domingo, 25 de maio de 2014

divagações de fim de semana

aproveito o fim de semana para me esticar um poucachinho;
sei que não sou filho dos zé dos elásticos, mas estico-me em escrita solta assumidamente presa à escola e a uma dimensão social da coisa educativa;
a escola é um mundo; melhor escrito, a escola são muitos mundos;
na escola se cruzam ideias de escola e de país, valores de uma língua e de uma cultura, modelos de ação e de educação, objetivos e funções de professor e de aluno, de pais e de sociedade; o que se quer e o que se deseja, os receios do presente com as esperanças de um futuro que foi passado;
na escola e na sala de aula, se cruzam mundivisões sobre o que fomos, o que somos e o que queremos ser;
na escola se cruzam vontades que não conseguimos cumprir, com desejos reflexos que se cumpram em outro;
enquanto pais pedimos à escola e aos profes que educam, complementem o que não fazemos, cumpram o que nós, pais, não conseguimos; enquanto encarregados de educação pedimos aos profes que sejam aquilo que devem ser, profes, que professem, que orientem, que conduzam, que levantem dúvidas sobre as certezas que todos nós temos;
enquanto alunos procuramos ali sentidos, para quê, por quê, com que objetivos, por quê aprender uma equação de segundo grau, a raiz quadrada de qualquer coisa, a sintaxe de uma frase, os adjetivos ou os predicados do que somos, com o espaço e os tempos que fomos e que somos;
enquanto profes queremos que nos deixem cumprir o programa, ser o que somos, profissionais da coisa; que não nos importunem por aí e além, que tirem a senha e que possamos seguir o nosso percurso;
enquanto políticos queremos resultados, que o insucesso decresça, que as literacias aumentem, que as comparações nos sejam favoráveis, que o voto seja o nosso;
entretanto, o mundo pula e avança, e a escola ressente-se das opções, das pressas, das pressões, das urgências e da emergência social;
entretanto, os dias não param, o ano letivo segue o seu curso, a burocracia tem de ser cumprida, as reuniões têm de ser feitas, as maledicências têm de ser ditas, mas não necessariamente ouvidas, corremos atrás do nosso rabo com a clara sensação que corremos atrás do tempos que não temos, mas que não perdemos, porque nunca o tivemos;
entretanto, o tempo passa, passam por nós professores, alunos, casos, situações, acontecimentos e nós com eles todos, apenas nos apercebemos das coisas um pouco depois, talvez tarde demais;
a escola é isso mesmo, um espaço de acontecimentos que aconteceram, que acontecem e que continuarão a acontecer apenas e simplesmente porque tem lá dentro pessoas, sentimentos, afetos, relações, modos e tempos

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