quarta-feira, 28 de agosto de 2013

mais do mesmo ou uma espécie de uma qualquer análise social regional

volto à temática; apaixona-me, entusiasma-me, gosto de perceber o porquê de algumas coisas; nunca tive um qualquer espírito de engenheiro, daqueles homens que desmontam coisas para perceber como funcionam; não tenho jeitinho nenhum para manualidades, por muito que tente e persista; 
em contrapartida sempre fui curioso sobre como funciona a sociedade, o meu mundo; é este meu mundo que eu procuro estudar, analisar e compreender no meio das minhas investigações em educação, as franjas, as relações de poder, as diferentes formas de sermos e de nos construirmos; 
vai daí e regresso a este mesmo tema, aquilo a que agora designo como uma qualquer espécie de análise social regional;
não me estendo para além da minha região, isto é do meu distrito, corro o risco de um qualquer abuso por generalização; aquilo que eu conheço e estudo no distrito de évora pode não ser extensível aos outros distritos alentejanos ou, a sê-lo, é com algum comedimento, pois a realidade social, apesar de se poder fundar e assentar nos mesmos pressupostos, tem variações significativas pelo contexto, pela história, pelas formas de apropriação; 
aqui, pelo distrito de évora, há quem e muito melhor que eu saiba fazer esta análise social, relacionar as diferentes formas de poder com partidos e a religião, questões sociais e políticas, dimensões inerentes aos terratenentes ou questões da educação e da formação; eu, por mim, alinhávo as minhas considerações;
primeiro, já me perguntaram do porquê de designar por larachas; foi assim que um camarada do partido em que milito e por quem tenho estima, designou aquilo que defendo e escrevo; marcou-me, pois percebi, tempos mais tarde, que mais não era que uma forma de eu me calar; não me calei; 
segundo, já me perguntaram do porquê de parecer zangado com tudo e com todos; não estou zangado, longe disso, apesar de o poder parecer; insurjo-me contra um estado de coisas, debato-me contra a minha própria impotência e incapacidade; aí sim, estou zangado por não conseguir juntar mais gente, por não fazer sentir e traduzir a minha razão; como um senhor disse, neste campo, onde a política se cruza com o social, não há razão nem antes nem depois de tempo; ou temos e conseguimos fazer o reconhecimento da nossa razão, ou simplesmente perdemos o timming, e eu perdi, há muito o meu timming
terceiro, pelas questões que falo, pela dependência aos senhores, sejam eles do partido, da terra ou da puta que os pariu, é que nós (alentejanos do distrito de évora) gostamos de ser maltratados; pensava eu que era apenas um adizer, mas não; gostamos do servilismo, de estarmos dependentes de um qualquer chefe, tenha ele ou não razão; gostamos de ser colocados no nosso cantinho, que nos digam qual o nosso galho porque, afinal e para todos os efeitos, cada macaco em seu galho; por isso, os serviços funcionam melhor quando á um qualquer filho da puta discricionário à frente, não se contesta, assume-me a sua razão e subsume-se a nossa pessoa pois nós, coitados, aguentamo-nos - e é ver os serviços que por aí existem, a descricionaridade e arbitrariedade que padecem, as formas de gerir as pessoas, a pontapé, à facada, a torto e a direito, a ausência de tato ou de simples bom senso, nem sequer estão com isso preocupados; por isso mesmo é de ver e sentir o silêncio que entre todos partilham, o fingimento que tudo corre, que não nos - me - calha, mas ao outro, desgraçado, que não caiu nas boas graças, como se isso, das boas graças, fosse critério; pode não ser critério, mas nós, mesmo agnósticos ou ateus, acreditamos que seja destino, que nos estava destinado, pois, a puta que os pariu; 
quarto, por isso mesmo, há muito que perdi qualquer veleidade de meritocracia, de competência seja do que for; é coisa de somenos importância perante os senhores; perante aqueles que nos colocam no lugar, nos dizem qual o espaço que podemos ter e assumir; a competência, seja do for, fica restringida ao amiguismo, a diferentes formas de subserviência, à obediência a alguma coisa que não sejam princípios, ideias ou valores, mas interesses pessoais e particulares, ao momento em que se é solicitado a dizer que sim sem perguntar, sem questionar; 
quinto, por isso mesmo um camarada que conheci há muito me disse um dia - e só tempos depois percebi - que há pessoas de fidelidade canina, daquelas que não contestam, não discutem, não questionam; obedecem e pronto; puta de vida, que não gosto dos gnus, dos formigueiros nem de borregos, todos aqueles bichos da conformidade, do carreirismo; puta que me pariu, pois sempre gostei de fazer o que faço, de ser quem sou; azar o meu? nem de perto nem de longe, tal como todos os outros durmo descansado; 
sexto, por isso mesmo os diferentes partidos entretém uns quantos senhores com um ou outro osso, dando a ideia que discutem espaços e pessoas, que definem objetivos e interesses mas, chegada a hora da verdade, lisboa, isto é, outros decidem por nós, também eles nos colocam no sítio, no lugar, no galho que nos cabe e compete; e nós dizemos que sim; 

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