às escolas, à ação das estruturas centrais ou desconcentradas do ministério;
mais, o paralelismo que desde o 769-A foi configurado à administração (de longo prazo, estratégica, de ciclos de formação) e a gestão (mais imediata, de curto prazo, de resposta direta a situações ou problemas) fez com que a dimensão política das escolhas e das opções de escola se diluísse na personalidade e nos interesses de uns quantos e existisse, inclusivamente, alguma verdade na afirmação que a política era escassa na escola, e era mesmo, porque quase que centrada na pessoa do presidente/diretor, muito dependente da sua dinâmica, dos seus interesses e vontades - evidência ontem como hoje, o processo de discussão e de decisão dos diferentes órgãos e dos diferentes temas, quantas vezes não se discutem os problemas porque se assume que é questão do diretor e se assumem as suas determinações, porque são mesmo ou acabam por ser determinações e não orientações;
mesmo depois do célebre decreto da autonomia, o o decreto lei 43/89 (que ainda não foi revogado e que, se utilizado, como argumento ou justificação na escola, criaria de certezinha algumas moengas e engulhos a alguns), que passou a definir a autonomia enquanto projeto, configurando o projeto educativo como o programa de governo de uma escola, a dimensão política se insinuou ou se estabeleceu nas escolas; primeiro porque apenas se ligou ao projeto educativo a partir do momento em que a inspeção o passou a solicitar, coisa que apenas aconteceu já bem dentro dos anos 90; depois porque com ou sem projeto, sempre prevaleceu a vontade, o interesse e o protagonismos de uns quantos, sempre muito poucos, sempre muito juntinhos - por isso mesmo hoje se mantém uma questão claramente (im)pertinente, projeto educativo para quê? isso não é só faz de conta? isso não é apenas burocracia, perda de tempo?;
estou convencido que se não tivessem existido agregações a coisa se manteria como estava; isto é, um conselho geral de faz de conta, de anuência a diatribes e (in)disposições dos diretores, órgão de brincar às assembleias; estou certo que sem agregações se manteriam as escolhas e as personalidades dos diretores como determinantes dos sentidos e das opções mais ou menos democráticas da sua gestão - por exemplo, quantos agrupamentos ou escolas têm configurado critérios, regras e procedimentos coletivos do famoso artº. 20º dos decretos leis 75/2008 e/ou 137/2012, referente às competências do diretor? a generalidade assume que isso é competência do diretor, não se mexe, não se define - é livre arbítrio do diretor, e é pena, digo eu;
contudo, o processo de agregação veio introduzir um conjunto significativo de alterações em sede da administração e da gestão; o processo de agregação permitiu destapar as dimensões políticas da gestão; dimensões essas assentes nos interesses, nos objetivos e nas preocupações individuais, sejam de pessoas ou de grupos; e é essa a dimensão política que a escola sempre teve (interesses, objetivos individuais) mas que estavam como que subsumidos - mais cego é quem não quer ver:
com as agregações surgiram novas variáveis em todo o processo; escolas básicas a gerir interesses do secundário e dos profissionais, escolas secundárias confrontadas com as mobilidades do pré escolar ou do primeiro ciclo; no meio, todo o confronto de múltiplos interesses (pais/encarregados de educação, município, técnicos, recursos, profes, funcionários, sindicatos, plataformas, pedidos e urgências daqui e dali) agora de difícil (senão mesmo e em alguns casos, de quase impossível gestão);
por via do destapar das dimensões políticas das escolas evidenciam-se conflitos e divergências entre órgãos e estruturas; mantém-se, em alguns casos e em algumas situações, a retórica que não é política, nem é pessoal, destaca-se, na justificação ou na argumentação do conflito, a divergência pedagógica, a discordância ou mesmo a divergência de interesses, mas não a sua dimensão política; ele é em muitos sítios, o conjunto de pareceres expressos pelo conselho geral a produtos e documentos oriundos do conselho pedagógico; ele é a divergência de docentes quanto a horários, serviços, funções, afazeres entre muitos outros; ele é o nível de ruído que começa a crescer e a se afirmar em reuniões, ele é o papel dos pais/encarregados de educação que se expressam de modo diferente (e mais informado), ele é a câmara que se desliga quando não assume interesse ou preocupação; ele é o isolamento em que muitos diretores estão a cair;
isso é a reconfiguração dos poderes; poderes que se alteraram significativamente, quer na sua estrutura e organização, quer na expressão dos seus objetivos; e é esta re configuração que faz com que muitos agrupamentos sejam quase ingovernáveis; hoje não chega a vontade, o interesse ou a boa vontade de um diretor ou de um vice ou assessor; hoje é manifestamente insuficiente responder a interesses (pontuais, circunstanciais, individuais) para se ganhar o silêncio; hoje é impossível fazer panelinha com amigos ou parceiros; hoje as escolas são mais que a junção de interesses e funções; não chega a experiência ou a dinâmica de um diretor; é preciso muito mais que isso, é preciso, essencialmente, assumir a dimensão política da escola; sem a presença e a assunção desta dimensão estou convencido que os diretores terão um muito mais curto prazo de vida (profissional, entenda-se) que antes, que as mudanças e as mobilidades de estruturas intermédias será mais acentuada, que o cansaço e o desprendimento mais evidente;

sexta-feira, 30 de maio de 2014

resultado - atualização

faltou ainda comentar o resultado de um agrupamento por onde já passei e por onde gostei de andar e de estar, viana do alentejo (gente da boa);
continuidade 1
regressada (eu sei que ela não iria gostar nem permitir, mas... ) 17
faltou um e um branco - se não estiver a cometer erro
um claríssimo cartão vermelho à falta de tato, à excessiva dimensão partidária da coisa, à gestão com os pés e sem sentido;
não sei se é um regresso desejado e determinado, se apenas o mal menor ou a criação de alternativa à estupidificação da coisa,
será interessante perceber a dimensão gestionária (da escola e pedagógica) entre viana, sede de concelho, e alcáçovas, desde sempre envolvidas em guerras de alecrim e manjerona, com aguiar de permeio;
nunca foi uma solução, mas também não eram três problemas,
o que serão a partir daqui?

ante estreia

amanhã surgirá este mesmo espaço um texto longo, extenso, comprido; claramente fora do que me é hábito; foi escrito de uma assentada, da qual resultaram quase 1500 palavras de texto,
diz respeito à reconfiguração dos poderes escolares, isto é, aos (des)equilíbrios que noto, em particular na minha escola, por uma questão de proximidade, mas também em outras, entre órgãos e estruturas, posicionamentos e discussões; ele é a divergência, senão mesmo o conflito de interesses entre conselho geral e conselho pedagógico, departamentos e turmas, diretor e assessores;
os tempos na escola (mas não só), estão manifestamente diferentes, esquisitos, diferentes e fazem-se sentir nos equilíbrios cada vez mais precários entre nós e de nós mesmos; tempos de interesses, de orientação, de gestão;
o texto versará sobre a dimensão política da escola e das suas opções, como se expressaram elas no passado e no tempo presente, qual a reconfiguração que destaco fruto dos processos de agregação; dimensão de política escolar, aquela que acontece e tem como palco a escola, qualquer escola, mas contextos concretos de ação e de vivência, nem sequer é de política educativa, mais geral, mais governamental;
em ante estreia apenas faço votos para que dê que pensar, crie dúvidas, motive algumas interrogações ao pessoal que tiver a pachorra de ler;
o processo de agregação veio introduzir um conjunto significativo de alterações em sede da administração e da gestão das escolas; o processo de agregação permitiu destapar as dimensões políticas da gestão; dimensões essas assentes nos interesses, nos objetivos e nas preocupações individuais, sejam de pessoas ou de grupos; e é essa a dimensão política que a escola sempre teve (interesses, objetivos individuais) mas que estavam como que subsumidos - mais cego é quem não quer ver:

resultado

nem mais, as eleições assim o ditaram;
num dos agrupamentos, o 4, o inevitável, o esperado, a senhora diretora era única;
noutro, no 2, direi que esperado, alianças sem surpresas, posições direi quase que normais;
acrescento, em tons de concórdia, quando há opções internas quem vem de fora tem poucas hipóteses;
eu que o diga que o aprendi à minha custa;
fica a esperança de, num e noutro agrupamento, se afirmarem ideias de escolas e de educação num território concreto; não será fácil pelos tempos, pelas dimensões, pelas políticas, pelas posturas de todos - profes, pais, políticos e município...

quinta-feira, 29 de maio de 2014

dos manuais escolares - escolhas e dúvidas

antes referenciei a minha presença e os meus comentários, à apresentação de manuais e/ou projetos editoriais para os próximos anos letivos;
hoje, depois de uma curta quanto interessante conversa com uma colega sobre tema, discorro novamente sobre a coisa;
da conversa
inúmeros, tantos, canseira e trabalheira
da pergunta
para que se quer um manual
aí a coisa já se divide;
um manual escolar pode (e deve) ser visto como:
suporte de trabalho ao aluno, instrumento de orientação do trabalho mais autónomo, mais individualizado do aluno enquanto estudante - isto se o aluno o souber utilizar, tenha pelo menos curiosidade em o ler e/ou folhear, seja capaz de perceber a relação existente entre documentos de apoio e escrita de orientação; situação que difere de ano/ciclo para ano/ciclo de ensino;
elemento de uma dinâmica de trabalho, seja ela a do aluno, individualmente considerado, seja a do docente, na preparação de aulas, na definição do trabalho a desenvolver; aqui surgiu e não há muito tempo, o manual do professor, com algumas diferenças relativamente ao manual do aluno, com destaque para propostas de trabalho e de dinâmicas de sala de aula, de trabalho e utilização do manual;
mas pode também ser visto e considerado enquanto elemento de apoio e não um instrumento em si, ser um suporte e não o suporte, ser mais um elemento na parafernália de elementos que hoje existem à disposição de quem quer satisfazer um pouco da sua curiosidade sobre o mundo;
certamente que existirão outras, mas destaco estas enquanto elementos mais claros na definição de objetivos  e na criação do manual enquanto objeto de trabalho (a primeira com centralidade no aluno, a segunda muito assente no profe e a terceira em processo de articulação entre dinâmicas e interesses de trabalho);
pois bem, entre as diferentes perspetivas de utilização do manual interesso-me particularmente pela terceira; o manual é, para mim, apenas um ponto no meio de muitos outros, incluindo outros livros; é um meio de definir dinâmicas de trabalho em sala de aula, de despertar a curiosidade sobre o que fomos, de onde viemos, mais do que assentar arraiais na história que nos contam, de me sentir condicionado às/pelas fontes que se utilizam e apresentam;
já agora, apenas um dos manuais analisados e selecionados foi votado favoravelmente por mim, todos os restantes adoptados não mereceram o meu voto; fiquei em minoria, paciência... nada se perde, tudo se transforma

dos interesses, dos resultados e dos prognósticos

colocam a questão: Prognósticos para o AG nº2 ÉVORA- Gabriel Pereira?
direi que prognósticos apenas no fim do jogo,
aí, saberei que não erro, nem entrarei em divagações;
a coisa está fininha, delicada e algo complexa, de resto algo à imagem e semelhança do próprio agrupamento - excessivamente grande, inúmeras, imensas variáveis que se procuram anular, condicionar e influenciar entre si, dando origem a arranjos, arrumos e configurações por vezes esquisitas;
tenho o meu... assim a modos que favorito, mas aqui, neste agrupamento, há demasiadas coisas em jogo - e o jogo tem andado algo por baixo - para poder distender a escrita sem entrar em susceptibilidades, pruridos e micoses; foram argumentos suficientes para ficar a apreciar a coisa;

Projetos - o desnecessário necessário

Uma escola pode viver e sobreviver sem projetos? Sejam eles o educativo, o regulamento interno ou de turma?
Poder pode, mas será a mesma coisa?
Qual a necessidade, utilidade, pertinência ou outra coisa para a prática de sala de aula decorrente da existência de projetos, regulamentos e escritas que tal?
Provavelmente nenhuma, pouca ou eventualmente não necessários, dirá a maior parte dos profes e não só;
Afinal a não existência de projetos ou regulamentos não inviabiliza o funcionamento das escolas; tantas há que funcionam, algumas até acima do razoável, e não têm projetos, os regulamentos são de gaveta e pronto;
E há tantos projetos, regulamentos, grelhas e papel que tal que apenas entopem os profes, os cobrem de "burrocracias" e servem apenas para enfeitar, dizer que há, fazer de conta;
pois é;
Mas considero que a existência de um projeto, nomeadamente o educativo, deve existir para que todos, mas mesmo todos (profes, alunos, funcionários, município, parceiros, pais, encarregados de educação) percebam para onde se vai, com quem e como;
A existência de um projeto será determinante para que o trabalho individual, os objetivos particulares, os interesses mais pessoais sejam enquadrados, balizados, e sejam elemento de orientação ao coletivo;
A existência de um projeto deve evitar situações arbitrárias, a descricionaridade da decisão, a transparência de processos;
Um projeto deve balizar o conhecimento do que se pretende, justificar procedimentos e orientar o trabalho de cada um;
O problema é que muitos continuam a afirmar o individualismo serôdio, o isolamento da ignorância, o trabalho por si e em função de cada um;
assim, a escola perde dimensão e escala, fecha-se e isola-se e muitos, aqueles que trabalham, geralmente não percebem nem porquê nem para quê...

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Autonomia por via do Normativo

Primeiras leituras do despacho normativo 6/2014, referente à organização do próximo ano letivo;
Notas aindas muito soltas;
Direi curioso que o discurso deste governo sobre a autonomia das escolas venha enrolado em despachos normativos - é uma perspetiva da autonomia, funcional, administrativa;
Termos como flexibilidade, sucesso, organização tornam-se algo predominantes - coisa que depois não é tolerada seja pelas aplicacões cegas do ministério, seja pelos serviços do dito cujo, delegações escolares, tão zelosas, ou inspeção, tão solicita;
Processos e procedimentos - transparência, clareza, participação, objetividade, coerência, simplificação - são referidos como indispensáveis à gestão, o que pressupõe que é coisa que, pelo menos, não predomina nas escolas - é a desconfiança, por um lado, como é o reconhecimento dos contextos;
Neste processo e em particular no apelo à simplificação, o governo cria uma forma de desmarcação aos complicometros que muitos profes conseguem criar, aos mais papistas que o papa;
Novas respostas - como resultado, ou corolário da coisa; mas estas novas respostas têm de ser autorizadas, têm de estar enquadradas, têm de ser normativas - o que não deixa de ser engraçado;
Depois há referências que são mesmo muito manhosas de descascar em escola, isto é, em eventuais discussões que, a não serem feitas, irão incontornavelmente conduzir à arbitrariedade e descricionaridade do senhor diretor - imagino que será coisa que irá acontecer pelos meus lados;

Mudança

Agrupamento de escolas de montemor-o-novo,
visitado 6, regressada 15;
Eu não disse que ia ser uma abada! Ah pois foi,

terça-feira, 27 de maio de 2014

a propósito do futuro

ainda a propósito do futuro, tudo aponta para que a direção do agrupamento de escolas de montemor-o-novo hoje termine um ciclo;
e um novo ciclo de inicie
tudo aponta, se a lógica não for uma batata e os receios e fantasmas sejam ultrapassados, para que o atual presidente da CAP perca para a antiga diretora da então c+s, para que nos entendamos; e perca um pouco à má fé, isto é, por muitos, seja capaz de levar uma abada;
espero para ver
contudo, e sem ser muito péssimista irá acontecer neste agrupamento - e em muitos outros - um pouco do que aconteceu no domingo passado, dia de eleições; isto é, os tempos poderão ser marcados por algum desencanto, senão mesmo desilusão;
gerir este tipo de agrupamentos, muitos alunos, muitos professores, muitas variáveis, muitos interesses e interessados, não direi que é ingerível, como alguns defendem, mas claramente e excepcionalmente complexo, complicado e, acima de tudo, delicado;
o despacho normativo 6/2014, referente à organização do ano letivo, que ainda estou a ler, não augura nada de bom na sua presunçosa flexibilização pedagógica,
a ver vamos

o futuro que se define



escolhe o timming, depois de um longo período de todos querem mas ele não queria, ou dizia não querer; 
define o ritmo e as condições, desde o dia das eleições e em quase todos os seus comentários se mostrou disponível;
estive com josé seguro na sua primeira eleição, nunca mais estive com ele quando deu para perceber o grupo da qual se reuniu e da estratégia algo palaciana que montou; 
a. costa não é d. sebastião, nem a ovelha negra que regressa a casa; tem anticorpos significativos dentro da própria estrutura socialista e reconheço que não será fácil, em particular depois de ter alinhado e alinhavado grande parte da estratégia eleitoral que terminou no passado domingo; 
reconheço que talvez tenha mais adeptos fora do ps que dentro da estrutura do ps; 
fico curioso para perceber se a discussão que irá ver servirá para clarificar posições e situações, se apenas uma pretensa mudança para que tudo, ou quase tudo, fique na mesma; 

segunda-feira, 26 de maio de 2014

projeto educativo e mudança escolar



nem mais
na minha escolinha uns quantos discutem (enfim, força de expressão) o que fazer do projeto educativo que não existe;
na minha santa escolinha, o projeto educativo foi, por via do conselho geral, recomendado que se alargue nas formas de participação e discussão - não nos seus objetivos, funções ou sequer lógicas ou sentidos de organização ou orientação escolar e profissional, mas pronto, é o que temos;
por outro lado, na minha santa escolinha há quem afirme de forma categórica, que o projeto educativo, este ou qualquer outro, para nada serve; talvez, na sequência do que outros já escreveram, sirva apenas para a escola cosmética, um qualquer rendilhado que embeleza mas nada produz;
talvez
antónio nóvoa afirma exatamente o seu contrário, a importância crucial do projeto educativo para que, por seu intermédio se possam identificar elementos de mudança e de continuidade, de inovação e de tradição;
o projeto educativo tem de ser um elemento orientador do coletivo, que articule, relacione e defina formas de partilha entre disciplinas, pessoas, processos e ações;
certo
é preciso é saber o que fazer e como fazer
isto é
qual a ideia que se tem de escola; qual o papel, os objetivos e as orientações dos diferentes elementos que se cruzam na escola, professores, alunos, pais/encarregados de educação, funcionários, município, parceiros, etc...
o problema é que muitos dos que trabalham na escola não têm a mínima ideia sobre a escola (os seus objetivos para além do ensinar e do aprender, as funções para além da instrução ou da socialização, os seus processos de normalização e uniformização, as articulações, ligações, relações que se estabelecem) nem sabem (re)pensar o papel e a organização da escola (espaços, tempos, funções),
depois nada se discute, assume-se apenas o professor como funcionário e o aluno como objeto
e andamos felizes e contentes a dizer que o problema é das políticas e dos governos, a correr atrás do nosso rabo, sem tempo para nada, nem para ninguém, a preencher papeis apenas porque é bonito e fica bem, a identificar constrangimentos, problemas e oportunidades porque é de cosmética que a coisa trata,
no meio perdemos o aluno e a paciência
tá bem tá

reta

entra-se na reta da meta, nos finalmente que nos conduzem a um qualquer descanso feito de preocupações e algumas ansiedades;
hoje, segunda feira, é o primeiro dia de um curto período que terminará, para alguns, já na próxima semana, para outros na semana seguinte;
os nervos começam a fazer-se sentir, o trabalho é reconhecido ou simplesmente ficam as expetativas não cumpridas;
faço avaliação por portefólio, e, nessa perspetiva, recuso qualquer sentimento ou pedido de nota em final de ano; ou há trabalho ou existirá qualquer outra coisa que terá a sua avaliação;
recuso resumir um ano (letivo) de trabalho à reta da meta, às benesses do que é ou do que devia ter sido;
costumo dizer que sou professor, não sou bombeiro para acudir a aflições; o pessoal sbe e pretensamente é conhecedor das regras e dos critérios de avaliação; assumam-se as responsabilidades e as competências de cada um;
aceito comentários, críticas e sugestões, venham elas de onde vierem (inclusivamente de pais ou avós extremosos); costumo dizer, venha quem vier, traga o/a aluno/a e o portefólio; então falamos...

domingo, 25 de maio de 2014

perdoa-me



em dia em que a democracia se expressa na sua plenitude, valha o que valer, seja o que dela fazemos, aparecem notícias destas, a atirar para um qualquer revivalismo de antigamente; quase que toca o perdoa-me antónio, que nós, tugas, pecámos na ausência da tua orientação;
nada tenho contra (ou sequer a favor) das aulas de religião, seja qual for o credo que se pratique;
já tenho coisas a dizer e a escrever quando as dimensões laicas da escola pública são entregues a mórmones, beatos, ortodoxos da política em detrimento de outras dimensões mais escolares e sociais;
considero que a escola até podia oferecer aulas de religião - e oferece, de acordo com a legislação ainda em vigor e que data dos anos 80 do século passado; mas não o deve fazer à custa de outras disciplinas mas da opção que os pais/encarregados de educação possam ou queiram assumir;
por este andar e o programa de história e de ciências naturais será em breve substituído e onde contam as teorias darwinistas e evolucionistas, passarão a constar as teorias criacionistas;
tá giro, tá...

tá giro


do desconhecido

em tempos sabia quem me visitava;
grosso modo era capaz de perceber os ip, de onde vinham o que liam e por onde paravam;
sabia as quantidades e as amizades que nos unem ou simplesmente que nos separam;
agora a coisa está claramente mais difícil;
não pretendo escrever para a gaveta, isto é, escrevo com o assumido objetivo que alguém me leia, me escute, concorde e discorde daquilo que digo e do que escrevo; que me julgue e avalie em função dos meus erros ortográficos, da minha sintaxe desajustada e inadequada, que esteja em desacordo com o meu pretenso acordo ortográfico;
mas, de momento, não sei quem vem, de onde vem e por onde se fica;
em tempos os passantes por este cantinho estavam referenciados, eram um ip que podia identificar, fosse regionalmente fosse mesmo individualmente; agora, as referências que a google me traz diz que o pessoa vem do feedspot, do taptu e de outros que tais;
por vezes tenho entradas, postas a zero, mas com centenas de referências de um desses feed que tudo juntam e aglutinam;
pronto, escrevo para ser lido, para que comentem, para que tenham manancial suficiente para me criticar, apontar, referenciar, dizer, mas digam;
digam agora que não sei de onde vêm...

divagações de fim de semana

aproveito o fim de semana para me esticar um poucachinho;
sei que não sou filho dos zé dos elásticos, mas estico-me em escrita solta assumidamente presa à escola e a uma dimensão social da coisa educativa;
a escola é um mundo; melhor escrito, a escola são muitos mundos;
na escola se cruzam ideias de escola e de país, valores de uma língua e de uma cultura, modelos de ação e de educação, objetivos e funções de professor e de aluno, de pais e de sociedade; o que se quer e o que se deseja, os receios do presente com as esperanças de um futuro que foi passado;
na escola e na sala de aula, se cruzam mundivisões sobre o que fomos, o que somos e o que queremos ser;
na escola se cruzam vontades que não conseguimos cumprir, com desejos reflexos que se cumpram em outro;
enquanto pais pedimos à escola e aos profes que educam, complementem o que não fazemos, cumpram o que nós, pais, não conseguimos; enquanto encarregados de educação pedimos aos profes que sejam aquilo que devem ser, profes, que professem, que orientem, que conduzam, que levantem dúvidas sobre as certezas que todos nós temos;
enquanto alunos procuramos ali sentidos, para quê, por quê, com que objetivos, por quê aprender uma equação de segundo grau, a raiz quadrada de qualquer coisa, a sintaxe de uma frase, os adjetivos ou os predicados do que somos, com o espaço e os tempos que fomos e que somos;
enquanto profes queremos que nos deixem cumprir o programa, ser o que somos, profissionais da coisa; que não nos importunem por aí e além, que tirem a senha e que possamos seguir o nosso percurso;
enquanto políticos queremos resultados, que o insucesso decresça, que as literacias aumentem, que as comparações nos sejam favoráveis, que o voto seja o nosso;
entretanto, o mundo pula e avança, e a escola ressente-se das opções, das pressas, das pressões, das urgências e da emergência social;
entretanto, os dias não param, o ano letivo segue o seu curso, a burocracia tem de ser cumprida, as reuniões têm de ser feitas, as maledicências têm de ser ditas, mas não necessariamente ouvidas, corremos atrás do nosso rabo com a clara sensação que corremos atrás do tempos que não temos, mas que não perdemos, porque nunca o tivemos;
entretanto, o tempo passa, passam por nós professores, alunos, casos, situações, acontecimentos e nós com eles todos, apenas nos apercebemos das coisas um pouco depois, talvez tarde demais;
a escola é isso mesmo, um espaço de acontecimentos que aconteceram, que acontecem e que continuarão a acontecer apenas e simplesmente porque tem lá dentro pessoas, sentimentos, afetos, relações, modos e tempos

sábado, 24 de maio de 2014

privacidade que já era

nem só de história vivem as aulas de história; pelos menos não me restrinjo àquela história do antigamente;
de quando em vez, por uma ou outra razão, disperso-me por entre temas e assuntos mais próximos;
não há muito tempo conversámos sobre a internet, segurança, receios e princípios; uma das ideias que defendo é que privacidade nos tempos da internet, dos smartphones e dos inúmeros dispositivos móveis que temos a privacidade já era;
senão acreditam e caso utilizem dispositivos android, cliquem e reparem ou descubram por onde têm andado: Google Location History
no mínimo it's cripy;

em reflexão


tempo de reflexão;
será?
é mesmo preciso refletir?
ou se é
os tempos não estão fáceis, não são a preto e branco, nem certo nem apenas errado,
há muita coisa que se joga no meio de tudo e que condiciona a nossa vida, agora e depois;
para que possamos ter uma ideia mais ou menos clara daquilo que somos, entre o que defendemos e o que afirmamos, entre o que pensamos e onde votamos, experimentem ir a:

http://www.euvox2014.eu/

não haja receio por questão de vírus, má surpresas ou coisas menos próprias, nada disso, é mesmo à séria; 
preencham o questionário, é extenso, podemo-nos cansar, como o aluno, desinteresse ou simples aborrecimento da coisa, mas garanto-vos que muitos se irão surpreender com o mapa político que dali sai, entre o que se pensa e onde votamos, entre o que achamos e o que dizemos; 
eu fiquei assim a modos que surpreendido pela recomendação do voto, já o mapa político, a imagem, nem por isso, libertário de uma esquerda moderada e democrática; 

sexta-feira, 23 de maio de 2014

contradições e verdades ao contrário

não tenho grandes dúvidas e reúno inclusivamente alguma curiosidade, sobre o facto de as notícias sobre educação darem uma excelente tese de doutoramento; quem diz uma diz mais que duas ou quatro;
o tema pode ser a verdade e o seu contrário, o que não significa que seja mentira ou sequer falso; pode ser o conceito ou o seu oposto; ou pode ser sobre o que se diz, quem diz e o que se pretende dizer ou simplesmente como é que a notícia cria uma ideia ou opinião sobre a educação;
recentemente apareceram nos jornais notícias no mínimo contraditórias, repare-se:
em tempos apareceu aquela que a pior escola tem projeto único, pioneiro e, acrescento eu, deveras interessante sobre inclusão escolar,
ontem foi a de um «mau» aluno que ganhou uma medalha de pensamento matemático;
hoje é a vez de se cruzar desmotivação com prémios de educação financeira, logo nós, num país até há pouco intervencionado por quem sabe da coisa;
diferentes exemplos pelo qual o nosso sistema educativo (entre o dito e o feito, o escrito e o sentido) joga em tempos de contradição, destaca a crítica e o elogia, cria uma qualquer não equidistância entre o mérito ou o demérito, a referência negativa dos rankings e o cotejo sapiente da inclusão, o mau aluno que de besta interna é bestial lá fora;
em que ficamos? o que resumir da coisa?
pergunto eu e eu mesmo avento uma resposta, tudo e nada,
tudo porque é verdade verdadeira pelos factos, pelos maus resultados, pelo desinteresse e pela desmotivação;
nada porque simplesmente nada se pode esperar de um dia para o outro, de um ciclo para o outro;
precisa-se nas escolas aquilo que todos defendem e ninguém pratica, competência e conhecimento técnico, ultrapassar voluntarismos bacocos e serôdios e disponibilidades individuais apoiadas em situações ou circunstâncias únicas, e organizar com base num contexto concreto e objetivo, os processos de gestão e organização da escola; talvez se evite o que acontece pelo menos na minha escola, muitos docentes não pararem até apanharem o rabo do qual andam atrás, o seu...

dos professores - ânimos e espíritos

dois dias e duas manchetes sobre professores; cada qual com a sua história, cada qual apoiada e escondendo milhares de histórias;
gostava de ter condições e ser capaz de comentar e escrever sobre as notícias de acordo com duas perspetivas, uma a minha, de professor, de envolvido e enleado em toda esta sina social e profissional; uma outra para todos aqueles que olham a escola por aquilo de que se lembram, pela sua passagem por lá, pelo seu papel de aluno ou pela perspetiva dos pais;
deixo apenas um comentário para que se leia de acordo com o referencial de cada um, a sua experiência e possibilidade;
direi que a avaliação de desempenho deixou marcas pesadas e profundas nos professores; mas a coisa já vem de mais atrás;
os professores têm tido e sentido manifestas dificuldades em lidar com a heterogeneidade da população escolar, com a concorrência colocada à escola pelas redes sociais, pela wikipédia, pela televisão;
temos tido e sentido manifestas dificuldades em lidar com grupos diferenciados em tudo, nos interesses, nas preocupações, nos objetivos ou na sua falta, na participação dos pais, mesmo quando não participam;
tido e sentido dificuldades em gerir um currículo muita das vezes desajustado, desadequado, extenso, complexo e problemático;
que dizer da indiferença, do alheamento e do desinteresse dos alunos, mas também a incompreensão de outros grupos sociais e profissionais; do isolamento a que nos votámos e a que fomos obrigados; da ação sindical que defende posições individuais, olha o instantâneo e esquece, estrategicamente, o dia seguinte, os tempos que se seguem;
a coisa vem de há muito, marcada por duas ou três situações, que não explicamos nem entendemos;
uma formação desajustada do contexto escolar; uma formação inicial que valorizou dimensões sociais, hoje questionada e desafiada pelo neo liberalismo serôdio, cego e darwinista;
um conjunto de políticas que obrigaram a escola (entendam-se os docentes) a assumir papéis, funções e objetivos que não são nem pedagógicos nem curriculares, o caso do papel de guarda das escolas, de sensibilização e formação cívica e de cidadania, os inúmeros problemas sociais a que a escola tem de dar resposta;
finalmente, direi que não é de motivação ou de falta dela que os docentes evidenciam; pelo que consigo perceber e ver é de desencanto e desilusão; primeiro nos políticos e nos governos, deram a maioria ao ps e foram sacudidos pela reconversão social e profissional da escola; votaram psd e cds e sentem-se enganados; como se fossem os outros os responsáveis pela sua vida, os docentes que há muito abdicaram da sua autonomia, por interesse, por lógicas momentâneas e circunstanciais; mas desilusão e desencanto também da e na sua profissão, na gestão e nos diretores; nos tempos e no (não) reconhecimento social, como se os outros não nos percebessem, nós que não nos entendemos;
e seja motivação, interesse ou ilusão, reflete-se na geração que formamos, na atitude e na dinâmica de sala de aula, na organização de respostas, na identificação dos problemas

quinta-feira, 22 de maio de 2014

do mesmo e da diferença

mudança de perfil, da fotografia de...;
a anterior ia rapidamente a caminho dos 2 anos; esta é de hoje;
a anterior retratou um momento, uma situação, um tempo;
esta marca a mudança de visual, a alteração das gaffas, das lunetas, isto é, dos óculos, pronto;
é novo visual fruto do tempo e também de alguma necessidade;
o toto, esse, eu mesmo, continua o mesmo;

Professores - entre o que custam e o que valem

Tive oportunidade de ver, ainda que por enquanto em diagonal, um trabalho sobre as necessidades de professores para a década que decorre; como variam as necessidades de profes, isto é, que profes foram, são e serão necessários no período de 2010 a praticamente 2020;
Em números redondos, que não sou bom em contabilidade, diz-se que no princípio da década existiam quase (quase) dez mil profes no alentejo, do pré escolar ao grupo 900; que no final da década não se chegará aos seis mil, isto é, poucachinho mais do que metade dos existentes no início do período em estudo, 2010; que o período mais crítico deste "ajustamento" se terá dado neste ano letivo de 2013/2014, em que existirão quase oito mil docentes; significa que o "ajustamento" se manterá, isto é, a dispensa de docentes será para continuar, entre contratados que não existirão, a reformas e aposentações a simples desvinculação por ausência de componente letiva; 
Daí eu colocar a questão entre o que custa um docente e o que ele poderá valer; se não se perceber que o trabalho docente não se fica por "dar aulas" o custo será elevado, se assumirmos que o trabalho de um profe passa também por educar e formar então estar-se-á a destacar o seu valor;
a questão é que politicamente, para este governo, o profe tem custos e não tem valor;

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Conceitos - ideias feitas ou por fazer

Ontem estive a apresentar uma parte do trabalho que desenvolvo sobre o pca;
No meio tive oportunidade de ouvir duas outras apresentações, uma sobre a avaliação das escolas, enquanto elemento de aferição de práticas, outra sobre o papel do diretor de turma como mediador de relações;
Gostei do que ouvi, dão para despertar a curiosidade, olhar para um e outro dos objetos com algum questionamento;
Contudo, os conceitos não foram explicitados, construídos, sequer apresentados; é coisa algo comum na escola e nos profes, darem de barato a partilha de ideias e conceitos; somos (todos) docentes e assim se parte do pressuposto (errado) que o outro tem, sobre os conceitos, a mesma ideia, a mesma leitura, a mesma interpretação; e não tem; e raramente as ideias que predominam num contexto, os conceitos que se afirmam perante um grupo/turma são trabalhados entre os elementos docentes; e é pena que assim seja, sem a clarificação das ideias e a explicitação dos conceitos alimentam-se desalinhamentos, desajustes, definem-se complicometros;

terça-feira, 20 de maio de 2014

Salve-se quem puder

De quando em vez tenho de regressar ao comentário mais critico, a isso me impelem atitudes e comportamentos;
Os tempos são o que deles fazemos e há pessoas que se sentem mais (ou menos) à vontade nestes tempos; são tempos marcados pelo desenrasca individual, como se as dimensões sociais fossem relegadas para segundo plano, não apenas pelo governo mas pelas pessoas, pelo cidadão, pelo nosso colega; são tempos de darwinismo social e profissional onde se pula e avança por entre corpos que trespassamos, senão pela espada, pelas atitudes;
Duas aconteceram-me hoje em menos de um bloco de aulas;
Sabem que tenho reunião agendada, sabem porque me o afirmam para, no mesmo parágrafo, dizerem paciência, eu marco primeiro, eu convoco primeiro, numa clarissima logica de quem primeiro chega, primeiro se avia, cagando o outro, o seu cadáver serve-me de apoio para chegar mais alto;
Logo de seguida chego à sala e está ocupada; certo, teste de um colega, mas, caramba, uma turma pequena em sala grande e eu, com turma de 31 (30, um faltou) vou para uma sala repleta de pc's onde o pessoal se acotovela; ninguém tem o desplante de me informar, xe apenas me comunicar, nem sequer é pedir, seria mesmo avisar para que pudesse reconfigurar estratégias e metodologias; qual que, o outro que se lixe;
Porra que os tempos não estão fáceis

segunda-feira, 19 de maio de 2014

da medição

em dia de provas finais de ciclo, uma divagação pensadora, em forma de escrita talvez para um dia recordar;
as provas, estas ou quaisquer outras, têm como objetivo medir; medir algo ou alguma coisa; seja a quantidade dos conhecimentos, a sua qualidade, a adequação entre programa e práticas, entre o que se diz e o que se faz, o trabalho dos alunos ou aferir das práticas docentes;
sinceramente e não é esta a primeira vez, considero as provas (antes exames) bem feitas, bem estruturadas, bem esgalhadas; acho mesmo;
só falo da prova da tarde, claramente bem esgalhada no seu enunciado (não comento se difícil, se complicada, se complexa, se ajustada ou qualquer outra coisa, é mesmo uma apreciação interna da prova); sentido crescente de dificuldade, metas cada vez mais complexas e imbricadas entre si; passos (que não coelhos) sequenciais sem comprometer o antes nem criar hesitações para o depois; a cotação a corresponder, mas também com sentido de não complicar resultados, como se o árbitro, aquele que fez a prova, tivesse consciência do que pretende avaliar;
e, pelo que pude apreciar, o que se pretende avaliar não é apenas o programa, não serão apenas conhecimentos do aluno, não serão apenas os (des)ajustamentos entre o programa e as práticas docentes; em meu entender é tudo isso;
será que os docentes têm consciência disso?
será que os docentes, em sede de departamento ou onde entendam, analisam a coisa, discutem a coisa?
mesmo antes de resultados publicados, qual/quais o(s) impacto(s) desta prova na(s) prática(s) docentes?

final de ciclo

obviamente que todos terão reparado que hoje houve provas de final de ciclo;
senão repararam, nada se perde e nada se transforma, tudo continua como antes;
dá gosto ver alguns docentes senhores da preocupação da fiscalização, outros algo mais... direi acabrunhuados com a presença da senhora inspetora na casa; mulher de voz grossa a mandar respeito em cidade da tropa; outros apenas se limitam a cumprir o indicado, estar presente, rabiscar e falar de acordo com o guião; e pronto
e pronto, foi visível (atão na foi) o rigor, a exigência e a qualidade que resulta destas provas finais de ciclo;

pendurado

até parece que fiquei pendurado na minha última entrada, talvez com algum tipo de prurido ou de urticária, mas não foi foi mesmo manifesta falta de vontade, entre afazeres e lides o tempo passa e a escrita não sai;

quinta-feira, 15 de maio de 2014

sensibilidades, pruridos e urticárias

o processo de avaliação de desempenho docente deixou nas escolas - e falo da minha em particular - um conjunto de resquícios e quezílias que designo como de sensibilidades exageradas, pruridos pessoais e urticárias profissionais que resistem e persistem no e com o tempo;
estamos de volta do processo, enleados em nós mesmos - um processo de agregação que não é digerido de maneira nenhuma, recusa do novo projeto educativo, manutenção da avaliação assente em projetos educativos desenhados numa realidade que hoje não existe; mas cá vamos;
no meio deste processo dou conta das sensibilidades, de pessoas que se julgam visadas em escritas e ideias onde não foram nem vistas nem achadas e menos ainda consideradas como pretexto na escrita; é disto que são feitas as escolas, de julgamentos apriorísticos, por vezes apressados, valorizações desfocadas quando não mesmo deslocadas; é disto que se tem de dar conta num acréscimo significativo de variáveis de gestão que me levam hoje a considerar algumas realidades ingeríveis face à falta de tato, à ausência de conhecimento suporte à ação e à gestão e à inexsitência de competências técnicas e profissionais (para não dizer políticas) que não existem em muitas escolas;
torna a coisa difícil, complicada, lá isso torna...

quarta-feira, 14 de maio de 2014

ouvir e sentir

trabalhar com pessoas é saber ouvir, comer e calar;
de preferência não ajuizar, nem julgar - é tão fácil que rapidamente uma qualquer resposta ou sequência de conversa pode ir para esses caminhos;
hoje ouvi uma rapariga, uma rapariga que tem sido obrigada a crescer, fruto das suas circunstâncias de vida, do seu contexto; ouvia falar dos sentimentos e das opções que pretende assumir para o próximo ano letivo - deixar a escola, optar por caminho profissional, por outra escola, porventura mais próxima de casa; ouvia falar da irmã, do número de negativas que teve no período passado, nas dificuldades que enfrenta, no desgosto que sente em estar numa escola e em turma que não gosta; ouvia falar da avó, dos cozinhados e da companhia, da idade com que a mãe a teve, da idade com que mãe teve os irmãos;
o tom era sereno, calmo, pacífico, como se falasse de circunstância inevitável e incontornável - e é tudo isso;
não comentei, não falei, ouvi

dos manuais escolares

segunda nota sobre manuais escolares, depois de há tempos ter aqui comentado e relacionado os manuais e as dinâmicas escolares de sala de aula;
continuo a ir à apresentação do que as editoras definem como "projetos" editoriais para o próximo ano letivo; depois de ontem ter assistido a um três em um, isto é, três projetos numa apresentação, destaco uma ideia;
já o ano passado tinha pensado, aquando das apresentações dos manuais para o 7º e 10º anos, que qualquer um pode hoje dar aulas; qualquer um, com ou sem experiência, com ou sem qualquer tipo de conhecimento pedagógico ou do «eduquês» pode dar aulas; os manuais vêm completos, são elementos de facilitação do trabalho, tudo exposto, tudo apresentado, tudo editável, tudo à distância de um clique, ele são planificações (de ano, de unidade ou de aula), fichas e testes de avaliação (simples, mais complexas, para necessidades educativas, globais, tipo exame, etc), ele são caderno e propostas de atividade, propostas para plano de atividades onde apenas é necessário alterar cabeçalhjos e toda uma panóplia de elementos que claramente podem e devem facilitar a vida ao docente;
contudo, se qualquer um perante estas condições pode dar aulas, também afirmo que poder pode, só que se ficar por aí, certamente não será nem docente, nem professor, mas um qualquer funcionário, tipo amanuence eventualmente pedagógico;
as atuais propostas vão no sentido de libertar o docente para duas coisas que considero determinantes, e parece que não sou só eu, 1) para preparar e pensar a dinâmica de sala de aula e 2) criar e implementar processos de diferenciação pedagógica, escolar e curricular; aí sim, se quem der aulas pensar estas duas dinâmicas, então teremos um docente, um professor, alguém que encaminha, apoia e ajuda; se nos cingirmos às orientações então seremos apenas e simplesmente mais um, no meio da parafernália social que hoje faz e completa a escola...

Leitores, leituras, ler

Um dos grandes desafios dos professores passa por impingir a leitura ao pessoal;
Reconheço que a situação não é exclusiva dos tempos presentes, mas adquire características muito próprias num tempo dominado pela imagem, pelo imediato, pelo clique, pelo saltar do olhar por entre luzes e focos luminosos de dispersão, pela fugacidade das situações e das circunstâncias;
Como obrigar o aluno a ler, como convencer o pessoal que ler é viajar, conhecer, sonhar? Como mostrar a um aluno que embuido da fluidez e instantaneidade da internet mais vale ler?
Ler que implica trempo, paciência, disposição e disponibilidade

segunda-feira, 12 de maio de 2014

fontes

de acordo com as estatísticas da google as origens do pessoal que passa por aqui são as que constam na imagem;
portugal está apenas em segundo lugar, fonte de referência da passada semana (período entre 6 e 11 de maio), sendo que os states são o primeiro lugar e aparece gente oriunda da rússia, da suécia ou do brasil - na imagem não aparecem, mas há também referências da china (acredito que de macau) ou de singapura;
ou vêm por engano ou o que será que aqui os trás? vá lá eu saber ou perceber;
se quiserem deixar comentários tenham a bondade, eu agradeço...

útil ou futil - conjuntura ou conjetura

a escola está cheia de fontes de informação que muito produzem, muito nos dizem, saibamos nós ouvir e separar;  ouvir é uma das missões daqueles que trabalham na escola; é por ouvir que nos apercebemos das situações, é por cruzar o olhar com o ouvido que percebemos alunos e graúdos;
é certo que o mais das vezes é ruído, uma qualquer cacofonia dispersa que não conduz a nada e apenas desperdiça tempo e recursos; consumimos tempo e latim a falar daquilo que nos preocupa sem perceber se o outro está, ou não, sintonizado no que dizemos, na preocupação que sentimos;
mas é essencial perceber e destrinçar o que é útil do que é fútil, aquilo que é da conjuntura e aquilo que é mera conjetura; e na escola as fronteiras entre uma e outra são muito débeis

domingo, 11 de maio de 2014

inforgrafia

destaco um trabalho de reportagem do público de hoje, interessante sob diferentes perspetivas;
uma primeira, sobre a cada vez maior competência e formação dos docentes dos ensinos básico e secundário; é um estudo académico desenvolvido por um docente do básico e do secundário; esta dimensão implicará, um dia destes, pensar novos papéis, definir outras funções ou competências aos docentes mais qualificados;
uma segunda perspetiva, para destacar que «muito uso (...) não significa melhores resultados e mais gente a trabalhar na área ou empresas a nascer no sector» sendo esta uma maleita no caso alentejano; o suso por si só não implica nem determina nada, há que criar algum sentido, alguma utilidade ao que se faz, caso contrário desvanece-se;
uma última para não me alongar muito, recupero o logo de um projeto onde tive o privilégio de trabalhar, o alentejo digital, um projeto na área das literacias digitais abandonado politicamente mas em que social e tecnicamente muito foi o rasto que deixou;

dinâmicas

preparo a semana, penso em estratégias e metodologias que me permitam assegurar uma dinâmica de sala de aula que vá ao encontro das caraterísticas de cada grupo/turma e, ao mesmo tempo, do tempo que atravessamos, onde se nota o cansaço, o desejo de fim, a fartura das obrigações, o calor que adormece os corpos; mas temos de trabalhar;
manter e assegurar uma dinâmica de sala de aula equilibrada, talvez seja das situações mais complicadas e mais complexas que um docente assume nos tempos de hoje;
reconheço que há docentes que vão para a sala de aula munidos da sua vontade, das suas obrigações e da sua experiência; outros há que vão mesmo e apenas por obrigação; mas também há aqueles, e são muitos, que pensam no que fazer, como envolver as turmas, preparam dinâmicas e pensam em metodologias e estratégias de trabalho que impliquem o aluno; uns pensam no seu gosto, outros na centralidade do aluno, outros ainda doseiam a coisa entre o deve e o haver de uma sala de aula;
apesar da preparação umas vezes corre bem outras nem tanto, há inúmeras variáveis que fogem ao controlo, há excessivas variáveis num grupo/turma de 30 alunos; agora se não se levar nada pensado garantidamente a coisa não correrá bem;

sexta-feira, 9 de maio de 2014

contradições educativas ou apenas ideologia escolar?



há coisas que não percebo, por muito que tente ler, ouvir e conhecer, por vezes trocar ideias com quem defende as ideias, mas não consigo perceber;
uma delas diz respeito à liberdade de escolha da escola por parte dos pais, neste governo a coisa traduz-se numas vezes em processos de des-regulação da rede escolar, noutras no cheque ensino que volta à baila;
então como é, que me expliquem:
há liberdade de escolha pelos pais mediante o cheque ensino, mas é a tutela (ministério da educação) que define a rede escolar?
somos livres de escolher a escola mediante os projetos educativos, mas as escolas estão condicionadas à rede definida e aos recursos que gerem?
que conceito de liberdade de escola se pode instituir ou conceber em concelhos do interior como sejam arraiolos, montemor-o-novo, viana do alentejo, mora?
que liberdade de escolha se pode conceber quando, em concelhos como o de vendas novas em que existe oferta pública e privada, a escola pública está limitada e circunscrita ao que outros definem, determinam e mandam?
pensam-se em formas alternativas de financiar as escolas e a educação, mas impedem-se as escolas de gerar receitas próprias?
há falta de verbas, mas as escolas não podem gerir os seus recursos numa perspetiva de rentabilização financeira?
eu sei que sou um bocadinho lerdo, mas não percebo mesmo a coisa...

quinta-feira, 8 de maio de 2014

de quando em vez surgem entrevistas que nos ajudam a perceber o mundo e o tempo em que vivemos; seja pelas perguntas que se fazem, seja pelas respostas que se dão, seja por aquilo que, entre perguntas e respostas, se pode ficar a pensar;
é do princípio da semana mas só hoje dei com uma entrevista a jorne ramos do ó, distinto professor do instituto de educação e discípulo de m. foucault, com quem aprendi muita coisa sobre a construção e o governo de nós mesmos;
nesta entrevista e a propósito das praxes, podemos perspetivar o papel da escola e da ação docente na construção do futuro cidadão e do que se está a construir;
para o bem e o para o mal, a ação escolar (com destaque para a ação docente, mas não só - há que incluir currículo, programas, metodologias, recursos, etc) pegam no aluno e, enquanto estudante, fazem dele cidadão, profissional, eleitor, futuro de nós e de si;
pensemos que se anda a construir, pensemos naquilo que queremos e não se diga que cai do céu...

Testes

Não é meu hábito, enquanto docente, fazer os chamados testes, qual momento mais ou menos solene de realização de prova escrita; considero-os simples unidades de medida que raramente medem o que pretendem medir, se é que se sabe o que se pretende medir  - quantidade de conhecimentos, nível de competências, distância ou desvios às metas, o trabalho do aluno ou do professor, entre outros;
Em vez de testes prefiro utilizar esses tempos naquilo que designo como fichas de trabalho, geralmente bem mais complexas e complicadinhas que um teste, onde o meu objetivo não passa por medir mas por obrigar o aluno a pensar a disciplina, o seu trabalho com ela, o seu envolvimento e implicação com a disciplina ou com a escola;
E resulta bem melhor

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Dos juízos

Costumam até ser comigo os comentários de pais e encarregados de educação quanto às metodologias e dinâmicas de trabalgo em sala de aula, desta vez é com um colega que leciona duas disciplinas;
Numa, os pais enaltecem o trabalho do docente, o envolvimento e o gosto que os alunos denotam com a disciplina; noutra, pelo contrário, criticam o trabalho do docente afirmando que o aluno anda desorientado, perdido, desinteressado da disciplina;
Sendo o docente o mesmo, adotando a mesma dinâmica de trabalho numa e noutra disciplina, sendo o grupo/turma o mesmo o que varia na consideração e apreciação dos pais? Que fatores ou que elementos interferem na construção dos juízos por parte dos pais na apreciação do trabalho do professor? De acordo con a minha leitura, o facto de uma das disciplinas ser alvo de exame enquanto a outra não;
Na disciplina que os alunos irão ter exame os pais criticam a metodologia de trabalho, naquela em que não há exame os pais elogiam o trabalho do docente;
Assim se constroi a importância disciplinar e social de uma disciplina, assim se demarcam as disciplinas estruturantes das demais, assim se afirmam os juízos sobre o trabalho do professor;

g gestão e da informação

fará sentido uma gestão da informação com direito de reserva e sigilo da coisa pública?
será pertinente guardar a informação que pode ser adequada à decisão?
que papel compete à gestão da informação na gestão das decisões?
um conjunto de questões que levanto a mim mesmo por me ir apercebendo da gestão de algumas escolas, onde a informação é gerida ás mijinhas, onde alguns têm muita informação e muitos não têm voto na matéria mas os interesses são de (quase) todos;
são mesmo dúvidas que coloco quer à gestão quer à informação para que possa perceber qual o papel de uma na outra e de outra em uma;
são dúvidas que levanto na minha escrita para perceber a dimensão da informação, da participação e dos processos de decisão na coisa educativa, nos nossos tempos de escola, nas coisas que dizem respeito a muitos e não a alguns poucos;
a escola não é a famosa caixa negra onde poucos percebiam do que se passava, poucos conheciam os seus processos, poucos se vinculavam aos seus princípios; a escola hoje é espaço aberto, plural, heterógeneo, diversificado nos interesses, objetivos e funcionalidades; como gerir a informação, que papel ou que dimensões assumir no processo de decisão (obviamente para além daquele que está contemplado nos documentos oficiais, pois claro)

da política

as ditaduras têm o condão de transmitir que a política, a atividade política, é qualquer coisa de baixo, ignóbil, vil; nesta perspetiva a política deve ser deixada a alguns e ao comum dos mortais deve ser criada e incentivada a distância à política e ação política; foi isso mesmo que salazar nos fez passar e nos legou;
até hoje;
para todos os efeitos temos clube, temos opinião e opiniões, mas raramente, muito raramente, temos uma posição política e partidária; somos capazes de dizer mal do(s) governo(s), dos políticos da(s) política(s) mas, chegados ao ponto de assumir uma posição, tá quieto...se nos perguntam qual o partido, poucos têm partidos;
nos tempos que correm, o papel e a desvalorização da ação política tem sido por demais evidente, agravando-se pelas contradições, incoerências e inconsistências que as lideranças mais recentes têm enformado;
mas falta-nos uma dimensão política no quotidiano, não direi partidária, mas política, que sejamos capazes de assumir as nossas opções, fazer as nossas escolhas, saber responder à responsabilidade da nossa liberdade; falta política, a dimensão política conferida pela polis nas escolas e na educação, que saibamos largar o rebanho e ser tresmalhados pela opção e pelos sentidos que nos devem mover, reconhecer no coletivo a nossa ação individual e não nos enredarmos no individualismo do salve-se quem puder

domingo, 4 de maio de 2014

os maus

a avaliação à entrada da carreira não me incomoda;
contudo há um conjunto de situações que se destacam deste processo, onde a avaliação inicial é apenas um ponto do icebergue;
os professores foram vistos e considerados por este governo como um dos grupos sociais a abater; literalmente a abater; preguiçosos, excessivamente valorizados e considerados, horário profissional e funcional de regalia, excessos de vantagens e mordomias, excessivamente bem pagos, em número acima das necessidades, turmas reduzidas, tudo serviu e foi desculpa para atacar, desconsiderar e menosprezar os professores;
é certo que há do bom e do mau no grupo, como, de resto, em todos os grupos sociais; é certo que este grupo não é sociologicamente suporte ou enquadramento do governo ou sequer dos partidos que o apoiam; é certo que até deram e retiraram maiorias a partidos hoje na oposição; é certo que a escola e a classe docente precisa efetivamente de uma reconfiguração (desde logo profissional, mas também social); é certo que os sindicatos e em particular os filiados na fenprof, sempre foram mais coniventes com os governos de direita, mais não seja pelo silêncio e/ou pela omissão;
contudo e enquanto profissional, socialista e defensor da escola pública mas não estatizada sou suspeito, mas considero que os professores não seriam merecedores de toda a desconsideração considerada;
no meio da azáfama deita-se fora o bébé com a água do banho e é pena, perdem-se anos, experiências, culturas, práticas que, apesar de necessária a sua avaliação, algumas são essenciais à escola;

sábado, 3 de maio de 2014

silêncios: cumplicidades ou cobardias

évora deixou de ser notícia;
os blogues são politicamente corretos e socialmente inócuos;
antes dinâmicos, críticos, agora cordatos, prasenteiros, conformistas;
antes sabiam apontar, agora simplesmente não vêem;
antes sabiam escrever agora nem dizer sabem;
antes eram espaço de reflexão e debate, agora são culturalmente acéfalos;
porque não interessa veicular, difundir o que sai ou o que é dito, pois ainda tem origens lá atrás, na gestão socialista;
porque há um conjunto de interesses que se afirmaram na contradição da sua ação, antes barulhentos, com persistentes fugas de informação, com saídas airosas, hoje na chefia, na orientação das coisas e do pessoal, na distribuição do bodo;
porque é típico do pc, procurar passar por entre as gretas da chuva, pela desresponsabilização política e social, porque o coletivo é apenas um slogan, porque os interesses particulares e individuais estão salvaguardados;
porque quanto pior melhor para estes senhores que se afirmam sem uma ideia de cidade e menos ainda de sentido;
precisa-se de évora, precisa-se de uma dinâmica regional que tenha pés nas capitais de distrito, precisamos de futuros, precisamos de ideias e não de fingimentos;
évora perde dinâmica, volta atrás numa recuperação impossível e impensável do seu futuro;

Os livros e as dinâmicas de sala de aula

Estive em apresentação de manuais de História a adotar para o próximo ano letivo; 
O ministério define um conjunto de regras de seleção, por vezes incontornáveis; as editoras apresentam os seus argumentos, entre o apelativo e o facilitador, os professores fingem que escolhem; 
E há de tudo, desde aqueles em que qualquer um pode ser / fazer de professor, pois apresentam-se com quase tudo numa lógica de pronto a consumir, até a lógicas e dinâmicas por vezes interessantes a outras onde um do senhores se descaiu e refere ou compara a coisa com a bíblia; e é esta a lógica que ainda sustem muitos dos manuais; 
longe dos tempos da imagem, os manuais ainda se apresentam muito virados para a centralidade do professor enquanto orientador e organizador das atividades (circunstâncias quase que incontornável), onde se considera um aluno mais ou menos interessado, a privilegiar o aluno urbano, do litoral, do centro/norte do país, num claro processo de normalização social por via escolar;
ainda não tive oportunidade de ver propostas que integrem processos de articulação e integração entre o físico (o manual em si) e o digital, seja por via on ou off line (ainda que se apresentem alguns "produtos" editáveis); por exemplo, a possibilidade de aprofundar temas, de realizar tarefas autónomas ou a capacidade de criar processos individuais de aprendizagem, tipo costumização das aprendizagens;
Por esta última via, de costumização, não vislumbro processos de diferenciação; os manuais continuam a organizar os processos de aprendizagem de forma linear, sequencial, considerando como marcos os testes e os exames; 
e o manual condiciona, e de que maneira, as dinâmicas de sala de aula; 

sexta-feira, 2 de maio de 2014

despedir

depois do documento de estratégia orçamental, áh doe, doe, doe mesmo, cá seguem mais notícias;
ordem para despedir são as gordas do correio da manhã;
fará sentido? mesmo à luz da quebra demográfica; fará sentido cortar sem nos perguntarmos sobre que serviços, que funções, que objetivos devem ser assegurados; fará sentido ao fim de três anos continuar a cortar nos mesmos?
está no tempo de recuperar uma velha afirmação:

AS PESSOAS NÃO SÃO NÚMEROS

sol

os dias aquecem, apesar de o final de tarde e as noites não serem ainda agradáveis;
o benfica está em mais uma final,
as notícias percorrem o sol e os festejos benfiquistas;
esquecemo-nos do aumento do iva, de reposição fingida dos cortes, do esvaziamento do Estado e das suas funções sociais;
para uns culpa de excessos, para outros opção ideológica, gestão política da coisa; para outros apenas uma tarde de sol, uma esplanada prazenteira e pronto,
o mundo pula e avança e nós cá continuamos, resignados, cabisbaixos, inertes
até quando

quinta-feira, 1 de maio de 2014

cortes

pelo que se diz e se sabe, o governo prepara mais cortes ao nível do ensino básico e secundário;
vejam-se as notícias e leia-se o documento;
as normais justificações, quebra demográfica, rede escolar e formativa, racionalização de custos e de proveitos;
quem circula pelas escolas saberá que é difícil cortar mais; o pelo está rente ou, melhor dito, já não há pelo sequer para cortar;
os funcionários esmifram-se, regressaram a um tempo em que eram pessoal de limpeza e onde hoje nem sequer a dimensão de guarda se assume porque simplesmente não há condições para assumir;
papel não há, não fossem algumas câmaras municipais e há muito que os alunos fariam os seus testes na antiga ardósia (preta ou verde, escolha-se);
manutenção está a cargo do desenrasca que ainda existe em cada escola, parque informático incluído; luz, aquecimento (ou arrefecimento);
o quadro docente está remetido para funções e competências dos anos 80, um docente, centenas de alunos, atenção quase nula, seleção (quase) natural dos que se interessam e motivam, dos que têm em casa condições e apoios; ;
recursos técnicos e pedagógicos (psicólogos, terapeutas, assistentes) um a dividir por duas, três ou mesmo quadro escolas, num rodopio frenético destes elementos;
neste processo acentua-se o fosso entre o aluno do litoral e do interior, o rural e o urbano, as condições não são as mesmas em évora ou vendas novas, entre arraiolos e barreiro,
não soubemos e não sabemos respeitar o que outros conseguiram para nós, condições dignas para a profissão, reconhecimento social e profissional de uma carreira, uma escola que apoia e colmata diferenças, uma escola que compensa;
deixámos e estamos a deixar que tudo nos escape, numa apatia estonteante,

da união e da força

em tempos marcados por um claro processo de darwinismo social e profissional, onde prevalece a lógica do pretensamente mais forte e mais, por estas bandas, do mais "esperto", em tempos marcados pela concorrência desenfreada do salve-se quem puder, o primeiro de maio quase que cai na banalidade do non sense;
na escola, na minha escola, o pessoal refugia-se na sala de aula, isola-se, cria distância onde, pretensamente, foge - ou procura fugir - aos tempos conturbados, à falta de sentido do que nos é solicitado e exigido; o tempo profissional, aquele que mais nos consome e desgasta, é passado quase que de fugida, entre uma e outra aula, entre um ou outro desabafo;
esquecemo-nos que é juntos que temos força, que é na união que podemos ser mais fortes e afirmar as nossas opções;
recordar é bom,