sexta-feira, 19 de novembro de 2010

dúvidas

na sessão de abertura do vi encontro "aprender no alentejo" há um conjunto de questões que nos levam a questionar dos porquês;
temos um parque escolar recente, qualificado, moderno e claramente estimulante;
temos uma rede formativa articulada, coerente, sustentada que abrange escolas e ofertas formativas diversificadas;
temos uma relação de alunos por turma (a média não ultrapassa os 20 alunos por turma) claramente enquadrada nas petições nacionais de sindicatos e interesses;
temos uma relação de alunos por professor (a média regional está em 8 alunos por docente) que fariam inveja a qualquer país do norte da europa;
as escolas não têm grande dimensão, na generalidade das situações situam-se, em média, entre os 800 e os 1500 alunos, com uma média regional próximo dos 800 alunos por escola/agrupamento, longe das massas de gente de outras regiões, mesmo do interior do nosso país onde escolas de viseu, castelo branco, guarda e mesmo chaves apresentam números bem superiores;
temos opções políticas de âmbito municipal que privilegiam a educação, o esbatimento de diferenças sociais, o colmatar de dificuldades; uma cobertura da acção social escolar, complementada entre o nacional e o municipal, de fazer inveja ao resto do interior nacional; os municípios, na sua generalidade, estão atentos, preocupados e disponíveis para a educação, no apoio e resolução de quase tudo o que as escolas lhes colocam e solicitam;
temos uma rede de pré-escolar de praticamente 100%, uma oferta ao nível das actividades de enriquecimento curricular de 100%;
não temos problemas de abandono e a escolaridade de 12 anos está praticamente garantida em toda a região;
o alentejo tem acessibilidades, distâncias que apesar de longas em km, são curtas em termos de tempo;
apesar da crescente diversidade da população, conseguimos alguma homogeneidade cultural, que não tem comparação com o litoral;
temos problemas de indisciplina, de alteração de comportamentos, de disputas em sala de aula e na escola, mas incomparavelmente inferiores e menores a outras zonas do país e, na maior parte das situações, decorrentes de frágeis enquadramentos sociais e familiares; longe, muito longe, os gangues, os grupos organizados, a constestação das autoridades ou o questionar de poderes;
temos uma rede de formação incomparável à generalidade do país, complementada entre a rede de ensino superior, centros de formação de docentes e associações de formação e de formadores;
a população docente é relativamente nova, a média etária situa-se entre os 40 e os 50 anos de idade, longe das velhices das grandes cidades; formada, desde os complementos de licenciatura que abrange a grande maioria dos antigos bachareis, às pós graduações onde os doutoramentos estão cada vez mais presentes à especialização em diferentes áreas curriculares;
há, de modo generalizado, a adopção e implementação de diversificados programas e projectos que, de âmbito educativo, visam o sucesso, a organização e gestão de recursos - 34 escolas/agrupamentos com o mais sucesso, 9 teips, 2 com contrato de autonomia, 18 com programa gulbenkian, entre outros;
e mais haveria a acrescentar, a dizer a este rol de coisas boas que o alentejo tem e nos oferece sob o ponto de vista educativo;
contudo, o alentejo, de acordo com os diferentes relatórios (ME e IGE), é a última região nacional, nos resultados das provas de aferição de 4º e 6º anos, nos exames nacionais, na qualidade do sucesso, no diferencial entre avaliação interna e resultados externos, na perda de alunos na transição de ciclos, nos índices de formação escolar regular, nos custos por aluno, nas taxas de insucesso...
porquê?

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