terça-feira, 15 de janeiro de 2013

educação e "ensinagem"


reconheço que, no momento, um dos elementos que me desgasta e consome é alguma despaixão pela minha profissão; sempre, desde o princípio que gosto de ser professor, nunca percebi lá muito bem como é que me surgiu este gosto, mas desde o primeiro dia, da minha primeira presença em sala de aula que gosto da profissão, do convívio, do confronto, da relação, do negócio, da disputa, do improviso que acontece numa sala de aula; 
um professor é um pouco de tudo, de actor, criamos e recriamos personagens, estórias, narrativas, escritas de uns e de outros; rimos e fazemos rir, choramos mas aqui, o mais das vezes, no conforto e segurança dos bastidores, partilhamos emoções, estados de espírito, ideias e ideologias, valores e cultura; temos e recebemos palmas, apupos, olhares de emoção e outros de recriminação; há quem perceba o texto, há quem se fique pelo pretexto, há quem siga a pauta, há quem crie a sua pauta; 
para mim professor é isto, é acreditar que existe amanhã, que pode ser melhor, que é feito pelas pessoas, que a escola pode e é uma oportunidade para muitos, para subir na vida (já foi), para aprender, para conhecer mas, acima de tudo, para despertar curiosidades, levantar questões, colocar dúvidas, saber ir em frente mas corrigir caminhos se necessário;
todo o meu percurso pessoal e profissional foi assim, orientado por um estado de espírito, por emoções, daí dizer sempre e estar por aqui escrito, que sou eu e o meu contexto, feito de pessoas e emoções, sentimentos e relações, gostos e ambições, tudo misturado, mas também partilhado;
ao ler esta entrevista reaparece um pouco daquilo que me leva a gostar de ser professor e que, fruto das políticas mais recentes, tem andado bem alheado de mim mesmo;
sinto falta destes textos, destas conversas, dos pequenos nadas que nos fazem sentir úteis, de acreditar que é possível ir em frente, sonhar, apenas isso, sonhar
este governo tem tido o condão de me obrigar a olhar a escola e a educação como se de uma mercearia se tratasse, o que eu não gosto e me recuso, (com  custos que poucos conhecem), onde os pequenos nadas de todo o meu mundo, fossem dispensáveis, prescindíveis, supérfluos; não são; 
a escola continuará, o governo, tudo farei para que não...

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