domingo, 1 de junho de 2014

organização - círculos - processos

na sequência da escrita extensa de ontem, sobre a reconfiguração dos poderes nas escolas e o destapar da dimensão política da ação escolar, destaco, ainda com o mesmo espírito de fim de semana, a alteração e reconfiguração dos circuitos de decisão na escola;
habitual e tradicionalmente o processo de decisão era mais ou menos claro e mais ou menos transparente;
a decisão era, na generalidade das situações, casuística, fruto da situação, de um contexto (espaço, tempo e saberes) e das circunstâncias (quem coloca o problema, quem se assume na sua ação, que variáveis existem e pronto);
há assim dois tipos de decisão; uma imediata de gestão de situações ou de resolução de pequenos problemas; outra de médio longo prazo, de gestão de recursos, organização da escola, orientação da ação coletiva;
qualquer uma delas assentava na pessoa do presidente/diretor;
nas mais imediatas, decidia fruto da sua experiência, do conhecimento (factual ou empírico), de uma ou outra ideia que tinha ou detinha sobre o funcionamento da escola ou por orientação meramente administrativa;
noutras, naquelas de médio longo prazo, ouvia os mais próximos e/ou - direi que talvez na sua maioria - preparava um documento que apresentava em conselho pedagógico e que, na generalidade das situações, era aprovado;
é aqui que se começam a notar algumas alterações;
a decisão assumida raramente era contrariada, contraproposta, discutida; só por por vezes e de acordo com as dimensões da escola (dimensão essencial para a definição e constituição de massa crítica) podia existir um ou outro alinhavo, mas nada de significativo (inclusivamente para aqueles diretores mais batidos, eram introduzidos pontos para discussão e negociação, dando assim ideia de cedência);
com o crescer das escolas na sua dimensão, em particular naquelas que foram sujeitas a agregação, o número de variáveis cresceu significativamente e, entre elas, os princípios e as lógicas a que cada qual estava habituado e pelas quais se regia e orientava;
fruto das agregações, do crescer da dimensão de variáveis envolvidas, da sua manifesta dificuldade de controlo, o processo de decisão, que o diretor pretende manter, sofre abalos e é sujeito  fortes pressões externas;
por um lado, as situações de contestação saem da gaveta e assumem o seu protagonismo no confronto de órgãos (em particular entre conselho geral e conselho pedagógico); neste confronto assumem-se (?) princípios diferentes, lógicas de ação distintas, opções manifestamente divergentes;
por outro, os níveis de questionamento, interrogação e de confronto sobem inevitavelmente fruto do crescimento do número de elementos envolvidos na decisão, mas também e por isso mesmo, porque o controlo sobre as variáveis da decisão passa a ser muito mais débil, senão mesmo inexistente;
nesta perspetiva há que alterar, em alguns contextos com algum radicalismo, os circuitos e os processos de decisão; experimentar a elaborar documentos postos à discussão, que sejam feitos, acrescentados bottom to top, debaixo para cima, envolvendo e implicando o maior número de elementos possíveis; com clareza de procedimentos e com regras de trabalho; talvez resulte

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