quarta-feira, 31 de março de 2010

engano

ontem, em sede parlamentar, a senhora ministra da educação talvez tenha cometido um pequeno lapso ao afirmar que as escolas poderão escolher entre disciplinas semestrais e anuais e, como exemplo, referiu a História e a Geografia, uma num semestre, outra noutro;
se é certo que todas as disciplinas são cruciais ao currículo existente, se considerarmos que perante uma ou outra insinuação todos se levantarão contra, não posso deixar de manifestar a minha surpresa perante uma vez mais se desvalorizar a memória;
a disciplina de História passou, ao nível do secundário, a ser opção, mesmo nos cursos humanísticos; no unificado ocupa um espaço variável entre disciplinas e manchas horárias, já encavalitada que se encontra com a geografia;
assentuar esta desvalorização da memória é perder referências, é assentuar as dúvidas quanto aos futuros desejáveis, é tornar perene aquilo que pode e devia ser estruturante;
espero que tenha apenas sido um mau exemplo...

terça-feira, 30 de março de 2010

família

tenho tido uma relação com a família entre o seco e o distante;
apesar da quantidade de tios e tias, 7 do lado da mãe, 3 do lado do pai, foi com estes que, por proximidade, desenvolvi maiores contactos e mais afectos;
mas há primos e primos, aqueles que, sei lá por quê, me ficaram na memória;
hoje soube do falecimento de um, vítima da tradicional doença prolongada;
fruto da distância e da relativa secura, pouco me fica na memória e pouco me sinto atirado para a frente;

duo

se há coisas de que gosto mesmo, uma é de jazz;
e, neste campo, não separo o nacional do restante; por cá há autores suficientes para que me sinta deleitado;
um exemplo de um duo que é simplesmente maravilhoso;

 

nesga

pela manhã notam-se as nesgas de sol que provocam um abrir de sorrisos nas gentes com que me cruzo;
o cinzento da chuva e do escuro dos dias cede, espero que não seja temporariamente, espaço e oportunidade ao sol;
prazer o nosso que nos deleitamos entre nesgas do astro rei...

tempo

reconheço que, apesar de curioso, não perdi muito tempo com mais um debate sobre a escola;
do que vi, entre soluços de zaping, realço duas ou três notas;
primeiro, os lugares comuns, as vulgaridades e as banalidades sobre a escola que ditas de forma tão convincente até parecem novas realidades;
segundo, até parece que o estatuto do aluno é feito para aluno ver, não é, por muito incrível que possa parecer, o estatuto do aluno visa o adulto ainda que por intermédio do aluno;
terceiro, faltaram outros nomes e outros protagonistas para a diferença de argumentos e de pontos de vista sobre a escola; até parecia que P. Portas e N. Crato estavam em oposição, e não estão;

segunda-feira, 29 de março de 2010

pausa

apesar de em pausa pedagógica, a escola não descansa dos debates, das considerações, das insinuações quase que subliminares, dos prós e dos contras que olham a escola como objecto de opinião (e, porventura, de culto) mais do que como sujeito social;
diz-se tanto e escreve-se tanto que a escola nos passa como algo adquirido e não enquanto reinvenção social;

chuva

depois de um fim-de-semana agradável, em que variei entre o interior da casa e o trabalho da courela, regressa a chuva, o dia cinzento;
reconheço que não lhe sentia a falta nem saudades deste tempo...

sábado, 27 de março de 2010

quarta-feira, 24 de março de 2010

xadrez

do que eu gosto mesmo é de perceber e ver as movimentações de bastidores, tentar perceber como as pedras de um qualquer xadrez social se movimentam, em função do quê, para onde e com que estratégia;
não sou grande jogador de xadrez, apesar do gosto que tenho pelo jogo, mas admirar as lógicas da minha administração pública é um regalo;
perceber por onde se anda, por que se anda, com quem se anda, para que se anda, é um gosto à qual não consigo resistir;
hoje, para bem dos meus pecados, abro o jogo a um colega; mostro como somos, nós pessoas, animais, que jogam na convivialidade, na insinuação, nos equilíbrios de poder, autoridade, supremacia e, quando não mesmo, de evidência e protagonismo mediante a utilização - ou abuso - da posição que se detém;
gostamos, por muito que o disfarcemos, de ser pavões, de ter o protagonismo da situação, de mandar, do mando tão soberbo do humano, de aparentarmos uma superioridade sobre o mais fraco que não detemos se argumentada, de afirmar a posição só pela posição, porque tudo o mais corre o risco de ser vazio;
não sou diferente dos restantes, mas as minhas preocupações não passam pelo protagonismo que possa ter neste meu sítio profissional; gosto mais de ser rato, de sentir os sentimentos dos outros, de perceber como se movimentam, que receios enfrentam, de quais as suas fragilidades;
a conclusão a que cheguei é que a nossa administração pública padece, excessivamente, dos erros mais óbvios, mais evidentes do protagonismo individual, da afirmação pessoal, do destaque fulanizado;
mas isso aguenta-se...

dos outros

há já algum tempo que não é meu hábito citar ou referenciar blogues sem nome;
mas a estas duas notícias, não resisto há tentação de evidenciar aquilo para a qual chamo, eu e outros, a atenção há muito;
as evidências das manifestas contradições entre os discursos e as práticas, as palavras e as acções de um poder que se auto-consome, a olhos vistos;
e hão-de cair, como outros, disso não tenho dúvidas...

dias

mais um dia que me obrigou, felizmente, escrevo eu, a andar pelas escolas, a conhecer o que por lá se faz, o que se diz, como se organizam e o que promovem;
mais uma agradável surpresa, daquelas em que quase que me insurjo para que seja feita fora do quintal da escola;
são iniciativas que, promovidas pelas escolas, participadas por alunos e docentes, assistidas por quase toda a família, deviam ser feitas fora de portas, fora das escolas, em espaço público, impondo-se e quase que se impingindo à comunidade, ao meio onde estão, mostrando-se e mostrando que há mais coisas para além do diz que disse, do que talvez tenha acontecido, do saber ler, escrever e contar;
sendo territórios educativos de intervenção prioritária e tendo várias valências na área da educação especial e tendo quase todos eles participado na festa, teria sido bem mais agradável que fosse fora da escola;

contente

Um em cada cinco portugueses sofre de doença psiquiátrica...
depois de ontem ver as notícias e de hoje as ler, tenho que reconhecer que me sinto mais contente;
afinal, não sou o único, há mais como eu, a sentirem-se triste, angustiados, amargurados, a não ver grande sentido no nosso quotidiano, a andarem arrasados com os dias cinzentos e persistentemente chuvosos;
descobri que, afinal, terei uma qualquer doença tratável mediante consulta psiquiátrica;
posso estar maluco, mas estou contente, pois tem tratamento;
ou não...

terça-feira, 23 de março de 2010

cheio

ontem, por virtude das obrigações, participei numa iniciativa de divulgação da ciência numa escola do 1º ciclo da cidade de Évora;
casa cheia, primeira surpresa, para ouvir dois senhores a falar dos mistérios do universo; eles eram as crianças, os pais das crinças, os tios e as avós;
segunda surpresa, uma escola que ainda há bem pouco tempo era apontada como particular dada a diversidade de públicos que a frequentavam e dos problemas sociais que a rodeavam, hoje está claramente uma escola inclusiva, onde se integra e convive na diversidade, se respeita o outro, se aprende com o outro;
faz sentido defender a escola pública, é bom ver estes exemplo;

cansado

estou assim a modos que...
cansado, incapacidade de concentração, de estruturar um pensamento ao de leve, de produzir o que quer que seja;
preciso de pausa, reset, reboot, etc...

sexta-feira, 19 de março de 2010

a +

há um programa chamado + sucesso, que engloba dois projectos bem distintos, o turma + e o fénix;
mas quem se sente, de quando em vez a mais, sou eu;
manifestamente a mais;
gosto de perceber isso pela expressão das pessoas, por aquilo que não dizem, pelos seus apartes, pelas entrelinhas dos seus discursos por vezes excessivamente rebuscados;
tenho uma experiência, pessoal e profissional, que não é propriamente comum; tenho uma formação que não é propriamente vulgar; que lhe hei-de fazer;
a partir de uma e de outra e por muito incrível que possa parecer a muita gente, não me ponho em bicos de pés, não preciso, mas defendo as minhas ideias - sempre com muita emotividade;
tenho lógicas de liderança e trabalho que não são o mais comum na administração pública;
tudo elementos que confundem, com relativa facilidade, algumas cabecitas e que me fazem sentir a mais;
não existissem outros dependentes do meu trabalho e logo lhes diria;
como, habitualmente, sou sempre eu que quebro... é a parte mais fraca...

evidências

aparentemente estão todos e está tudo de acordo com a distinção entre faltas justificadas e faltas não justificadas;
até eu concordo, uma vez que uma criança que ande em tratamentos ambulatórios, ou não, é merecedora de justificação da sua ausência, enquanto o pelintra que apenas se anda a baldar já não;
contudo, duas questões:
e a escolaridade obrigatória, não se aplica a todos, os que faltam e os que não faltam, os que faltam justificadamente e os que faltam apenas por que sim;
e os planos de recuperação, também desaparecem, e com eles um outro conjunto de medidas de apoio, compensação e recuperação;
há excessivos ziguezagues para que as evidências não sejam tão evidentes...

rotina

a minha rotina das sextas-feiras está alterada e custa-me um pouco;
habitualmente, os filhotes ficam no treino e os pais vão amenizar cavaqueiras para uma cervejaria da cidade;
hoje não é possível;
paciência...

quinta-feira, 18 de março de 2010

sossego

sossego, precisa-se, face ao número de notícias e de pontos de situação que a educação merece no contexto mediático, manifestamente alargado contemplando jornais, rádios, televisões e, também, blogs, twitters, buzz e coisas que tais;
manifestamente sinto que o mundo da educação está cheio de ruídos, de sons diversos, de preocupações que vão do marcadamente fútil ao aprendiz de feiticeiro (comigo incluído, pois claro);
neste mundo feito de ruídos e de desassossego quase que não há tempo para que o professor pense as suas práticas, as escolas os seus sentidos, os pais/encarregados de educação descubram o seu espaço, os serviços ministeriais produzam com parcimónia ou adequação, os pensadores pensem;
todos falam, todos emitem a sua opinião, quase ninguém escuta, fartos e saturados que andamos (pelo menos eu ando) com tanta balbúrdia;
no meio de todo este desassossego gostava de perceber o que é que efectivamente tem mudado - desde as práticas às aprendizagens, da organização aos tempos, dos resultados aos anseios, das expectativas sociais às ambições profissionais;
apesar dos temas que se abordam, das políticas educativas à indisciplina, passando pela autonomia ou pelos currículos, carreira ou programas, o que efectivamente se anda a discutir é o papel da escola nesta sociedade e no contexto do século xxi;
mas, apesar dessa discussão acontecer agora, neste preciso momento pelo menos pela blogosfera, os modelos que trazemos para discussão são velhos, ultrapassados, desadequados, são do final do século xix, são do tempo de uma escola para alguns, dos liceus elitistas, do mestre escola, do aluno passivo, obediente e submisso, do expulsar da escola por faltas, dos grupos de nível, formados pelas famílias assim-assim ou esta que tais, das mnemónicas dos rios e caminhos de ferro, da tele-escola a preto e branco, das réguadas, das orelhas de burro, dos pais analfabetos;
mas discute-se isso à luz de uma sociedade digital, da redes de banda larga a 200Mb, da centena de canais televisivos, dos inúmeros cartões multibanco ou de crédito que os alunos trazem no bolso, junto de ipods, iphones, ipad, das roupas de marca, da afirmação social ou no simples clan, dos pais que cada vez mais têm maiores níveis de instrução e, senão o têm, pelo menos de reivindicação;
afinal, no meio do desassossego, o que se discute...

terça-feira, 16 de março de 2010

prémio

foi manhã de entrega de prémios aos professores, carreira, inovação, mérito e coisas que tais;
nada a assinalar, a não ser uma coisa esquesita que antecedeu a cerimónia, uma pretensa palestra do chefe da ydreams, sobre o papel do professor no século xxi, que mais parecia marx, o grande irmão marx, a falar no final do século xix, que há necessidade de formar jovens para as empresas, operários para o século xxi;
manifestamente deslocado...

indisciplina

no meio dos relatos de indisciplina, dou por mim a questionar os meus botões sobre o que ando a fazer para uma eventual tese de doutoramento;
o meu ponto de partida são exactamente as situações de indisciplina, a alteração dos comportamentos;
o objectivo, tentar perceber como se processa a ligação entre processos de subjectivação, que remetem para o indivídual a acção colectiva, e processos de socialização, que pretendem integrar o individuo no contexto colectivo;
estes mecanismos têm como suporte duas ou três ideias, que se discutem nos artigos de opinião como se fossem dados adquiridos e não o são;
as questões de poder e autoridade, dos professor, do Estado, dos alunos, das famílias, da escola;
o papel que compete a cada entidade envolvida na questão, o aluno, a famíliam, a escola, o professor, o Estado, as políticas educativas;
finalmente mas não último, as ideias sobre o que temos e o que queremos, como queremos, este cidadão que educamos e formamos;
a ligação entre as diferentes dimensões desta trilogia efectua-se por mecanismos muitas das vezes quase imperceptíveis, mas tão evidentes que nos obrigam a pensar o nosso próprio papel - mecanismos como o currículo, os modelos de avaliação ou de formação, os contextos sociais, ou os projectos ou programas curriculares ou extra-curriculares;
a minha entrada para os perceber é exactamente pelos projectos extra-curriculares...

ausência

de repente, por causa do bom tempo, não me apetece escrever;
tenho mais coisas para fazer, algumas bem menos interessantes que a escrita que alimenta os meus dias e aconchega os meus devaneios; mas não escrevo;
ando pela courela, de um lado para o outro, aprecio o sol, admiro um passáro que ainda não tinha ouvido, empoleirado nos fios da electricidade - sempre me espantou como não são fritos;
é a ausência...

quinta-feira, 11 de março de 2010

entrevistas

no âmbito da minha tese as entrevistas ocupam um papel determinante, porventura central;
ao princípio realizei duas entrevistas, apenas para verificar das suas potencialidades e das oportunidades que me ofereciam;
descobertas ou identificadas as possibilidades avancei para outras tantas; dei por mim a estruturar excessiva e desnecessariamente a conversa e as entrevistas pouco valem a não ser para apontamentos soltos;
fui obrigado a refazer entrevistas, agora mais comedidas, mais claras;
ontem realizei a primeira; pensava eu que demoraria entre 15 a 30 minutos, qual quê, uma hora e troca o passo de conversa e, aparentemente, dentro dos objectivos e da centralidade que lhe conferi;
assim vale a pena...

parentocracia

já aqui escrevi que aos pais e às escolas (leia-se directores) compete identificar novas e diferentes formas de relacionamento social e institucional, criar pontes e estruturas para um entendimento coerente e sustentado, para a identificação de soluções, mais que moer problemas;
mal vai a volta quando os pais, por intermédio de uma qualquer associação de pais, procura instaurar a parentocracia, o poder por intermédio dos pais;
é não perceber qual é o seu papel no contexto da educação e misturar alhos com bugalhos;
isto para não escrever que há associações e associações, aqueles que procuram o interesse colectivo e social e aquelas outras que apenas procuram a afirmação do seu interesse, de situações umbilicais e devarios pessoais;
equilibrar tudo é que é difícil...

terça-feira, 9 de março de 2010

sorrisos

depois de noite de chuva intensa, de dias seguidos e consecutivos em tons de cinzento, sem o azul do céu nem o brilho do sol, foi ver os rostos hoje do pessoal;
sorriso estampado, fazendo figas para que a coisa continue;
mas parece que é sol de pouca dura...

exemplos

deixaram-me um exemplo de práticas de bulyng de tempos em que se procurava a separação dos géneros naquilo que era a escola pública em início de democratização;
também ali andei, também à sucapa subia pelas escadas das raparigas, pois a sala ficava mais próxima e, para todos os efeitos, era um desafio;
desafio à autoridade dos funcionários, à autoridade de quem decidiu que as escadas tinham género, ao nosso crescimento;
grampos nunca atirei, mas, como nunca fui santo, papelitos dobrados isso sim, atirei...

dúvida

sou agnóstico com crença, como costumo dizer, entre brincadeira e coisa séria;
como agnóstico fui à missa, não me converti a qualquer prática, nem interiorizei qualquer acto de fé;
mas vim com a necessária dúvida que alimenta o meu agnostícismo;
a senhora ministra parece ser uma excelente pessoa; de trato fácil e simpático, ouvinte e curiosa, atenta e preocupada;
se serão atributos suficientes para se ser ministro isso é outra coisa;
mas, ao contrário dos últimos anos, sente-se que se pretende fazer e construir um rumo, definir um sentido e, se possível e desejavelmente, em parceria;
a ver vamos, diz a minha dúvida...

missa

a caminho de Beja para ouvir missa pela senhora ministra da educação;

pec

pois, para um socialista como eu torna-se difícil entender os sacríficios pedidos sempre aos mesmos;
porque não o combate à fraude e à evasão fiscal;
porque não acentuar a fiscalidade sobre os dividendos e mais valias financeiras;
porque não tocar nos lucros da banca e seguros;
torna-se difícil entender que a dimensão redistributiva do Estado retire aos mesmos para dar sempre aos mesmos;
se, no período do pec, tivermos ainda que aturar a subida das taxas de juro e dos combustíveis, então este país vira efectivamente um país de ladrões, temos de roubar para pagar impostos...

segunda-feira, 8 de março de 2010

propostas

desde os tempos em que passei pelo ipj que não ouvia propostas oriundas da juventude, ideias que se apresentam, argumentos que se desenham;
hoje, fruto do parlamento dos jovens ter passado pela casa, tive oportunidade de voltar a ouvir ideias, a apresentação de moções, a troca de argumentos;
reforço o que quase sempre pensei, a pertinência das ideias, o valor reivindicativo das propostas;
destaque maior, a proposta de alargar o voto para os 16 anos;
bem dito...

estranheza

os filhos saem aos pais, não há volta a dar;
de modo explicito ou implicitamente está lá, na cabeça dos filhotes, quase tudo aquilo que os adultos (os pais) promovem, valorizam, destacam, criticam, pensam;
desde os comportamentos do quotidiano às coisas mais comezinhas dos pequenos nadas;
aos meus, que não fogem à regra, é vê-los a mostrar estranheza perante a comida, quando se altera uma textura, se modifica um aroma, se altera uma cor;
exemplo do pão da manhã, feito agora lá por casa e que com farinhas mais tradicionais fica escuro; já não gostam, já estão fartos deste pão, bem melhor, diga-se de passagem...

bulyng

com o infeliz caso de Mirandela e agora, em qualquer esquina, de uma qualquer escola se descobrem e revelam cenas de bulyng, de violência entre iguais, de formas de coacção e intimidação entre alunos;
mas, ao contrário do que se possa pensar, não é um caso nem novo, nem recente;
no âmbito do meu processo de investigação, sobre a alteração dos comportamentos, a primeira referência que identifiquei sobre violência entre iguais data do início dos anos 70, uma aluna que participa de 4 colegas que a infernizam;
por outro lado, a escola, a nossa escola, ainda persiste em modelos e lógicas que remontam de há décadas e não é apenas em modelos organizativos, também nas práticas de socialização, dos rituais de passagem da meninice para a adolescência;
a escola, a nossa escola, está manifestamente desfazada dos tempos, dos modos e das circunstâncias; é uma escola analógica num mundo digital, é uma escola moderna, em tempos pós-modernos, é uma escola colectivista em tempos de individualização, é uma escola de resistência em tempos de consumismo...

sábado, 6 de março de 2010

pais

da indisciplina ao respeito, não há cão nem gato que não defenda uma maior intervenção e responsabilização dos pais, incluindo e como primeiros interessados, os pais;
e não têm sido poucos aqueles que, quando confrontados com o comportamento ou as atitudes dos seus filhos e educandos me questionavam mas o que posso mais eu fazer? já lhe bati, já o castiguei, já o penalizei, e não consigo fazer nada dele;
entre tudo o que se discute, há, no meu entendimento, uma situação que não é clara e padece de muitas dúvidas, a da relação entre a escola (entenda-se essencialmente os senhores directores) e os pais;
habitualmente os pais são chamados para discutir problemas, raras vezes são chamados a participar na solução, apesar de apontados como tal;
habitualmente os pais são chamados à escola por questões de formalidade e oficialidade e não para reflectir e contribuir para a prevenção de situações ou a definição de estratégias de acção;
habitualmente os pais são colocados no seu lugar, distante da escola e do eduquês, e não num patamar de igualdade de interesses perante aqueles que são filhos ou alunos;
toleram-se os pais enquanto se persiste num discurso de partenariado e de parceria de interesses, mas se os pais questionam e levantam dúvidas, então passam a ser entendidos como também um problema, um obstáculo à acção do professor; os pais fazem falta fora dos portões da escola, calados e mudos;
enquanto esta visão persistir e não se entender, por exemplo, o conselho geral como um conselho de administração, não há volta a dar e os atritos e fricções persistirão...

obesidade

o expresso trás hoje um apontamento sobre a eventual reforma curricular do ensino básico, prioritariamente o 3º ciclo, com uma designação deveras sugestiva, a da obesidade curricular;
é certo que à escola tem sido pedido que, para além das disciplinas, eduque e ensine sobre as mais variadas matérias, desde a formação cívica, os comportamentos de risco, a prevenção rodoviária, as diferentes literacias, etc, etc;
dentro desta parafernália curricular, os professores nunca souberam lá muito bem - há honrosas excepções, obviamente - lidar com esta diferente oferta; habitualmente e na generalidade acabou-se por tornar curricular o que era de complemento, integrar nas disciplinas o que é curricular e a mistela poucas vezes deu em alguma coisa de útil, de pertinente e de onde, tanto professores como alunos, retirassem pertinência e interesse;
caso da célebre área de projecto ou o trabalho de projecto, que, por onde tenho andado, muita confusão e diferentes interpretações tem dado e promovido;
sou defensor das autonomias mas tenho dúvidas que a inclusão desta opção ao nível das escolas venha a dar alguma coisa de útil; as interpretações são tantas, os interesses tão variados que tudo acaba, quase sempre, por se restringir ao mais óbvio, o cumprimento dos programas, a ensinar a ler, escrever e contar, contexto onde persistem as nossas mentalidades profissionais...

sexta-feira, 5 de março de 2010

candidatura

estou certo que à revelia de muitos e contra a opinião de outros tantos, estou com Manuel Alegre, venha quem vier, esteja quem estiver;
reconheço que, apesar do reconhecimento que faço da sua figura, não seria o mais agradável e desejado, seja pela sua aristocracia, seja pela filiação em famílias que em muito se relacionam com a política, mas pouco lhe desejam;
mas é o meu candidato, desde a última eleição presidencial;

açorda

por mero acaso, e indisponibilidade do chefe, tive oportunidade de passar a manhã no IV Congresso das Açordas, este sob a temática do pão;
para além do apetite que se cria, de acordo com as apresentações, a curiosidade que se alimenta com as histórias, permite despertar os sentidos - e os sentimentos - para o gosto de ser alentejano;
decorre este fim-de-semana em Portel...

farto

reconheço e assumo, estou farto dos dias cinzentos, da chuva persistente, da humidade irritante, do ar carrancudo e cizudo do pessoal, dos abafos quentes que já incomodam;
tenho saudades do sol, do azul do céu, do sorriso das pessoas, das roupas leves;
irra que inverno grannnnnnndddddeeeee este...

quarta-feira, 3 de março de 2010

imprensa

tenho recebido, via e-mail, um apontamento de imprensa sobre o que se diz e escreve sobre o Alentejo, em particular o meu distrito de Évora;
é interessante e engraçado perceber quem escreve sobre esta terra, como escreve, sobre o que escreve, quando escreve;
como é interessante perceber aquilo sobre o que não se escreve, aquilo que não é dito ou que simplesmente é omitido;
percebe-se, com relativa facilidade quem se insinua como fazedor de opinião, protagonista disto ou daquilo, como quem se pretende pôr em bico de pés;
coisas da imprensa...

interesse

não sou pessoa de números, estatística, quantidades;
gosto mais de perceber e compreender o porquê das coisas, como funcionam e se organizam;
mas reconheço a importância e determinância que os números têm e não é de hoje;
a arrumação quantitativa permite criar alguma coerência e sistematicidade no que é diversos e está disperso, simplificar o plural;
há dias referenciei este sítio, vale a pena para perceber o que somos, de onde vimos, como temos feito esse percurso, onde estamos;
interessante...

terça-feira, 2 de março de 2010

poder

os professores têm uma fraca, quando não mesmo ausente, noção do poder que detêm;
não direi poder de conquista do Estado ou de afirmação de uma soberania, na versão mais funcionalista do que é o poder;
mas se pensarmos na capacidade de moldar, influenciar, determinar, impingir determinadas ideias ou situações às crianças, então o professor tem um poder que não considera mas é determinante;
um exemplo, um pai ou mãe, professores, que experimentem apoiar ou ajudar os filhos com os trabalhos da escola; são banidos, rejeitados, recusados, o que o professor na escola disse é que é, não o que o pai/mãe professores dizem;
isto é incontornável...

cozinha

cá por casa somos dados à cozinha;
entre um dedo de conversa e uma garfada aqui e ali, um trago disto ou daquilo e é um regalo; momentos bons de desabafo e alivio;
já muito me falaram na bimbi, na senhor, ainda não fui nessa, gosto de ver o tempo a passar na cozedura, molhar o dedo e provar, acertar paladares, divagar entre molhos;
como me falaram na máquina de fazer pão; depois de algumas hesitações e pimba, lá está ela, a fabricar pão diariamente, companhia quase que inseparável de um petisco, não fossemos nós alentejanos...

segunda-feira, 1 de março de 2010

mudanças

não sei de nada, mas perspectivam-se mudanças no meu cantinho, diria chafarica;
bons regressos, algumas mexidas e alguns incómodos;
de tudo um pouco, para mim, alguém com quem posso brincar e discutir coisas menos sérias...