domingo, 31 de outubro de 2010

comissão

na próxima terça-feira há a primeira reunião da comissão política, oriunda do último congresso distrital do partido socialista;
dos primeiros suplentes passo a membro efectivo, fruto da deslocação das inerências;
tenho pensado o que dizer e como dizer;
como é meu hábito não pactuo, nos tempos que correm, com carneirismo e seguidismo que, por muita legitimidade que possam ter, não fazem sentido e o meu objectivo e preocupação é igual aos demais, garantir a preponderância do ps;
mas esta preponderância terá que ser garantida e assegurada por intermédio de novas e diferentes estratégias, nomeadamente aquelas que permitam a partilha de responsabilidades, a desconcentração da acção, o respeito pelas individualizações (regionais e sectoriais);
caso contrário corre-se o risco do deserto... e seria extremamente negativo face ao que se perspectiva como alternativa...

vento

ontem e hoje têm estado uns dias que me poupam no trabalho da courela;
o vento que se faz sentir poupa-me o trabalho e atira-me a azeitona para o meio do chão, numa ajuda desnecessária quanto impertinente;
é o vento senhor, que faz abanar as árvores e sacudir a azeitona...

desafios

o âmbito profissional é, sempre que o queiramos ou assim o possamos entender, um desafio;
a semana que decorreu deu, entre conversas e trabalhos, por assumir um outro desafio, o de participar no aprender no alentejo;
assumindo um quadro de análise substancialmente diferente do tradicional, uma postura diferenciada da habitual, lá enviámos a nossa proposta de comunicação;
lá nos organizamos para palestral;
estou certo que dará azo a algumas conversas, a muita diversão e a algum conhecimento;
o fim-de-semana fica reservado à estruturação do material;
são desafios que se colocam, é uma outra consideração do papel de uma estrutura desconcentrada...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

rabugento

não sei se é da idade, se do cansaço, se da angústia de um trabalho de tese, se do desconforto do acordar cedo, se do raio que me parta, mas ando mais rabugento durante as manhãs, mais irritado, mais impaciente;
desanuvia um pouco durante o dia, mas chego à conclusão que é um mau período para deixar de fumar;
então a rabujice seria bem mais assentuada...

barómetro

cá está a confirmação daquilo que ontem aqui escrevi, o desalinho de estratégias e de opções políticas;
talvez sirva de alerta, esta queda do partido socialista e do seu lider e primeiro-ministro, a quem de direito, há necessidade de se repensarem algumas medidas de política, muitas das estratégias implementadas, principalmente aquelas que remetem para o isolacionismo do promeiro-ministro, da concentração da decisão, da menorização dos serviços, de alguma surdez autista;
se vai ou não a tempo isso é outro barómetro...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

estratégias

as negociações, entre ps e psd, para uma eventual passagem do orçamento de estado, foram pelo cano;
nas televisões, nas rádios, nos blogues seguem-se os culpados, as culpabilizações, como as desculpas e as justificações;
para qualquer um dos efeitos o português pouco percebe o que acontece e quais as implicações; perguntamo-nos, e agora;
mas é visível uma estratégia de parte a parte, ps e psd, que considero desadequada senão mesmo algo kamikaze;
explico, aparentemente o ps aposta na rigeza das posições a ver se renasce das cinzas da crise, qual fénix regenerada, que, quanto a mim, não tem a miníma possibilidade;
pelo lado do psd parece existir uma aposta de quanto pior melhor, e somos nós, todos os restantes portugueses, que nos sentimos piores;
são estratégias desadequadas e perante as quais não percebo nem sentidos, nem opções, nem qual o nosso destino colectivo;
e agora...

casa cheia

hoje, pela direcção regional de educação, é dia de casa cheia, seminário sobre a turma mais;
apesar de algumas divergências com o seu pensador, reconheço que é um projecto que pode desencadear mais valias próprias em cada escola; pode facilitar processos de reorganização, de pensamento crítico face às práticas, de conivência cumplíce com parceiros; ou seja, reforçar lógicas de autonomia e responsabilização interna e própria em cada escola;
não pode ser, de resto à semelhança de muitos outros programas e projectos, apenas mais um pretexto para isso ou para aquilo que, sem incidência nos processos internos, caia nas rotinas e se encaixe nas monotonias;
se não for isso, então há sérias hipótes de haver lugar para a escola situada, para os exercícios efectivos das autonomias, para a reorganização de processos como de procedimentos;
tudo depende de cada escola...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

super

no dia em que cavaco se chega à frente e inicia novo processo de candidatura, comento a imagem do passado sábado do jornal expresso;
cavaco apresenta-se, qual super-homem, que se prepara para salvar senão o mundo, pelo menos portugal;
digam lá senão parece mesmo o super-homem a arrancar casaco e camisa e a mostrar, em fundo azul, o imenso s, de super, apostado no peito a vermelho;
é uma imagem que reforça cavaco, um salvador, na sequência daquela que dava conta da sua pessoa como timoneiro;
agora já não é apenas timoneiro, é mesmo um super-homem...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

consequências

a previsível extinção ou reformulação das áreas de projecto, estudo acompanhado e formação cívica é um daqueles exemplos que evidencia os factos da educação;
hoje ficamos preocupados pela sua reformulação - já não digo extinção - mas foram áreas não disciplinares com as quais a generalidade das escolas e dos docentes sempre tiveram dificuldades em se entender e em se relacionar;
não se percebia muito bem qual o sentido da coisa, à semelhança, de resto, com aquela a que sucederam, a do projecto de escola, educativo ou o que o valha;
houve escolas que mostraram, para além de competência, criatividade na sua implementação, na articulação que efectuaram com as restantes disciplinas e com o currículo; mas a maioria, a grande maioria, questionava a sua utilidade, as finalidades, o propósito, levando ao ponto de em muitas situações terem sido desvirtuadas e algumas disciplinarizadas;
e hoje temos pena...

cadernos

muito provavelmente, o gosto que tenho por canetas e cadernos decorrerá de ter um pai que, desde que me conheço por gente, esteve atrás de balcões de papelarias;
sempre gostei de ter canetas, finas ou grossas, de aparo ou de feltro, de gel ou de carvão;
já fui prendado com um estojo onde guardo aquelas que mais me dizem, a primeira caneta, aquela que foi de final de curso, uma outra que me deram ou que comprei por simples gosto;
como gosto de cadernos, desde sempre me acompanharam, particularmente os pretos, de merceeiro, como muitos colegas lhe chamavam, já tive os de argolas e, nos tempos em que apareceram, os reciclados, de lombada colada a quente;
ultimamente tenho utilizado os moleskines; são práticos porque me permitem prender as inúmeras folhas soltas que lá vou colocando, pensamentos, notas e anotações;
mas andava algo desinteressado em face do tamanho, e o tamanho conta;
hoje comprei um novo moleskine para substituir aquele que se apresta a ficar esgotado; tamanho ligeiramente diferente, tipo b5, mas também com elástico e bolsa para enfiar as coisas soltas;
já me apetece escrever nele, mas ainda é cedo;
são os cadernos que me preenchem os momentos...

vez

a família da minha mãe era numerosa, quase que típica dos tempos do antigamente;
dos doze que nasceram, 7 conseguiram crescer e deixar família;
pelo número, pelas suas características, uns foram prá'qui outros prá'li, cada qual para sua banda;
os encontros foram poucos, a maior parte das vezes restringidos à doença, a um ou a outro aniversário; muito pontualmente a um casamento ou outro da descedência;
criei poucos laços com primos e primas; fui o único a viver nesta cidade; outros andaram por vilas e aldeias, outros pelos arrabaldes da grande cidade;
fruto da passagem dos anos temo-nos encontrado com maior assiduidade;
é a morte que nos junta;
dos 7 irmãos restam três;
vejo, nos olhos da minha mãe, na sua expressão enrugada, que se sente oprimida pela espera, por aquele momento em que será a sua vez de ser protagonista nestes encontros;

domingo, 24 de outubro de 2010

políticas

os tempos de algum fim de festa que percorrem as ruas e vielas deste nosso país, permitem pensar... e agora que alternativas de política educativa se colocam pela frente;
se não é garantido que possa existir a perda governativa do ps, pode ser também dado como garantido que o psd é a alternativa de governo, a existir;
e, neste contexto, quais as opções de política educativa do psd; quais as alternativas equacionadas pelos outros partidos de governo no contexto, por exemplo, do modelo de gestão escolar, do ensino especial ou do ensino artístico, da avaliação de docentes, da gestão de recursos humanos, seja por concurso e com que periodicidade e características, o papel da acção social escolar ou da parque escolar, dos exames nacionais ou das provas de aferição, da entrada e progressão na carreira docente, na gestão municipal da educação, da gestão do currículo ou das metas de aprendizagem;
se alguém conhece que diga, eu não conheço...

resultados

os tempos que correm são marcados, em termos educativos, por duas preocupações; resultados e resultados;
resultados da escola, do trabalho que aí se desenvolve, estes marcadamente no campo dos processos de socialização, de integração da criança no contexto dos adultos, na formação cívica e de cidadania; mas resultados também das provas de aferição, dos exames nacionais, das disciplinas, do sucesso, dos rankings;
há dias trocava ideias com um colega que silenciosamente pensava em como articular estes dois resultados; porquê valorizar um em detrimento do outro, de qual, afinal, o papel da escola;
penso que entre um e outro não deve existir nem menorização, nem desvalorização;
os resultados sociais da escola podem ser tão importantes quanto os rankings;
mas, desculpem lá qualquer coisinha, não existirão resultados sociais se esses não se traduzirem em margens de sucesso;
é de resultados que falamos...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

surpresa

a minha prenda de anos, da parte da família, foi surpresa até quase ao fim;
e valeu bem a pena assistir ao espectáculo, ouvir a esponjinha a rir como há muito não a ouvia, partilhar o final de dia com a família;
são momentos destes que nos atiram para o futuro e fazem querer mais... do mesmo

vivo

convenhamos que há medida que os anos passam cresce a afirmação que já não fazemos anos, pelo menos pelos meus lados;
as festas e os festejos ficam circunscritos aos filhos, esses sim, gostam da festa, de rasgar os embrulhos das prendas e lembranças, dos bolos e do convívio;
mas, mesmo que se passe pelo dia de aniversário como dia normal, não deixo de reconhecer que aqueles que se lembram de nós e nos dão os parabéns, sejam amizades das redes virtuais ou simples "alembraduras" me fazem sentir vivo;
e é bom sentirmo-nos vivos...

futuro

sempre me pautei pelo livre pensamento, pela crítica pontual, por vezes impertinente, reconheço, pela reflexão e pelo debate;
são questões de feitio, defeito de feitio; apesar de militante não abdico do meu pensamento, de pensar e analisar aquilo que me rodeia, nomeadamente no campo das políticas, onde, à semelhança daqueles com quem aprendi, sempre valorizei a autonomia, a reflexão;
tem custos, que sempre assumi, preferindo a liberdade de opinião, ao carneirismo seguidista e cego;
isto como intróito ao congresso federativo que amanhã se realiza em viana do alentejo;
momento de consenso, de assunção colectiva de desideratos partidários, de algum unanimismo também;
reconheço-me na moção de capoulas santos; pela regionalização, pela abertura e pluralismo político, pelo papel que évora tem de assumir se o alentejo se quiser afirmar, não contra nada, nem contra ninguém, mas, de forma mais complexa, a favor da região, de uma dinâmica regional como da permanente afirmação das políticas sociais, dimensão incontornável do partido socialista;
contudo, neste momento federativo de consensos torna-se também essencial questionar sobre as lideranças nacionais; se é certo que, contra tudo e a despeito de todos, assumi a minha preferência por josé sócrates, antes de qualquer coisa ou entendimento, também agora defendo que há que equacionar se sócrates faz ainda parte das soluções do ps ou se é parte do problema para a sua afirmação política do partido;
e a federação deve saber e poder assumir as suas orientações e opções sem seguir exemplos romanos mas evidenciando estratégias de futuro;
e é de futuro que se trata...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

47

e pronto, mais um de volta, menos um para cumprir;
aproximo-me a passos largos, do meio século; é obra... ou talvez não...

velocidade

no caminho para lisboa via auto-estrada, fico sempre surpreendido pela pressa dos outros;
não sou um rapaz de velocidades, ao qual acresce o facto de nunca ter tido uma viatura que permitisse grandes veleidades,
mas, circulando entre os 120 e os 140 km/h apenas consigo ultrapassar camiões dos grandes e alguns autocarros; digo alguns pois ontem ainda fui ultrapassado por uma dessas viaturas quando circulada, eu mesmo, a pouco mais de 130km/h;
o pessoal tem mesmo pressa...

adultos

ontem, os doutorandos do IE foram chamados à casa; objectivo, efectuar um balanço das participações em dois fóruns de investigação, um organizado pela casa, o outro pela de Aveiro;
o âmbito de intervenção deixou-me, uma vez mais, perplexo;
pela sinceridade, pelas propostas, pela abertura, pela consideração que é colocada a cada doutorando, pela disponibilidade evidenciada;
manifestamente neste trabalho uma pessoa sente-se crescida, e é bom que assim aconteça;
parabéns...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

auto

neste processo de avaliação, também são de considerar os procedimentos e, acima de tudo, as conclusões da auto-avaliação das escolas;
as escolas têm sido convidadas a obrigatoriamente desenvolver processos de auto-avaliação; à falta de melhor a maioria das opções tem recaído em procedimentos funcionalistas, caso do comonn acess framework, vulgo caf, ou em parâmetros oriundos da análise swot, constrangimentos, problemas, oportunidades e potencialidades; 
algumas conclusões são interessantíssimas de análise, algumas delas traduzidas numa tese de doutoramento de uma colega - bem mais adiantada que eu...

comparação

a eventual comparação entre resultados da avaliação externa, realizada pela ige e os resultados dos exames nacionais é um bom tema de conversa; concordo;
como os diferenciais existente entre os resultados da avaliação interna e a avaliação externa, decorrente dos exames se poderão imiscuir nessa conversa;
será que entre uns e outros é possível de perceber o nível de coerência da escola? ou será o sistema que é avaliado? o porquê de tão significativas diferenças entre processos de avaliação, como é o caso da ige e os exames nacionais onde, afinal, parece que os resultados se contradizem? será que há entre um e outro apenas o mascarar de situações, aquela que alguns designam como escola cosmética? será que também a escola vive de aparências?
são questões em que, estou certo, serão debatidas internamente...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

tempos

os tempos que correm, marcados que são pela crise, pelos apertos, pelos constrangimentos, são tempos que se prestam a uma fácil e insidiosa demagogia, à banalização do contra pela palavra fácil em argumentos vulgares:
são riscos, os dos tempos que se correm, que devem ser assumidos por quem exerce cargos públicos, por aqueles que denotam algum senso na opinião veiculada;
não é uma questão de se estar a favor ou contra - é fácil estar-se contra, é manifestamente difícil senão mesmo hipócrita estarmos a favor dos constrangimentos - mas deve-se evitar o extremar de posições, o confundir a árvore com a floresta;
os tempos que correm são de risco, mas são também de evidência das lideranças...

domingo, 17 de outubro de 2010

base

agora que está na moda consultar a base de dados nacional sobre contratação pública, também não deixei de por lá passar e colocar o descritor "arraiolos" apenas para ver o que dali saía;
duas referências aos resultados;
ficamos a saber que a câmara de arraiolos adjudicou, por ajuste directo, uma coisa como

SERVIÇOS ESPECIALIZADOS NA ÁREA DA ANTROPOLOGIA E ETNOGRAFIA PARA INVESTIGAÇÃO NO ÂMBITO DO PROJECTO IDENTIDADE E MEMÓRIA COLECTIVA

pela módica quantia de quase 70 mil €; compreensível se conhecermos quem desenvolve o estudo e qual a sua filiação; percebe-se a utilidade;
que pagou praticamente 20 mil euros por luz e som;
que terá o contribuinte a dizer: certamente ficamo-nos pelos planos de contenção... dos outros, pois claro...

extintos

considero que, em tempos, se perdeu uma óptima oportunidade de não utilizar algumas das conclusões daquilo que foi designado como programa de reestruturação da administração central, prace;
muito do trabalho então produzido esbarrou em interesses, lobings e coisas que tais;
felizmente algumas das conclusões, ou outras que tais, são hoje recuperadas em face do aperto e conhecidas algumas das extinções de serviços e coisas que são, senão redundantes pelo menos questionáveis;
na área da educação são alguns serviços, muitos, dentro e fora da educação, ficam ainda de fora, até um dia...

quo vadis

apetece-me perguntar, quo vadis europa, para onde caminhas tu europa;
portugal está como está, de garrote apertado; a espanha não está melhor, muito obrigado, a islândia debate-se na sua banca rota, a irlanda afunda-se, aquele que foi em tempos o tigre celta, exemplo a seguir inclusivamente por partidos nacionais, a grécia está paralisada, como está a frança em face das contestações; a itália junta aqueles que são os menos esperados fruto das aflições; a leste tudo na mesma, polónia, roménia, hungria viram as expectativas da união europeia irem pelo cano das dificuldades económicas;
safam-se, em princípio e salvo melhor oportunidade, a alemanha, motor europeu que dita regras e define normas, a inglaterra, fora do euro, com margens próprias de acção;
aparentemente a europa está sem lideres, os que existem nem no nacional conseguem sobreviver, resistir; faltam ideias, formas de afirmação de outras alternativas;
a união europeia é um enorme flope, uma desilusão, um vazio; seja ele a comissão que, aparentemente esbraceja no lodo económico, seja o parlamento, onde a democracia tem manifestas dificuldades em se afirmar como alternativa; houve uma revisão, uma espécie de preparação federalista, com o nome de lisboa e tudo, mas que de onde nada resulta ou sai, coisa que o comum dos mortais não percebe as implicações ou consequências;
o modelo social europeu, conquista do pós 2ª guerra está declaradamente colocado em causa pelos extremismos e radicalismos de direita, na suécia, na holanda, na dinamarca; a noruega nem quer ouvir falar de união europeia; a filandia, outrora icon europeu, desvanece no meio da confusão;
um qualquer zapping pelas notícias europeias e apercebemo-nos do cinzentismo, da confusão, do caos;
resta perguntar o que restará deste caos, da confusão e da dúvida do estado social europeu...

sábado, 16 de outubro de 2010

quinta

não me engano nos dias da semana, sei que hoje é sábado, mas foi dia de quinta;
não de feira, mas mesmo de quinta; aproveitei o dia solarengo e vá de andar de volta das coisas da terra;
cansa-se o corpo, descansa-se o espírito...

alentejo

os rankings educativos, valham eles o que possam valer ou fazer com que valham, dizem um coisa atroz, as escolas do alentejo estão na cauda da classificação;
falta de recursos e de condições que outros, como a damaia, barreiro, arrabaldes do porto, se calhar até têm; contextos sociais mais desfavorecidos como provavelmente outros, da belavista ou da boavista, em setúbal, do freixo, no porto, ou aqueles guetos nos arredores de lisboa, muito provavelmente não terão; ou, então, a ausência de responsabilidade e participação dos encarregados de educação, como os de castelo branco, bragança ou vila real assumirão e que, por aqui, se distanciam;
por muitas razões, factores ou simples desculpas que se possam apontar, há uma questão incontornável, o porquê do alentejo ficar no fim da cauda dos rankings de exames nacionais;
falta de recursos? falta de condições? situações sociais influenciadoras? desinteresse? alheamento?
seja qual for a razão apontada há uma evidência em qualquer uma delas, a escola pública, da integração, da inclusão, aquela que procura colmatar diferenças e handicaps pura e simplesmente não existe ou não é assumida por estas bandas;
digam o que disserem, justifiquem como entenderem, é um facto...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

confiança

tenho sido, há vários anos e sob diferentes perspectivas, um sério crítico do funcionamento da direcção regional de educação, este mesmo espaço onde, há pouco mais de um ano trabalho, mas que não é por isso que deixo de pensar e, se necessário, criticar;
continuo a dizer e a afirmar, perante quem de direito, que nem tudo são rosas, que há muitos espinhos, que há lógicas funcionais que se sobrepoem ao interesse colectivo, às orientações estratégicas, aos sentidos políticos da acção educativa - valha isto o que se entender...
mas há uma coisa que, para quem lida directamente com esta administração educativa, não pode ser colocado em causa sob nenhum aspecto ou facto, seja ele político, técnico, pedagógico ou pessoal, consiste na confiança depositada nas escolas, na sua capacidade de acção, intervenção, pensamento, autonomia;
foi esta confiança que fez com que, de 150 escolas que reuniam os requisitos para encerrar, tenham apenas encerrado 30; foi esta confiança que fez com que, à revelia do nacional, se agregassem apenas 3 ditos mega agrupamentos e todos consensuais localmente e não aqueles quase 30 que são óbvios até para quem lá está; é esta confiança que faz com que se segurem alguma acções claramente contraproducentes à lógica da escola a tempo inteiro, das orientações de política educativa ou aos sentidos pedagógico regionais;
não se desvie a atenção do essencial com capatazes ou coisas que tais; isso é minimizar, senão mesmo desvalorizar, o papel das autonomias locais, das capacidades dos professores, por intermédio dos seus órgãos, assumirem as suas responsabilidades, as suas opções e os seus sentidos estratégicos;
e o que está em causa é isso mesmo, são as opções locais que, mediante desculpabilizações estapafúrdias, colocam em causa a confiança;

debate

estes espaços, os da blogosfera e das chamadas redes sociais virtuais, são espaços de partilha, de debate;
permitem veicular opiniões pessoais e individuais mas, acima de tudo, incentivam à troca de ideias, ao confronto de opiniões, à troca de perspectivas;
são espaços plurais que, salvaguardadas algumas hipócrisias decorrentes do anonimato, saúdo, aplaudo e são forte contributo para o pluraismo que, aparentemente e na opinião de alguns, escasseia;
bem visível fica na troca de ideias, na promoção do debate que, felizmente e sem o querer, se promove neste meu espaço;
bem vindos os contributos do debate...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

o outro

temos por hábito culpabilizar o outro no meio da confusão, de tal forma que dizemos que a culpa morre quase sempre solteira, coitada;
não percebemos que, com esta atitude, de desresponsabilização individual e pessoal, nos atiramos para debaixo do comboio, nos trucidam;
é o que acontece com muitos - não todos - os senhores directores de escolas e agrupamentos que, em face dos constrangimentos, a coisa mais fácil, mais à mão e mais óbvia é dizer que a culpa é da direcção regional, do governo, dos deuses mas nunca, por nunca deles, da sua incapacidade de pensar e agir de forma diferente, de equacionar outras formas de trabalhar ou, como muita das vezes acontece, da sua incompetência;
a culpa é quase sempre do outro... coitadinho do outro...

real

nas notícias oiço, com alguma insistência, a preocupação de credibilizar a economia nacional perante os mercados internacionais;
é nesta afirmação, de credibilidade, que parecem apostar tanto ps como psd no jogo do gato e do rato relativamente ao orçamento;
desculpem lá, mas que me interessa a mim uma credibilidade de virgem em casa de putas, que os mercados internacionais desconfiem de quem não é de confiança se a mim e a muitos como eu, cortam ordenados, comparticipações, entre outros e que as coisas que aumentam, para além da minha dor de cabeça, são o irs, as despesas, o gás, a electricidade, a água, os combustíveis e um sem fim de coisas...

festa

há, na cara das pessoas, nas conversas que se ouvem, nas notícias que se lêem, um certo ar de fim de festa;
um ar cansado, de descoincidência entre expectativas e objectivos, como se um não tivesse batido com o outro, tivéssemos gasto mas não estivéssemos ainda satisfeitos;
a crise, o avolumar de expectativas de termos, ou não, orçamento, tem provocado um ar algo entre o incauto, o surpreendido e aquela expressão tipo não se estava mesmo a ver onde íamos cair;
não sei se este fim de festa preconizará o cair na real, como diriam os brasileiros, se um pontapé para as angústias do futuro...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

defeitos

à medida que cresço tenho-me apercebido de muitos dos muitos defeitos que possuo;
alguns ficam expressos nesta escrita, outros espraiam-se por aqui e por ali;
há muito que aprendi a dizer que não sou fácil de me fazer entender; este um dos meus defeitos;
tenho, como todos os demais, as minhas ideias e convicções, princípios e valores; mas são feitos, também como todos os demais, de um mix complicado, entre saberes e competências adquiridas, vivências e experiências, contextos e momentos, etc;
o problema é quando esta complicação - que muita das vezes não chega a ser complexidade - se reflecte na escrita de uma tese;
logo eu que gosto de coisas simples, complico o que é simples, complexifico o que não devo e corro riscos perfeitamente desnecessários;
mais não são que defeitos, pois claro...

mudanças

em termos de escolas e de educação há vários remédios, sempre apontados quando se pensa em alternativas, em reformas, em mudanças;
ao fazer o balanço na transição de anos lectivos há duas ideias que me ocorrem quanto a eventuais possibilidades de mudança da escola portuguesa;
uma assente na criação de cada escola/agrupamento enquanto centro de custos, com fórmulas já pensadas e propostas ou à semelhança do que acontece com o financiamento do ensino superior;
uma outra assente nos processos de avaliação dos directores das escolas/agrupamentos que continuam em roda viva e onde os conselhos gerais mais não são que caixas de ressonância de coisa nenhuma;

auto-gestão

ainda não temos orçamento, nem sabemos se ele virá efectivamente a existir;
temos governo, pelo menos durante mais algum tempo, pois é inconstitucional haver eleições quando se esperam eleições presidenciais;
mas a sensação que tenho é a de auto-gestão, de compasso, de dúvidas e angústias quanto ao futuro;
o país está em águas turvas, num qualquer pantano que coloca em causa todos os estados de espírito;
a ansiedade, as dúvidas e as expectativas quanto ao futuro reflectem-se em todos nós, nas escritas dos blogues, nas caras de todos os dias;
é a auto-gestão, nada pior do que o compasso para um país que tarda em se re-encontrar...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

escolinha

tive oportunidade de ajudar a pessoa que se tornou directora da minha escolinha;
enganado, perguntam uns enquanto outros o afirmam;
talvez, mas acreditei que era possível, sem rupturas nem grandes conflitos, fazer mais, melhor e, acima de tudo, diferente;
fui enganado e muitos me o apontaram como se de evidência se tratasse - para mim era evidente;
outros, por outros motivos, me seguiram as pisadas e acreditaram que, com estas pessoas, era possível fazer diferente; assumiram lugares, nomeadamente o de presidente do conselho geral;
chegaram à mesma conclusão que eu, que há manifesta falta de bom senso, senão mesmo falta de chá

perspectivas

quem está na escola e apenas sente as políticas educativas por entre conversas, sejam elas de colegas ou dos meios de comunicação social, mediadas pelas respectivas direcções fica, quase sempre, com uma perspectiva que, se não for enviesada será, pelo menos, distorcida;
há medidas de política que decorrem de orientações nacionais e que, fruto de diferentes opções, acabam por ser mediadas no contexto regional, fruto de leituras próprias, interpretações pessoais, opções individuais;
mas é ver, mesmo esta, delapidadas por uma clara falta de bom senso;
no contexto do alentejo, foi opção não agrupar escolas, como foi opção não encerrar aquelas que tivessem mais de 11 alunos, a não ser por clara e assumida opção local;
mas o que se tem em troca é um manifesta falta de bom senso, uma quebra das confianças depositadas, um justificar das opções que outros assumem;
e é pena, pois perdem-se perspectivas como se perdem oportunidades...

domingo, 10 de outubro de 2010

ordenamento

no passeio pelo centro norte dá para perceber a desorganização de um ordenamento territorial;
é uma das poucas vantagens do sul interior; um maior ordenamento, uma maior coerência na gestão dos espaços;
fruto, eventualmente, do tipo de propriedade, as localidades cresceram em perfeita desarmonia, entre vivendas, casas rústicas, prédios de vários andares e barracas;
é uma lástima poder verificar o carácter sinuoso de cada rua que, entre vielas e casas espampanantes se cruzam com arquitectura futurista num misto que deixa mais dúvidas e inquietações que qualquer outra coisa...

crítica

fim-de-semana, desde 6ª feira, passado em aveiro num encontro de jovens investigadores;
os desafios eram, foram, aliciantes;
primeiro de natureza teórica e metodológica; apresentar ideias, criar desafios, perspectivar quadros de análise em processos de investigação tão diferentes quanto plurais é sempre desafiante;
mas também desafiante por, num espaço de pouco mais de 1500 palavras se procurar resumir todo um percurso investigativo e de em apenas 15 minutos podermos seleccionar o que dizer;
foi deveras interessante, mas também deu para ver que misturar diferentes estadios de investigação pode provocar algumas dores em quem está mais atrás;
da minha parte referência para um beijo de quase morte de uma colega que me questiona duramente;
talvez tenha razão e sirva para, com limões, fazer limonada;

parentocracia

a fragilidade e a pequenez de algumas equipas faz com que alguns poderes se afirmem como determinantes no condicionamento da acção política, na interferência das opções;
queira-se ou não, goste-se ou não, assuma-se ou não o certo é que a inacção, a hesitação e a atribulação provoca, sempre, o aparecimento de espaços que são ocupados por quem também tem interesses nos assuntos tratados;
no campo da educação, pejado de interesses e interessados, é fácil perceber quando oscilam entre docentes e pais, entre alunos e políticas, autarquias ou outros;
deixar o espaço aberto por manifesta inacção é dar a oportunidade para que outros se insurjam;
e os pais, por que directamente interessados na coisa, são os primeiros a exercer e a manifestar a sua parentocracia;
e só têm razão porque o espaço fica livre para a sua acção...

semana

as diferenças óbvias entre quem é da economia da educação e da sociologia política de quando em quando provoca confrontos de perspectiva, troca de ideias e um questionar de situações;
esta semana a equipa está de parabéns, sem carácter definitivo, pois isso é sempre exagerado, conseguimos que o chefe se questionasse e aproveitasse algumas ideias que, depois de muito trabalho, lhe pusemos nas mãos;
ajuda a pensar o espaço de acção e de intervenção, a compreender algumas situações e, acima de tudo, a perspectivar sentidos;
mais não seja a perguntar o porquê da inacção de algumas chefias;
é sempre interessante quando nos questionamos...

impressões

foi uma semana e pêras, cheia de e coisas e loiças que deixaram várias impressões e pouco tempo para esta escrita;
cá ficam algumas delas, em tons de desabafo...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

leituras

há dias, em espera, optei por não escrever (é meu hábito sempre que espero aproveitar para escrever) e, antes, por andar pela cidade de évora;
era noite, um pouco depois do jantar para a maioria dos eborigenes; caminhei, por entre as ruas, travessas e largos, bem mais de uma hora;
passo lento, sem destino, apenas com o propósito de me pensar e de admirar esta cidade, como se alteram os sons, os ruídos urbanos, como se mistura a luz e a escuridão, como se alteram as silhuetas na noite;
em duas livrarias parei para apreciar as montras; vi, em cada uma delas, dois títulos que me apeteceu comprar e ler;
felizmente estavam fechadas, não tenho ainda possibilidades de ler fora do penico das políticas públicas;
e nunca mais é sábado...

sem

amanhã a república fará 100 anos (foi propositado o sem);
é dia internacional do professor;
entre a república comemorativa e o dia do professor serão inauguradas cem escolas - as novas da parque escolar, os novos centros escolares, as requalificadas por municípios;
será um périplo governativo pelo país, na inauguração, nas referências à república, ao papel do ensino na velha e na nova república;
espero para ouvir se há referência ao professor, na velha e na nova república...

chuva

o fim-de-semana, em particular o domingo, foi de chuva;
nada melhor do que aproveitar para tratar da terra algo abandonada em que se encontra a minha quinta;
prefiro o frio e a chuva para andar nesta estrufega ao calor que impede o pensamento;
com o outono há mais tempo para a terra...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

hino

claramente evidente daquilo que escrevi abaixo esta música dos deolinda que bem poderia ser um hino nacional - o confronto entre aqueles que puxam e desafiam e aqueles que, entre coisas, têm de ver o benfica ou aos quais falta um impresso...
um hino

gerações

em conversas de café, de quando em quando, surgem boas ideias;
hoje, em conversa pós almoço afirmo que a geração à minha frente, a dos 50, está desiludida com a coisa, viveu a revolução de abril, o prec e os anseios de novos mundos, caiu, dizem, na real;
a minha geração, a dos 40, há um mix confuso, entre aqueles que ainda acreditam ser possível mais e melhor e aqueles que simplesmente desistiram, que caíram na inacção;
a que me antecede, a dos 30, noto-lhes falta de ousadia, ausência de entusiasmo e uma manifesta falta de criatividade;
a outra anterior, a dos 20, está ainda muito moldada e enformada pela formação recente, certa das suas certezas, garantida nas suas convicções inabaláveis;
o que nos resta...

mimos

soube hoje, via um colega director, do envio de um autêntico mimo, uma preciosidade por parte dos recursos humanos do ME;
um ppt sobre como conduzir uma reunião (envio da ordem de trabalhos, duração, hora e local, os agradecimentos), bem como os tópicos sobre a possibilidade de uma reunião correr mal (não ser necessária, ser mal conduzida, não ter pontos de interesse), etc;
das duas três, ou alguém naquela direcção geral descobriu que a maioria dos directores é recente e não tem formação, sendo necessárias estas orientações, ou, por outro, terão ensandecido de vez fruto do PEC local ou, finalmente, ninguém sabe o que anda a fazer;
acresce que o director geral da coisa ainda no ano passado era director de uma escola;
será que decorre da sua experiência?

formas

apesar das medidas anunciadas e de todas as cabeças terem a sua sentença, não fujo à regra, continuo a pensar que boa parte da emorragia financeira da administração pública, decorre da má gestão, da ausência de uma estratégia consertada e coerente da acção pública;
a lógica instalada há muito nos modelos de gestão nacional deixam importantes e significativas franjas de desperdício;
ou é pelo lado do assistencialismo, ou é pelo lado da ineficácia e ineficiência da gestão;
e não vejo grandes alternativas - nem pelo lado do siadap, que já foi engulido pelo sistema, nem pela formação em que vejo chegar recém licenciados e mestres com vícios de forma...

música

no meio das vicissitudes do PEC(cado) original quase que nos equecemos daquilo que afinal alimenta o espírito, a música;
e hoje é dia internacional da música;