segunda-feira, 29 de junho de 2009

propostas

começam a aparecer as propostas alternativas às políticas do PS, nomeadamente oriundas do PSD - afinal a principal hipótese alternativa;
sem surpresas - ainda há dias deixava comentário num amigo sobre isso mesmo - as propostas vão no sentido da meritocracia, na reformulação do papel do Estado, em minimizar serviços e ofertas, em promover o sector privado, em recuperar lógicas de há 20 anos atrás definidas pelo slogan de Estado minimal;
aguarda-se o programa, as propostas do PS para podermos aferir das diferenças - e das continuidades...

pausa

fruto de me ter esquecido da pen-drive na escolinha e da chuva que caiu, foi um fim-de-semana de pausa, pura leveza e descontracção por estes lados;
restabelecer energias, recuperar ânimos e forças foi o principal;

sexta-feira, 26 de junho de 2009

convívio

e ontem foi dia de convívio de alguns compadres da escolinha, em plena feira de S. João;
deu para apoiar as senhoras enfermeiras na resolução de problemas tecnológicos, de trocar ideias sobre muita coisa e houve tempo para que a escola pudesse ficar descansada em lugar afastado;
tempo até para fugir à objectiva, de esconder os rostos e os sorrisos de quem é apanhado por flash digital para mais tarde nos lembramos uns dos outros;

desafios

de quando em vez surgem-me desafios pela frente;
por ser uma carta claramente fora do baralho político-partidário a minha pessoa torna-se óbvia para algumas situações;
óbvio pela manifesta presença ausente, pelo ruído silenciado, por todas as contradições que podem envolver a minha pessoa;
este ano já fui desafiado para diferentes situações; a uma nem pude, não tive sequer oportunidade de responder, ficou em águas de bacalhau; a outra penso nela e corro o risco de arriscar a voltar a paragens por onde já andei; isto se tiver tempo de responder;
oportunidades delicadas face à conjuntura, pertinentes face aos tempos e aos modos da acção educativa;
a ver vamos, como diz o cego da minha terra...

por cá

também pela minha santa terrinha sinto o PS enredado nas suas próprias teias, nas linhas que uns tecem e outros procuram confundir;
é um aparente degladiar de forças, um medir de influências, uma gestão de interesses onde, aparentemente, alguns se esquecem do trabalho, do muito trabalho que há pela frente;
mas isto são só divagações...

refém

aparentemente a política partidária prolonga o estado de alma do pós eleições europeias;
oPS mostra-se refém da sua própria estratégia e a oposição aproveita para galgar terreno;
continuo a acreditar que entre mercado (à direita) e estatização (à esquerda) o PS apresenta o meio termo de gestão da coisa pública mais adequado aos tempos e aos modos deste presente;
importa um golpe de rins que permita inverter a situação; falta perceber como e de que maneira...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

prémios

já houve tempos em que pensei que as nomeações para este ou para o outro lugar, fossem por competências de quem exercia o cargo;
depois, quando conheci algumas realidades, pensei que fosse por simples militância; apercebi-me que nem por isso;
ainda cheguei a pensar que fosse necessário algum padrinho, madrinha ou fada do lar que suportasse uma decisão destas;
pensei e penso que todas elas fazem falta e são necessárias; não são é suficientes;
aparentemente há algo mais essencial que determina essa escolha;
é ver, sentir e perceber como se constituem listas para as próximas eleições e poderão ser perceptíveis alguns destes entendimentos...

compreensão

ele há coisas que certamente alguma entidade, divina ou profana, deste ou de outro hemisfério, conseguirão explicar mas que se tornam, para mim, de manifesta incredulidade, incompreensão;
sobre o funcionamento de alguns organismos desconcentrados, em amena cavaqueira com colegas de outras partes, há quem remate, com clara simplicidade alentejana, porra que vocês não se entendem;
e é verdade, ou talvez não seja e haja quem se entenda, ainda que com particularidades muito particulares...

terça-feira, 23 de junho de 2009

paragem

parar é do pior que me pode acontecer quando ainda existe tanta coisa para fazer;
contudo, entre afazeres e reuniões, hoje tou que na posso;
mexo em quase tudo, mas a produtividade é praticamente nula;
falta-lhe um pequeno quase, pois a minha reunião já está quase toda artilhada, falta-me juntar a papelada e dar-lhe um sentido de aparente coerência;

domingo, 21 de junho de 2009

esqueci

por quem não esqueci;
os sétima legião foram um grupo diferente, em plena década de 80; tinham uma música que fazia lembrar, e muito, a célebre etiqueta de Manchester, letras simples com temas direi vulgares;
tanto cantavam a tradição como o amor;
por quem não esqueci, por que à noite procuro um sinal de ti...

campanha

não é apenas na feira ou na cidade que a campanha avança a bom ritmo;
aqui pela minha aldeia, é possível notar a insinuação, o namoro de pretensos candidatos com os vizinhos e simples conhecidos seja na esquina ou no café;
uns por que querem assegurar a sua continuidade (parece-me que o PCP se anda a tornar algo dinástico), outros procuram o seu espaço de acção, entre minis e dois dedos de conversa mais ou menos banal;
agora que estou descansado e distante desta coisa, gosto de observar as conversas, os encontros aparentemente casuais, os grupos mais ou menos informais;
é a campanha, por tudo quanto é poro;

conversa

a campanha já começou - ou ainda não terminou;
as circunstâncias de se juntarem diferentes actos eleitorais no mesmo ano, faz com que as campanhas se colem umas às outras, numa sequência de conversas, palpites, troca de ideias e coisas que tais;
sexta-feira no meio do bulício da feira lá estive à conversa com um dos candidatos da oposição; amena cavaqueira em que o que mais interessa é a troca de ideias, o eventual esclarecimento;
obviamente que não lhe desejei boa sorte, apenas uma boa campanha;
se assim for os eborenses ganharão e ganhará a cidade;

sexta-feira, 19 de junho de 2009

feira


abre hoje a feira da minha terra e, para não fugir à tradição, lá andarei, neste primeiro dia, a passear por entre brincas e brincadeiras, comes e bebes, massa frita e actividades económicas;
estou certo que, como também manda a tradição, não agradará a todos, que existirão pormenores, grandes e pequenos, passíveis de comentários e crítica, mas todos nos cruzaremos por lá;
não deixa de ser a feira de Évora, a que já foi de S. João e S. Pedro, que passou por festas das cidade e que hoje lhe chamam de S. João quando o feriado municipal e o padroeiro da terra é S. Pedro (parece que já comecei as críticas);
estão todo(a)s convidado(a)s...

militares

esta semana andei na tropa, regressei à tropa;
não é mentira, nem metáfora; regressei, passados mais de vinte anos, ao quartel onde fiz recruta e onde passei uns tempos, à Escola Prática de Artilharia;
em iniciativa desenvolvida e dinamizada por uma das minhas turmas, pedimos-lhe ajuda e apoio; deram-nos tudo, até amizade e simpatia;
tanto para mim como para os miúdos, era um sítio praticamente desconhecido, mas lá fizemos (eu e alguns professores) rapel (slide, não, muito obrigado), conhecemos o museu, vimos os "canhões" e passeámos pelo polígono militar;
é a escola e o meio, ou a escola do meio, ou a escola a meio...

saudades

apesar de o ano estar a terminar, aulas hoje, mais avaliações no decorrer da semana que vem e mais moengas que se lhe seguirão, reconheço que já sinto saudades de algumas pessoas;
a escola deixa-nos tudo, mágoas e moengas, sarilhos e trocadilhos, cansaço e muita fartura, impaciência e o que mais se nos oferece dizer;
mas também nos deixa amizades, conversas que nos ficam no ouvido, momentos para mais tarde recordar, amigo(a)s e amizades;
talvez tudo seja assim, em todas as organizações isso aconteça; contudo, por ter sido o meio onde quase sempre me movimentei é este que gosto de recordar, é este que me marca; a escola é um polvoró de emoções e sensações, de relações imediatistas e estruturais;
quanto não me ficou e fica dos muitos professores e professoras com quem me cruzei, dos alunos com quem trabalhei, dos funcionários que conheci;
são saudades, é verdade, mas, como dizia o poeta, saudades do futuro...

pronto

e pronto, depois de uma semana commmmmmppppprrrriiiiidda, último de aulas do ano lectivo de 2008/2009;
muita coisa havia a dizer e a escrever, muita coisa se passou por debaixo desta ponte de vontades e confluências; muito se disse e se escreveu num ano de todas as manifestações e muitos descontentamentos;
o ano chega ao fim; pontual e esporadicamente irei deixando (à boa maneira alentejana) por aqui o meu balanço;

quarta-feira, 17 de junho de 2009

indisciplina

uma vez mais a indisciplina surge como tema de destaque e preocupação perante a comunicação social, perante um relatório que é bem mais vasto e onde essas preocupações nem sequer são centrais;
estas situações tornam-se cruciais, face à ideias, imagem, ao olhar que os circuitos da comunicação social lançam sobre a escola e que não deixa de ser uma preocupação essencial dos docentes, como muitos estudos demonstram;
contudo, estas situações não devem (ou simplesmente não podem) ser olhadas em si mesmas, mas, preferencialmente, como sintomas de muitas coisas;
da alteração de modos e rotinas, organização e procedimentos lectivos e escolares; das relações sociais em contexto escolar; das ideias e das motivações colocadas à escola;
mas gosto de ler estas notícias...

muda

para mudar talvez sejam necessárias mais iniciativas muda;
de base socialista, com militantes e sempre manifestantes, há mudanças que ajudam a compreender como alguns dos protagonistas do PS se comportam em face do poder - seja ele qual for e onde for;
o poder tem destas coisas e a história pouco importa para quem se sente iluminado pelo poder;
o desgaste do cavaquismo pouco orienta os procedimentos, as opções e, acima de tudo, as práticas políticas de um PS local/regional que persiste em enfiar a cabeça de baixo da terra e fingir que o mal é dos outros;

terça-feira, 16 de junho de 2009

+ educação

o PS define como prioridades a educação e a saúde, de acordo com as notícias saídas da reunião de ontem à noite;
pendor social, vertente humana (ou humanista), que poderá agradar;
contudo, só de pensar o que a educação tem passado nos últimos anos (e a saúde não lhe fica lá muito atrás) até me arrepia;

movimentos

e ela move-se, apesar de não parecer;
pelas notícias dá-se conta da apresentação das listas e dos candidatos PS ao município de Évora - preparam-se as autárquicas;
como ali é afirmado, combate duro, que promete um Verão quente;
continuo a apoiar, indefectivelmente, José Ernesto;
mais do que sound bytes, interessa-me uma ideia de cidade, de qual o seu papel na região e no contexto nacional;
não houve cimento, betão ou alcatrão espalhado a rodos; mas nota-se uma organização diferente, um outro papel das associações na dinâmica municipal, uma outra articulação entre bairros e centro histórico;
nem tudo foi correcto, adequado, pertinente e, acima de tudo, atempado;
vou gostar é de perceber como se posiciona o aparelho socialista local, se entre o sol e a sombra, se entre as nesgas da chuva; perceber este posicionamento é perceber o depois...

evidências

um recente estudo da OCDE dá conta do descontentamento dos professores, da sua desmotivação, da iniquidade das carreiras, do desgaste profissional, da alteração dos comportamentos, da formação que não se incentiva, do reconhecimento que não se efectua;
li, ainda que na diagonal o trabalho e fica-se a perceber que, acima de tudo, se destacam duas ideias;
por um lado o desfasamento da carreira face às mutações do mundo, reflectidas no trabalho em sala de aula, na manutenção das características organizacionais do trabalho docente, entre outras;
por outro, a acentuada proletarização que os professores têm sentido desde, praticamente, os últimos 25 anos do século passado;
e não falam unicamente de Portugal, falam de um vasto conjunto de países;
situação evidente que os estudo apenas confirmam;
resta saber até quando...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

o que se passa

mas afinal, o que se passa pela minha santa terrinha?
dúvidas, angústias, incertezas e algumas omissões são o fio condutor das dúvidas;
olha-se o diário da república, 2ª série, e torna-se difícil entender algumas nomeações - prémios desfasados? méritos deslocados?, ausência de parceiros? ou simples conivências?;
olha-se aos comentários oriundos da administração pública aqui desconcentrada e corre-se o sério risco de estupefacção;
ouvem-se simples comentários de rua, em jeito de desabafo, qual mentideros barómetros sociais, e a surpresa fica-nos espantada no rosto;
perspectiva-se a acção partidária, daqueles da qual até sou correlegionário, e a incerteza agrava-se, como se acentuam as dúvidas;
ou há aqui uma panelinha muito bem cerzida entre um conjunto de interessados que rapam o fundo ao tacho, ou simplesmente nos resta a dúvida;
não acredito nem creio em cabalas, nem em bruxas; mas também não acredito em coincidências;
no pai Natal e no coelhinho na Páscoa, vá que não vá, mas coincidências não - nem desleixo, nem incompetência, nem em ausência de estratégia - antes uma estratégia que talvez agrade a alguns, beneficie uns poucos e se revele perfeitamente umbilical, de um umbigo triangular...

trituração

a escola é uma máquina trituradora de pessoas, alunos, imaginação, sonhos;
à medida que se cresce na escola, reduzem-se as vontades e a imaginação, os sonhos e as vontades;
a turma do meu filho, oriunda do 4º ano, foi considerada muito boa na altura; à medida que fizeram o percurso até ao final do 9º, uns perderam-se pelo caminho, outros tornaram-se normais, outros apenas se desinteressaram ou alhearam, poucos chegaram ao final do 9º como partiram do 4º;
normal, dirão uns; consequência do crescimento, dirão outros; digo apenas é trabalho da escola;
agora, à entrada do 10º será o bom e o bonito, para voltar a fazer com estes rapazes tenham sonhos, imaginem futuros, se voltem apenas a interessar pela coisa educativa;

incredulidade

é difícil, para quem não é docente, imaginar o dia a dia lectivo, pedagógico, relacional e profissional deste conjunto de pessoas;
o mais das vezes a imaginação decorre da nossa própria experiência enquanto aluno;
hoje, veio à escolinha um senhor de uma associação local falar sobre igualdade de géneros a alunos da casa;
foi o bom e o bonito;
reconheceu que a coisa não está fácil; e não está...

domingo, 14 de junho de 2009

caso

ele há casos sérios;
ou apenas que se tornam sérios;
ou apenas que os fazemos sérios;
seja pelo que for, esta é para ti...

escrita

por estar triste o dia, fiquei-me por casa, enquanto pude e me deixaram (as solicitações são muitas e diversificadas, quer perante o pai, quer, particularmente, perante o computador);
lá consegui orientar um bocado da minha escrita, refazer algumas ideias, corrigir outras e acertar alguns argumentos, sempre indispensáveis, a um trajecto de natureza académica;
não está, muito longe disso, definitivo, a minha escrita precisa, qual tinto alentejano, de repouso, de um estágio de distanciação para perceber o que fica depois do pó assentar;
mas, para já, sinto que há um caminho a trilhar, que se nota uma luz ao fundo do túnel (espero que não seja o comboio), que finalmente consegui identificar uma linha argumentativa que me pode levar a algum lado;
mesmo que seja a lado nenhum, torna-se importante perceber isso...

treta

hoje não foi conversa, apenas o dia que esteve de treta;
poupa-me os afazeres da horta e sempre minimizo os passos pela courela fora;
mas fica a faltar alguma alegria a um dia que esteve sempre entre o cinzento e o tristonho;
caíram gotículas de chuva, como se o próprio dia manifestasse a sua tristeza...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

ruralidade

para quem, como eu, optou por viver na aldeia não reveste de grande surpresa o aparecimento de estudos que mais não são que avisos à navegação, como este;
li apenas o artigo, mas destaca-se a importância do Estado na regulação dos equilíbrios, das assimetrias, das desigualdades;
Portugal, tendo desde sempre uma profunda marca de ruralidade, não deixa, em tempos de preponderância da tecnologia, de a acentuar e destacar;
as dualidades não estão agora entre Lisboa e o resto, estão entre o litoral e o resto; e este resto significa pouco em termos políticos - despovoamento, absentismo, baixas literacias, pouco poder reivindicador, baixa taxa de mobilização social, fraco poder económico;
entra-se, com a ausência desreguladora do Estado, num circulo vicioso e pernicioso de pobreza e abandono;
políticas regionais, precisam-se...

oportunidade

logo a seguir às eleições europeias o PCP local não perdeu tempo, agarrou a oportunidade de uma vitória que há muito não conseguia por estas paragens e vá de distribuir a imagem do seu candidato autárquico por tudo quanto é rotunda;
depois dizem mal das rotundas, pois é...

proximidade

a proximidade das eleições autárquicas têm o condão de espevitar a blogosfera;
já há quatro anos atrás assim foi, agora repete-se a situação e polvilham os comentadores de oportunidade, os acusadores de momento, os idealizadores de outros modos;
e há quem persista em olhar para o lado, em não considerar este espaço como espaço de acção política, de intervenção cívica;
depois queixam-se...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

lentamente

lentamente aventuro-me na escrita da minha tese;
os dados de campos ainda não estão saturados, espero mais ideias, outros pontos de vista, diferentes perspectivas sobre a regulação dos comportamentos numa escola em concreto;
contudo, considero que tenho material suficiente, pelo menos ao nível de leituras e da construção de um quadro teórico de análise, para me abalançar na escrita; ainda que devagar, com cuidados, muitas precauções e numa assumida e deliberada tentativa;
apenas para ver o que dá, o que sai, o que produzo...

segunda-feira, 8 de junho de 2009

estratégia

ainda depois e de volta das eleições, há ideias que me acodem, qual curiosidade pelo meu quotidiano - e, apesar de derrotado, não deixo de ser socialista;
a estratégia partidária do PS tem estado, há muito, centrada no seu lider e centralizada em Lisboa;
aos demais apenas cabe o papel de mero figurante e nas regiões apenas poderes provincianos, que nem elos de ligação chegam a ser;
e agora como será? manter-se-á a presença ausente do regional? estarão os protagonistas regionais dispostos a irem à discussão? quais as implicações perante eventuais estratégias autárquicas?
tal como o i hoje escreve, com imensa imaginação, é um dia seguinte que durará três meses...

questionamento

apesar do final do ano ser apenas para a semana, há medida que encerro as aulas com as turmas, questiono-me;
não me levem a mal, mas gosto de pensar o professor que fui, as relações que estabeleci, os afectos que troquei, os conhecimentos que adquiri;
na escola não são apenas as mágoas que ficam, ainda que estas prevaleçam por mais tempo na memória de cada um;
ficam também os afectos, os conhecidos, os conhecimentos, as relações, fugazes ou mais consistentes, alguns sorrisos, algumas birras, alguns esquecimentos;
pensar-me enquanto professor é pensar a minha prática pedagógica, as relações e os modos de estar e agir perante os alunos - independentemente de práticas de avaliação de desempenho;
e, este ano, sinto que não estive a 100% que não fui o professor que habitualmente sou; talvez, racionalizo eu, fruto de inúmeras e inúmeras reuniões, de solicitações que me desviavam da sala de aula, de me sentir irritado com o meu projecto de investigação, das múltiplas tarefas a que a escola está sujeita;
talvez apenas não tenha sido o professor que habitualmente sou fruto de ter mais experiência, outros conhecimentos, de mais água ter passado pelo moinho;
afinal e tão só por estar mais velho...

day after

e depois da noite eleitoral em que o grande ganhador foi a abstenção, como ficarão as coisas, como se posicionarão lideres e fazedores socialistas?
como ficarei eu mesmo, socialista que sou, surpreendido (?) que fui?
tudo o que se diga é chover no molhado; remodelar é tarde; a prática política, a acção governativa essa precisa de ser reestruturada de alto a baixo;
localmente foi uma expressiva derrota, remetendo o PS para valores que há muito não conhecia e alimentando esperanças aos adversários;
vai ser um Verão quente, lá isso vai...

domingo, 7 de junho de 2009

semana

aproveito o Domingo para preparar uma semana que, de algum modo ou de alguma maneira, me pode ser útil;
organizo as coisas, arrumo papéis, arranjo livros e estruturo algum trabalho;
pode ser que, pelo facto de ficar por aqui, possa avançar um pouco mais nos meus objectivos de trabalho e de investigação;
aproveito para preparar as coisas de fim de ano lectivo (relatórios e relatórios), definir alguns objectivos que possa desenvolver entre partes ou entre componentes;
a ver vamos, costumava dizer o cego da minha terrinha...

papéis

ando de volta dos papéis;
arrumo, organizo, junto, deito fora, aproveito e guardo, desfaço-me de uns e de outros;
de quando em vez vão uns atrás dos outros;
outras penso que os poderia e deveria guardar, pois são sempre sinónimo de alguma coisa, preocupação, registo de ideias, sentimentos ou apenas escritas dispersas, algumas sem sentido nem coerência;
ainda não são as arrumações (ou limpezas) de final de ano lectivo, essas são mais profundas e significativas, implicam um arrumar estilo arquivo de memórias, do que ficou para trás;
por agora, é apenas organizar a secretária, senão perco-me...

sábado, 6 de junho de 2009

Estado

estive dois dia, na Gulbenkian, a ouvir falar da relação entre o "Estado e a Educação", num seminário promovido pela secretaria geral do ministério da educação;
entre outros oradores, o prof. João Barroso, que sempre gostou de brincar com alguns trocadilhos da língua portuguesa, destacou logo de início, que procurava evitar falar do Estado da Educação ou da Educação do Estado;
qualquer um deles temas suficientes para outras tantas conferências internacionais;

terra

cá pela terrinha tudo continua e permanece como se não existissem novidades, nem nada se alterasse;
a política partidária faz o seu percurso, aparentemente não atendendo a percalços ou marcas sinuosas no caminho;
o meu PS enquista-se no poder, já não pelo poder mas, antes, pelo protagonismo, pela exuberância da influência, pelo destilar de relações próximas ou afastadas; torna-se conservador, rotineiro e perpetuador de situações; nota-se a ausência de crítica, diálogo, debate, participação e aquela que foi em tempos a sua mais valia, a abrangência e integração das diversidades, revela-se, hoje, um problema a erradicar;
os mesmos que permitiram e construíram essa abrangência são os mesmos que hoje se furtam ao diálogo, ocupados que estão, que defendem a rotina, incomodados que se sentem pela troca de argumentos, que são parcos em palavras, pois não querem mostrar pensamento;
estou certo que enquanto se mantiverem os níveis de sucesso, ninguém dirá nada, não existirá posição organizada, nem qualquer vontade consolidada de alterar o rumo; depois, bem depois será a debandada, o salve-se quem puder, de alguns pois de outros já estão bem seguros;

cansaço

sei que estou cansado quando passo algum tempo de volta de um qualquer jogo de paciência e não consigo acabar um único;
as cartas são um elemento de dispersão da minha atenção e, ao mesmo tempo, de descanso da cabeça;
ao não acabar um único jogo, é apenas sinal evidente que estou cansado...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

crítica

dois dedos de conversa na esquina de uma rua; dois conversadores, amigos e colegas, há muito conhecidos e vividos;
remate quase final, afinal do que é que tu dizes bem?
pergunta que me foi dirigida mereceu-me, pelo menos, um questionamento;
afinal, já fui pessimista; já passei por uma fase dita de realismo e, hoje, dou por mim com um discurso mais optimista;
contudo, independentemente do estado de espírito, não deixo de ser crítico;
crítico face a procedimentos, a lógicas e modos de organização, ao atavismo político, crítico da incompetência e desleixo nacional, da falta de civismo ou de simples boa educação;
e, afinal, como também já alguém me perguntou, que quero eu? apenas e simplesmente um país melhor, mais democracia e participação, organização e formação, igualdade e equidade de oportunidade, uma melhor distribuição de rendimentos, políticas sociais mais justas e adequadas;
afinal, não quero nada de mais...

dinâmicas

a escola, a minha ou qualquer outra, é feita de uma multiplicidade de iniciativas e acções;
ora enquadradas nisto ou naquilo, ora soltas, individuais ou colectivas, estruturadas ou nem por isso, a escola, qualquer escola, é um fervilhar de emoções, dinâmicas, trabalhos, iniciativas, ideias, vontades e, até mesmo, de mágoas;
aproximado o final do ano é tempo de se fazerem os balanços, sem colunas para o deve e o haver, os créditos e os débitos, pois isso há muito que está definido;
mas as escolas viram montras de dinâmicas e de trabalhos, de partilhas e resultados; a minha também se apresta para isso mesmo, de Porta Aberta, para mostrar o que se fez, ou não, ao longo de um ano inteiro de trabalho;

escrita

a escrita percebe-se em função de três circunstâncias ou factores;
de quem escreve, sobre o que se escreve e porque se escreve; decorrentes destes factores, muito dependentes de contextos e motivações, perceber a escrita é sempre (ou quase sempre) um processo de descodificação e interpretação; procuram-se entrelinhas, situações análogas, familiares ou de simples identificação;
tudo isto a propósito da minha escrita ter sido "descoberta" pelos colegas de escolinha; há quem me o diga e apoie, como há quem recomende parcimónia na escrita e, outros ainda, que façam variar os comentários entre o prazer da escrita e o tom rebuscado do que escrevo;
contudo, estes melhores que muitos outros, percebem sobre o que escrevo e porque o escrevo...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

moengas

coloquei aqui, há dias, uma entrada sobre as moengas de fim de ano;
deixo agora a tabela que elaborei, qual lista final de mês de compras de mercearia, para que não se pense que exagero;
não aceito mais sugestões;

proletarização

a lógica proletária, afirmada e conceptualizada por Marx, ganhou destaque perante modos organizacionais do trabalho onde, mais que a pessoa, o que interessava dominar era o meio de produção, há altura assente na maquinaria, na força na compartimentação da tarefa e pouco ou mesmo nada no conhecimento e na colaboração;
hoje, se olharmos com alguma atenção às realidades profissionais de base social (educação, saúde, justiça) assiste-se ao mesmo fenómeno de proletarização das relações e de predomínio dos modos de produção; agora assentes na gestão das competências, na definição de indicadores e metas, no conhecimento individual e organizacional em prol das chamadas políticas sociais;
é contra esta realidade que, conscientemente ou não, se insurgem médicos e advogados, os juízes estrebucham e os professores se submetem;
acima de tudo é fundamental que as estruturas locais, tenham criatividade necessária e discernimento suficiente para poderem gerir este delicado equilíbrio... e o mais das vezes não têm, nem fazem a mínima ideia de tal coisa...

mando

poder e mando são dois conceitos distintos, muita das vezes metidos dentro do mesmo saco e colocados de forma indistinta;
as concepções que prevalecem são, muitas vezes, tributárias de lógicas funcionalistas e operárias, com raízes no positivismo do século XIX ou nas lógicas industriais do início do século seguinte;
basicamente pressupõem que um manda e muitos obedecem, com base numa legitimidade hierárquica, funcional ou, mesmo, social;
apesar de estas concepções terem sido fortemente questionadas, deste Crozier e Fridberg, nos anos 60, ou por Foucault, nos anos 70, a lógica permanece e as relações organizacionais não deixam de estar reféns de modos de fazer e saber que pouco ou nada se relacionam com a pulverização do poder, a dispersão dos centros de mando, a necessária negociação mais horizontal...
contudo, os procedimentos e a organização persistem em manter algo que está esclorosado, ultrapassado, apegando-se a procedimentos e modos que em nada se relacionam com o futuro...

terça-feira, 2 de junho de 2009

monarquia

na minha sala de professores está presente uma assembleia de voto para um dos sindicatos da profissão;
apesar do apelo que é feito pelos colegas presentes na mesa, a participação não é significativa e sente-se alguma dificuldade de mobilização;
os sindicatos desta minha terra mais se parecem com monarquias, ainda que constitucionais, com direito consuetudinário e tudo; há décadas que se seguem uns atrás dos outros, numa lógica de continuidade e sequencialidade que claramente pouco, ou mesmo nada, se relaciona com interesses de classe;
mas que existem, lá isso existem...

único

não é a primeira vez que abordo o pensamento único, hoje entre o predominante e o totalizante ou absorvente;
seja na política ou na educação, o pensamento único predomina, como se não existissem alternativas outras formas de agir ou pensar;
não é pensar de modo único que incomoda, é agir como se existisse apenas um caminho, um trajecto e outros não sejam nem de equacionar ou de perspectivar;
entre pensamento e acção há todo um amorfismo que não pensa outros modos organizacionais ou críticos de pensar e agir;
e, na escola, cada vez predomina mais este pensamento sem alternativa, como se não existissem outros modos de pensar a escola ou a educação;
e algum deste pensamento único passa por receitas próprias, fruto da inoperância de pensar o colectivo...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

mais

aparentemente todos os projectos que visem combater o insucesso ou, simplesmente, a diluição de resultados ao longo de um ciclo de ensino, são interessantes e pertinentes;
contudo, há uns mais adequados que outros, quer face aos contextos, quer face aos recursos;
qualquer projecto de combate ao insucesso ou à diluição de elementos entre ciclos, requer uma aceitação ampla, uma concepção de escola (e de aluno) partilhada, um sentido estratégico da escola e do trabalho dos docentes;
a minha escola pretende implementar o projecto Turma Mais; ideia defendida e implementada pelo distinto director regional e agora feita causa;
seria interessante se existisse um sentimento colectivo face à problemática, se o papel do professor e do aluno, fosse mais abrangente, se existisse uma lógica de trabalho na qual se enquadrasse;
não existindo nada disto mais parece que é para agradar aos poderes políticos...

quente

o clima e o ambiente de uma sala de professores, pelo menos da minha sala de professores, varia consoante a estação do ano e a altura do período lectivo;
de há dias a esta parte não sei que o ar quente e abafado que se faz sentir é do clima lá de fora se apenas reflexo dos espíritos, também eles quentes e abafados...