domingo, 16 de dezembro de 2012

acefalia

se cruzarmos o despacho normativo 13-A/2012 (organização do ano letivo e dos que hão-de vir) com o 24-A/2012 (relativo à avaliação do ensino básico) facilmente se percebe que este governo pretende um grupo docente acéfalo, sem espaço de pensamento e menos ainda de crítica; entre um e outros dos despachos poderá ficar subentendido que o objetivo é retirar qualquer espaço de pensamento à classe docente, ocupar o pessoal para que não haja possibilidade de respirar, quanto mais pensar; fica-se restringido à ideologia ou à fé e pronto...
primeiro, são ambos despachos normativos, isto é, não pretendem deixar espaços de interpretação que não seja a definida pelo legislador; são normas onde, de acordo com o direito português, primeiro se cumpre e obedece e depois, só depois, se pode questionar;
segundo, ocupam de tal maneira o docente que não há espaço para qualquer forma de pensamento; em particular o docente do 2º ciclo para cima; ou seja, considerando um e outro dos despachos, define-se uma componente letiva doida, uma vez que aumenta a componente letiva e, por sua vez, o número de turmas e já aumentou o número de alunos por turma, determina-se a obrigatoriedade de elaboração de programas de apoio pedagógico individual e a elaboração de processos individuais (clínicos) do aluno e o docente não tem espaço para nada, nem para respirar; 
terceiro, poucos docentes ainda se terão apercebido, que a alocação de recursos (sejam eles quais foram, docentes, técnicos, horas ou outros) estão condicionados aos resultados no final de ano e que por esta via poucas escolas, muito poucas os irão atingir; 
quarto, entre um e outro dos despachos estão criadas as condições de justificação de retórica política para o final do ano, a escola não conseguiu melhor? os resultados não são os esperados? os pais reclamam? problema da escola (entenda-se dos professores e da gestão) pois tiveram a autonomia necessária para que se organizassem;
finalmente e sem ser o último, a avaliação de desempenho docente está indexada aos resultados escolares, independentemente das turmas ou dos alunos, das suas capacidades, competências ou contextos (sociais, familiares, económicos ou o que sejam) e este ano ir-se-á realizar avaliação; 

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