segunda-feira, 30 de setembro de 2013

entendam como quiserem

apesar de afastado não consigo deixar de deitar o meu bitaite aos resultados eleitorais, pelo menos aqueles que me estão mais próximos; 
a minha leitura dos resultados vai no cruzamento de duas ideias; 
por um lado, um voto de protesto, refletido tanto na sua distribuição sociológica, por vezes incompreendida para quem perde, como na abstenção, nos votos em branco ou nos votos nulos; 
por outro lado e para além do protesto, nota-se um voto de penalização, de castigo, fosse pelas escolhas efetuadas, pelas opções assumidas, pelas estratégias implementadas; é muito típico do tuga, gostar de castigar os outros mais do que valorizar ou destacar, pela positiva, pois claro, os seus próprios feitos; 
e entre contestação e penalização ontem, dia de resultados, fiquei assim a modos que...
sendo certo que as leituras são para todos os gostos, há que retirar ilações destes resultados aqui pela terra onde foi e é notório que, onde o ps se fechou sobre si mesmo perdeu em toda a linha, onde se abriu e soube ler e integrar vontades e interesses, competências e objetivos ganhou; 
como perderam famílias políticas e outras ganharam, vamos ver o que dirão as comadres...

terça-feira, 24 de setembro de 2013

entretido

por um lado, tenho andado entretido com coisas da escola, o melhor, diga-se, por outro, com o desfrute da campanha eleitoral por aqueles concelhos que me dizem algo, évora, onde nasci e para todos os efeitos a minha cidade, e arraiolos onde resido (mas há outros que por uma ou outra razão acompanho ainda que sem grande atenção);
das eleições nem vale a pena falar, tão pobres que têm sido - em ideias, em campanha, em vontades... 
da escola uma nota; 
dá para ver e perceber o que dá juntar o cão e o gato, o trigo e o joio num processo de agregação que está longe, muito longe, de ser resolvido; apesar de ter sido em tempos favorável a esta agregação, separa as escolas uma simples vedação, a vivência dá para perceber como tem sido a coabitação de cada uma, cada qual para o seu canto, ignorando o que lhe está próximo, desfazendo nas diferenças e criando estereótipos de cá e de lá; resultado pelo menos nesta agregação e apesar de uma aparente acalmia e de tudo - ou quase tudo - correr serenamente, dá para ver que a coisa ainda se parece - e muito - com azeite e vinagre; estão juntos, é verdade, mas não se misturam;

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

coisas do pessoal

uma das coisas que ressalta à vista por esta santa terrinha alentejana (mas não exclusivamente) é a necessidade de algum distanciamento entre as pessoas, de um certo formalismo para que que possam ser escutadas; é o dito popular que santos da casa não fazem milagres, e, por aqui, dificilmente, muito dificilmente, tal coisa acontece; 
uma pessoa fala sobre isto e sobre aquilo, se estiver fora do seu contexto, ou seja, se for pessoa que ninguém ou quase ninguém conheça, até pode ser charlatão ou sumidade planetária que até pode existir gente que discorda, que rebate, que refuta e contradiz o que é dito, mas ouve e, nessa escuta, até há algum silêncio, o silêncio de quem escuta, por muito que depois possa dizer que é teoria, que está desfasado, que aqui não se enquadra, etc; 
agora se a pessoa que fala está no seu contexto, é um entre os pares até pode dizer as coisas mais acertadas, cordatas e assertivas que dificilmente é escutada; para além de muito dificilmente ser considerada; 
não é exclusivo do alentejo, não é não senhor, mas por estas bandas adquire uma dimensão assaz interessante...

coisas do insucesso

estive por fora, pela zona do oeste em processos de formação, própria e de outros; pela conversa, pelo que ouvimos dos outros, aprendemos sempre um pouco mais, ganhamos uma outra perspetiva; 
de manhã ouvi falar ana maria bettencourt sobre o relatório «o estado da educação 2012»; 
não é a leitura de quem participou no relatório, não destaco o relatório em si, mas algumas ideias que, no debate, foram atiradas; 
então não é que o insucesso, a pobreza e os seus reflexos na escola e no processo de escolarização ganham dimensão diferente entre o alentejo e o resto do país?
até nisto, no insucesso, somos diferentes... porra que é demais....

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

coisa de dúvidas

não tenho escrito à espera de perceber o que poderá ser este meu novo ano letivo;
para além de qualquer moenga, não sei nem consigo perspetivar o que me espera; 
para já percebo que os meus chefes mais parecem baratas tontas; não há coordenadores de nada nem estruturas intermédias, como não há documentos de orientação ou referência; nada que uns ou outros não fossem perfeitamente dispensáveis, as estruturas intermédias apenas servem para o ego de uns e para a chatice de outros (já lá vai o tempo que sempre aligeiravam a coisa), os documentos são mera cosmética, colocam algum brilho (quando é) no rosto mas a utilidade é muito pouca ou mesmo nenhuma; não é apenas na minha escola, é um pouco por todo o lado, pelo menos por estes meus lados, servem apenas para decorar, o pessoal continua na mesma;
este ano vou ter um desafio, pelo menos isso; lecionar uma disciplina que nunca antes trabalhei, a de história da cultura e das artes e, pelo que já pude ver, bem interessante cá para os meus lados, na perspetiva de ajudar o pessoal a pensar, apoiar e incentivar a aprender a aprender, colaborar na formação de ideias e de opiniões; o meu desafio não são os conteúdos, nem as estratégias, é mais desafiar o aluno a pensar, a escrever, a ler, a fundamentar ideias e opiniões, aí é que vão ser elas; há que descontruir ideias e opiniões, mesmo antes de conseguir apoiar e ajudar a pensar e a aprender; mas é um desafio; 
desafio acrescido por ser a minha direção de turma e, desse modo, poder chatear e moer a cabeça aos meus colegas mediante a gestão do currículo, a adequação de objetivos, pensar coletivamente estratégias e metodologias de trabalho - e, neste campo, sou o único amador, todos os restantes são profissionais; 
afinal todos gostamos muito do artigo, mas muitos dizem que é para outros e noutros contextos (coisa típica)... eu acho que não, que é possível aqui, neste mundo, com o que temos e com aquilo que queremos... a não ser que sejamos estúpidos e não tenho o pessoal nessa consideração... mas isso sou eu...