terça-feira, 31 de março de 2009

bem

tou bem muito obrigado;
na varanda cá de casa, com um ligeiro cheiro a madeira nova, acompanhado do cão que corre de um lado para o outro, num frenesim que me inquieta só de o ver;
apesar da brisa, algo fresca para dias que já afloraram a Primavera, é um prazer desfrutar da companhia de uma paisagem que se perde no horizonte, do som dos pássaros que quebra o silêncio e de um ou outro carro, lá ao fundo, que assinala que, afinal, não estou afastado da civilização;

coisas

ele há coisas que, por muito que procuremos uma explicação minimamente lógica e racional, se tornam difíceis de compreender;
a escola está em pausa, os professores em reuniões e atarefações várias, mas os rapazes não largam o portão da escola;
afinal, como costumam dizer, a escola é porreira, as aulas é que são uma seca;
agora, em pausa pedagógica, a escola ainda se torna mais atractiva para os estudantes; tem quase tudo o que procuram, menos as aulas...

reuniões

é tempo, pelas escolas, de reuniões de avaliação;
análise de processos e procedimentos, discussões sobre isto e sobre aquilo, destacam-se quase sempre, as diferentes lógicas e concepções de trabalho, de relacionamento, de procedimento;
chega-se quase sempre, é certo, a um acordo, seja por deliberação mútua, seja por determinação de um ou outro docente ou opção do(a) respectivo(a) directo(a) de turma;
mas percebo que entre papeis e papelada o tempo é cada vez mais escasso para a discussão de situações concretas dos alunos;
e penso, face às regras actuais, como seria um médico tratar dos seus doentes, quase todos de uma vez ou aos molhos, condicionado pelo tempo de análise, pela quantidade de procedimentos requeridos ou em face dos procedimentos mera e marcadamente administrativos;
desconfio que existiam menos doentes...

pequenos

em tempo de quase todas as eleições e quando me apercebo das propostas que quase todos os dias vão surgindo no âmbito autárquico, permita-se-me a divagação de perguntar;
qual o papel dos pequenos municípios face às políticas e ao contexto actual?
poderão os pequenos municípios desenvolver políticas públicas de âmbito local?
podem-se definir lógicas e procedimentos actuais que não passem exclusivamente pelo cimento, alcatrão, betão ou que tais?
que políticas locais serão mais coerentes com as características locais de um contexto de espaço e tempo?

sexta-feira, 27 de março de 2009

rosa

e, já agora, no meio das palavras e da música, se há coisas que me marcaram esta vida rosa foi uma delas;
ouvida horas sem fim, até gastar o vinil, em quarto sossegado, aconchegado de sonhos e ambições, desejos e confortos pessoais;
algo que fica muito para além da vida...

palavras

por incrível que possa parecer a alguns, particularmente aos mais novos, houve tempos em que a palavra música valia mais que a música propriamente dita;
este autor, basco dos sete costados, faz parte desse tempo;
um tempo onde aprendi a ouvir, antes de comentar, a apreciar, antes de qualquer outra sensação;
esta tem destinatária; uma amiga que ... que se junta à loirinha da esplanada de ontem

blue

hoje, em termos de música, estou na de sempre;
som aparentemente simples quanto rebuscado, este de Miles Davis;
um dos meus favoritos, daqueles que não me importava de levar para a cova ou, se me fosse dada alternativa, para uma ilha deserta;

de passagem

sempre escrevi mais para os meus botões do que para os passantes;
a minha preocupação é pensar os meus dias e o meu contexto;
ainda que este espaço de escrita não deixe de ser também um espaço de partilhas e de cumplicidades com amigos, conhecidos e simples passantes, obviamente inegável...
instalei ontem um contador de passantes e confirma-se que escrevo mesmo para mim e para amigos...
é bom, pois é o reconhecimento explícito que apenas os amigos e conhecidos me ligam;
é bom, pois fico apenas com o compromisso da minha escrita e não com a responsabilidade pública e generalista das ideias;
mas também é mau, pois fico restringido ao meu cantinho de divagações e de coisas de nada...

destaque

por pequenas coisas, em pequenos detalhes percebe-se alguma coisa do que se passa pelas escolas;
a minha direcção regional, preocupada certamente pelo cumprimento de prazos, enviou um pedido de informação sobre como decorre o processo de transição face ao conselho geral transitório (CGT);
mas não perguntou ao seu presidente (do CGT), perguntou ao órgão de gestão;
por estas - e por outras - se pode perceber qual o destaque que é conferido ao CGT...

preparação

preparo as reuniões de avaliação;
há uma talvez excessiva preocupação com os papeis que há que preencher em claro detrimento daquilo que se escreve sobre os alunos;
em tempos, talvez pela pouca experiência, não sentia o stresse que hoje sinto quando preparo uma reunião de coselho de turma,a preocupação de perceber se os pepeis estão todos em conformidade...

quinta-feira, 26 de março de 2009

fim de tarde

em fim de tarde, apetecia-me uma esplanada

desafios

em ano de quase todas as eleições, o papel do Estado será, directa ou indirecta, explicita ou implicitamente, protagonista central de justificações, a fonte de muitas argumentações, a desculpa de muitas incompetências, a presença de muitas ausências;
entre o papel do Estado nacional, historicamente numa tentativa de omnipresença, e o Estado local, espaço de afirmações mais pessoais que políticas e outras coisas que tais, é todo um espaço que acaba por ser uma presença desequilibrada, excessiva quando tudo corre bem, deficiente quando as coisas estão menos bem...

Estado

ontem há noite, na sicnotícias, dava-se o destaque para um apontamento de hoje, da revista visão sobre o Estado ou, mais concretamente sobre a opinião de alguns portugueses sobre o Estado;
apesar de apontamento curto é elucidativo do muito que se poderá inferir desta sondagem;
pela parte que me toca, destaque para a opinião que os alentejanos têm do Estado;
falta saber se esta opinião é sobre o Estado, os serviços do Estado, os dirigentes e/ou funcionários do Estado, as políticas Estatais ou apenas sobre o estado do Estado;
contudo, terei de dizer, uma vez mais sobre o muito que já escrevi, que o Alentejo tem tido um conjunto de políticas e políticos que têm acentuado o peso e a presença do Estado, mas simultaneamente descaracterizado e deturpado o seu papel;

diferente

ontem, pela escola, foi um dia manifestamente diferente;
em final de período, uma turma deu conta do trabalho desenvolvido em Área de Projecto;
4 grupos, 4 iniciativas que me obrigaram a andar de um lado para o outro, a percorrer km sem sair do mesmo sítio;
trouxeram mãe e pai, amigos e conhecidos, envolveram quem puderam e quem queria, meteram-se com uns e com outros, numa manifestação de empenho, participação e dinâmica de meter inveja a muitos graúdos;
em final de dia, sentia-se o cansaço...

terça-feira, 24 de março de 2009

imaginação

no meio das bolandas e das reviravoltas em que anda a escola e a educação, com o conhecimento prático do que têm sido as políticas educativas na educação nacional nos últimos, vá lá, 20 anos, tendo como mote esta entrada de quem não conheço, permitam-me perguntar, alguém imagina, sonha, idealiza ou perspectiva como poderá ser a escola daqui a 10, 20, 30 anos?

integrado

há vantagens em se estar numa escola integrada, desde que se procurem perceber os movimentos e as movimentações que unem o pré-escolar ao ensino secundário;
só de ouvir os comentários dos docentes dos diferentes ciclos é possível captar sensibilidades, correntes, tendências;
li e ouvi há dias uma colega do pré-escolar, com basta experiência, que as crianças lhe estão a chegar com disfuncionalidades comportamentais, sinal, como referiu, da alteração das relações e estrutura familiar...
e não se faz nada...

segunda-feira, 23 de março de 2009

disciplina

o Miguel faz uma entrada perfeitamente clara quanto ao seu/meu entendimento sobre as questões de indisciplina - seja em sala de aula, seja na escola;
acrescento à ideia do Miguel, para além do essencial trabalho de colaboração entre intervenientes e do aspecto fulcral da prevenção, a necessidade que se pressupõe no comentário já ali colocado, a necessidade de ajudar a crescer;
entre políticas educativas disruptivas e por vezes sem sentido, a escola não tem ajudado a crescer, apoiado a formação de jovens; se a isto juntarmos o esbatimento quando não mesmo desaparecimento de uma dimensão de educação não formal que tantas vezes complementou a escola (formal), então teremos os ingredientes para que socialmente a escola seja um caudilho que um qualquer dia rebentará;
resta saber e perceber em que mãos, pois há professores e professores a lidarem com a coisa...

pois

não consigo pensar uma outra designação para esta entrada;
caso o período se prolongasse por mais tempo e estou certo que por estas bandas, contar-se-iam os sobreviventes;

sexta-feira, 20 de março de 2009

arbitrário

é comum na generalidade dos docentes a procura o mais objectiva possível de critérios de avaliação;
em final de período, destacam-se as preocupações pela objectividade e pelo rigor do momento de avaliação, no sentido de não se prejudicar nada nem ninguém;
se é preocupação pertinente, que conduz muitos à utilização de folhas de cálculo para registo dos dados que lá se inserem, não deixa de revelar a alguma arbitrariedade que envolve todo o processo;
e na fase final destaca-se, acima de tudo, a coerência e consistência dos argumentos utilizados, dos critérios definidos, dos processos implementados; são eles, mais que a pretensa objectividade da avaliação, que conferem transparência ao momento de avaliação e sentimentos de justiça, ou de falta dela...

atenção

a minha capacidade de atenção e concentração está nos seus limites mínimos;
fosse combustível e certamente ficaria parado na primeira subida que encontrasse;
e até Abril é sempre a subir...

quinta-feira, 19 de março de 2009

avaliações

recta final do período, tempo de avaliações;
enquanto os colegas vêem testes e trabalhos, opto por avaliar o portefólio dos alunos;
avaliação individualizada com destaque para a organização dos trabalhos (realizados ao longo do período, que incluem ainda os relatórios e fichas de "avaliação"), a evidência dos progressos (nem sempre evidente), os comentários, reflexões e auto-avaliação que cada um faz daquilo que fez e do rendimento obtido ao longo do período comparativamente ao período anterior;
duas notas se destacam; por um lado, a consciência que todos evidenciam do seu rendimento, trabalho e participação na disciplina; seja pela regularidade ou pela inconstância e variabilidade (uma pessoa não é de ferro) o aluno reconhece e assume aquilo que fez;
por outro, a generalizável concordância de opiniões entre o professor e o aluno face à avaliação final; raramente há discussões ou desilusões; concordamos, chegamos à mesma conclusão, ainda que por processos ou caminhos diferentes;
e isto é o mais importante para mim enquanto professor...

do pai

em dia do pai foi um acordar diferente;
sem grandes prendas - que os filhotes não encontraram na cidade :( - valeu um postal que me permitiu sentir um pai babado, orgulhoso e sentimentalão;
dizem os filhos, escrito pelo filho, que sou professor em part-time e pai a tempo inteiro;
orgulho de pai...

justiça

apesar das diferenças entre o sistema judicial português e austríaco (mas muito mais próximo de nós que o americano), é de realçar, ainda assim, a celeridade com que se desenrolam os processos;
posso estar a confundir a árvore com a floresta mas o exemplo do caso de Josef Fritzl permite questionar do porquê dos casos nacionais se arrastarem à eternidade com decisões algumas vezes duvidosas;

quarta-feira, 18 de março de 2009

organização

ando com algumas dificuldades de organização, de arrumar os papeis, definir (e cumprir) objectivos ou tarefas;
resultado, atraso todo o processo... e estava eu a ir tão bem, mas o cansaço (e alguma fartura) não dão hipóteses, nem tréguas...

pancadas

ando com uma pancada que me tem dado a volta aos dias;
então não é que me tem dado para acordar aí pelas 6 da manhã...
fico de papo para o ar, a olhar as nesgas de claridade que se começam a intrometer pelas frestas da janela...
mas é um desatino depois ao longo do dia...

hiperactividade

soube, pela voz da mãe, que uma aluna minha sofre de hiperactividade e déficite de atenção;
acreditam que não tinha reparado?
ela mesma, a mãe, destacou que a aluna se dá bem com um método de trabalho onde são os alunos a definir objectivos, prazos e tarefas;
mas é uma forma de perceber algumas atitudes e alguns dos comportamentos...

desafios

ele há coisas que nem os próprios estão à espera;
desafios e talvez oportunidades que me podem forçar a mudar de blogue, outra vez;
a ver vamos...

segunda-feira, 16 de março de 2009

aprender

viver e aprender, diz o senso comum na boca do povo;
foi o que hoje me aconteceu em plena sala de aula, quando, pela primeira vez, me deparo com forte discussão entre elementos da mesma turma;
tema da discussão, uma pretensa xenofobia, manifesta falta de tolerância de parte a parte, entre elementos com origens e credos diferentes;
surpreendido que fui levei tempo a reagir e foi preciso levantar a voz para que os ânimos acalmassem e as palavras serenassem;
aprendi que há que reagir rápido e de forma peremptória, de modo a evitar que os ânimos ardam em lume brando e se construa uma boca de vulcão;

afirmação

entre esquerdas e direitas, os tempos que se avizinham serão ilustrativos disso mesmo, das formas e modos de olhar o mundo e a governação, das opções que se apresentarão;
nomeadamente e apenas por questões de proximidade, as eleições autárquicas, lá mais para a frente, terão a oportunidade de evidenciar o papel que compete ao Estado local na gestão e administração da coisa pública, na dinamização de sectores culturais;
serão estes os aspectos que, estou certo, se destacarão; a ver vamos de quais as opções...

esquerda 3

de quando em vez surge a discussão sobre se os conceitos de esquerda e direita têm sentido nos tempos que correm; desta vez encontrei a referência num inquérito realizado numa rádio cá da terra;
habitualmente, as posições são convergentes nos seus próprios sentidos, os de direita a dizerem que não, e os de esquerda a defenderem que tem todo o sentido;
como me classifico de esquerda direi que cada vez mais o conceito de esquerda e de direita tem sentido e é pertinente;
por um lado, porque são modos bem diferenciados de olhar e considerar não apenas o mundo mas as opções de governo e de governação - com particular enfoque nas questões ditas sociais, educação, saúde, justiça, segurança social;
por outro, o papel do Estado, na sua acção e intervenção é determinante à esquerda e à direita;
contudo, não podemos nem devemos ser apenas dicotómicos; há várias esquerdas, como há várias direitas; há em cada posição do espectro político, diferentes modos de encarar o papel do Estado ou da chamada sociedade civil;
e aqui existem muitas diferenças...

domingo, 15 de março de 2009

dias

e os dias com sol e calor são mais fáceis de passar;
o fim-de-semana foi aproveitado para pôr a horta em dia, derrubar algumas ervas, antes que eu me perca nelas, e tratar das coisas do campo e do jardim;
como resultado, ganhei uma cor levemente bronzeada, característica da minha pessoa;

sexta-feira, 13 de março de 2009

exames

calhou-me ser coordenador na minha escola/agrupamento das provas de aferição e dos exames nacionais de 9º ano;
por isso mesmo durante a manhã estive a ouvir as indicações da equipa do júri nacional de exames (jne) sobre o processo; estive atento, pois sou novato neste processo e percebo os contornos de formalização (fiabilidade, validação, fidedignidade, entre outros adjectivos) que se confere ao processo;
contudo, de quase tudo o que foi dito retive um interessante pormenor, por várias vezes repetido; sempre que existam dúvidas contacte-se directamente o jne; não vale a pena passar pelas direcções regionais;
pois... cada vez mais as direcções regionais servem para cada vez menos...
porquê?

surpresa

afinal os saberes populares sempre têm razão e algum, muito, fundamento;
todos menosprezaram o cargo de director, muitos desdenharam nele e agora, para alguma surpresa minha, terei de reconhecer, para os sítios já em concurso se apresentaram, não um, nem dois mas mais que três candidatos ao lugar;
sítios há em que se apresentaram nada mais nada menos que seis candidatos;
afinal, quem desdenha quer comprar...
fico na expectativa para perceber quantos se apresentarão na minha escolinha;

calor

áh queria-se calor? sol? céu azul?
prontinho, aí está tudo isso, com ligeiro cheirinho a verão...

quinta-feira, 12 de março de 2009

dinâmicas

muito provavelmente olhar o diário da república, nomeadamente na sua segunda série, será apercebermo-nos das dinâmicas públicas, do papel e da acção desenvolvida pelos chamados serviços desconcentrados do Estado Central;
é na segunda série do Diário da república que aparecem quase todas as situações de âmbito público, eventualmente evidenciadoras do papel de cada serviço e da sua lógica regional;
a ser assim onde pára o Alentejo?

distância

algo vai mal no reino socialista quando, para se afirmarem propostas socialistas, os socialistas se têm de demarcar do socialismo;
complicado? veja-se, M. Alegre na afirmação de uma corrente social, A. Costa, na câmara de Lisboa, E. Ferreira para a câmara do Porto, J. Ernesto em Évora;
há aqui algo que não percebo, que não consigo entender;
problema meu, pois claro...

perguntas

cada vez são mais as pessoas que perguntam o porquê disto e daquilo, de estar assim ou assado, do porquê da justiça ser injusta, da democracia ser arrogante, da participação ser condicionada, da liberdade se sentir amordaçada, do pensamento estar constrangido, da crítica ser acéfala, das soluções serem problemas, das propostas não serem alternativa, da discussão ser apenas ruído;
o questionar é essencial para que se possam pensar outras formas, alternativas e não apenas meras encenações, preparatórias do protagonismo de uns em detrimento de muitos...

crítica

aparentemente os tempos que correm não proporcionam grandes espaços ou oportunidades para se pensarem outras vias, outras possibilidades, outros meios de se fazerem as coisas;
aparentemente predomina, um pouco por todo o lado e com a conivências dos meios de comunicação social, um pensamento único, carreirista e acrítico;
aparentemente o conhecimento tem assumido posições justificativas que querem fazer crer que as opções são assépticas, incolores e inodoras;
aparentemente, nunca como agora estivemos tão próximos de 1984 de Orwell;
aparentemente a esquerda dita democrática, progressista e crítica enleia-se nas teias de sociedades e interesses privados em detrimento dos interesses públicos e claros;
aparentemente restam-nos procurar alternativas, insistir e persistir que existem outros meios, outras possibilidades;
aparentemente fico satisfeito porque existe uma blogosfera que é difícil de calar e silenciar;

quarta-feira, 11 de março de 2009

persisto

e insisto na mesma tecla da insinuação;
procurar perceber como funcionam as coisas, colocar questões, levantar algumas dúvidas é um uma curiosidade que pode matar o gato;
as lógicas de interacção persistem assentes em processos desadequados, pouco claro, desconhecidos para muitos;
há interesses que se manifestam que vão muito para além do interesse político e partidário; são cruzamentos, quando não mesmo casamentos, de outros interesses, outras lógicas onde pouco interessa a competência, a qualificação;
olha-se em redor e, mais por falta de conhecimento, atribui-se à política uma responsabilidade que não tem, na valorização das amizades e dos chamados compadrios;
a lógica pré-republicana, do Portugal oitocentista, assente na chapelada, nos caceteiros, nas assembleias de voto parece persistir neste Portugal de início do século XXI, onde se arregimentam interesses e interessados que insistem na perpetuação de lógicas e modelos de acção;
e o caricato da coisa é que são sempre os mesmos a ser atirados borda fora e a assumirem a sua travessia do deserto;
até quando...

valor

na escola, como em muitos locais da administração público, o demérito é valorizado e apoiado, a falta de valor ou de qualidade premiada e destacada;
quem não sabe, não faz nem contradiz nada nem ninguém, passa pelos intervalos da chuva e não se molha;
porque não sabe, não se lhe atribuem funções, para além das estritamente normais; quem mostra incompetência deixa-se ir, não se liga;
quem organiza os tempos e os afazeres, esses, são sempre prendados com mais um ou outro afazer, mais esta ou aquela função;
são questões de valor, ou de falta dele, que se destaca na lógica sempre funcionalista da administração pública...

dúvidas

o Francisco Costa terá ficado a pensar, face às vias pelas quais me insinuei, se as coisas não seriam pela minha terra;
foi insinuação minha, é verdade, omissão propositada do concelho, com o claro propósito de não me estender em demasia; mas adequado para muitos sítios e horizontal aos partidos políticos;
não me referia a Évora, mas um concelho do distrito, onde um dos vereadores é escorraçado;
mas mantenho a insinuação considerando que conheço outras realidades, outras situações onde a política se afirma pela mesquinhez, pela insinuação, pelo implícito;
como conheço diferentes situações partidárias;
os interesses, também aqui, transcendem os partidos e à lojas, digo lógicas, que os transcendem e afirmam apenas e simplesmente outros pormenores

terça-feira, 10 de março de 2009

prazer

arrasto-me pelo meu projecto de investigação;
já enviei o texto para o congresso, mas sinto manifestas dificuldades em avançar com o trabalho de campo, análise de actas, muitas actas;
cada vez percebo mais e melhor a afirmação que esta coisa de produção de algum pretenso conhecimento é 90% suor e angustia e 10% de prazer;
neste momento, no momento que atravesso destaque para o suor

vias

em período final de mandatos autárquicos aqui e ali destacam-se alguns aspectos que não favorecem nem a política nem a pessoa que a corporiza;
por alguns destes concelhos alentejanos, é sempre o mesmo;
competências, qualificações, atributos, obra feita não é nem o mais relevante nem o que mais interessa;
permanece um jogo de melindres politiqueiros, interesses ambíguos, objectivos difusos que tem como consequência o afastamento de quem está na política para servir pessoas, ideias projectos;
ficam os mesmos de sempre, aqueles que conseguem, em jogo de rins, servir-se da política, consolidar os seus interesses mais mesquinhos, enganar uns quantos durante algum tempo;
falta-me é perceber até quando...

soluções

em conversa de café, entre professores, há quem equacione a necessidade de alterar a dinâmica de sala de aula;
nessa condição há troca de ideias sobre eventuais soluções, outras alternativas;
consideram-se viáveis mas para este ano talvez não valha a pena;
vale sempre, particularmente quando se sente essa necessidade; pena é que as soluções não sejam equacionadas mas apenas vistas como um outro problema;

domingo, 8 de março de 2009

posições

a Universidade de Évora irá a eleições lá mais para o final do ano;
entre novo reitor e outros modos de gerir a casa e os seus objectivos, foi interessante perceber que as posições se arrumam muito para além dos interesses políticos e partidários (os académicos serão os menos relevantes) e que claramente evidenciam, para os mais atentos, quais os reais interesses na disputa;
mas mais não são que divagações, pois carecem de qualquer fundamento :)

esquerda 2

a minha esquerda, aquela em que me reconheço e com a qual me identifico, anda, nesta altura do campeonato, de pantanas;
a esquerda socialista e social democrata, que reconheço no PS dos tempos actuais, independentemente desta ou daquela situação mais sectorial, apresenta manifestas dificuldades em gerir os tempos, em digerir as diferenças e em conviver com a divergência;
se a tudo isto se acrescentar uma manifesta pluralidade de porta-vozes que gostam de se mostrar e evidenciar, então teremos todo o caldilho de opiniões, necessário e suficiente, para que, por um lado, se acentue a centralização da conversa e, por outro, se destaquem as divergências;
no meu Alentejo esta esquerda entretém-se com outros assuntos...

companhia

trabalhar com companhia é sempre melhor, mais agradável e claramente mais produtivo;
hoje, nos afazeres da quinta, tive ajuda de amigo citadino mas com vontade de desgastar energias;
rapidamente percebeu os afazeres e as "moengas" de quem tem, entre afazeres diários e responsabilidades várias, que tratar da horta e das árvores de fruto;
mas, pelo menos, tive companhia em andar de um lado para o outro, o que me poupou muito do esforço solitário que caracteriza este trabalho...

manifestações

inevitavelmente, direi eu, o tempo e a paciência, retiram elementos, reduzem a adesão às manifestações;
não há quem se aguente com manifestações sucessivas, greves por período, turbulência constante;
independentemente das razões quere-se calma, estabilidade, sossego; coisas que não existem, nem com este processo de avaliação, perfeitamente distorcido, nem com as manifestações, por mais vontade que a plataforma assim pretenda...

quinta-feira, 5 de março de 2009

índices

no espaço de entrada da escola estão expostos índices vários, recolhidos pelos professores de educação física, referentes a massa corporal, flexibilidade, resistência e coisas que só eles percebem :)
quase todos passam por ali, poucos se dão ao afazer de parar e olhar aqueles números;
predomina, é certo e felizmente, a normalidade, os valores de média;
mas considero preocupantes alguns dos valores, nomeadamente os índices de massa corporal que abrange, para os rapazes mais de 20% dos alunos e nas raparigas se situa muito próximo dos 20%; valores claramente acima da média nacional;
espero que o grupo/departamento apresente ideias para se discutirem hipóteses de se contrariar a situação, prevenir o futuro;

visitas

ontem, fruto de iniciativa no âmbito da prevenção rodoviária, houve visitas institucionais que se passearam pela escola para regalo de uns e espanto de outros;
oportunidade de dar conta do que se faz pelas escolas, de abrir a porta a outras ideias e públicos;

quarta-feira, 4 de março de 2009

esquerda

a esquerda política e partidária, em termos europeus, sempre se caracterizou pela irreverência, ousadia e procura de alternativas;
é aqui que assenta o chamado modelo social europeu, foi neste pressuposto que A. Gore e B. Clinton apresentaram, no início dos anos 90 do século passado, as propostas de "reinventing the government";
por cá, a esquerda de governo enleia-se e enreda-se nas tramas do poder e acaba por ser mais institucionalista que progressista e insiste em temas fracturantes para se arvorar de radical e de alternativa;
nesta minha região destaca-se o carácter acéfalo de ideias e de estratégias, apenas continuidade nacional e esquemas tácticos de preservação da posição;
torna-se fundamental que, face à crise e à alteração de lógicas e modelos de governação, a esquerda seja capaz de criar alternativas, experimentar outras soluções, arriscar na imaginação e na utopia, apostar na diferença;
sem isso, então, é que não teremos alternativa mas apenas alternância;

espaço

o espaço, aqui por casa, torna-se acanhado, confuso...
um em mestrado, outro em doutoramento;
cruzam-se livros e apontamentos, trocam-se cópias e misturam-se ideias;
o espaço, esse, é que é cada vez mais acanhado para espalhar papeis e livros, ideias e vontade de trabalhar...

pais

gosto de ser director de turma (DT), pelo contacto e pela troca de informações e ideias que se perspectivam;
já aqui discorri sobre a alteração (de lógicas, imagens e modelos) a que o papel do DT tem sido sujeito;
ontem, em final de tarde, mais um encontro, sempre concorridos onde conheço os alunos sob outros pontos de vista e dou a conhecer as pessoas sob outras formas de encararmos todos o mesmo, ajudar a crescer;

paliativo

o esquema organizacional do país e em particular da escola portuguesa, cada vez mais se me parece com os cuidados paliativos;
mal entendidos, mal preparados, mal formados;
nos cuidados paliativos os técnicos de saúde estão mais habituados a lidar com a cura do que de situações sem cura; não sabem o que fazer nem como proceder;
na alteração organizacional da escola portuguesa estamos na mesma;
mas os cuidados paliativos são uma opção, a escola está, parece-me, sem opções...

terça-feira, 3 de março de 2009

discussões

discute-se, num lado, o alargamento da escolaridade obrigatória de 9 para 12 anos, noutro lado, aqui pela minha escolinha, discutem-se percursos alternativos;
isto é, a escolaridade de 9 anos ainda hoje, passados mais de 20 anos, não é assegurada nem garantida, mas pretende-se alargar;
à semelhança dos passados currículos alternativos eu gostava mesmo era de uma escola alternativa;

alterações

uma das referências que tenho encontrado em actas de conselho de turma (e evidente no discuro "normal" dos professores) é a constante referência à necessidade de intervenção dos pais/encarregados de educação na vida escolar dos seus filhos e educandos - responsabilização, envolvimento, participação;
hoje, em conversa com um encarregado de educação, peço que aligeire a sua pressão sobre o filho;
é uma das alterações nos hábitos e na participação dos pais/encarregados de educação na vida dos alunos, que cada vez mais assentuam a sua pressão, a necessidade de resultados, os aproveitamentos, etc;

congresso

realizado o congresso o PS regressa à sua apatia normal e estratégica;
em termos distritais fico surpreendido pelo facto de ser o distrito onde o PS mais tem crescido, em votos e mandatos, e onde existem menos militantes - dados do último acção socialista;
evidência clara de uma estratégia do antigamente onde, de modo a asseguar o controlo, se evita a dispersão;
não é acaso, é estratégia e é pena;

arredio

afastado por opção, de modo a que não escreva o que não devo;