quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

criança em espaço próprio

de quando em vez surpreendo-me com as pessoas, em particular com os mais jovens - por isso gosto da minha profissão;
dou conta de um miúdo da minha escola entre os 12 e os 13 anos, um vivo diabo, irrequieto, traquina, fraco estudante, maus resultados, uma repetência no 2º ano até agora, que está no 6º ano, com fraca acção escolar pois não gosta de acatar ordens, responde com palavra pronta na ponta da língua;
a roupa que trás, gasta pelo uso, suja de limpar o chão da escola em amenas brincadeiras e correrias, quando não mesmo uma ou outra tropelia, não favorecem a imagem;
mas ontem era vê-lo; subiu para o autocarro a acompanhar a avó e a irmã mais novas; um homem pequenino; mais que isso, assumia toda a sua responsabilidade e o seu papel de zelar pela segurança dos que acompanhava; uma senhora, ao reparar naqueles três comentou para a avó e para quem quis ouvir, isso é que é, um autêntico homenzinho; não o imagina ela na escola, por onde se rebola, esfrega o chão, foge a professores e funcionários, espicaça tudo e todos; afinal, talvez seja um dos poucos, senão mesmo o único espaço, onde esta criança pode ser criança...

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando as crianças têm que ser, fora da escola, uma figura que não existe, ao estarem na escola "à vontade", dá asneira, claro. Na escola é que se sentem em liberdade, por isso têm necessidade de ser crianças, e depois fazem tudo ao mesmo tempo