quinta-feira, 18 de março de 2010

sossego

sossego, precisa-se, face ao número de notícias e de pontos de situação que a educação merece no contexto mediático, manifestamente alargado contemplando jornais, rádios, televisões e, também, blogs, twitters, buzz e coisas que tais;
manifestamente sinto que o mundo da educação está cheio de ruídos, de sons diversos, de preocupações que vão do marcadamente fútil ao aprendiz de feiticeiro (comigo incluído, pois claro);
neste mundo feito de ruídos e de desassossego quase que não há tempo para que o professor pense as suas práticas, as escolas os seus sentidos, os pais/encarregados de educação descubram o seu espaço, os serviços ministeriais produzam com parcimónia ou adequação, os pensadores pensem;
todos falam, todos emitem a sua opinião, quase ninguém escuta, fartos e saturados que andamos (pelo menos eu ando) com tanta balbúrdia;
no meio de todo este desassossego gostava de perceber o que é que efectivamente tem mudado - desde as práticas às aprendizagens, da organização aos tempos, dos resultados aos anseios, das expectativas sociais às ambições profissionais;
apesar dos temas que se abordam, das políticas educativas à indisciplina, passando pela autonomia ou pelos currículos, carreira ou programas, o que efectivamente se anda a discutir é o papel da escola nesta sociedade e no contexto do século xxi;
mas, apesar dessa discussão acontecer agora, neste preciso momento pelo menos pela blogosfera, os modelos que trazemos para discussão são velhos, ultrapassados, desadequados, são do final do século xix, são do tempo de uma escola para alguns, dos liceus elitistas, do mestre escola, do aluno passivo, obediente e submisso, do expulsar da escola por faltas, dos grupos de nível, formados pelas famílias assim-assim ou esta que tais, das mnemónicas dos rios e caminhos de ferro, da tele-escola a preto e branco, das réguadas, das orelhas de burro, dos pais analfabetos;
mas discute-se isso à luz de uma sociedade digital, da redes de banda larga a 200Mb, da centena de canais televisivos, dos inúmeros cartões multibanco ou de crédito que os alunos trazem no bolso, junto de ipods, iphones, ipad, das roupas de marca, da afirmação social ou no simples clan, dos pais que cada vez mais têm maiores níveis de instrução e, senão o têm, pelo menos de reivindicação;
afinal, no meio do desassossego, o que se discute...

Sem comentários: