sexta-feira, 22 de julho de 2011

seguro

finalmente chega o dia das eleições socialistas; 
finalmente porque eu e certamente todos os socialistas, tenho sido bombardeado com sms, e-mail, post aqui e acolá, correspondência devida e indevida que chegou ao enjoo; 
vou votar seguro, sem grande segurança; 
há 6 anos foi para mim mais fácil escolher sócrates, entre joão soares e manuel alegre na altura optei por quem poderia representar um futuro e não um olhar atrás;
hoje, entre seguro e assis, a afirmação é entre farinhas do mesmo saco; reconheço a seguro uma esquerda moderada, de afirmação social respeitando os famigerados mercados, traços que se cruzam com guterres (para mim indiscutivelmente o maior líder socialista); a assis a agilidade intelectual, o pensar a esquerda e a acção política; 
entre um e outro e para além das minhas opções, reconheço que a campanha serviu para animar as hostes e rever pessoas que há muito se tinham afastado, talvez sirva para se começar um novo caminho... ou ciclo...
(já agora, tenho as quotas em dia)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

balanço

apresto-me a terminar mais um ciclo da minha vida profissional; a passagem pela direcção regional de educação termina - nem abordo contextos ou circunstâncias, são, neste momento, perfeitamente prescindíveis; 
procuro fazer um género de balanço, entre o que se ganha e o que se perde, envolvendo, acima de tudo, relações e emoções; 
reconheci dinâmicas, algumas manifestamente congeladas no tempo, outras novas; apercebi-me de processos de municipalização interessantes, outros instrumentais; deu para perceber como as políticas acabam por interferir nos processos de gestão escolar, nos resultados; foi perceptível perceber quem tem uma ideia de escola e quem corre atrás de uma; quem age e quem reage; quem gere por uma imagem e quem promove conteúdos; 
pessoalmente saio sempre mais rico, mais conhecedor; cometi erros e omissões, só não o faz quem permanece quedo, mas, como sempre, assumo a tranquilidade da minha consciência; há quem goste como há quem saiba apontar mais defeitos que preceitos, como sempre, somos sempre um pouco treinadores de bancada; 
acima de tudo deu para perceber que há espaço importante para as direcções regionais, mas que a sua organização e actuação deverão ser repensadas e reequacionadas; 

questões

perante esta pergunta:


a mais óbvia das questões; mais do que reduzir o número de alunos por turma, mais do aligeirar a carga burocrática a que os docentes estão sujeitos, mais do que reforçar horas e mais horas para o estudo das mesmas coisas, mais do que disponibilizar recursos e meios, a redução do número de turmas por docente poderá ser um dos caminhos mais firmes e convictos para o sucesso escolar e educativo, de alunos e da escola, dos professores e das políticas educativas;
já tive mais de duzentos alunos, torna-se manifestamente impossível assegurar a mesma paciência para todos os alunos e para todas as turmas, torna-se quase que impossível conhecer dificuldades e características de cada um, o mais fácil e prático, é acentuar a linha de montagem escolar e educativa, homogeneizar procedimentos e métodos, tratar todos de igual forma, não havendo forma mais injusta que esta pretensa igualdade; 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

gestão

tenho de reconhecer que a gestão do silêncio, por parte do governo, excede um pouco as minhas expectativas; 
depois da criação de sound bites, daqueles que procuravam manchete e ruído de distracção, passou-se para o extremo oposto em que comentários não há, fazendo-se notar uma contenciosa contenção verbal; 
é certo que nem sempre há possibilidades de se fazer o que se prometeu e lá o primeiro-ministro misturou, indevida e contrariamente ao defendido, partido com governo, ou o seu inverso, que nem todos os governantes estavam preparados, isto é, conhecedores do que iam enfrentar e, antes que entre mosca ou saia asneira o melhor mesmo é estar calado; 
é certo que apenas se regista oposição na estrema esquerda, o ps anda entretido a contar espingardas, mas tenho de reconhecer que a gestão do silêncio se torna ruidosa... e proveitosa...

digital

uma das muitas curiosidades que sinto é aquela de me perguntar por onde passará o futuro do digital;
desde o cloud compunting, às redes abertas, à rede 4G que se prenuncia, passando pelas imensas redes sociais - onde a google quer reconquistar espaço - ou mesmo pelo trabalho docente, nomeadamente pelos registos dos professores;
agora, nas marcações que tenho no google, apareceu-me mais um desafio, o da escrita;
a questão coloca-se entre a escrita digital, esta mesmo decorrente de um qualquer teclado, real ou virtual, e a escrita cursiva, manual, da tradicional caligrafia;
o mundo transforma-se, como sempre, mas agora temos oportunidade e possibilidade de participar nesta transformação, de sermos sujeitos e não meros objectos da transformação;
e isto tem toda a diferença...

domingo, 17 de julho de 2011

análise

o miguel tem uma entrada digna de reflexão; 
perante os resultados das provas de aferição e dos exames nacionais, não há cão nem gato que não procure causas, culpados, circunstâncias directas ou indirectas, internas ou externas, endógenas ou exógenas para os resultados;
faço parte desse coro e procuro, perante os elementos que tenho, perceber algum dos porquês; 
o miguel tem toda a razão quanto ao papel do conhecimento na justificação do que que quer que seja, também o conhecimento, por muito científico que se afirme, carrega em si ideias, valores, crenças quando não mesmo modelos que, para o bom e para o mau, condicionam perspectivas e destacam uns lados em detrimento de outros e, assim, condicionam ou procuram condicionar a decisão política; 
já não terá tanta razão no título da sua entrada, em que afirma que conhecimento e política se jogam em campos diferentes, aí discordamos e daí este meu comentário;
conhecimento, política e decisão não são caminhos lineares nem assentam naquelas pretensas racionalidades weberianas de uma burocracia organizada a que uns compete uma coisa e outros outra; hoje há uma imbricação conjunta de situações e a decisão nunca se finaliza é sempre e apenas um dos processos, uma etapa entre muitas outras; 
temos tido, nos últimos anos, a prevalência de um dado conhecimento no apoio à decisão política; hoje temos um outro; nada tenho em que a política se apoie no conhecimento para a justificação ou legitimação da sua acção [só a título de exemplo espreitem este sítio sobre as relações entre conhecimento e política]; já tenho algum problema quando a política se mascara de cientificidade para fazer... política;
nem o conhecimento é asséptico nem a política (ou, pelo menos toda a política) está conspurcada; 
e os resultados das provas são disso exemplo; não basta definir uma qualquer cientificidade para que apareçam resultados, a educação e o ensino em particular, têm em si demasiadas variáveis para que possam ser controladas laboratorialmente; isolamos algumas, mas lá aparecem outras, controlamos outras, enquanto outras divagam por entre os resultados; 
numa perspectiva de análise considero que os resultados decorrem de duas ordens de razões; uma de organização, o sistema continua a ser mexido incessantemente não permitindo estabilidade e coerência na acção educativa e, nos últimos anos e pelo que se perspectiva nos próximos, assim continuará; não há instituição, empresa ou organização que consiga coerência de resultados no meio da balbúrdia e da confusão; precisa-se, com urgência, de estabilidade, de pequenos acertos e rectificações, pois as grandes reformas, bem ou mal, foram feitas; mas organização também ao nível da escola e da sala de aula que permanece em estrutura típica dos anos 80/90 do século passado, desfasada, desadequada de um tempo marcado que é pelas redes, pelas heterogeneidades, pela diversidade e pela multiplicidade; circunstância que é, para todos os efeitos, o grande mote na argumentação dos professores
e é este que me remete para o segundo factor com interferência directa nos resultados, a formação; há muitos e alguns muito bons profissionais, novos e menos novos, gestores e docentes, pessoas que amam aquilo que fazem e se dedicam de corpo e alma ao que fazem; mas não é de voluntarismo que a educação precisa, é de profissionais, que não se fiquem pela formação inicial e por uma ou outra medida avulsa, por obrigação, da chamada formação contínua; formação contextualizada, situada, adequada, sem a crença que existem milagres para resolver a indisciplina, o desinteresse, o alheamento ou a indiferença do aluno perante aquilo que o professor tem para dizer; uma formação que permita pensar, local e contigencialmente, perspectivas, hipóteses, tentativas de levar o aluno ao objectivo de toda a escola, a sua formação; uma formação que fomente o trabalho colaborativo, mas não caia na reunite aguda, que acentue as parecerias, sem fazer delas uma linha hierárquica, que promova o trabalho de equipa mas saiba respeitar as individualidades, que promova um espírito comum, sabendo-se da necessidade de espaços pessoais, que articule e potencie, em vez de minimizar ou reduzir; 
entre organização e formação na região nota-se o desfasamento entre uma e outra, patente no alheamento das instituições do ensino superior público na imbricação com o quotidiano educativo; os teips regionais são acompanhados por instituições de lisboa, setúbal ou faro, incrível; o mais sucesso, que tem um docente da universidade de évora como principal teórico e responsável, anda a milhas das escolas;
neste processo não aponto um dedo a um culpado; há culpados, vários e com várias implicações, o certo é se acentuam diferenças e se percebe que, afinal, a escola não é assim tão pública e que a licealização permanece, quando não se reforça; 
sinceramente teria muito mais para escrever, fico-me por aqui, pois não estou habituado a posts tão extensos; mas é de análise que se trata...

passeio

os filhos dão descanso [?] aos pais em fim-de-semana; os pais aproveitam o tempo e desfrutam da companhia;
o tempo não está por aí e além, para passeios mais culturais as distâncias, a partir daqui da aldeia, são na casa da centena de km; para além dos custos ficamos sempre com o travo na boca da ausência dos filhos;
a opção foi ir passear à barragem do divor, espelho de água cá do sítio;
pobreza franciscana aquela com que deparamos, certamente por má fé das políticas de direita; lixo por todo o lado, falta de civismo, campos desbravados de carros e outros se cruzarem por onde não devem, ausência de espaços de lazer, de estruturas de apoio que permitam que o espaço seja zona de lazer e convívio; estrada manhosa que apela à presença dos tt;
são oportunidades desbaratadas e ao desbarato...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

tanga

já agora e se os homens podem prescindir da formal gravata, porque não impor a utilização da tanga às senhoras?
afinal, sempre existiria continuidade entre o estarmos de tanga e, aproveitando o pseudo calor deste julho, se obrigarem as meninas e senhoras a andarem mais... interessantes, direi;
sempre animava a coisa

estratégia

pensar que as orientações políticas, ou a sua falta, são coincidência, é pior que, como eu, acreditar no pai natal e no coelhinho da páscoa;
nota-se uma estratégia concertada da acção política deste governo, que medeia o desfrute do estado de graça e o benefício das dúvidas; 
os ministros organizam dossiers, implementam medidas de política que mais não são que uma tentativa de marcar a agenda; 
e nós, tugas de parcimónia assumida, cá nos aguentamos enquanto nos roubam vencimentos e sonhos...

curiosidades

apesar de novinho no sistema educativo, ainda hoje tive conversa com gente que há muito acompanha e participa no sistema, reconheço o retorno de algumas curiosidades;
por exemplo, a publicação ou, melhor dito, a divulgação, no sítio do ministério da educação, das orientações curriculares para o próximo ano; em anexo, sem mais;
apesar de novinho sou do tempo em que um ofício circular tinha tanta ou mais força que qualquer diploma publicado em diário da república; um esclarecimento ou nota informativa quase que se substituía a diplomas legais;
será, que se retoma a mesma história? seria, no mínimo, de evitar...

continuidades

aparentemente o senhor ministro da educação, o novo, parece que não fez o trabalho de casa; há diferenças significativas entre aquela que e opinião e aquilo que é uma realidade administrativa; 
perante os resultados dos exames nacionais, anuncia mais do mesmo, mais tempo para aquelas disciplinas que, por enquanto, são sujeitas a exame, a língua portuguesa e a matemática;
e quando a sociedade se surpreender com os demais exames que, quase que garantidamente, por aí virão?; 
se os exames se generalizarem devem faltar horas na semana para que os alunos possam treinar matérias e conteúdos; 
em alternativa safar-se-ão aqueles que têm possibilidades de recorrer às explicações; a escola pública, essa, pode esperar...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

desafios

já disse e muito escrevi que aquilo que gosto mesmo é de desafios, enfrentar o marasmo, quebrar rotinas, animar os dias;
por falta de soluções ao tempo, apresentei-me como possibilidade para um desafio para o qual não perspectivava hipóteses; sei agora que foi aceite;
dia 1 de agosto arranco de férias para novo desafio - lá se foram as férias; 
a seu tempo comentarei, mas expectativas não faltam, como não falta equipa, condição essencial para o desafio;
vamos ver do que somos capazes...

resultados

os resultados - provas de aferição e exames nacionais - segundo a imprensa, pioraram significativamente este ano;
para além do" ajustamento do nível de exigência, concretizado numa acrescida complexidade de alguns dos itens"  acresce a variação das provas de uns anos para os outros, dos critérios de classificação, sem que exista uma estabilização do que é pretendido e de como é avaliado, uma regularidade que permita perceber processos e procedimentos; 
os culpados serão vários, consoante as perspectivas adoptadas, do aluno, que não se esforça nem se aplica, dos professores, que não exigem e se dispersam por papéis e papelada, dos pais e famílias, que se desligam de responsabilidades, do ministério que exige em excesso, ou mesmo da própria sociedade que desvia atenções;
continuo a defender o mesmo de sempre, apesar da persistente mudança do sistema, em que todos os governos e ministros gostam de deixar a sua marca, enquanto não se alterar a dinâmica de sala de aula, os resultados não se alterarão e aí uma concordância com o actual ministro, é essencial mexer na formação (inicial e continua) dos docentes, arreigados que estão a modelos e práticas pedagógicas hoje manifestamente desajustadas do século xxi;

sábado, 9 de julho de 2011

desafio

como pessoa de processos aceito os desafios como coisa natural e normal;
gosto de desafios, pronto, são eles que aquecem os quotidianos, estimulam a adrenalina, perspectivam oportunidades ou simplesmente momentos;
pediram-me uma solução, não a consegui arranjar, então afirmei a minha disponibilidade para fazer parte da solução; um amigo e a família assim o determinaram;
mas já dei pelo facto que, apesar de me pedirem uma solução, havia quem já a tivesse pensado e que não passará pela minha pessoa;
lento que sou, ingénuo que me afirmo, apenas deixei a hipótese; mas para que me pedem soluções?
é a mesma coisa com os filhotes e com os alunos, se sabe para que é que pergunta?

obrigado

na minha comemoração do oitavo aniversário gostei particularmente da presença de um colega de há muito;
bimbo de nascença e por opção, cirandou pela planície enquanto houve sol, rumou a casa e agora atura-me a escrita, certamente que quase sempre com a sua perspectiva crítica e certeira;
afinal a escola e as amizades são ponto de encontro de muitas opiniões, obrigado, jorge, um forte abraço e que te portes mal... como hábito...

mais dúvidas

apesar de o governo, por intermédio do novel ministério da educação, não querer perder o estado de graça, é certo que há duas situações que se insurgem pelo meio de dúvidas;
primeiro, será que há continuidade de políticas, nomeadamente ao nível da reorganização da rede educativa;
como irá gerir o currículo e a necessidade de cortes orçamentais assumidos com a santíssima tríade;
tudo se espera até final do mês, até lá, espera-se...

dúvidas

mudou o governo, mudaram opções e sentidos políticos, é perceptível para quase todo o comum dos tugas;
mas considero engraçado ouvir aqueles que foram nomeados políticos a defenderem agora o seu papel técnico; 
mas também ouvir aqueles que eram, antes, técnicos, a defenderem as nomeações políticas; 
pela santa terrinha poucos foram aqueles que assumiram a saída;
afinal, todos vamos aos supermercado e a vida custa a todos;
são dúvidas que se insurgem pela política...
por estas e por outras fico a apreciar a caravana a passear...

sexta-feira, 8 de julho de 2011

início

há sempre um princípio para tudo, uma primeira vez, o inicio da caminhada, um primeiro pontapé;
há qualquer coisa como 8 anos iniciei esta escrita, escrita e presença que se tornou tão viciante, quanto desafiante;
ao princípio era pela mera curiosidade de perceber qual a minha capacidade de escrita, de deixar rasto naquele que é o planeta cada vez mais individual e povoado; progressivamente tornou-se desafio, espaço de confronto, de troca e partilha de ideias, argumentos, pontos de vista, olhares; neste processo passei por diferentes sítios, relacionados que estavam - como aqui sempre o afirmei - com os meus contextos, pessoais, profissionais, de escrita; 
já por diversas vezes tive vontade de colocar um ponto final, concluir não só a frase mas o próprio texto; não resisto, como se fosse mais um cigarro, só mais esta vez, só mais uma e aqui acabo, uns dias mais outros nem por isso, a escrever, como se tivesse alguma coisa para dizer e essa coisa fosse lida por quem fosse; 
descubro sempre que sou lido, que há quem perca tempo a passear por este espaço, reconheça opiniões e divergências, coerências e contradições, protagonismo saloio da minha pessoa como desculpa esfarrapada de evidenciação; 
mas é apenas escrita, o vício de escrever, que teve início à 8 anos atrás...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

seguro

estive ontem na assistência a ouvir tó-zé seguro; 
gostei, interessante do ponto de vista ideológico, onde destaco duas ideias essenciais:
as soluções não podem ser nem individuais, nem particulares, mas definidas no contexto de uma união europeia que tem e deve assumir a solução do colectivo e não o incentivo ao salve-se quem puder;
segunda ideia refere-se ao outro papel que compete à esquerda e, particularmente, ao ps na afirmação da dimensão social do Estado, na criação de alternativas aos ventos liberais e conservadores; alternativas que têm de passar pela abertura, pluralismo, estabelecimento de consensos e pontes;
sinceramente gostei e reforcei a minha posição de apoio...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

estado

nota-se e sente-se um certo estado de graça dos portugueses ao governo; é partilhado tanto pelo comum do cidadão como pelos fazedores de opinião; parece mal, passado tão pouco tempo sobre as eleições e particularmente da plena constituição do governo, que ninguém diz mal, critica ou insinua o que seja;
é comum um a ver vamos, esperar para ver, deixar os homens e as mulheres conhecerem os cantos à casa, afinal isto estava tão mal que é preciso algum tempo;
mas há duas ideias que me ocorrem - para além da assunção assumida (passe a redundância) entre o dito (em campanha ou na veiculação da opinião) e o feito (enquanto actor ministerial):
uma decorre do desequilíbrio do governo, que já aqui destaquei; mas não é apenas um desequilíbrio entre técnicos e políticos, desequilíbrio também entre gestores e tecnocratas, entre objectivos e intenções, entre estratégias e opções; é um desequilíbrio que, passada que for a tolerância, se irá reflectir na acção pública e na decisão política e que, consoante as circunstância, irá ser terreno fértil para a molhada;
como segunda ideia destaco o silêncio, enquanto forma de fazer política; é reconhecida alguma saturação de caras políticas que, por dá cá aquela palha, apareciam na tv (em entrevistas, comentários, análise ou como politólogos); agora prima-se pela ausência, desde os ministros marcadamente políticos (ausentes) aos técnicos tudo é parco em aparições e mais ainda em comentários ou explicações; repare-se como apareceu o imposto sobre metade do subsídio de Natal, apareceu mas não há comentários, não se alimentam especulações, não se incentivam argumentos;
entre desequilíbrio e silêncios, procura-se substituir uma dimensão política, inerente a qualquer governo, de um qualquer país, por uma pretensa dimensão técnica, como se esta não assumisse o seu quinhão de político, não enformasse de valores, ideologias, crenças e credos; como se o político (aquele que escolhe e decide) fosse sujo, estivesse conspurcado, e, do outro lado, o técnico, limpo, higienizado, asséptico;
é um estado que durará até novas oportunidades...

segunda-feira, 4 de julho de 2011

oculto

um colega meu diz que eu acredito em bruxas, acreditar, não acredito, mas que elas existem, existem;
isto porque os novos protagonistas do poder deparam-se com poderes com que os partidos lidam com manifesta dificuldade; dizem respeito a um conjunto de sociedades, umas mais secretas que outras, umas com mais visibilidade que outras, que condicionam o mando; a imprensa raramente fala numa ou noutra; uma ganha mais visibilidade social que outra consoante as circunstâncias e os momentos; perdem-se os contornos do secretismo, mas ganha-se em eficácia;
pela santa terrinha do alentejo nota-se, inclusivamente, um cruzamento contra-natura entre uns e outros na gestão dos interesses, no equilíbrio de situações, na gestão política; 
é coisa que me repugna significativamente, pois não há controlo democrático sobre esta acção e a discussão acontece ao arrepio da transparência; 
por estas e por outras nunca serei ninguém na política, obediência devo-a apenas à minha consciência e não a crenças ou a credos e bater-me-ei sempre pela transparência e pela democracia que esta gente entenda apenas de acordo com os seus interesses;
é de oculto que se trata e nada pior para a democracia que o oculto...

sexta-feira, 1 de julho de 2011

propostas

a discussão hoje, em sede de parlamento, sobre a questão educativa evidencia duas situações incontornáveis na política nacional;
uma primeira refere-se à ambição que qualquer governo e qualquer ministro utilizar a educação como plataforma ideológica da sua acção governativa; o discurso do novel ministro, mesmo quando mostra referências contrárias à ideologia, afirma-se nela, numa outra perspectiva, para defender a sua acção governativa; desde sempre presente que a escola e a educação são áreas privilegiadas de confronto ideológico - este governo não podia perder a sua oportunidade, pois claro;
como segunda referência, o gosto, sempre presente, em todos os governos e em todos os ministros da educação, de virarem o sistema, regressar ao princípio como se fosse este o princípio; nuno crato hoje abordou praticamente todas as áreas da educação, desde os serviços do ministério aos resultados escolares, passando pelos diferentes sistemas de avaliação, programas, currículos, exames, etc, etc; ainda que numa ou noutra área tenha reconhecido que existem diferenças entre o que se diz e defende e aquilo que é possível de aplicar, quando honestamente afirmou que não sabe como se irão processar algumas das mudanças, não deixa de ser elucidativo da sua sofreguidão para mexer no sistema; 
e o sistema que se dane, afinal ele tem aguentado com tudo e com todos e, por muito incrível que por vezes possa parecer, continua a funcionar...

preliminares

os dados preliminares dos censos 2011 mostram aquilo que, por diversas vezes, afirmei em assembleia municipal de arraiolos, ou seja, este concelho perde gente enquanto, na generalidade, os concelhos do eixo da EN4 ganham gente, crescem; 
são elementos evidenciadores da incapacidade de fixar a sua população, e não falo já em atrair gente, coisa que até tem acontecido para freguesias - como a igrejinha - votadas ao abandono;
eu sei que há sempre as desculpas de governos e das políticas de direita, mas as capacidades e competências vêem-se nesses momentos e na criatividade que se destaca noutros concelhos para fazer face ao progressivo esvaziamento do interior; 
por arraiolos é a modorra, o sereno deixa andar que a culpa é dos outros...