sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

morte

nunca me senti constrangido a falar ou a lidar com a morte;
provavelmente por que, quando pequeno, acompanhava uma velhota a inúmeros velórios ou, com sentido mais mórbido, à capela do hospital onde, na altura (hoje com um sentido bem diferente) ficavam aqueles que pouco ou nada se relacionavam com a cidade; tenho, desse tempo, memórias entre o saudável e o sentimento de pesadelo;
mas hoje essas memórias e esses momentos ajudam-me a lidar com este sentimento, com o reconhecimento da sua inevitabilidade; por isso e talvez por isso, li Ariés e muitos outros de fio a pavio;
mas não deixo de sentir algum constrangimento em lidar com a morte; a de hoje foi a de um porquito da índia, figura recente cá em casa que hoje, vá lá saber-se do porquê, encontrámos sem vida;
antes andava de mão em mão, suave e amena brincadeira; hoje, morto, ficaram à espera do enterro para que o companheiro pudesse ser tratado;
a morte é tabu, vergonha, nojo...

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