quinta-feira, 29 de agosto de 2013

o tempo

acrescento, com toda a impertinência que me pode caraterizar, que o tempo é também um grande professor; 
o tempo molda, esculpe, gasta e desgasta consoante o vento, o sol, as correntes de calor, as estações do ano, o uso que fazemos e que damos às coisas; 
o tempo escolhe, seleciona, divide, separa o trigo do joio; com o tempo apercebemo-nos das coisas de forma diferente, parece que muda o nosso olhar, mas apenas o valor que damos a esse olhar ou ao que olhamos; 
o tempo, entre arquiteto e professor, define espaços de ação e pensamento, condiciona quem somos e o que fazemos, o que queremos e o que desejamos; o tempo faz-nos, como um qualquer arquiteto que define fluxos por onde podem escoar gentes como sentimentos, relações entre espaços, entre pessoas e coisas; o tempo faz-nos, como qualquer memória de um qualquer professor que uma vez nos disse e que nós recordamos como se tivessemos ouvido, recordamos sem saber porquê, que olhamos para trás e percebemos o tempo que temos pela frente; 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

mais do mesmo ou uma espécie de uma qualquer análise social regional

volto à temática; apaixona-me, entusiasma-me, gosto de perceber o porquê de algumas coisas; nunca tive um qualquer espírito de engenheiro, daqueles homens que desmontam coisas para perceber como funcionam; não tenho jeitinho nenhum para manualidades, por muito que tente e persista; 
em contrapartida sempre fui curioso sobre como funciona a sociedade, o meu mundo; é este meu mundo que eu procuro estudar, analisar e compreender no meio das minhas investigações em educação, as franjas, as relações de poder, as diferentes formas de sermos e de nos construirmos; 
vai daí e regresso a este mesmo tema, aquilo a que agora designo como uma qualquer espécie de análise social regional;
não me estendo para além da minha região, isto é do meu distrito, corro o risco de um qualquer abuso por generalização; aquilo que eu conheço e estudo no distrito de évora pode não ser extensível aos outros distritos alentejanos ou, a sê-lo, é com algum comedimento, pois a realidade social, apesar de se poder fundar e assentar nos mesmos pressupostos, tem variações significativas pelo contexto, pela história, pelas formas de apropriação; 
aqui, pelo distrito de évora, há quem e muito melhor que eu saiba fazer esta análise social, relacionar as diferentes formas de poder com partidos e a religião, questões sociais e políticas, dimensões inerentes aos terratenentes ou questões da educação e da formação; eu, por mim, alinhávo as minhas considerações;
primeiro, já me perguntaram do porquê de designar por larachas; foi assim que um camarada do partido em que milito e por quem tenho estima, designou aquilo que defendo e escrevo; marcou-me, pois percebi, tempos mais tarde, que mais não era que uma forma de eu me calar; não me calei; 
segundo, já me perguntaram do porquê de parecer zangado com tudo e com todos; não estou zangado, longe disso, apesar de o poder parecer; insurjo-me contra um estado de coisas, debato-me contra a minha própria impotência e incapacidade; aí sim, estou zangado por não conseguir juntar mais gente, por não fazer sentir e traduzir a minha razão; como um senhor disse, neste campo, onde a política se cruza com o social, não há razão nem antes nem depois de tempo; ou temos e conseguimos fazer o reconhecimento da nossa razão, ou simplesmente perdemos o timming, e eu perdi, há muito o meu timming
terceiro, pelas questões que falo, pela dependência aos senhores, sejam eles do partido, da terra ou da puta que os pariu, é que nós (alentejanos do distrito de évora) gostamos de ser maltratados; pensava eu que era apenas um adizer, mas não; gostamos do servilismo, de estarmos dependentes de um qualquer chefe, tenha ele ou não razão; gostamos de ser colocados no nosso cantinho, que nos digam qual o nosso galho porque, afinal e para todos os efeitos, cada macaco em seu galho; por isso, os serviços funcionam melhor quando á um qualquer filho da puta discricionário à frente, não se contesta, assume-me a sua razão e subsume-se a nossa pessoa pois nós, coitados, aguentamo-nos - e é ver os serviços que por aí existem, a descricionaridade e arbitrariedade que padecem, as formas de gerir as pessoas, a pontapé, à facada, a torto e a direito, a ausência de tato ou de simples bom senso, nem sequer estão com isso preocupados; por isso mesmo é de ver e sentir o silêncio que entre todos partilham, o fingimento que tudo corre, que não nos - me - calha, mas ao outro, desgraçado, que não caiu nas boas graças, como se isso, das boas graças, fosse critério; pode não ser critério, mas nós, mesmo agnósticos ou ateus, acreditamos que seja destino, que nos estava destinado, pois, a puta que os pariu; 
quarto, por isso mesmo, há muito que perdi qualquer veleidade de meritocracia, de competência seja do que for; é coisa de somenos importância perante os senhores; perante aqueles que nos colocam no lugar, nos dizem qual o espaço que podemos ter e assumir; a competência, seja do for, fica restringida ao amiguismo, a diferentes formas de subserviência, à obediência a alguma coisa que não sejam princípios, ideias ou valores, mas interesses pessoais e particulares, ao momento em que se é solicitado a dizer que sim sem perguntar, sem questionar; 
quinto, por isso mesmo um camarada que conheci há muito me disse um dia - e só tempos depois percebi - que há pessoas de fidelidade canina, daquelas que não contestam, não discutem, não questionam; obedecem e pronto; puta de vida, que não gosto dos gnus, dos formigueiros nem de borregos, todos aqueles bichos da conformidade, do carreirismo; puta que me pariu, pois sempre gostei de fazer o que faço, de ser quem sou; azar o meu? nem de perto nem de longe, tal como todos os outros durmo descansado; 
sexto, por isso mesmo os diferentes partidos entretém uns quantos senhores com um ou outro osso, dando a ideia que discutem espaços e pessoas, que definem objetivos e interesses mas, chegada a hora da verdade, lisboa, isto é, outros decidem por nós, também eles nos colocam no sítio, no lugar, no galho que nos cabe e compete; e nós dizemos que sim; 

das escolhas ou dos sentidos das escolhas

o a cinco tons, tem apresentado um conjunto de posts deveras interessantes sobre évora, seja a propósito de uma campanha eleitoral (que é virtual), seja pelas divergências entre famílias (sejam elas sociais, políticas, partidárias, religiosas ou um pouco de tudo isso);
acrescento, pelo que tenho lido e procurado analisar, algumas ideias a uma questão que considero crucial em tempos de eleição e escolha;
nós, alentejanos mais que outros de outras regiões, somos feitos de uma simples massa que nos molda o espírito e cava fundo no coletivo; 
está relacionada com a terra, a sua forma de exploração que condicionou, ao longo de séculos, formas de vida e organização social, quase sempre na extrema dependência de um senhor, fosse ele feitor, manageiro ou simples senhor por via da posse, do nome ou da prepotência; acabados os senhores, por via política e partidária, essa estranha forma de gerir pessoas, definir objetivos e cumprir interesses não se foi, ficou, aprofundou-se e reformulou-se à luz da democracia; foi a vez dos partidos ditarem as suas regras e substituíram, enquanto puderam, os senhores terratenentes; passaram a ser os senhores dos partidos a ditar a organização social, a distribuir benesses e protagonismos, a definir quem é o quê, que limites e que espaço cada um pode ocupar; os senhores, esses, juntaram-se aos partidos, distribuíram-se por eles mesmos, mas recusaram o protagonismo passado, ficaram-se pela reserva, pela sombra, condicionando quem decidia e quem podia decidir; o extremo provincianismo que nos carateriza, marcado pelo nosso isolamento e pela nossa própria ignorância, levou-nos a criar relações pelos apelidos, como se isso, o apelido, valesse, nos identificasse, criasse afiliações; marca tão distintiva de um provincianismo que ainda hoje carateriza qualquer terrinha do interior alentejano; 
é assim desde quase sempre; os diferentes movimentos de revolta nunca passaram de meras formas de contestação, por causa de um mais livre pensador, porque se zangaram comadres, porque alguém tinha olho em terra de cegos; nós, alentejanos, raramente nos revoltámos e, sempre que o fizemos, foi na fuga que marcamos posição, primeiro dos campos para a cidade, depois para o estrangeiro e agora  como antes de nós mesmos com o retorno do suicídio; e assim tem sido na gestão do poder local, de évora ou de qualquer outra sede de concelho; é a zanga de comadres, por via de saias ou de interesses privados, que se alteram lógicas e partidos, se trocam vereadores e se dominam os fregueses;
se é certo que a democracia veio mitigar (e mascarar) esta forma de gestão do coletivo e de definição dos interesses particulares, dando a ideia que o filho do sapateiro podia ser médico ou, no meu caso, o filho de um empregado de balcão podia ser doutor, a liberdade de movimentação foi sempre, mas sempre, condicionada por uma geografia das possibilidades que, ditada por cumplicidades ou simples reconhecimentos, permitia uma certa mobilidade social; o problema foi quando essa mesma mobilidade social começou a confrontar interesses e partidos, a redefinir objetivos e a ganhar massa; aí os senhores, agora alavancados nos partidos, onde garantiram uma ascensão social que de outra forma nunca teriam tido, começaram a reorganizar-se; 
foi um tempo, idos anos 80 do século passado, em que muitos dos poucos livre prensadores passaram por évora e por esta região; não eram pedreiros livres, nem novos cristãos, eram apenas sonhadores que, com a sua utopia ainda muito alimentada por uma revolução que julgaram popular e alguns marcados pelo cosmopolitismo (ao tempo ainda político ou académico) queriam mudar hábitos e modos, mentalidades e culturas; conheci alguns na universidade de évora, nas ruas da cidade, nos cafés, nas esquinas que todos nós frequentávamos, independentemente de crenças e filiações; todos, mas mesmo todos, foram embora passado pouco tempo de gritarem aos céus e se confrontarem com as limitações da sua geografia da ação; é a fuga à previsibilidade; 
os que por cá ficaram foram silenciados, menosprezados, silenciados, postos no seu lugar; 
em tempos ainda julguei, como outros antes de mim, poder mudar rumos e sentidos, também sonhei e também alimentei as minhas próprias utopias, eu e outros; grande asneira; dei por mim a valorizar-me desnecessariamente; pensando que aqueles que falavam depois de mim, me davam importância, me combatiam nas ideias ou nos sentidos; estava profundamente enganado; não me combatiam, não me davam importância nenhuma, limitavam-se a assegurar o seu território, a gerir os seus interesses, a garantir a sua geografia de ação e que não era colocada em causa nem por mim nem por nenhum outro que fugisse ao seu controlo, ao seu protagonismo, à sua influência de senhor terratenente; 
este cenário desemboca, uma vez mais, no confronto eleitoral autárquico onde ganha maior visibilidade na gestão dos interesses, na definição dos candidatos, na limitação dessa geografia de ação onde o senhor condiciona o servo, o põe no lugar; torna-se mais evidente, mas não necessariamente mais claro, a eterna dicotomia entre uns e outros, não obrigatoriamente de esquerda e direita, é vê-los a cruzar partidos; ricos e pobres, azuis e verdes (ou, noutros lado, amarelos); benfica e sporting, norte e sul, etc; é ver os senhores a distribuir as suas pedras, a contarem as espingardas, mas a resguardarem-se na sombra, numa presença sempre muito mais simbólica que efetiva; 
e esta dicotomia ganha espaço também no mundo do virtual, das redes sociais digitais; é ver os amigos, a interação com os amigos, os "gostos" disto e daquilo, aqui e ali, as respostas ou os silêncios, estes tão ruidosos como gritos mudos; tudo sempre alimentado por uma santa ignorância, por vezes dependente, outras subserviente, de uns quantos sempre necessários e mais papistas que o papa nestas coisas de garantir o espaço do senhor; é o provincianismo ignorante na sua mais singela forma; é ver e comparar com outras regiões, não isentas de lógicas de gestão dos interesses mais particulares, como ficou evidente no livro cuja imagem reproduzo, mas são outras as lógicas, são outras as formas de gerir os interesses; este nosso alentejo, esta minha cidade (ou aldeia) tem os seus modos e as suas modas; e não é nem caraterístico nem restringido a uma partido ou coligação; é ver como os nomes se espalham pelos diferentes partidos, como há famílias aqui e alí, à direita e à esquerda, por muito puristas que uns queiram ou pretendem ser mais que outros; 
e agora votamos...

terça-feira, 27 de agosto de 2013

desafios tecnológicos

nas vésperas de começar mais um ano letivo este ano dou comigo a ter sérias dúvidas quanto às ferramentas a utilizar; 
habitualmente, nesta mesma altura, as minhas dúvidas vão para aquilo que designo como sistema de informação escolar, isto é, o conjunto de registos do aluno que me permita formar, alimentar e avaliar uma ideia do trabalho desenvolvido, das competências adquiridas, dos conceitos e conteúdos trabalhados; este ano, para além desse desafio (aparentemente arrumado em duas plataformas, profebox e learnboost) o meu grande desafio vai para quais as ferramentas a utilizar - quer em sala de aula (apoio ao aluno, explicação de conteúdos, apresentação de conceitos, entre outros) quer em termos de trabalho colaborativo (entre alunos e professor, entre alunos, ou entre professores, por exemplo do mesmo conselho de turma);
as ideias, o manancial é tanto e tão diversificado que fico na dúvida de qual aquele que me pode ser mais útil, facilitar o trabalho, colaborar no cumprimento dos objetivos, ser facilitador da relação (em sala de aula e entre aluno e professor ou entre colegas); 
para escolher ferramentas e/ou plataformas tenho-me debatido com duas ideias ou dois critérios: facilidade de utilização (e esta facilitação está também relacionada com a perspetiva do aluno e da família) e internet based, isto é, tem de ser uma plataforma que não me condicione na utilização e disponibilidade, tem de estar onde preciso e não onde se ajeita; 
para já repare-se no desafio:
mind maps - disposição de conteúdos e conceitos - 1 e 2;
prezi - para apresentações; conteúdos, conceitos, objetivos;
glogster - cartazes, apresentações, esquemas;
quizz - testes, fichas, avaliação - neste há uma panóplia para esquecer;
edmodo ou examtime plataformas de colaboração;
educlipper - partilha de informação; 
isto para além daqueles que já me são essenciais, como a dropbox, evernote ou drive;
são os desafios da escola e da educação no inicio deste milénio; não faço o pino nem me viro para entusiasmar o pessoal, mas devo adaptar ferramentas e a tempos e a desafios; senão fico mais parecido com aqueles que foram meus professores, bons, alguns muito bons, mas há muito, muito tempo atrás...

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

retoma

não é a económica mas a do tempo de regresso aos afazeres do quotidiano, a lenta retoma dos nossos dias; 
as férias estão-se a ir e, nesta altura, reconheço que já preciso de outros temas e outros contextos para me entreter; estou não direi cansado mas lá perto, das férias, do estio, dos afazeres mais domésticos e caseiros. da mornice dos dias quase sempre previsíveis, programados; sinto falta do rebuliço da escola, da imprevisibilidade dos gestos e dos acontecimentos, da intempestividade das dúvidas, da garantia das certezas; já sinto falta dos adizeres de uma sala de professores este ano mais pobre, muito mais pobre; 
para a semana regresso...

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

devaneios de um homem de meia idade

um primeiro post que é também e de certo modo, uma reconfiguração das linhas de orientação da minha escrita; quando comecei a escrever por estas bandas queria dissertar sobre a educação e a escola, o meu mundo, o alentejo, a minha terra, e sobre política, um gosto que há muito sinto entranhado em mim mesmo; 
hoje, fruto de vicissitudes dos filhos e, particularmente, da idade, deu-me para pensar sobre uma outra temática, relacionada com as coisas do homem; uma perspetiva diferente, esta mesma que faz com que olhemos a realidade e os seus acontecimentos com olhos que, de alguma forma, filtram interesses, hierarquizam importâncias e, essencialmente, coam a espuma dos dias que passam; 
por estas bandas da blogosfera há muitas coisas de mulheres, desde o sexo, a devaneios da idade, gostos, desgostos, interesses e aquilo que interesse; pouca coisa de homem, pouca coisa que, a partir de uma perspetiva masculina, mostre que homem também é homem por sentir e estar, ser e escrever; 
e, apesar de estarmos numa sociedade profundamente masculinizada, há estereótipos para tudo quanto é gosto e lado; sexo, se for a mulher a falar e a escrever sobre esta coisa básica, é erotismo, se for o homem é assumida pornografia; sentimentos, se for a mulher a dissertar sobre a coisa, são os sentimentos e a sensibilidade a ditar a escrita, se for homem é claro e assumido interesse em sexo que o orienta; se uma mulher falar de culinária, costura ou moda, são tendências, se for um homem ou bichanismo ou interesse em sexo; 
e pronto a partir de hoje e desta mesma posta, irão surgir devaneios de um homem de meia idade (o que não acredito, pois iria perfazer 100 anos, tempo de mais para o je), dissertações sobre como se sente a idade e o tempo, os acontecimentos e os sentimentos; uma outra perspetiva, porventura vulgar, ordinária (de comum e banal) mas também sentida; 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

em período de profunda degradação da escola pública, de reformulação dos sentidos políticos e pedagógicos que, praticamente desde os idos anos 80 do século passado, estavam consensualizados entre partidos do governo e sociedade, num tempo que muitos docentes esperam por uma qualquer nesga de oportunidade perdida para saberem se têm futuro...
com estas notícias pretende-se o quê? justificar políticas educativas? argumentar em favor das opções do governo? que há escola e professores a mais para as crianças? que os recursos humanos da educação estão desfasados dos contextos? que, afinal, a autonomia é apenas retórica? que os programas e projetos contra o insucesso são brincadeiras de faz de conta?, o que se pretende, nesta altura, com este tipo de notícias

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

coisa a importar

a importar de trazer cá para o burgo e a importar de relevância;
aqui está um "belo" exemplo da concorrência entre escolas, do despique e do livre mercado educativo;

preparação da preparação

em férias e com poucas solicitações, ninho quase vazio, quando não mesmo vazio, entretenho-me entre leituras, alguma escrita (aqui e académica) e a preparação dos preparativos do novo ano escolar; 
é certo que ainda não sei que níveis irei ter, nem que serviço me será atribuído; pelo que conheço daquela minha escolinha, será de esperar tudo e mais alguma coisa; cá me aguento; mais, nem sequer sei se fico na minha escolinha, pois concorri à mobilidade, segunda prioridade; espero pelos desenvolvimentos; 
mas entretenho-me, pois claro, pelo menos estou entretido, evito as horas de maior calor e os calos nas mãos por andar de volta da minha agricultura; no meio dos preparativos da preparação dou conta de material antigo, de outros anos e referencio que nessas alturas também era agosto o mês dos preparativos; coincidências? nem por isso, é mesmo preparação, organização e planeamento... digo estratégico; depois, quando a maior parte do pessoal andar a apontar-me por não trabalhar apenas sorriu e penso que já trabalhei, ao meu ritmo, na minha dinâmica, no compasso que entendo e não como outros querem ou procuram import; 

surpresa sem surpresa

as notícias primeiro deram conta que um tribunal, isto é, um/a juíz/a, decidiu, sobre o mesmo tema, a elegibilidade de presidentes de câmara, de modo diferente de outro; 
até parece que foi surpresa; 
depois, o mesmo tribunal que antes tinha afirmado uma coisa afirma agora outra, passados nem 10 dias; 
não considero surpreendente; começamos a descobrir que afinal os tribunais também são feitos por homens e mulheres, que têm sentimentos e afirmam sentidos, que têm conhecimento mas também têm opinião; 
é coisa fora do normal? não considero, consideraria, isso sim, se de norte a sul ou de leste a oeste decidissem todos da mesma maneira, aí sim, eu desconfiava;

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

política por sondagem

ontem, telefonicamente, fui abordado para responder a uma sondagem sobre o concelho de arraiolos; nada de monta; fiquei a saber que a sondagem era sobre o concelho; fiquei a saber que era sobre a opinião que cada um de nós tem sobre a vida que se tem por estas bandas; 
instala-se por cá aquilo que pelos anglo saxónicos é já muito típico, fazer política por sondagens;
não é novidade, nem sei que partido a terá encomendado; mas não deixo de registar a ideia que a política, na falta de ideias, se faz por sondagens; que o futuro se constrói, por falta de iniciativa, com base nas "sensações" de uma maioria de sondagem, que as afirmações, considerando a ausência de lideranças, se faz com base nos grandes números; 
crítica? nem por isso, reconhecimento, puro e simples, que, por estas bandas, faltam ideias, lideranças e estratégias de mobilização e de construção do futuro; 
se tenho pena? não, não tenho é futuro o que me leva a sentir saudades, longo eu, que, como um amigo costuma dizer, parafraseando um poeta, saudades só do futuro, daquele a dizer do anos 90 do bloco de esquerda, junta-te a uma imensa minoria; 
mas isso sou eu, que tenho a mania que sou parvo... os políticos espertos, esses, fazem política pelos grandes números...

concordo na discordância

aquando da sua indicação para patrono da antiga escola da malagueira não disse nada, houve outros que disseram mais e melhor que eu;
agora, perante as notícias, não resisto e faço o meu comentário;
este Homem é merecedor da distinção e do reconhecimento que, por estas bandas, muitos lhe rejeitam e contestam; 
estou à-vontade para o afirmar e defender; nunca concordámos um com o outro; desde os idos anos 80, eu, jovem estudante da UÉvora, e ele, responsável por uma área que se tornou fundamental e que, com a sua retirada, ou desvio, caiu para as ruas da amargura, os cursos de ensino, nos debatemos, nos confrontámos e discutimos;  eu cresci, ele aprendeu a respeitar a irreverência do sangue fresco; 
corrijo um ponto, sempre concordámos em dois aspetos, em discordar um do outro, em nos respeitarmos um ao outro; 
desde esses tempos que admiro a pessoa deste Professor à antiga, que me trata pelo nome, que pergunta pelos meus pais, que mostra curiosidade em saber como estão os meus filhos; coisas fúteis, banais, mas tão importantes na vida e nos afetos de cada um;
tenho e sinto um enorme prazer em ouvi-lo, simplesmente ouvi-lo; tem uma ideia de escola, que sempre defendeu e que me influenciou; tem uma ideia do que é ser professor, na qual me reconheço; tem um enorme gosto e um imenso prazer naquilo que sempre fez, ajudar os outros a crescer; 
parabéns caro Professor... merece, bem  feita :)

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

tempos difíceis

há coisa de uma ano atrás referenciei o profebox; procurava formas de enfrentar uma das minhas maiores dificuldades na prática letiva, os registos de alunos, do dia a dia, da dinâmica das aulas, registo de observações, comentários, "impressões", ideias que me pudessem ajudar a avaliar procedimentos, desempenhos, competências; 
entre muitos outros dei com esta plataforma tuga; 
não é fácil de usar ou, pelo menos, não é de utilização direta, ainda que possua manuais vídeo muito interessantes, esclarecedores e bastante úteis; 
fiquei fã; agora, na preparação do próximo ano letivo deparei com algumas dificuldades, pequenos bugs, muito típicos de produtos em desenvolvimento; e vá de enviar mail a pedir apoio; foi rápido e, é isso que quero destacar, pessoal; escreveu-me o chefe dizendo-me que a coisa está nos finalmentes, estado comatoso, cuidados paliativos, no fio da navalha; 
o ministério nem quis saber da coisa (era o mais que faltava), sindicatos nem vê-los, escolas nem sabem o que isso é; de um universo global de mais de 100 mil docentes (dados das manifestações do tempo do camarada sócrates) pouco mais de 4 mil, e nem todos tugas, aderiram ao projeto; falta de meios, falta de financiamento, falta de capacidade e uma ideia deveras interessante arrisca-se a morrer; é pena, tenho pena; é bastante interessante e cumpria quase que plenamente, os meus objetivos; 

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

cada cavadela cada minhoca

cada dia cada asneira e não é de asneiras que se trata, mas de propósitos estratégicos, deliberados, pensados e implementados;
cada dia cada novidade, cavadela, minhoca, agora, do mundo das cratinices, vem esta pérola de se dispensarem os funcionários; estou certo que o grande objetivo é deixar a escola vazia, começou-se pelos docentes, passou-se pelos alunos e agora os funcionários; o que resta da escola? paredes, quadros, alguns interativos, e pó...
pessoalmente não conheço nenhuma escola com funcionários a mais - e conheço algumas; é certo que as agregações colocaram em Xeque os técnicos administrativos que, de repente e por inépcia e incapacidade dos diretores (de redefinirem funções, requalificarem pessoas, reorganizar serviços), viram as suas funções dobradas por funcionários; 
para além do esvaziamento da escola esta notícia traz um acrescento com claros requintes de malvadez, determina que sejam os diretores a armarem-se em deuses e sejam eles a prescindir dos funcionários; pronto, tá o caldinho arrumado, amigos e amiguismos, companheiros e companhias a ordem está definida; (do que eu me safei); 

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

públicas virtudes, vícios privados

esta do cheque ensino é coisa que já tem alguns anos e o cds/pp persiste e insiste em afirmar na opinião pública através das opiniões publicadas; muito provavelmente inserir-se-á na nova estratégia do segundo fôlego dos ministros do cds; 
depois da crise, depois das sondagens que remetem o cdps/pp não para um táxi mas para um smart e na ausência da senhora ministra da agricultura, é a vez de mota soares e pires de lima serem os cronistas das novas dinâmicas políticas; o primeiro marca presença assídua nas notícias, o segundo descobre, algures no ministério, verbas avultadas para o incentivo à economia; o psd que se cuide; 
sem mais ministros, são os secretários de estado do cds/pp que, mais insipidamente, com menos destaque e quase completa ausência mediática, procuram atirar milho aos parvos;
é o caso do cheque ensino; não tenho grande dúvidas que há gente, muita gente, de quase todos os setores políticos e partidários, que defenderá acerrimamente o cheque-ensino; não é o meu caso; 
primeiro porque manifestamente acentua as diferenças entre quem tem possibilidades de escolha e quem não as tem; neste contexto, o cheque ensino apenas irá reforçar as capacidades e condições daqueles que já hoje têm possibilidades de escolha; 
segundo, a estrutura da rede educativa ao permitir a total liberalização da escolha da escola pela família não se coaduna com a possibilidade cerceada às escolas públicas de definirem o seu orçamento, recrutarem os elementos necessários ao seu projeto - e não necessária ou exclusivamente docentes, de implementarem as suas opções e orientações; neste contexto, há uma clarissima desigualdade de oportunidades; 
terceiro, em nome da concorrência, da eficácia e da eficiência do sistema educativo, em particular da escola pública, valorizo mais a delegação de competências pelas diferentes estruturas educativas da escola, conselho geral, conselho pedagógico, direção e, mesmo, conselhos municipais do que a liberalização das escolhas, sempre limitada a zonas geográficas já de si privilegiadas, privilegiadora de quem já tem privilégios; 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

campanha eleitoral virtual

desta vez com maior preponderância, mais presença e consistência a campanha eleitoral para as próximas autárquicas marca presença pelos espaços virtuais das ditas redes sociais; 
é certo que, a maior parte dos sítios se limita a replicar, virtualmente, o vazio que objetivamente cada candidatura apresenta; nota-se, para além da falta de ideias, a ausência de uma estratégia de afirmação dos espaços virtuais - prefiro digitais - de articulação e ligação entre o contacto físico e as diferentes redes sociais digitais; 
é também verdade que existem honrosas excepções, onde é visível a articulação, continuidade e ligação entre os diferentes espaços, mas mesmo nestas e na sua generalidade se nota a falta de ideias que ultrapassem os lugares comuns, as vulgaridades e banalidades tão típicas de uma qualquer campanha; a principal caraterística que atravessa quase todas as campanhas, independentemente da sua cor, feitio ou padrinho/madrinha é mesmo a festa; aproveitando-se a época do ano é ver as festas e romarias e os mimetismos do paulinho das feiras, tão criticado por uns, distribuídos por tudo quanto é freguesia em festa a ser pespegado nas redes, em particular no facebook; 
pena é que no meio da festa e do arraial popular se esqueçam, ou propositadamente se esconda, o vazio das ideias com que se pensa gerir e afirmar o futuro, seja ele qual for - e estas pessoas deviam antecipar um futuro...

sábado, 3 de agosto de 2013

de laracha em laracha

continuo a escrever as minhas larachas, despreocupadamente, sem receio do controlo de uns e de outros, do medo que padrinhos e madrinhas me procuram impingir; já me fizeram de tudo, já me trataram de quase todas as maneiras possíveis - com particular destaque para modos abaixo de cão; umas fingi que não percebi, outras não percebi mesmo, outras joguei com o gosto da hipocrisia; já trataram a esposa assim e a assado, qual mafiosos que jogam com a família; por quase tudo passei e passamos; resisti com a família, com os meus, que sempre foram inquestionáveis e inamovíveis nos afetos; 
continuo a dizer as minhas larachas, certo que poucos me entendem, raros me percebem, outros nem me conhecem; mas é um prazer de escrita perceber os contornos aqueles que se movimentam nas sombras, nas zonas de penumbra que eles próprios criaram; gostava de perceber as razões das movimentações, de tratarem a gosto aqueles de que gostam e a desgosto aqueles de quem não gostam;
dá para perceber que é a oposição a quem resiste ao pensamento único, a quem sai do carreirinho formigueiro; hoje, no expresso, nem de propósito, uma afirmação bem interessante:
é verdade, a natureza humana não muda, apenas os modos se alteram. A liberdade de expressão ainda é entendida como a possibilidade de o outro dizer o que cada um gosta. Quando tal não acontece, quando se sai da cartilha, há uma alcateia de lobos disposta a trucidar o incauto. Fazem-no em nome de um princípio, de uma ideia, de uma verdade, e acham que esses nobres fins justificam a ação. Mas não era isso, palavra por palavra, que diziam inquisidores, fascistas e comunistas? (henrique monteiro, expresso)

estado e Estado

por culpa de quase todos os que passaram pelos corredores da política há hoje uma assumida zona de ninguém entre o que são serviços do Estado e o governo da nação, desse mesmo Estado; 
se perguntarmos às pessoas estou certo que uma boa maioria não saberia destrinçar aqueles que são serviços do Estado e aqueles que são serviços do Governo; uma assumida promiscuidade, o quebrar de barreiras entre Estado e governo como se elas não fossem necessárias, um espaço de Shenguen demarcado por interesses particulares e objetivos individuais; 
para quê, com que propósito, com que objetivos? 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

gostar eu gostava

sinceramente, gostava de perceber o que move padrinhos e madrinhas, interesses e interessados, mas não sei, não consigo vislumbrar um porquê plausível, entendível cá para o je; 
não consigo perceber se são questões de política, daquela que orienta escolhas e sentidos, que define valores e nos organiza a cabeça e, como se costuma dizer, serão as nossas mentalidades; ou se serão meras questões partidárias, de arregimento de forças e interesse pontual e casuisticamente comuns e que, nesse contexto, se encontram numa qualquer esquina; se são interesses do dinheiro, afinal move montanhas; se será uma mera questão de poder, daquele em que o cacique africano organiza a sua corte; ou se sexo, sempre presente no meio de umas e de outras; não sei, não consigo perceber por onde circulam estes interesses, que razões se movem e os movimentam; porque razão escolhem uns e preterem outros, se escondem na bruma ou se afirmam no vã poder de condicionar a vida de uns quantos, não sei; 
isto a propósito do cabeça de lista do ps à assembleia municipal ser um dos poucos militantes do ps e de já ter anunciado a sua saída do concelho a partir do início do ano letivo; não significa que abandone o lugar, claro, pode sempre cá vir e participar, afinal são apenas 4 ou 5 reuniões anuais, nada de monta; mas porquê uma coisa destas??????????

dos macacos

para quem passa férias por casa, em turismo rural, entretenho-me a organizar os meus afazeres para aquilo que penso vir a ter e a fazer a partir do próximo mês de setembro, aulas; 
dou uma vista de olhos no manual virtual adoptado lá na escola e confirmo que até um macaco, ou quase, poderia dar aulas, bastar-lhe-ia dizer onde carregar e coisa desenrolava-se; 
nessa medida o meu desafio (e de quase todos os docentes) está em pensar formas de envolver o aluno na dinâmica de trabalho, na sala de aula; como é meu hábito irei provocar alguma confusão, algumas expectativas e muita curiosidade, mas o desafio perante a organização de conteúdos que a editora propõe e os recursos que disponibiliza não me permitem ficar a olhar (ou a admirar) o e-livro; há que envolver o aluno, levá-lo a trabalhar, a participar no seu trabalho, a pensar nos seus objectivos, a negociar estratégias de envolvimento - diferenciação pedagógica e trabalho de projecto, vai ser a receita com que me irão criticar...