quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

indisciplina e coisas que tais

a reportagem confunde, aparentemente de forma algo propositada, diferentes conceitos que têm em si diferentes significações, o de indisciplina, a remeter para a quebra das regras, a contestação à autoridade e poder do docente, a rotura com padrões instalados, a fuga à norma e à "normalidade", e o de violência, tenha ela que dimensão tenha e que coloca em causa a integridade de pessoas e bens; 
se é certo que habitualmente se pode registar uma excessiva proximidade entre uma e outra, é também certo que uma e outra atitude (de indisciplina ou de violência) terão, na generalidade, diferentes enquadramentos ou factores, como remetem para pressupostos habitualmente diferenciados e consequências também elas diferentes; 
finalmente uma e outra não podem ter o mesmo tipo de tratamento nem de análise; 

uma leitura pedagógica
se fosse há uns tempos atrás, muito provavelmente a minha análise, leitura e acção seriam diferentes daquela que é hoje, resultado da análise de um grupo de percurso curricular alternativo, onde as duas situações, indisciplina e violência, andam excessivamente próximas; hoje direi que há elementos/factores estranhos à escola e que nela se manifestam; a desestruturação social, as debilidades familiares são por demais evidentes e hoje regista-se, pelos espaços por onde ando, uma mais frágil tolerância, uma mais fácil quebra de consensos, níveis de paciência muito mais baixos que antes; são situações que também em função do número de alunos por turma se manifesta de outra maneira, quer entre alunos, quer entre alunos e docentes; a ser assim é impossível ser a escola, entendam-se os professores, a identificar soluções milagrosas para as situações; 
qualquer proposta de abordagem deverá passar por formação, os professores não têm formação para enfrentar a alteração de relações e a análise de processos recentes (nota-se um claro desfasamento entre a formação inicial e os contextos profissionais), a constituição de redes institucionais (escola, municípios, saúde, segurança social, outros locais) de modo a que possa existir uma abordagem direi "ecológica"; atitudes mais firmes e mais imediatas por parte dos órgãos de gestão que, como docentes que também são, precisam de formação para perceber o que se passa e destrinçar indisciplina de violência no seu contexto; 

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