quarta-feira, 24 de março de 2010

xadrez

do que eu gosto mesmo é de perceber e ver as movimentações de bastidores, tentar perceber como as pedras de um qualquer xadrez social se movimentam, em função do quê, para onde e com que estratégia;
não sou grande jogador de xadrez, apesar do gosto que tenho pelo jogo, mas admirar as lógicas da minha administração pública é um regalo;
perceber por onde se anda, por que se anda, com quem se anda, para que se anda, é um gosto à qual não consigo resistir;
hoje, para bem dos meus pecados, abro o jogo a um colega; mostro como somos, nós pessoas, animais, que jogam na convivialidade, na insinuação, nos equilíbrios de poder, autoridade, supremacia e, quando não mesmo, de evidência e protagonismo mediante a utilização - ou abuso - da posição que se detém;
gostamos, por muito que o disfarcemos, de ser pavões, de ter o protagonismo da situação, de mandar, do mando tão soberbo do humano, de aparentarmos uma superioridade sobre o mais fraco que não detemos se argumentada, de afirmar a posição só pela posição, porque tudo o mais corre o risco de ser vazio;
não sou diferente dos restantes, mas as minhas preocupações não passam pelo protagonismo que possa ter neste meu sítio profissional; gosto mais de ser rato, de sentir os sentimentos dos outros, de perceber como se movimentam, que receios enfrentam, de quais as suas fragilidades;
a conclusão a que cheguei é que a nossa administração pública padece, excessivamente, dos erros mais óbvios, mais evidentes do protagonismo individual, da afirmação pessoal, do destaque fulanizado;
mas isso aguenta-se...

Sem comentários: