sábado, 30 de maio de 2009

coisas

se há coisas que me afectam na profissão é pensar o que poderia/deveria ter feito com aquele aluno;
enquanto docente, sinto-me muita vezes incompleto perante o meu trabalho; situações em que podia/devia ter dado mais atenção, circunstâncias várias que deveria ter levado em consideração e coisas que tais;
mas, essencialmente, o que me incomoda (ia dizer o que me irrita) foi pensar que a minha geração, os nascidos em 60, tinham condições e capacidade de dar volta a um sistema iníquo, arbitrário, selectivo e darwinista;
contudo, rapidamente se enquadraram e acomodaram ao sistema e começaram não apenas a legitimá-lo como a justificá-lo; hoje, esses mesmos nascidos em 60 e mesmos os depois, fazem parte do sistema e acabam por ser o sistema - apenas interessa a mediania, a concentração e atenção vai para o aluno interessado, participativo e colaborativo, para as turmas que deixam que o docente defina regras, imprima ritmos e defina dinâmicas;
ainda não senti chegarem à escola aqueles que se preocupam com todos os outros, sejam eles quais forem, de interesse divergente, de ambição do dia, de sentimento imediato, de disputa;
enquanto estes não chegarem às escolas, o sistema mantém-se, assente na rotina de um quotidiano feito de repetições sucessivas...

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