quinta-feira, 24 de março de 2011

contentes

dá para perceber, pelo menos pela blogosfera, que a comunidade docente ficou contente com a pretensa retirada de sócrates;
haverá razões para tal? será que o que se segue é melhor e mais adequado? será suficiente a retirada de uns políticos para inverter políticas? será que se aliviarão tensões e se retirarão ilações? quais os sentidos pelos quais se debatem as políticas educativas? 
muito sinceramente tenho dúvidas dessa alegria, do que ela possa perspectivar, do que se insinua por entre ementas de governo e menus de políticas;
cá estaremos para ver, sentir, apreciar e discutir... 

pena

ontem, durante a ocorrência que conduziu à demissão do primeiro-ministro, estive ausente, só pude apreciar os comentários e as análises em segunda mão;
entre a rádio que troava no carro e os apontamentos televisivos, ficou-me, reconheço, um traço de pena;
pena por ouvir comentarista, alguns de renome, outros que aprendi a ouvir, a tecerem as mais infames considerações sobre o trabalho político, o debate parlamentar, a democracia; 
como se a democracia atrapalha-se a análise jornalística, interferisse na crise, condicionasse as opiniões; 
tive pena ao ouvir um senhor na antena 1 a dissertar as mais levianas e idiotas considerações sobre aquilo que se tinha passado na assembleia da república, e não foi a saída do primeiro ministro, nem os apartes de um ou de outro deputado, foi mesmo sobre tudo e sobre todos, como se, em crise, a democracia devesse ser suspensa;
é pena...

apresentação

hoje estive por lisboa a ver e a aprender na apresentação daquela que foi a primeira a chegar-se à frente da escola de lisboa;
uma tese sobre o processo de auto-avaliação das escolas;
deu para aprender, a perspectivar modos e estratégias de poder jogar na antecipação, se é que ela existe perante uma bancada de 6 elementos, por mero acaso hoje todos de preto;
o difícil mesmo é lá chegar, é chegar a este ponto em que o frente a frente é manifestamente desigual, mas para o qual teremos de estar preparados e a graça estava;
nota máxima com unanimidade; nem mais...

s.f.f.

sobre a crise, uma pequena frase e o pedido que não me levem a mal;
sr. dr. antónio costa, presidente da c.m. de lisboa, chegue-se à frente, s.f.f.

quarta-feira, 23 de março de 2011

burrocracia

em tempos de neo-institucionalismo a burrocracia domina grande parte dos serviços e da organização da administração pública;
visível no gosto que os burrocratas não sentem quando se questionam as suas pretensas decisões, quando se pergunta do porquê, quando se interrogam critérios e orientações;
os burrocratas não gostam de ver questionadas as suas decisões, pretensamente iluminadas e soberanas, não gostam de ser confrontados com as suas magnânimas decisões;
gostam da linearidade, da verticalidade acéfala, do amorfismo, em tempos plurais e diversos;
mas é disto que temos, e muito, de sobra...

margens

ponho-me quase sempre a jeito;
não é por mera incompetência, apesar de também estar presente essa minha dimensão;
é mais por gostar de aproveitar zonas cinzentas, margens desafogadas por tudo ou por todos;
há semanas atrás realizei uma primeira acção de trabalho com as escolas da zona, hoje realiza-se a segunda, em tempos em que as questões são muito superiores a qualquer resposta são riscos que se assumem em prol da escola e do trabalho educativo;
são formas de entender o meu trabalho e concretizar objectivos, dando oportunidade aos comentários internos;
que me aguente, pois claro...

primeiro

hoje será, quase que inevitavelmente, o primeiro dia do resto das nossas vidas;
recupero esse mesmo tema, na letra e música de um notável contador de histórias;
mais vale assim, servirá para ou clarificar situações e posições, de cada partido, de cada proposta, ou, em alternativa, para reforçar o manto nebloso do nosso palco político e institucional;
valha-nos a música...


terça-feira, 22 de março de 2011

dúvidas

uma das questões com que as escolas se debatem é a manifesta dúvida, quando não mesmo incerteza, entre processos e produtos;
não advogo o quantitativo, mas torna-se essencial olhar os processos pelo lado dos seus resultados, daquilo que se obteve; de pouco importa uma teimosia nos processos quando eles levam a nada;
é, reconheço, uma cultura instalada, muita das vezes auto-justificativa dos próprios processos e algo incapacitante da auto-avaliação;
tem sido esta cultura que tem arrastado a escola, nomeadamente a do alentejo, para o fim das tabelas quanto a resultados, quando, pelo lado dos processos, se acumulam condições;
como inverter esta cultura é um dos desafios...

inversão

ele há coisas que mexem comigo;
ontem ouvi um texto onde estava presente todo um conjunto de ideias que, de alguma forma, têm condicionado e limitado as políticas educativas;
nota-se, no meu entendimento, uma inversão de princípios;
têm preponderado - e certamente ir-se-ão reforçar - retóricas quantitativas enquanto elementos justificativos das opções políticas, quando defendo exactamente o seu contrário, isto é, uma retórica política, onde se destacassem opções e sentidos sociais, com justificações quantitativas, sejam elas dos rácios ou dos custos ou beneficíos;
isto, este sentido, é, no meu entendimento, a melhor expressão daquilo que se valoriza, a dimensão social em detrimento de opções marcadamente liberais e quantittivas...

descontracção

uma das coisas que irei gostar lá mais para a frente será da descontracção da minha escrita, hoje algo condicionada pelas diatribes da minha pessoa;
ainda assim, há quem me diga que escrevo demais;
pois, se eu me esticasse é que era o bonito;
não receio a escrita, mas reconheço algumas (auto)limitações ao fluir dos textos;
lá mais para a frente darei início, ainda não sei se público ou privado, às pequenas estórias de um quotidiano passado na administração desconcentrada da educação;
mas isso é lá mais prá frente...

segunda-feira, 21 de março de 2011

alternativa

no meio da crise deixem-me ser persistente;
considero, pessoal e individualmente, que a solução da crise passa mais pelo ps que por coligações de direita;
passa por um ps que seja capaz de aliar a sua mais profunda matriz social e ideológica com os tempos, os desafios, a necessidade de nos repensarmos, os anseios e as expectativas das pessoas;
passa por um ps que seja capaz de mobilizar pessoas e ideias, encontrar outras soluções dentro do mesmo quadro ideológico e social;
não revejo numa eventual coligação de direita a capacidade e interesse no reforço da sustentabilidade do Estado social, no esbatimento das diferenças entre interior e litoral, urbano e rural, norte e sul;
não vejo também à direita a defesa de uma escola pública que seja capaz de esbater as diferenças de oriegem e, pelo contrário, perspectivo o retorno a uma aparente meritócracia retórica;
mas isso sou eu, pois claro...

considerações

em fim de festa ou de simples ciclo, fico algo surpreendido quando algumas pessoas tecem considerações negativas pelo facto de me aprestar a voltar à escola;
a escola é vista como castigo, pena, descrédito;
nunca assim a vi, muito pelo contrário, é porto de abrigo que, apesar das tempestades, me permite uma muito maior serenidade;
além do mais quem tece esse tipo de considerações não deve gostar da escola, eu gosto, gosto da sala de aula, dos miudos, das conversas na sala de professores, do burburinho dos corredores, até de ouvir as opiniões e algumas aleivosias nas reuniões, de aprender com quem tem ideias feitas e certezas inabaláveis;
se voltar à escola não me importo...

distância

foi um bom fim-de-semana;
desde logo com andorinha na 6ª feira, depois longe da máquina, do trabalho fechado em casa;
foi passado debaixo de um sol que picava nas costas e fazia transpirar;
andei de roda da horta, um entretem leve, que me cansa o físico e me descança a mente,
pronto para mais, venha o que vier...

quarta-feira, 16 de março de 2011

hábito

não sou rapaz de meias tintas, de me deixar levar por ondas ou ventos;
gosto de assumir as minhas posições e defender as minhas ideias, independentemente de modas, modos ou do que seja;
sempre me pautei por este princípio, umas vezes traz coisas boas outras nem tanto;
há 6 anos atrás, ainda muitos andavam a perceber qual a sua família política, assumi a minha posição em defesa de sócrates; discutia-se então qual o candidato a lider do ps;
hoje considero que é necessário e imprescindível alterar alguma da prática política, dos modos de organização do partido, garantir uma mais adequada separação entre o que é o partido e o que pertence ao governo, dar voz às pessoas e fazer-se ouvir;
vai daí e assumo, uma vez mais, a minha postura e subsrevi a moção ps vivo, portugal postivo;
é nos momentos de dúvidas que nos devemos assumir, isso é política...

segunda-feira, 14 de março de 2011

beco

manifestamente estamos num beco, mesmo daqueles sem saída nem alternativa;
a crise política está instalada, nada melhor que eleições para sacudir a água estagnada do pântano em que se caiu - ou em que fomos colocados;
contudo e apesar da manifesta soufreguidão laranja, não vislumbro alternativas que permitam pensar que, com outro partido, as coisas poderiam ser diferentes, se aliviassem os impostos, baixasse o preço dos combustíveis, existisse mais e melhor emprego, se acabasse com a avaliação de desempenho docente, que a administração pública funcionasse melhor;
mesmo indo para os extremos, bloco ou pp, não consigo perspectivar que o rumo fosse diferente; a prática política essa seria certamente diferente, mas não a seria na decisão, condicionados que estamos por bruxelas sem rumo nem eira nem beira;
é num beco que estamos e, muito provavelmente, a única alternativa será a da inversão de marcha...

sexta-feira, 11 de março de 2011

políticas

a juventude tem andado, enquanto conceito e ideia, na boca de alguns políticos e manchete de jornais;
a juventude, por muito incrível que possa parecer, é uma construção sociológica relativamente recente, na casa da década de 80 do século passado - ainda que se possam procurar raizes um pouco mais atrás;
foi a partir daí que se apresentaram as primeiras medidas de política que procuraravam responder a uma crescente massa de gente, vista cada vez mais, como esperança e oportunidade - de consuno, de desenvolvimento, de trabalho, de políticas, de educação;
o crescente protagonismo a que tem estado sujeita é reveladora de, entre outras que se podem destacar, duas dimensões:
um quase que completo falhanço das políticas de juventude - o ipj não tem sido capaz de integrar e articular as diferentes medidas sectoriais, o facto do ipj alentejo estar sem chefia há mais de 4 meses é disso revelador;
a crescente desadequação das expectativas da formação escolar e a correspondente ligação ao mundo do trabalho - que provoca desemprego, onde a escola é vista como mero instrumento de mobilidade social ou económica;
e é neste pé em que estamos e não se vislumbra saída...

quinta-feira, 10 de março de 2011

dos outros

de quando em vez comento, agora aproprio-me do texto, com a devida referência a um amigo destas lides:



se juntarmos a esta consideração o manual de governo do psd então corremos o sério risco de, descupem lá qualquer coisinha, sairmos da merda para ir para o atasqueiro;

oportunidade

desde o século xvi que o país tem andado de oportunidade em oportunidade... perdida;
desde os descobrimentos aos fundos comunitários de finais do século xx, passando pelo ouro do brasil ou pelas terras africanas, foi areia que nos passou pelos dedos;
a História tem ensinado pouco - ou nada - aos nosso políticos;
mesmo nos tempos de crise, das vacas magras, temos aproveitado pouco, muito pouco, para nos reorganizarmos e perspectivarmos novos e diferentes sentidos colectivos;
recentemente perdemos a oportunidade do plano de reestruturação da administração central; excelente iniciativa que deu em nada;
perdida a oportunidade confrontamo-nos com as dúvidas e incertezas sobre qual o papel do Estado;
para o comum dos portugueses o Estado continua a variar entre uma imensa seguradora (que abrange desde os riscos naturais aos planos de saúde e educação) ao maxibombo onde todos zurzem como imenso culpado de gastos e luxos;
o próprio governo socialista, onde deveria estar inscrita a matriz ideológica do estado-providência, se mostra enrolado, não na seguradora, mas no zurzir nos custos e arranjar suportes de governo;
e cá estamos n´so, entre oportunidades que vimos passar ao lado...

certezas

estamos rodeados de imensas incertezas;
dos tempos, das decisões, das opções, dos sentidos pessoais, políticos e colectivos;
mas, depois do discurso de tomada de posse daquele que ainda está excessivamente formatado no lugar de primeiro-ministro, resta-me a certeza que os tempos serão de faca na liga e sangue no alguidar;
que cabeças rolarão, que tripas se verão essa é a incerteza que perdura na certeza dos confrontos...

papas

e papistas;
de quando em vez surgem aqueles senhores que gostam de mostrar trabalho, não estando interessado na sua qualidade ou eventual pertinência;
assim aconteceu pelos lados de coimbra onde, pelo que se fica a parecer, as opiniões podem ser de delito;
se assim for, o que dizer do senhor secretário de estado que diz o que todos os outros dizem, será que se coloca em causa o dever de lealdade... ou de fidelidade canina...

sexta-feira, 4 de março de 2011

palhaço

há muito que sei que a minha pessoa, o modo de eu estar e ser, incomóda muita gente; em contexto profissional ou político, são poucos os que simpatizam comigo, ou gostam ou simplesmente não gostam; há muito que sei disso;
a hipócrisia de uns e de outros manifesta-se entre sorrisos forçados ou simplesmente cínicos, que me leva a retribuir muito do mesmo, por muito que me custe;
de quando em vez não consigo e sou directo entre brincadeira e coisa séria, revelando um pouco da ignominia de uns ou de outros e que custa a engolir e me reservam brinde para a primeira curva em que me possam apanhar;
sempre que podem, retribuem, utilizando funções ou cargos, pequenos poderzinhos indirectos, sendo certo que raramente, muito raramente, tiveram a capacidade de me afrontar de forma aberta e directa, reservam-se na sua pequenez de sentidos e de oportunidades, garantidos que estão na sua imensa certeza;
por isso e por muito mais, este carnaval vou fazer o que não faço há muitos anos, vou mascarar-me;
e, para que não restem dúvidas, mascaro-me de palhaço;
não sabem eles que para se ser palhaço há que ser mais, muito mais, que simples gente...

crença

não sei se por questão de fé se por mera crença, ontem gostei particularmente de ouvir as palavras da ministra da educação aos directores de escola e agrupamento da minha terra;
casa cheia, pois as expectativas são muitas, silêncio aqui e ali entrecortado por conversas de ouvido, comentários a isto ou àquilo que era dito;
mas foi dito de forma directa, aberta, sem rodeios, não escondendo nem omitindo que aquilo que se trata é de contenção, cortes, de dividir o esforço da dívida pública por todos, que as escolas fazem parte da administração pública e que as regras têm de ser claras e transparentes e os critérios idênticos;
que não vale a pena complicar o que já de si é complicado;
também houve os espaços de interpretação aleatória, que cada qual lerá de acordo com os seus interesses, informação ou meras preocupações; desde a rede do 1º ciclo às agregações as respostas foram politicamente correctas e juridicamente inócuas;
nos tempos que correm o espaço para argumentação pedagógica é muito curto e pode facilmente ser entendido como desculpa esfarrapada, justificação política, e não foi isso que aconteceu;
agora entre discursos e práticas, tanto políticas como dos senhores directores, vai um enorme fosso, de descontentamento, de angústia, de dúvidas que pode levar a que tudo fique na mesma... ou pior...

quinta-feira, 3 de março de 2011

dúvidas

este texto vai ao encontro daquilo que afirmei mais abaixo, que os tempos são de mudança e incerteza, que os sentidos são de duvidosa concepção;
afinal em que ponto nos posicionamos, entre a escola para todos e a escola para tolos, qual o papel da escola, entre a reprodução social, de modelos e ideias, valores e ideologias, e a reflexão entre o que temos e o que queremos;
é certo que o sistema educativo - e não só - se encontra entalado numa encruzilhada de sentidos; desde a revolução francesa, com os seus ideias e valores de liberdade, democracia e igualdade, do bom cidadão de rousseau aos tempos presentes de polivalência, flexibilidade, criatividade e autonomia, tudo importante desde que enquadrado em padrões de eficácia e eficiência;
à escola tem sido solicitado um pouco de tudo, que forme com autonomia e responsabilidade, desde que na regra predominante, forma para a cidadania desde que na norma política, que se evitem os comportamentos sociais de risco, desde que nos valores predominantes, que, entre a história e a matemática, a geografia ou as ciências, se fale da língua, desde que se respeite aquilo que camões nunca escreveu;
o difícil nisto tudo é perceber como nos organizamos, qual o papel da escola - entenda-se, do professor - num tempo marcado pelo fervilhar de informações tão diversas quanto dispersas, por múltiplos centros de atenção como são de conhecimento, num tempo em que os museus adquirem vida e a ciência se instala na rua, se pedem competências tão diversas quanto a sua amplitude e o trabalho já não é emprego mas reconversão, profissional, académica e social;
é nesta encruzilhada que estamos e iremos estar, pois as fontes de informação serão cada vez mais plurais e diversas, mais fiáveis e a requerer leitura crítica e reflexiva, que o trabalho em sala de aula considere o presente e o futuro, mas saiba respeitar a memória;

quarta-feira, 2 de março de 2011

apetites

não me tem apetecido escrever por estas bandas;
sinto demasiada confusão em redor para que a escrita possa fluir nas devidas condições;
sinto demasiadas contradições em tudo o que se escreve para que possa acrescentar alguma coisa de útil ou eventualmente pertinente;
a política está como está, do local ao internacional, é de reconfiguração que se trata, de alteração, para onde nos levará é a dúvida que poucos colocam mas muitos insinuam;
a educação entre dúvidas e ansiedades, incertezas e coisas banais que nos moem os dias e o espírito;
o meu próprio local de trabalho sujeito a um deixa andar, a ver onde nos levam dúvidas e incertezas;
as minhas próprias divagações estão condicionadas pela escrita de uma tese que não há meio de desenlear;
não há apetite para nada...