sexta-feira, 25 de abril de 2014

da escola, da mudança, da permanência

nesta data será usual retomar as banalidades entre o que mudou e o que permaneceu, o que conquistámos e o que perdemos ao longo destes 40 anos;
para uns, coisas de monta e óbvias quanto perigosas, para outros, apenas coisas que nos ligam ao dia a dia e que pensamos «naturais»;
a escola mudou significativamente desde 74; não há palavras para descrever o quanto mudou e, essencialmente, permitiu que outros mudassem; o meu caso, estaria «condenado» a ir para a escola industrial e comercial; hoje sou doutorado, normal? impensável para os meus pais em 74!
contudo, tenho de reconhecer as permanências, aquilo que persiste teimosamente na escola como que se de destino se tratasse;
a dinâmica de sala de aula é muito diferente, dirão uns, eu direi que permanece quase que incólume, um ensina muitos como se de um só se tratasse; apesar das mudanças técnicas e tecnológicas (dos retroprojetores aos projetores vídeo, aos quadro interativos e aos tablets, escolham), o docente, as práticas docentes enraízam ainda numa gramática que se naturalizou e enquistou em modos organizacionais de princípios de século XIX;
e mudar hoje está fora de hipóteses, a capacidade e as possibilidades de organizar de modo diferente - ou diferenciado - a escola e as aulas (ou o trabalho dos professores) é coisas que os diretores não têm como fazer e muitos docentes nem sequer equacionam apesar do desconforto que sentem nas suas zonas de conforto;
não resisto ao óbvio; tenho sérias dúvidas que um médico que entrou em coma em 74 reconhecesse a sua sala ou os seus espaços de trabalho se acordasse hoje; tenho dúvidas que um arquiteto reconhecesse o seu atelier; um enfermeiro, um mecânico... não tenho grandes dúvidas que se fosse professor, reconheceria a sua sala de aula, ainda que pudesse perguntar que coisa é aquela que ocupa a parede e que pouco (ou nada) é utilizado?

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