terça-feira, 17 de dezembro de 2013

hegemonia algo hegemónica

há autores e pensadores, escritores e outros que há muito se debatem contra o chamado pensamento hegemónico, isto é, formas de pensar que, consideradas algo entre o normal e o natural, mais não fazem que esgotar, fictícia e ideologicamente, caminhos e vias alternativas, reduzir a um pretenso sentido único as possibilidades e as direções que se podem assumir;
na generalidade dos casos ou das situações nem dá para pensar nessa hegemonia; são efetivamente dados, elementos criados e, pelos menos na sua aparência, de tal modo naturalizados e reificados que consideramos que não há outros modos, outras formas de fazer a mesma coisa - direi, há boa maneira tuga, que até parece que há só uma maneira de esfolar o coelho e sabe-se que não, que há mais que uma;
isto a propósito de um governo que nos quer impingir formas únicas de pensar e agir, fazer-nos sentir culpados por nos empurrarem para aquele que dizem ser o único caminho, por outros, sejam eles quais forem, nos terem aqui deixado; que o privado é virtude, o público vício; que o Estado não é o de gerir interesses, mas defender privilégios;
isto a propósito de considerarmos, em muitas, em excessivas situações, que não há alternativas, outras vias de irmos em frente, possibilidades de nos pensarmos e de nos vermos de outra forma que não como culpados do que não fizemos, do que não ousámos pensar, do que não ousámos ousar;
isto a propósito de uma educação que pensa e define caminhos únicos, vias de sentido único, que nos indica os becos mas não as alternativas;
isto a propósito de uma escola onde se considera que é assim por que sim, por que tem de ser, por que a inspeção o determina ou manda, porque nos querem fazer pensar que este é o único caminho, o único sentido, a única direção; porque é o deles, de alguns, de interesses ou de objetivos, porque não se discutiram ne se acertaram, apenas se decidiram, alguns, em algum lado, pelo interesse de algo;
é mentira, em todos eles, em todos os casos, em todas as situações, é mentira que exista apenas um modo, um pretexto, uma causa, uma razão; é mentira, é falso que exista apenas um sentido único, uma forma uma verdade para o que quer que seja, para o que se diga ou exija;
há tantos caminhos, opções e sentidos quantos aqueles  que estivermos dispostos a aceitar, tivermos a coragem de assumir, a ombridade de reconhecer; não é por que nos mandam ou ditam que é assim, que deve ser cozido ou por que outros, distantes mas gestores, nos impingem isso ou aquilo, interesse deles, objetivo de alguns;
é assim por que queremos que seja, porque há alguém que é capaz de interpretar o nosso destino, criar o nosso futuro, antecipar o nosso caminho;
balelas? é verdade,
divagações? certamente;
incompreensão sobre o pretexto, o contexto ou o objetivo? garantidamente
até ao ponto, até aquele momento em que uns decidem, por si ou pelos outros, que chega, dizem basta, se insurgem e se revoltam, mostram que há alternativas, que não somos nem formigas no carreiro, nem borregos dos senhores...

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