sábado, 11 de janeiro de 2014

da recandidatura ou da dita dura

passos coelho, na falta de outro, na ausência de outros ou simplesmente na vez de outros, recandidata-se a líder de si mesmo, dos seus, do seu partido;
nem mais;
assume que aquilo que tem feito ainda é pouco, insuficiente, que a merda ainda não deita muito cheiro;
não segue as pisadas de cavaco, esse foi mais comedido nas opções, não se esticou tanto, mas dele ficou um leve aroma a salazar;
este passos coelho não é nada disso, tresanda a bafiento salazar, daquele mesmo que muitos tugas apreciam, o rigor, a exigência, a ordem, a disciplina, a determinação ignorante como se fosse convicção, a poupança, ser comedido nos gastos, frugal na acção; fingir que não se é político, que se abomina a política, como se a escolha dos nossos sentidos, das opções que nos orientam, da gestão que nos impingem fosse mera questão de fé, algo transcendente, entre o certo e o errado; e tudo isso fosse coisa normal, coisa natural, afinal sempre foi assim, porquê mudar, porquê ser diferente; afinal não são todos iguais, não é tudo farinha do mesmo saco, não são todos filhos da mesma puta;
fomos assim educados, desde os anos 30 do século passado que nos dizem que é bom ser pobrezinho (teremos um lugar no céu), que o importante é poupar, é saber poupar (no futuro se gastará, quando nem sequer temos para os gastos do dia-a-dia, quanto mais para poupar mas é desejo, meta, horizonte), que o importante é saber ser, não sabemos o quê, mas é ser, nem para quê, mas é ser; que se formos obedientes e submissos nos reservam uma promoção, um lugar junto daqueles que podem ou daqueles que sabem - afinal são os mesmos;
que não vale a pena sermos bons, mas vale a pena sermos ingénuos; que não vale a pena reivindicarmos um futuro, mas sermos humildes, isto é, subservientes; que se não discutirmos não teremos nem problemas nem moengas, como se a discussão fosse contratempo, como se ter ideias fosse uma moenga de oposição;
afinal, o senhor passos coelho recandita-se para si mesmo, certo, como muitos outros, que está a fazer a sua obrigação ou, melhor ainda, a obrigação de foder tudo e todos ... e nós gostamos, e nós apreciamos

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