quarta-feira, 31 de julho de 2013

agradecimento

nunca aqui comentei os resultados do processo concursal a que fui opositor para director do agrupamento de escolas de arraiolos; foi o que foi, com o interesse de uns quantos, a motivação de outros, e a soberba de outros tantos - quando interessei fui chamado, quando me sentiram a mais fui descartado quem nem penso descartável (para ser simpático); 
como é muito meu hábito, há que encarar um mau resultado como uma oportunidade para dela retirar ensinamentos, alguma aprendizagem e, se possível e sem ser hipócrita, benefício das circunstâncias;
daí o meu agradecimento a quem não optou pelo projecto que apresentei, um agradecimento a todos e a todas que, no conselho geral (e fora dele) preteriram o meu currículo; um agradecimento por terem recusado (e alguns gozado) com  a ideia de escola que apresento e defendo; ao fim e ao cabo, um agradecimento por não me terem escolhidos e, dessa forma, por me terem proporcionado férias, uma clara fuga a moengas (das grandes), às contrariedades, ansiedades e angústias de gerir o impensável para mim, ser obrigado a dispensar pessoas, preterir competências e saberes, desmembrar uma história e uma cultura, porque as escolas são feitas disto mesmo, de pessoas, de histórias, de afectos; 
apesar de muito crente no meu agnosticismo há quem, com fé, me diga que deus escreve direito por linhas tortas; ufa, ainda bem, até quase que acredito e, pelo que vejo à minha frente nas políticas da educação e nos tempos de gestão na escola, safei-me de boa, obrigado; 
ao/à conselheiro/a que em mim votou, sozinho/a, isolado/a, o meu mais sincero agradecimento pela confiança que em mim foi depositada, mas, felizmente, há gente com tino e compostura e que me preteriu - e ainda bem, os tempos educativos, os tempos de escola não estão para tipos como eu, não gosto de ser asséptico, santo, e menos ainda indiferente ou desculpabilizante ao que muitos passam, sentem e sofrem; felizmente aqueles que embirram comigo, porque sou directo, coerente, digo verdades e nunca (ou quase nunca) minto, apesar de muitas vezes dizerem exactamente o seu contrário, fizeram-me um favor, um grande favor, obrigado; 

serenidade

enquanto o Estado social se desmembra a olhos vistos, enquanto grande partes das conquistas de abril são substituídas por precariedade, descricionaridade e arbitrariedade, lembrando, em muito, tempos antes de abril, o que fazem os nossos padrinhos e as nossas madrinhas? 
enquanto se despedem pessoas por incúria e má gestão, enquanto se desertifica o interior, enquanto vimos os jovens a imigrar, cabisbaixos como que envergonhados, que fazem aqueles que, nos partidos, têm posto e disposto a seu belo prazer e a contendo dos seus interesses?
enquanto vimos aldeias a ficarem desertas de gente, cheias de desempregados, campos queimados pela incúria ou o propósito de interesses particulares, que fazem aqueles que escolhem candidatos, que se vangloriam do seu vã poder, que negoceiam interesses e objectivos como quem troca tremoços e uma bejeca?
enquanto decorre a troca de galhardetes e piropos, ao som de uma pré campanha com resultados anunciados, que fazem aqueles que, em nome do povo, nos deviam orientar, servir (e não serem servidos), prestar contas (e não fazer de conta)?
não estou zangado, estou cansado da incúria de muitos, do silêncio de quase todos, do medo que nos preenche e, particularmente, defraudado com o estado a que temos votado a nossa aldeia, a nossa vila, a nossa cidade, a nossa região, o nosso país; 

insuportável

e não é o calor é o despedimento em massa pelo qual passam centenas, senão mesmo milhares de docentes dos ensinos básico e secundário; 
no meu agrupamento foram a destacamento por ausência de componente lectiva 22 docentes, todos do quadro; é um agrupamento de pequena/média dimensão, representará sensivelmente entre 15% a 20% do total de docentes; e os outros, os grandes, como será, quantos serão?
o insuportável não se refere ao calor mas à angustia que muitos e muitas estarão a passar sem saber qual o seu futuro, sem esperanças nem alternativas; 
é ingrato, é injusto, é desnecessário, nunca como agora concordei tanto com a expressão de um sindicato, não há professores a mais, há escola a menos...

sexta-feira, 26 de julho de 2013

da norma ao normal

há alguns anos atrás, década de 90 essencialmente, havia em cada conselho directivo um dossier organizado com a legislação educativa; disponibilizado pela tutela, ministério da educação, era apresentado com o argumento de sintetizar toda a legislação que então começava a ser produzida e disponibilizada às escolas decorrente da lei de bases; conhecido pelo acrónimo de LAL por estar relacionado com o lançamento de cada ano lectivo;
era, para todos os efeitos, uma orientação da tutela para a conformidade legislativa e normativa; perante o crescimento da escola, a sua massificação e a crescente entrada de jovens docentes, a tutela procurava salvaguardar a sua acção, normalizar a crescente diferenciação de gestão e homogeneizar práticas; foi abolido já no início deste século, fruto de se começar a disponibilizar às escolas a legislação em suporte informático; mas era também visto uma clara contradição à propalada autonomia que então jorrava por tudo quanto era política educativa;
actualmente e também à pala da sistematização e da autonomia, reaparece o LAL, e com ele a preocupação pela norma, pelo normativo em clara vantagem sobre a acção local de docentes e estruturas educativas, do pensar e reflectir as relações e a acção pedagógica e de organizar os recursos de acordo com as condições e ideias que se expressam num território; 
o Estado, isto é, a tutela educativa, acaba por revelar receio das suas próprias palavras, do seu discurso em torno da crescente autonomia das escolas e, não vá o povinho mijar fora do penico, vá de o condicionar impondo a norma como mecanismo de regulação da gestão; 
a merda toda é que em algumas escolas/agrupamentos agora como antes, vai ser bíblia (logo eu, que sou agnóstico)...

sábado, 20 de julho de 2013

cratices ou cretinices

o correio da manhã de hoje dá conta da pretensão de alargamento do número de alunos por turma; 
sempre desejei falar para grandes audiências, não sabia como, mas há quem saiba

dúvidas - questões - curiosidades

apenas isso, sei que dificilmente terei alguma resposta;

que razões existirão para que se afastem quase todos aqueles que há quatro anos atrás deram o corpo ao manifesto e às balas por arraiolos?

que circunstâncias terão levado a que, no processo de decisão dos elementos das listas do ps no concelho de arraiolos às próximas autárquicas, poucos sejam os militantes socialistas, menos ainda os que encabeçaram há 4 anos atrás e menos ainda os que então participaram?

só a título de curiosidade, o porquê de se constituir uma lista, concretamente à assembleia municipal, feitas de corpo presente, distantes do discurso e da acção política?

porque razão, sempre que o ps se apresenta como alternativa de consistência e coerência no concelho de arraiolos, as estruturas distritais do ps anulam, silenciam, dispersam essa alternativa? aconteceu em 1997, em 2002 e em 2009;

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Carnival Is Over



e, se calhar, fruto da seally season, nós até somos capazes de acreditar
ou talvez não...

coisas do feitio

ou da falta dele
ora estou zangado, ora é o sacana do meu feitiozito, mas há sempre qualquer coisa de menos bom a justificar ou enquadrar os meus adizeres, nunca é por eventualmente ter razão, possuir um qualquer sentido de razoabilidade ou pertinência, olhar e escutar a realidade sob outra perspectiva, não senhora, é mesmo de feitio e mau, não podia ser coisa boa; 
mas é caso de ser só por estas bandas, noutras há quem me escute, há quem troque argumentos, há quem troque ideias; há quem diga que até tenho bom feitio; 
só por estas minhas bandas tenho mau feitio; alguém gostaria que assim fosse, mas estou mais próximo dos malucos do que muitos (ou algumas) possam pensar, essa é que é...

da salvação

falam-nos e fala-se de salvação nacional como quem fala de ir ali beber uma mini e já venho;
falar de salvação nacional, no meu (des)entendimento implicaria:
1 - crise incontornável, irremediável e que colocaria em causa a soberania e os valores nacionais;
2 - ameaça externa, bélica ou política tal como no passado (e, só para referir alguns exemplos, os mais badalados, 1383/85, 1580/1640, 1820, 1921), onde se poderiam justificar acções ou procedimentos manifestamente extraordinários (como foi o caso em cada uma das datas assinaladas);
assim sendo, ou estamos mesmo assim e somos mantidos na santa ignorância, eles é que sabem o que é que devem dizer e quando dizer ao povinho, ou andam a amedrontar as hostes para que a salvação nacional seja apenas a salvação de alguns (interesses e interessados), daqueles pequenos (e grandes) oligarcas que exercem o interesse em nome da nação, dizem que é pelos outros, mas efectivamente o que interessa, são coisas muito, muito particulares, pois o povinho é estúpido e acredita em histórias da carochinha;
e depois perguntem-me se estou zangado; claro que não, estou é mais parvo e deve ser do calor...

quinta-feira, 18 de julho de 2013

contra o carreirismo

texto dado a conhecer ao presidente da federação distrital do ps, presidente da concelhia de évora e deputados do ps eleitos à assembleia da república e parlamento europeu em fevereiro deste ano;

PS – ambição, determinação, pluralismo, participação
Um conjunto de militantes do Partido Socialista, cientes dos enormes desafios que se colocam à cidade e ao país, resolveu expressar a sua opinião apelando à mobilização, abertura e participação o mais alargada de todos para a identificação das melhores propostas para a cidade e para o concelho e, consequentemente, para a região e para o País.
Desde 2001 que o PS exerce a governação da cidade. Reconhecemos que um longo e árduo caminho foi feito, de reorganização de serviços, de ultrapassagem de mitos, de um novo urbanismo, de uma outra participação cívica, no envolvimento de instituições e associações, na criação de redes de parceiros e de acção. No entanto também fruto de um conjunto de razões, nomeadamente maioria relativa no Executivo, quebra de receitas próprias e sucessivos cortes orçamentais, a acção do Município neste mandato tem revelado deficiente desempenho nos "cuidados básicos" da cidade bem como apatia e incapacidade de mobilizar as forças vivas da cidade.
Por essa ou por outras razões, nomeadamente, por sermos ambiciosos e exigentes, temos a consciência, que muito ficou por fazer e falta fazer. Por reconhecermos que é o PS que melhor pode corporizar os novos tempos, os desafios de uma nova contemporaneidade, apelamos às estruturas concelhia e distrital do PS para que promovam a abertura de ideias, o confronto de opiniões, a troca de argumentos e de pontos de vista, para que, colectivamente, possamos identificar as melhores propostas, as mais abrangentes e ambiciosas, os protagonistas mais adequados ao desafio.
Por estarmos conscientes dos enormes desafios que a governação das cidades coloca à população e aos partidos, por há muito defendermos a abertura e a pluralidade do debate, por entendermos o PS como plataforma de confluência de ideias e opiniões, de culturas e valores, reconhecemos que só o PS está em condições de promover o debate plural e ambicioso sobre o que se pretende que Évora seja nesta década no contexto regional e nacional.
Em tempos marcados por políticas de tendência ultraliberal, em que muitas das conquistas da democracia de Abril estão colocadas em causa, em que se exerce a governação de forma déspota e descricionária assente numa coligação com maioria, a reinvenção do espaço público local, por estar mais próximo das populações, é determinante na criação de formas sustentadas de participação, envolvimento, controlo e fiscalização democráticas. A governação local, sem ser contrapondo a nada nem a ninguém, deve criar o seu espaço de intervenção e mobilizar a sua população para a intervenção cívica e democrática.
No contexto da governação do espaço local, qualquer ideia ou proposta de governação de Évora não pode deixar de considerar o distrito e a região, como patamares também eles determinantes na e para a afirmação da cidade. Évora tem que reforçar a aposta na aeronáutica, na qualificação da sua população, na capacidade de atrair gente, de fixar investimento, de ser pólo central do turismo regional, zona de confluência entre a capital e a Extremadura espanhola.
Em síntese, há cerca de vinte anos - com a criação do FóRUM ALENTEJO, o PS abriu e soube criar uma onda que deu importantes contributos para o desenvolvimento do Alentejo. Neste momento particular onde os desafios são porventura mais complexos, o Alentejo necessita de um novo projecto político e social que lhe garanta riqueza e emprego. Necessitamos, por isso, de uma "nova onda" que crie novos desígnios e novos actores relembrando aos "surfistas do costume" que o caminho que o Alentejo necessita tem outro rumo. Por tudo isto, apelamos à abertura do PS ao debate e ao encontro de soluções maioritárias, amplas e plurais que permitam corporizar o espírito que Évora denotou ao longo dos tempos, de pluralismo, tolerância, integração, confluência, cruzamento. Espírito que em termos partidários reconhecemos prioritariamente ao Partido Socialista.

José Gazimba Simão - 21233
Agostinho Manuel Asper Banha - 16318
Manuel Dinis P. Cabeça - 42005


coisas da política ou do seu contrário

a acção política (os padrinhos e madrinhas que pretensamente mandam na acção política aqui desta terrinha) anda ocupada em arregimentar espingardas daqui e dali; há madrinhas e padrinhos preocupados em que, do seu lado, estejam mais, pretensamente vencedores, declaradamente yes qualquer coisa (homem ou mulher, jovem ou adulto, não importa); 
a acção política faz-se à distância do povinho, daquele que vota, convencido que com essa sua atitude contribui para a democracia; conheço melhores uns do que outros, mas eles estão nos diferentes partidos, dando conta que o país não mudou lá assim tanto desde finais do século XIX (dezanove); 
são pequenos (e grandes) oligarcas, que, com influência, persistência e muita filha da putice, põem e dispõem a seu belo prazer, trocam pessoas como peças de um qualquer xadrez, condicionam o mercado de trabalho ou, ao contrário, arranjam oportunidades inusitadas para alguns; dão espaço aos que com eles concordam e abanam subservientemente a cabecita, ou, pelo contrário, retiram todo o espaço, procurando remeter ao esquecimento e ao ostracismo aqueles que deles discordam, que os confrontam, que os questionam, directa ou apenas politicamente; 
a política tem sido assim, umas vezes mais insinuante, outras claramente desenvergonhada e óbvia; 
já acreditei poder contribuir para mudar alguma da sacanice, contudo, fui sempre engolido, umas vezes por amigos, outras por conhecidos, outras por aqueles que de mim se aproximavam apenas para serem putas desenvergonhadas; ele há de tudo, com todo o requinte ou sem requinte; e nós, ingénuos, benevolentes e crédulos, pensamos que, afinal, sempre assim foi... até nós deixarmos...

quarta-feira, 17 de julho de 2013

salvação

anda-se a discutir a governação à revelia do povinho, com o acordo e a concordância de alguns, o desinteresse de muitos e a bonomia de outros tantos - como se fosse coisa menor; 
pela minha aldeia, igrejinha, aparentemente já tá montado o estendal da salvação, não será nacional, certamente, pretensamente local; ou seja, perspectiva-se coligação entre ps e psd local para as próximas autárquicas; 
aproveito a onda e digo que se se formalizar a aliança entre ps, psd e cds, podem registar que ficarei muito contente por não fazer parte deste ramalhate; não me reconheço na coisa e ficarei contente por me deixarem de fora (porque fui empurrado para fora, deixado de lado como peça de fruta madura demais para alguns interesses ou interessados - ainda bem);
já agora não há "chuchialistas" pela igrejinha???? eu sei que não conto, mas há quem conte, ou devesse contar...

regresso

não totalmente farto da distância, porque efectivamente nunca estive muito distante desta coisa, nem sequer cansado de nada dizer nem opinar (ando a atravessar um período de alguma irritação comigo mesmo e com a minha própria cacofonia ou, de acordo com um colega, farto da minha incontinência verbal), regresso devagarinho, quase que de mansinho, a ver se digo alguma coisa, ocupo o tempo, me entretenho;