quarta-feira, 28 de novembro de 2012

coisas da escrita

ando assim a modos que... talvez dos dias, do tempo, da idade, do raio que me parta, mas ando...
opto, neste estado, por não escrever, por vezes limitar-me a estar por aqui, por este lado da blogosfera e evitar espaços manifestamente mais concorridos, mais frequentados, a escrever coisas de nada, simples divagações de modo a não chamar os bois pelos nomes; e ser mais um no meio dos outros todos; 
de quando em quando até me apetece deixar este espaço de alguma modorra e ser um pouco, apenas um pouco, aquilo que sempre fui, algo destemperado, de palavra fácil e argumento ágil, desbocado, mesmo; particularmente quando penso naquilo que defendo, deixar-me de lamurias e ir à luta; e a luta hoje faz-se, como quase sempre, de palavras, escritas ou ditas, de dizer que esta merda está uma merda e parece que a culpa, como quase sempre - excepto talvez na dívida pública - não é de ninguém, que este é o único caminho, como se mesmo entre a espada e a parede não existisse alternativa entre um ou outro; 
empobrecemos a olhos vistos, mas esperamos para ver como irá ser o recibo de... fevereiro; aí é que irão ser elas, até lá... logo se vê; enquanto profissionais deixamos de ter paciência para as relações que temos, para os miudos, para os colegas; regista-se um destempero fácil, alguma impaciência, quando não mesmo intolerância a raiar a fricção; o volume sobe nas aulas, uns falam outros gritam, uns gesticulam, outros apontam qual arma em riste; não registo grandes conversas, mas negociações, não nos ouvimos, berramos; gritamos como se fosse argumento útil, válido, não é; 
até nos miudos se nota a efervescência dos dias e dos tempos; as brincadeiras são mais rudes, imprevistas e intempestivas, o som mais alto, os gestos mais rispidos, há menos sorrisos,mais rápidos e mais secos, as crianças crescem mais depressa, são obrigadas a isso;
como seremos no próximo ano, como reagiremos há medida que a tensão cresce e se sente não apenas no bolso, não apenas no fim de cada mês mas no dia a dia, nas relações familiares e delas para as profissionais e sociais; como reagiremos quando percebermos que o estado previdente não assegura nem um cagagésimo daquilo para a qual trabalhamos; como iremos reagir quando percebermos que não são apenas os outros os alvos da gula devoradora do gaspar e que o gaspar não é rei e menos ainda mago...

Sem comentários: