quarta-feira, 6 de julho de 2011

estado

nota-se e sente-se um certo estado de graça dos portugueses ao governo; é partilhado tanto pelo comum do cidadão como pelos fazedores de opinião; parece mal, passado tão pouco tempo sobre as eleições e particularmente da plena constituição do governo, que ninguém diz mal, critica ou insinua o que seja;
é comum um a ver vamos, esperar para ver, deixar os homens e as mulheres conhecerem os cantos à casa, afinal isto estava tão mal que é preciso algum tempo;
mas há duas ideias que me ocorrem - para além da assunção assumida (passe a redundância) entre o dito (em campanha ou na veiculação da opinião) e o feito (enquanto actor ministerial):
uma decorre do desequilíbrio do governo, que já aqui destaquei; mas não é apenas um desequilíbrio entre técnicos e políticos, desequilíbrio também entre gestores e tecnocratas, entre objectivos e intenções, entre estratégias e opções; é um desequilíbrio que, passada que for a tolerância, se irá reflectir na acção pública e na decisão política e que, consoante as circunstância, irá ser terreno fértil para a molhada;
como segunda ideia destaco o silêncio, enquanto forma de fazer política; é reconhecida alguma saturação de caras políticas que, por dá cá aquela palha, apareciam na tv (em entrevistas, comentários, análise ou como politólogos); agora prima-se pela ausência, desde os ministros marcadamente políticos (ausentes) aos técnicos tudo é parco em aparições e mais ainda em comentários ou explicações; repare-se como apareceu o imposto sobre metade do subsídio de Natal, apareceu mas não há comentários, não se alimentam especulações, não se incentivam argumentos;
entre desequilíbrio e silêncios, procura-se substituir uma dimensão política, inerente a qualquer governo, de um qualquer país, por uma pretensa dimensão técnica, como se esta não assumisse o seu quinhão de político, não enformasse de valores, ideologias, crenças e credos; como se o político (aquele que escolhe e decide) fosse sujo, estivesse conspurcado, e, do outro lado, o técnico, limpo, higienizado, asséptico;
é um estado que durará até novas oportunidades...

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