terça-feira, 31 de dezembro de 2013

e vira o disco e vamos a mais do mesmo

e pronto, apesar de me parecer algo incrível, pela velocidade algo estonteante a que passou o presente ano, o certo, certinho é que estamos no último dia do dito cujo;
sem ser balanço, outros melhor que eu o farão, para trás ficaram dias inenarráveis, inesquecíveis, para esquecer e para o que der e vier em memória futura; regressei à minha escolinha e às aulas, candidatei-me a director de um agrupamento (fui recusado), tive razão nas eleições autárquicas, não tive razão em determinadas birras, senti-me despeitado e assumo que pretendo estar mais calmo, menos emotivo, mais racional (a idade tem das suas); fiz meio século, coisa com a qual nunca me imaginei; participei em dois congressos internacionais sobre coisas da educação, mantenho a vontade de estudar, conhecer e talvez compreender a escola, as políticas educativas, a acção dos professores, o sentido individual do trabalho colectivo; faleceu um dos poucos amigos da minha aldeia; passeei, desfrutei e fiz o que podia, mesmo quando não me queriam deixar;
pela frente teremos outro ano dos grandes, daqueles que, olhando em frente, parecem não ter fim - serão eleições europeia, mundial de futebol, renegociações com a troika, mais cortes e mais costura, o alinhar de personagens e perfis para eleições legislativas e para as presidenciais; quero continuar a escrever e, nesse ano de 2014, ver se publico em revista própria; quero ser feliz ou, melhor dito, construir momentos de felicidade com os meus, a minha família, os meus amigos, com alguns inimigos, pois a inveja também nos dá algum prazer; quero continuar a passear e a estudar, a ler e a escrever, a amar e a desfrutar da vida enquanto por cá ando;
BOM ANO, façam dele aquilo que cada considera que merece e que faz por merecer;
(imagem tirada daqui)

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

coisas da vida ou a estupidez da vida

nos tempos que correm a fé, aquela coisa em que se acredita sem questionar, que se aceita sem qualquer réstia de dúvida, aquela coisa que fazemos sem perguntar coisa alguma, nem duvidar, tem um espaço algo limitado;
a fé tem, nos dias de hoje, um espaço que está condicionado por coisas mais supérfluas mas mais à mão, como sejam os prazeres quotidianos, o materialismo que não seja o dialéctico, o imediatismo que não o meramente político ou partidário, o gosto pelo prazer de sentir e desfrutar e pronto;
depois temos estas surpresas, coisas que nos obrigam a questionar sobre coisas banais, frívolas, triviais, como sejam a existência de Deus, o papel do destino, o que nos está reservado, aquelas coisas banais que Camões chamou de fado, Pessoa de destino e nós, míseros seres efémeros, questionamos como se, por vezes, até acreditássemos;
mas que a vida nos prega partidas estúpidas, ou talvez a vida como a encaramos (ou como eu a encaro) seja apenas estúpida, isso, de quando em vez, até parece ficar gnosticamente provado,

a sala de aula do futuro




se há coisas em que sou assumidamente curioso, cusca, interessado (isto porque não sigo nenhuma linha organizada de pensamento e/ou estudo/pesquisa) uma é como será a sala de aula - ou a escola - daqui a 10, 15 ou 20 anos; não sei se será a escola - ou a sala de aula do futuro - e como será esse futuro, imagino que a tecnologia passe por ela de uma ponta a outra, que a sala de aula se cruze entre qualquer coisa que pode ser aquilo a que hoje alguns chamam de sala de aula, ao que em alguns sítios designam como biblioteca, ou um vago centro de recursos, ou e porque não - apesar de isso ofender puristas - um cibercafé;
(um aparte, não resisto mesmo: no decorrer das reuniões de avaliação ouvi alguém da minha escola, com responsabilidades de chefias intermédias, afirmar que se podia proibir a utilização de pc ou dispositivos móveis de acesso à net nas reuniões de profes, de modo a não prejudicarem o trabalho, e depois dizem que eu é que conto anedotas, tábém tá);
uma coisa para mim poderá passar pelo certo, para além da utilização e do papel que a tecnologia possa ter ou assumir, será a alteração da estrutura organizacional da escola, que muitos pensam que foi sempre assim, a alteração tecnológica de ensinar a muitos como se de um só se tratasse, um professor muitos alunos, resultados médios, em função de uma média, perspectivando-se a média estatística;
contudo e apesar de todo o papel que possa ser atribuído à tecnologia há uma dimensão que, pelo menos para mim, não deixa de ser incontornável à escola e que, por si só, a tecnologia não responde, refiro-me ao processo de socialização e de fabricação do sujeito, do cidadão; isto é, a escola recebe crianças e, para além de ter como objecto o que alguns designam de produzir creditações/diplomados, a escola também produz quasi adultos, homens e mulheres que, na sua juventude, se insurgem para o mundo do adulto, profissional, social, político (e não se prendam apenas aos partidos, é de intervenção de cidadania que refiro); provavelmente num tempo e em modos que a escola tecnológica poderá individualizar processos de aprendizagem, segmentar as necessidades educativas, o processo de construção/fabricação do adulto assume importância ainda maior; mas muitas escolas, muitos docentes chutam ao lado esta dimensão que a escola desde sempre teve e soube assumir;

das ideias, da concordância ou simplesmente a estupidez política no seu melhor

os professores contratados foram abandonados pelo PS, que apenas pediu uma pífia “suspensão” da prova, e os trabalhadores dos Estaleiros de Viana, que marcharam pelas ruas de Lisboa com as suas famílias, a caminho da miséria, não merecem nem um levantar de sobrancelhas dos doutos conselheiros económicos do “líder” Seguro. O PS, que tinha já enormes responsabilidades na situação actual de ambos os sectores profissionais, agora mostrou de novo por que razão não é confiável como partido de oposição, mas, pelo contrário, é confiável, pela mão de Seguro, para lá de muitas encenações, para os que mandam em Portugal, sempre os mesmos.
eu não escrevo coisas destas, apesar de as pensar;
eu não escrevo assim, apesar de o sentir;
eu não escrevo, nem digo que é assim por que todos vêem que é mesmo assim,
contudo, não deixam de existir labregos que apenas esperam pelo turnover para mamarem do mesmo e serem mais do mesmo;
e depois sou eu que ando indisposto, ah pois é...

da exigência ou da disposição

quando me penso, nestes últimos dias/tempos, fico na dúvida se ando exigente, se ando indisposto ou se efectivamente não pululam por aí ideias novas, diferentes e menos ainda originais; que os tempos que correm são uma seca, uma repetição bafienta e algo bolorenta, de outros tempos, continuidades, mais do mesmo;
seja na política, que mais parece um lodo, um pântano, seja no cinema onde as novidades mais interessantes conseguem ser um filme de animação, ou na literatura onde, pelo que pude apreciar, é um deserto;
recentemente fomos passear e, enquanto elas se entretinham a entrar e sair de lojas, optei por visitar a única livraria do sítio;
primeiro, num centro comercial da moda, elucidativa a circunstância de existir apenas uma livraria;
segundo, percorri o espaço das novidades prá'frente e para trás e nada me despertou a atenção; visitei as estantes minhas habituais - política, ciências sociais e humanas, história, pedagogia - e apenas reposições mais ou menos velhas, capas onde se nota o manusear alheio e algo descuidado e nada de novo;
as novidades, o que a livraria apresentava como top de vendas não deixou de ser menos elucidativo, Pessoa, Borges, Llosa, Joyce, Brown, Santos;
tá bom tá

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

ateus por acaso ou o acaso da fé

andei pela minha cidade, é certo que não consegui deixar de reparar que tudo continua na mesma, isto é, até parece que nada se alterou nas eleições autárquicas mais recentes; mas, acaso não se "alembrem" a gestão é comunista ou cdu, seja isso o que for (já agora, quem é o vereador verde? é que pela cor não vou lá) e tudo continua na mesma como se a gestão não se tivesse alterado por desígnios ditos democráticos;
tudo continua como lia em alguns blogues cá da terra, blogues agora passados ao esquecimento ou apenas a memórias do passado de lutas feito;
mas tudo continua envolto em alguma penumbra, com um cinzentismo q.b., a ausência de luzes e de enfeites de natal, a inexistência de uma estratégia comercial de afirmação do centro histórico como centro comercial a céu aberto, as conivências que sempre nos facilitam argumentos e políticas; ora porra que o pcp - ou a cdu, vá lá eu perceber quem é quem - continuam na mesma, será que aqui também há um bloco central autárquico local?....
é certo que o camarada sá pode ser entre o agnóstico e o ateu, que os seus camaradas se podem ficar pelos discursos, sempre convenientes como desculpabilizantes, da herança, do legado chosialista, do muito que já foi feito - como marx nas penumbras das estruturas profundas ou catacumbas; mas a merda toda é que évora continua como limbo, nem sei do quê, agora com gestão cdu ou pc ou verde, não sei...

do natal

tenho ouvido, por aí e por ali, os piores comentários ao natal; quase que por moda ou apenas por questões de merda e esquesitices idiotas há quem diga que já não gosta do natal, que o natal já não é como era, que o natal é muito comercial ou material, muito sei lá o quê, olhe, uma merda;
merda para os esquesitos, merda para os que gostam de modas mas se ficam sempre nas primeiras, merda para os adizeres críticos que mais não são que cretinices próprias de quem gosta de se afirmar apenas pela afirmação oca, vazia, despida de nada e vestida de tudo o que seja estupidez;
que me perdoem, que eu sei que não é coisa fácil, mas cá o je, este autor de escrita que assim se espraia, continua a gostar do natal, a gostar dos enfeites, das luzes, dos cheiros, das birras, do lufa lufa, das expectativas e ansiedades do que nos reserva a noite, do stresse da ceia, das políticas - políticas não, que isso é merda que por aqui não entra - de quem vem, quem está, quem faz o quê, quem traz o quê, chega-se a dizer que é família, mas qual delas, de sangue, de amizade, de amores e sentimentos ou apenas de acolhimento, qual família...
cá o je, para o bom e para o mau, continuo a gostar do natal como quando, eu criança, se convidava impreterivelmente o engraxador Farraxa, não sei se apelido se de nome, se apenas de alcunha, para comer qualquer coisa quente, pelo menos naquela noite, que o 53 se divertia mais que nos outros dias, que o meu pai chegava, como quase sempre, mais tarde que o habitual;
continuo a gostar do natal, não pela memória do que foi, nem por aquilo que ele é com os meus e a minha família, mas mais por aquilo que cada um nós dele pode e deve fazer; como tudo na vida, fazemos o que podemos ou apenas o que queremos e escondemo-nos no resto, na hipocrisia, na idiotice, na estupidez, seja ela argumentativa, justificativa ou apenas desculpabilizadora - depois perguntam-me se estou zangado, azedo ou apenas parvo, obviamente que azedo, isto é fora de prazo, e parvo como sempre, pois claro;
em altura de natal, altura em que aqueles que me educaram apelam à paz na terra e ao espírito de boa vontade entre os homens, faço minhas as palavras daquele em que acredito enquanto homem e líder político, paz na terra aos homens (e mulheres) de boa vontade; aos demais... a puta que os pariu...
FELIZ NATAL

domingo, 22 de dezembro de 2013

brincar a sério

houve uma afirmação, assim a modos que pretensamente maledicente ou insidiosa, que me foi atirada no decorrer das reuniões de avaliação; constou de afirmarem que nunca sabem se estou a brincar se a falar a sério; 
descobri, nestas palavras, o porquê de eu desencadear receios nas pessoas que comigo lidam fugazmente; a dificuldade de gerirem o imprevisível o inesperado o inopinado; 
as pessoas têm por hábito arrumar as coisas em gavetas mais ou menos definidas; gavetas de acordo com os mundos e esferas de acção em que se movimentam; são rótulos que auxiliam à identificação e referenciação das situações, desde as mais básicas (amigo/inimigo, próximo/distante, eu/tu, nós/vós, entre muitos outros) até às mais complexas (dimensões ou esferas profissionais, sociais, afectivas ou aquelas que se desenrolam no contexto das emoções); ora eu cruzo todas elas e, há muito que o afirmo, que gosto de brincar com coisas sérias, como falar a sério de coisas a brincar; 
ora estas reuniões de avaliação remeteram, em muito, para este campo de brincar a sério; eram a brincar, mas pareciam, alguém queria que parecessem coisa séria, formal, pesada, administrativa; disse a um colega que me fizeram lembrar aquelas brincadeiras de criança onde estas levam a brincadeira muito a sério, que se zangam quando alguém discute ou diverge do seu registo; assim foram estas reuniões; ora assim sendo, seria difícil que a minha postura de brincar com aquilo com que os outros levam a sério se fizesse sentir; 
as reuniões foram assim coisa de brincar que alguém, com vários tipos de pretensão ainda que se afirmem pela despretensão, levou muito a sério; como o meu registo é outro, claramente de criança agaiatado, então o pessoal não gostou;
paciência, eu gostei... oh se gostei, aprendi como há muito não aprendia em reuniões de docentes...

sábado, 21 de dezembro de 2013

dividir para reinar

há muitos que os políticos, em particular os da ala da direita, perceberam que para gerir (não é governar, é mesmo gerir) a escola pública, precisavam de dividir os docentes, criar fissuras por entre as quais introduziam políticas e criavam pontes para a sua acção;
foi assim nos idos anos 80 com aquele que é um dos engenheiros do sistema, roberto carneiro, mediante a divisão entre docentes profissionalizados e os demais; anos mais tarde, com ferreira leite, foi a disputa de protagonismos entre estágios integrados e estágios em serviço, entre universidades ditas clássicas (lisboa, porto, coimbra) e universidades ditas novas (aveiro, minho, évora) na formação de docentes; esses conflitos sempre se reflectiram nas políticas educativas, no estatuto da carreira docente, nas abébias que foram criadas para que nos pusessem abaixo de zero, uns contra os outros - ganhando assim espaço o ministério para criar pretensos compromissos com uns ou com outros;
recentemente, nuno crato opta e assume a mesma estratégia, afirmando que os professores não são todos iguais; coisa maravilhosa, que caiu que nem sopa no mel nas escolas para reforçar divisões, acentuar a estupidez profissional e criar, novamente, espaço para que façam o que entendam, da forma que entendem e como entendam;
na sua sequência aparecem os cães de fila que mais não fazem que aproveitar a onda para ladrar, para fazer ouvir os seus latidos que, de outro modo, passariam perfeitamente despercebidos; e há quem lhes dê espaço e palco, os reproduza com argumentos contrários que mais não servem como emissários que espalham a palavra missionária e que cada um entende como quer;
puta que os pariu

e pronto

e pronto este primeiro período, grande, comprido, desgastante e coisa que nunca mais tinha fim, acabou;
prova provada que tudo, apesar das suas dimensões ou das suas características, acaba, bom ou mau, assim assim ou antes pelo contrário mais cedo ou mais tarde acaba;
já o poeta o afirmava, jorge luís borges, tudo o que é biológico um dia acaba, pode levar um dia, um mês, um ano ou uma vida, mas acaba, e o poeta refira-se ao amor;
as reuniões de avaliação pelo meu burgo foram qualquer coisa de... especial;
gostei de observar novos protagonistas de poderes efémeros, novas lógicas de gerir o quotidiano em funções de vazios, de perceber como outros poderes \se insurgem por entre os dias de fugida que nos atravessam;
é engraçado ver e tentar perceber como esses pretensos vazios são ocupados; há muito que defendo que, tal como na natureza, as dimensões do social recusam o vazio do poder; quando ele não é assumido, exercido, promovido etc coisa e tal há sempre algo, alguém ou alguma coisa que assume o poder - pela forma de exercício, de protagonismo, de política, de acção ou de discurso, mesmo que seja na sua negação;
as reuniões de 1º período permitiram-me vislumbrar estes arranjos, que nem sei se serão arranjos e menos ainda perceber se estratégicos, o que tenho dúvidas, mas é o assumir as rédeas de outros por ausência deles mesmos;
é engraçado ver e ouvir os discursos que nos revestem de nós mesmos, muitas vezes de pura ignorância, alguma idiotice, mas dito com a convicção de quem raramente se engana e nunca tem dúvidas;
falta saber como irá ser este segundo período;
para já sei que grande, enorme, certamente desgastante; provavelmente de formação de novos equilíbrios lá pela escolinha; equilíbrios de interesses, de protagonistas, de vazios ou ausências, de incompetências e alguma estupidez; isto se o pessoal deixar pois claro...

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

hegemonia algo hegemónica

há autores e pensadores, escritores e outros que há muito se debatem contra o chamado pensamento hegemónico, isto é, formas de pensar que, consideradas algo entre o normal e o natural, mais não fazem que esgotar, fictícia e ideologicamente, caminhos e vias alternativas, reduzir a um pretenso sentido único as possibilidades e as direções que se podem assumir;
na generalidade dos casos ou das situações nem dá para pensar nessa hegemonia; são efetivamente dados, elementos criados e, pelos menos na sua aparência, de tal modo naturalizados e reificados que consideramos que não há outros modos, outras formas de fazer a mesma coisa - direi, há boa maneira tuga, que até parece que há só uma maneira de esfolar o coelho e sabe-se que não, que há mais que uma;
isto a propósito de um governo que nos quer impingir formas únicas de pensar e agir, fazer-nos sentir culpados por nos empurrarem para aquele que dizem ser o único caminho, por outros, sejam eles quais forem, nos terem aqui deixado; que o privado é virtude, o público vício; que o Estado não é o de gerir interesses, mas defender privilégios;
isto a propósito de considerarmos, em muitas, em excessivas situações, que não há alternativas, outras vias de irmos em frente, possibilidades de nos pensarmos e de nos vermos de outra forma que não como culpados do que não fizemos, do que não ousámos pensar, do que não ousámos ousar;
isto a propósito de uma educação que pensa e define caminhos únicos, vias de sentido único, que nos indica os becos mas não as alternativas;
isto a propósito de uma escola onde se considera que é assim por que sim, por que tem de ser, por que a inspeção o determina ou manda, porque nos querem fazer pensar que este é o único caminho, o único sentido, a única direção; porque é o deles, de alguns, de interesses ou de objetivos, porque não se discutiram ne se acertaram, apenas se decidiram, alguns, em algum lado, pelo interesse de algo;
é mentira, em todos eles, em todos os casos, em todas as situações, é mentira que exista apenas um modo, um pretexto, uma causa, uma razão; é mentira, é falso que exista apenas um sentido único, uma forma uma verdade para o que quer que seja, para o que se diga ou exija;
há tantos caminhos, opções e sentidos quantos aqueles  que estivermos dispostos a aceitar, tivermos a coragem de assumir, a ombridade de reconhecer; não é por que nos mandam ou ditam que é assim, que deve ser cozido ou por que outros, distantes mas gestores, nos impingem isso ou aquilo, interesse deles, objetivo de alguns;
é assim por que queremos que seja, porque há alguém que é capaz de interpretar o nosso destino, criar o nosso futuro, antecipar o nosso caminho;
balelas? é verdade,
divagações? certamente;
incompreensão sobre o pretexto, o contexto ou o objetivo? garantidamente
até ao ponto, até aquele momento em que uns decidem, por si ou pelos outros, que chega, dizem basta, se insurgem e se revoltam, mostram que há alternativas, que não somos nem formigas no carreiro, nem borregos dos senhores...

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O demérito do rigor administrativo

Ele há rigores que contribuem para o destaque ao aluno, para os rankings escolares, para acelerar processos de demência e de incompetência;
Nesta minha escola, agradavelmente colocada na penúltima posição dos rankings distritais, há quem consiga pensar, com requintes de malvadez, em grelhas, matrizes e processos de modo a que se confirme a necessidade de estarmos em último lugar e não apenas em penúltimo;
Escrevi no outro lado, no fb, que, por esta minha "santa" escolinha, o rigor se mescla com descricionaridade, critérios administrativos escondem - ou procuram esconder - arbitrariedades, que a clareza de procedimentos mais não pretendem que varrer para debaixo do tapete incompetências e/ou ressabiamentos;
No meio das retóricas da centralidade do aluno este é, para todos os efeitos, a menor senão mesmo o ausente total das reuniões de avaliação;
corre-se o risco de insanidade docente antes do natal, já que o spprting até se safa não nos safamos nós, elementos do agrupamento de escolas de vendas novas;
Doidice pura, simples e recambolesca, mas devaneio meu, pois claro...

Igualdades desiguais ou as desigualdades igualadas

Andei em ameno passeio por fora das minhas portas à procura de aliviar o espírito das birras do quotidiano, das hipocrisias de uns, das invejas de outros e ganhar algum alento para aturar a certeza dos ignorantes, o convencimento dos idiotas;
Deu para descobrir que, um pouco por toda esta europa, predominam sentimentos algo partilhados, como se partilham os seus efeitos;
Nota-se, faz-se sentir o descontentamento, as manifestações de revolta, as queixas de todos; em particular dos públicos, do setor público, dos contextos mais sociais da europa que criou o estado previdente; com resultados iguais, indiferença, distancia, frieza;
Deu para registar o gap que existe entre os governos, mais ou menos consertados na sua ação, e as reivindicações, setoriais, pontuais, individuais; saiem claramente ganhadores os governos, todos os demais saem a perder, incluindo nós mesmo, os do meio...
Mas fomos nós que fizemos esta europa;

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

desculpem lá qualquer coisinha mas eu preciso da prova

realmente, chegados quase, quase ao final do primeiro período (longo, comprido, desgastante), na preparação das reuniões de avaliação fico a perceber que o senhor ministro da educação e ciência, nuno crato, até é capaz de ter razão na exigência de uma prova de admissão à carreira docente;
eu explico
apesar de ser possuidor de uma licenciatura com estágio integrado, daquelas que habilitavam (penso que ainda habilitam) diretamente para o exercício da função docente (e já não falo da formação complementar obtida e reconhecida por universidades portuguesas), assumo que não sei preencher as matrizes, grelhas, formulários e coisas que tais que me são dadas a preencher para as reuniões de avaliação; e, acreditem, não é pirraça minha, é mesmo ignorância, simples burrice minha, desconhecimento;
quando ouvi falar em grelhas onde devo expressar a avaliação do aluno pelas dimensões de atitudes e comportamentos e cognitiva, que devem ficar anexas à ata, ainda pensei que pudesse ser apenas uma questão de elaboração da fórmula em folha excel; apesar de evidenciar uma clara desconfiança, pessoal e profissional na minha pessoa, como prevaricador ou simples não cumpridor de normas e regulamento, percebo que nem sequer é isso; qual quê, preciso mesmo ou de uma nova licenciatura - agora em preenchimento de pintelhices - ou de fazer prova de acesso à carreira, pois efetivamente não sei preencher a coisa;
querem ver que o tipo terá razão!!??
ou será que há pessoal ressabiado com a coisa educativa e são mais papistas que o papa em tempos de reforma do francismo?
vá lá saber, eu é que não sei mesmo preencher a coisa

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

uma dimensão política


tenho tido cá as minhas divergências com o senhor,  mas reconheço-lhe pertinência na escrita, argucia nos argumentos, agilidade nas ideias e conhecimento suficiente para poder ser desconfiado dele;
é certo que foi passos coelho a prefaciar um dos seus últimos livros, é certo que foi putativo ministro da educação deste mesmo governo, é verdade que até pode estar ressabiado (há tantos por aí); é certo que cruza caminhos que passaram pela fenprof ou por outros que tais com posições mais à direita, pelo menos destes; 
mas a afirmação é, no meu entendimento, da mais simples e clara transparência; 
sempre que, na escola, numa reunião de profes, se fala em política, há logo uns quantos a saltarem da cadeira, a resfolarem o cu pelo tampo da dita cuja, a sentirem pruridos por isto e por aquilo, uma qualquer urticária de última hora;
política não, qual quê, vá de retro qual satanás;
santa hipocrisia, como se o pessoal não votasse, como se a maior parte não tivesse estado em manifestações contra as políticas de um ou de outro governo, como se não fizessem escolhas, assumissem opções, definissem, sempre que entendem, o seu caminho; como se não se pusessem na sua missionação evangélica de cariz quase sempre pedagógico; 
viva a hipocrisia daqueles que se distanciam da política educativa e apenas se dedicam à pedagogização das massas; viva aqueles que, ignorantes do seu papel, transmitem a palavra dos governos como se de verdades se tratasse; 
tenho pena que a hipocrisia de um povo não permita que se assuma a dimensão política da educação; aqui, os profes, são comidos como criancinhas ao pequeno almoço pelo lobo mau; 

coisas normais fora do normal mas que não são anormais

um apontamento da aula de hoje, aula de história, turma de 8º ano; foi dia de apresentação de trabalhos, troca e discussão de ideias, acertos e correções a uns e a outros;
não é um dia, nem são posturas ditas normais mas, em dia de apresentação, assume-se a discussão de ideias, uma postura menos rígida, atitudes de um outro à-vontade;
quem entra numa sala destas não reconhecerá, pelo menos de forma mais direta, que é uma aula;
mas os tempos empurram-nos para outros contextos, para um negócio algo diferente da tradicional formalidade de papéis entre aquele que é o aluno e aquele que é o professor;
estes tempos não devem servir para esbater os papeis, as funções, os objetivos ou as preocupações de uns ou de outros, mas devem servir para nos (re)pensarmos, (re)equacionarmos e, se for esse o caso, (re)definerem-se questões de formalidade entre uns e outros;

Parvo e distraido

Chego às escolas, pois são duas ainda que separadas por uma vedação que divide mundos e culturas, práticas e sentimentos;
Estaciono o carro e acompanho uma colega em amena cavaqueira matinal para a escola de cima;
De repente, quase a entrar na sala lembro-me que hoje começo na escola de baixo; deixo a minha colega fazer o resto do caminho sem mim, volto para trás e vou, afinal, para a escola de baixo;
Ontem escreevi que ando mais parvo, hoje digo que também ando esquecido;
Não é da idade, é dos dias frios...

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

preparativos do que poderá ser alguma coisa

o pca (a turma de percurso curricular alternativo) está seriamente entretida com a preparação do que poderá ser a mostra do seu trabalho, do trabalho realizado nas diferentes áreas disciplinares ao longo deste 1º período;
a seu tempo darei conta, mas agora dou conta do que pode ser um entusiasmo de se criar não apenas uma exposição, mas sentidos ao que se faz na escola, seja por via de trabalhos e tarefas que conduzem a produtos concretos, numa lógica de aprender a fazer, seja por se perceber que a matemática até tem sentido quando aplicada e/ou conjugada com medições, alturas, escalas, etc,
nestes dias de preparativos é vê-los, entusiasmados, empenhados, colaborativos e disponíveis, não apenas na montagem da exposição e na mostra dos seus trabalhos, naquilo que será para todos os efeitos, o reconhecimento do que por aqui fazem, mas também e há que reconhecer, no colmatar do que não fizeram, na negociação das notas com os docentes, na criação de argumentos onde possam dizer que fizeram, pelo menos nestes dias

trabalhos de "afinal" de período

ontem entreguei (devolvi) as fichas de trabalho a uma turma de secundário (não interessa o ano para não se ser muito cusca); perante o panorama em que apenas um aluno respondeu a questões de desenvolvimento, pus o pessoal a escrever sobre um tema dado, quase, quase como aquelas redações do meu tempo sobre o fim de semana, como se o profe de então quisesse cuscar como vivia o povinho e os outros; mas aqui o objetivo é começar a obrigar o pessoal a escrever, a trocar ideias por letras e não apenas sons, pretendo palavras escritas, de modo a sermos capazes de acompanhar a velocidade do nosso pensamento enquanto a mão desliza seja pela folha em branco, seja pelo teclado; são velocidades perfeitamente distintas, aquela que decorre da relação entre pensamento e voz e uma outra que decorre da relação, muito mais lenta, entre pensamento e escrita;
ao fim de pouco tempo uma aluna pede-me para que possa escrever sobre o que ela quer e não sobre o que tinha sido solicitado; tábém, pronto, desde que haja escrita, desde que se transcrevam pensamentos para o papel, pode ser;
desfiou-me emoções daquelas que apertam o coração a um qualquer, as razões e as suas emoções de ter sido e estar institucionalizada;
melhor redação não conseguiria; mas inverteram-se os objetivos e cumpri o que alguns profes de outros tempos e com outros modos, pretendiam, conhecer os alunos; e a esta eu fiquei a conhecer melhor...

ando mais parvo do que habitualmente

uma das minhas caraterísticas é reconhecer alguns (dos muitos) erros e defeitos que possuo;
neste momento, perante notícias, acontecimentos e merdas que tais dou comigo a reconhecer e a assumir publicamente que tou mais parvo do que o habitual;
passo a dar conta de algumas das evidências;
depois do fim de semana em que o fcp perdeu e os outros de lisboa ganharam, até parece que acabou a crise, que se resolveram todos os diferendos, que, afinal, a troika até são uns gajos mais ou menos porreiros;
depois surgem nomeações para organismos regionais, (é certo que em concurso, mas que porra...) se é certo que vazios, não me deixo de surpreender, numa altura, esta mesma do natal, onde nada nos devia surpreender, mas pronto tábém, eu é que tou mais parvo que o habitual;
depois, com a bagunça dos estaleiros de viana do castelo, processos daqui e prá'li então não é que o lider da oposição faz oposição a si mesmo e está calado? porque não fala ele?
de certezinha que o problema é mesmo meu