quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

mais de acordo

outra afirmação com a qual concordo em absoluto e me atrevo a acrescentar mais uns bitaites;
não sei (já perdi um pouco o fio à meada) se já aqui o escrevi, mas digo, de vez ou de novo, a escola está a ser empurrada para um outro mundo, para um outro paradigma; é empurrada à força, sem que alguém lhe tivesse perguntado o que queria e sem que alguém, dentro dela, tivesse dito que sim ou talvez...
fui formado e comigo milhares de colegas (desde os anos 80 do século passado até bastante recentemente), numa lógica de escola cultural, marcada pelos afetos e pelas relações afetivas entre alunos, entre alunos e professores, entre a escola e a sua comunidade; uma escola que era caraterizada pela dualidade de situações (quando não mesmo dialéticas), professor/aluno, escola/comunidade, sucesso/insucesso, próximo/distante, particular/global, eu/tu, nós/outros; uma escola marcada pelos sentimentos, pelos valores de aprender e de ensinar, de nos relacionarmos e pela consideração que a todos  era possível aprender e que os problemas mais não eram que oportunidades de desafio ao professor, à sua imaginação e criatividade; fui formado numa escola que agora se desvanece, como relação velha, que não aguenta o passar dos tempos, o desgaste da proximidade, as rugas das agruras e das angústias;
hoje, a escola pública portuguesa é empurrada, à força e por contingências várias, para a meritocracia, para a eficácia e eficiência económicas, para o desapego social, para o salve-se quem puder, para o individualismo da desresponsabilização, para o confronto frio da negociação entre partes, para as percentagens que rotulam e definem entendimentos e médias; cada vez somos mais uma escola fabril onde a acefalia reina e impera a frieza de processos e a distância dos procedimentos e nos sentimentos peças numa qualquer engrenagem, um número no meio de muitos outros; esta escola é quantitativa, não tem fim, a outra era afetiva, tinha pessoas e conheciam um fim...

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