segunda-feira, 23 de agosto de 2010

rural

na senda da discussão, a relação que não temos entre o mundo rural e o encerramento das escolas é um bom tema que nos levaria longe se não se ficasse cingido a curtas visões, sejam educativas ou de política rural;
o que o mundo rural há muito precisa é de medidas que o integrem no contexto social actual, que se valorize o trabalho na terra como investimento útil e rentável, que não se esvaziem aldeias com história, cultura e tradição em função de interesses eleitorais que, tal como no país, valorizam as sedes de concelho e a aglomeração dos votos, que a qualidade de vida associada à aldeia seja compatível com os interesses sociais e profissionais dos jovens casais, que as mobilidades não sejam meramente pendulares, mas que as freguesias possuam arte e engenho de apoiar os novos e os menos novos e aqueles que estão no meio;
na minha aldeia, e eu vivo numa aldeia na qual participo activamente mediante os meus recursos e possibilidades, os velhos aguardam serenamente o fim, os jovens divertem-se nos cafés (já não há tabernas) e fogem, sempre que podem, para a cidade, por falta de alternativas; os casais preferem levar os filhos atrás para a escola da cidade ou da sede de concelho, por desadequação de horários e por manfesta falta de apoioss de complemento familiar, a ocupação dos jovens restringe-se a medidas pontuais, algumas oriundas do ipj, muitas delas sem coerência nem sustentabilidade; há uma pretensa associação de jovens, que, em tempos apoiei e incentivei na sua organização e estruturação, mas que está colada a interesses particulares e partidários; as políticas municipais de juventude limitam-se a difundir a ideia de jovens associada a música e copos;
é necessária uma séria e consistente articulação e cooperação entre as escolas e as freguesias, de modo a assegurar e garantir os complementos familiares, que a escola possua apoios educativos que complementem o trabalho familiar, que os jovens percebam as possibilidades de empreendedorismo local e não a fuga pela fuga, que as políticas municipais de juventude incentivem à criação de raízes e de condições de fixação e se ultrapasse a trilogia jovens copos e música; que haja políticas de inserção social no apoio entre jovens e menos jovens; que a escola se institua como elemento basilar e central da aldeia e não apêndice;
são medidas várias, umas já com sucesso confirmado e afirmado, outras testadas e outras nem por isso; ~
mas remeter as culpas para os outros é sempre o mais fácil, a desculpabilização é imobilista e o que se precisa é de visão...

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