quinta-feira, 30 de maio de 2013

nas costas dos outros o que de mim oiço

ele há coisas que não deixam de ser engraçadas, ainda que não nos coloquem a rir à gargalhada, e que nos ajudam a crescer, a fortalecer, a ganhar calo;
isto a propósito de na minha escola ter concorrido, ao cargo de director, uma pessoa de fora, uma outsider; fruto desta circunstância certamente que oiço a propósito desta "estranha" aquilo que muitos dirão sobre mim mesmo num outro espaço e contexto, pois também sou um outsider numa candidatura; 
não tenho escrito sobre o processo a que concorri pois sei que tudo o que diga, ou mesmo aquilo que não diga, será utilizado de muitas maneiras - para além de todas aquelas que já ouvi, algumas das quais são mesmo engraçadas - a seu tempo; 
mas ouvir os comentários, quer aqueles que uns consideram como favoráveis quer outros claramente contra, oiço o que de mim dizem e falam; a alguns desses comentários faço o meu comentário, a outros limito-me a ouvir e a tentar perceber os seus sentidos e as suas dimensões;
entre uns e outros há uma coisa que se me afigura deveras interessante, diz respeito à dimensão política (de âmbito pedagógico prioritariamente, mas não só) da coisa à qual todos e quase todos os comentários querem fugir, evitar, salvaguardar mas onde, quase que de forma inevitável, acabam por cair...

terça-feira, 28 de maio de 2013

interesses [talvez] interessantes

terminou na passada 6ª feira o prazo para a apresentação de candidaturas para a direcção da minha escolinha, agora agrupada e agregada; 
sem surpresas aparecem as perspectiváveis, com surpresa aparece uma terceira; 
revelador do interesse daqueles que passaram pela gestão sentem pela coisa, para uns e, para outros, o risco de se poder ganhar para que se criem as pontes entre gregos e troianos, numa justiça algo salomónica;
não concorri, é longe e dirigir uma escola não é tarefa das 9 às 5 em dias mais ou menos úteis...

segunda-feira, 27 de maio de 2013

entre o princípio do fim e o mito do eterno retorno

pela minha escolinha as coisas aproxima-se do finalmente; 
mais um ano virado e fica-se com aquela sensação de dúvida entre o merecido ou o receio de isto andar a passar depressa demais; 
olhamos em frente e ainda falta muito para o que for, olhamos para trás e temos um largo percurso feito, quase sem darmos por isso;
o certo é que os ânimos são disso mesmo, de finalmente, para alunos, que perspectivam exames ou simplesmente a pausa, para docentes que vêem chegado ao fim um ano de trabalho onde muito é para não esquecer, para os pais/encarregados de educação que talvez agora percebam qual o empenho dos descendentes na coisa educativa, apesar do negro do futuro, para os municípios que preparam para mais uma rodada;
chegados ao fim começamos a preparar tudo de novo, é que daqui a pouco há mais... do mesmo..

como o tempo, as alterações do hu/amor

ele havia tanto para que não se escrevesse ou se dissesse nada; 
outros, mais atroantes, dizem e escrevem aquilo que reconheço para mim:
Uma completa desmotivação, uma forma elegante de referir uma invisível greve de zelo, atravessa o Estado e a sociedade, resultado da perda de tónus social que vem do empobrecimento. Funcionários públicos aviltados que quereriam fazer greve, mas sabem que vão ser as "chefias" a decidir quem vai para o Sistema de Requalificação da Administração Pública, nome orwelliano para o despedimento
e ele há por aí tanta coisa digna de se pensar e, melhor ainda, de se escrever; por aí, por onde nós andamos todos os dias e não por aquilo que outros replicam como se de novidade se tratasse; coisas nossas, de nós e sobre nós, que nos dizem directamente respeito, que nos interessam e mexem com a vida de todos os dias; 
sejam eles os silêncios de uns que nada dizem sobre o silêncio dos outros, coisas de nada que ninguém escuta e alguns rotulam de normal, como se a normalidade não fosse ela também construída, um constructo político e social; a nomeação de uns, a indicação de outros, coisas que parecem novas e que são velhas agora que olhamos para trás e percebemos os percursos feitos, o dedilhar das cordas que ainda não percebo se da viola que nos dá música, se do bonecreiro que anima o final do dia; 
ele há por aí tanta coisa que mais vale o silêncio e só há silêncio porque alguém faz barulho...

sexta-feira, 24 de maio de 2013

mudança

ao fim de oito anos, exactamente oito anos, mudo a máquina de trabalho da secretária; 
obviamente que quando se muda será, quase sempre, para melhor, ou, pelo menos a pensar nisso; contudo há sempre alguns receios em qualquer mudança, de transtornos, de incómodos por se perturbar a zona de conforto do pessoal, por implicar mexidas naquilo a que estamos habituados; mas a máquina velhinha, que me fez companhia ao longo de toda a tese, precisava de reforma e, uma vez que por aqui ainda não existem constrangimentos à idade de reforma, foi reformada; 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

coisas da escola com a cabeça noutro lado

os tempos que correm, na educação, são marcados por aquilo que descrevo como sendo algo parecido com desalento, tristeza, desapego, frieza, desencanto, gorar de expectativas e o findar de alguns, ou muitos, dos sonhos que alimentamos - de uma sociedade mais equilibrada e justa, de um futuro progressivo e atingível, reconhecimento do esforço e do mérito; 
a coisa educativa sempre se pautou pelos afectos, pela partilha; recheada de críticas e de censuras, é verdade; nunca as políticas ou os políticos que vigoraram interessaram a todos, o que será normal, digo eu; todas as políticas foram alvo de críticas no contexto do tempo em que surgiram, desde a autonomia à gestão, passando por avaliação ou currículo, formação ou carreira, fosse o que fosse; 
na generalidade das situações apenas passado algum tempo - a necessária estabilidade e o necessário tempo de degustação - tínhamos e sentíamos condições de avaliar, talvez com alguma objectividade o que tinham sido políticas e opções;
contudo, mais do que em qualquer outro sector da administração pública, fizemos e construímos a democracia, se consolidaram valores e princípios de respeito, tolerância, liberdade e democracia; 
mais que em qualquer outro sector da sociedade portuguesa (talvez a par da saúde), não olhamos de onde se vem, mas qual o empenho para se fazer o caminho; 
hoje sinto o pessoal a duvidar do caminho percorrido e muito particularmente do caminho a percorrer; falta uma visão estratégica que permita compensar o empenho dos afectos que, com o assoberbar do trabalho, se esboroam no quotidiano; crescem as situações difíceis de resolver, não direi disciplinares, mas altera-se o sentido e o sentimento de uma ordem, seja ela qual for, para se cair num caos de discussão, negociação, disputa, confronto; a sala de aula tanto é espaço de aprendizagem de alguns, como de mero entretém de outros, de discussão e crítica para uns como de disputa e negociação para outros, um espaço de aprendizagem, formação e conhecimento como um espaço sem sentido nem utilidade; 
falta bom senso para se pensarem alternativas e se recusar a coisa que nos é apresentada (mais horas, mais alunos, mais turmas, mais objectivos, mais funções, tudo com menos condições) como inevitável e incontornável; pensar em conjunto, sabendo as diferenças, mas cultivando pontes e olhares comuns, que existem, com parceiros e parcerias, com actores e vontades; 
em tempos de globalização, em tempos marcados por culturas e redes globais e colectivas, o professor voltou a balcanizar-se, a isolar-se, a distanciar-se de si e de todos, acantonando-se na sua sala de aula na angustia de como gerir o conflito e a tensão de ter trabalhar para resultados com a escola para todos e que a todos tem de responder; os professores distanciam-se de si mesmos, as culturas profissionais, mesmo que débeis, esbatem-se na saída daqueles que tinham uma memória colectiva, na passagem de muitos que pouco se relacionam com a educação e com a angustia daqueles que por aqui andam sem saber o que o futuro les perspectiva;
no meio de tudo isto, pergunto, que geração estamos nós a formar? qual o papel que neste início de século se pede à escola, aos professores e à educação? o que esperam de nós professores, pais e encarregados de educação? como nos vêem eles a nós e à nossa acção/actuação? que queremos nós ser?

passantes

nem dei pelos passantes, mas há já algum tempo que aqueles que por aqui passam ultrapassaram os 20 mil; é obra;
fico contente, sinto-me algo lisonjeado pela atenção e pela curiosidade; para o bem ou para o que se entenda espero que corresponda, senão às expectativas, pelo menos à curiosidade; 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

o melhor ainda está para vir, não sei o que é, mas será verdade, pois claro

agora é que vai ser
a melodia levantou muita suspeita
mas a saudade ainda está para nascer, ah pois é

memórias do futuro recordando o adamastor

somos quase sempre uma combinação entre o que fomos, a nossa memória, e aquilo ou aqueles com quem estamos, o nosso presente; somos nós e o nosso contexto...
entre memória e presente aliam-se competências, saberes ou, como disse o poeta, conhecimento de experiência feito; recentemente escrevo e defendo, à luz de uma sociologia da acção pública, a aliança entre conhecimento e acção, uma dimensão cognitiva e uma dimensão social; contudo há que saber evitar dicotomias, sentidos estritos e restritos do que somos ou do que queremos ser; os tempos não se compadecem (alguns interesses sim) na disputa entre opostos e aparentemente contrários, como sejam o nacional e o local, o normativo ou o cognitivo, a indução ou o dedutivo, o macro ou o micro, o saber ou o poder; há que os considerar a todos, como se de um retorno a antes da revolução (1789), a antes das luzes e conseguirmos aliar pensamento e acção ir ao encontro, para todos os efeitos, da afirmação popular que não há uma boa teoria sem uma prática, nem prática que não tenha uma boa teoria; 
os tempos que correm, ao nível da escola e da educação, mas não só, precisam que os repensemos,  que sejamos capazes de combinar pensamento e acção, sejamos capazes de ultrapassar modelos e pensamentos fixos, pré-conceitos ou estereótipos sejam eles quais forem, até de nós mesmos que nos pensamos assim e somos assado; precisamos de voltar a pensar a escola e a educação como um todo, evitar compartimentações ou de segmentar o plural, de saber respeitar e integrar diversidades (de interesses, objectivos, de acção, de culturas, de perspectivas), temos que saber re-construir a escola à luz da articulação entre tolerância, técnica e competências, sabermos ser unos na diversidade e diversos na nossa unidade; temos de ter e assumir uma visão estratégica, que ultrapasse interesses mais imediatos, saber assumir as opções, ir em frente, enfrentar, de novo e com outra tenacidade, ventos e marés, adamastores e fantasmas, o desconhecido porque estamos certos das nossas convicções e, apesar de todas as dúvidas, sabermos ir em frente; temos de saber ser políticos, de assumir a dimensão política que a vida tem, isto é, de escolhermos, de irmos em frente, de enfrentar o desconhecido e saber arrepiar caminho, pois também é sinal de inteligência; 
ser diferente não custa o que custa é ser...


sexta-feira, 3 de maio de 2013

coisas do silêncio que ensurdecem

reparo aqui e ali, por onde passo e pelo que escuto, um conjunto de atitudes que me constrangem, enervam e assustam, tudo ao mesmo tempo; 
as atitudes dizem respeito a um silêncio adoptado por opção e não por imposição, um murmúrio de forma a que não nos oiçam, um sussurrar de forma a passarmos despercebidos, uma troca rápida de olhares e um falar em andamento de forma a que não nos vejam; 
ninguém nos manda calar, ninguém nos manda falar mais baixo, ninguém nos controla; assumimos, por que queremos, esse silêncio que mais não é que omissão;
assumimos nós mesmos a forma mais profunda e entranhada do despotismo e de censura, aquela em que calamos sem que nos digam, aquela em que omitimos, sem que nos perguntem; 
entramos, sinto por onde passo e por aquilo que vejo, formas de autocensura que julgava banidas, vejo silêncios que pensava ultrapassados; 
constrange-me, aflige-me este clima de autocensura, forma dérmica de nos corroermos por dentro, de nos amargurarmos e dizermos que está tudo bem, quando não está; brincamos com o inócuo, escrevemos coisas assépticas, bailamos, cantamos e divertimo-nos como se de fingimento se tratassse, enganamo-nos a enganar os outros; 
retomamos a ideia fatídica do destino, como algo inolvidável, inevitável; como se o destino nos definisse e não fossemos nós a definir o destino;
e ninguém nos manda calar, ninguém nos proíbe de nada, somos nós mesmos o produto e o produtor dos nossos fantasmas; 
aparentemente ainda não conseguimos 
abolir a divisão ao par poder-saber/pobreza-ignorância do tempo do salazarismo. Porque na sociedade actual, o medo, a reverência, o respeito temeroso, a passividade perante instituições e os homens supostos deterem e dispensarem o poder-saber não foram ainda quebrados por novas forças de expressão da liberdade. Numa palavra, o Portugal democrático de hoje é ainda uma sociedade de medo. É o medo que impede a crítica. Gil, J. (2005). Portugal Hoje - o medo de existir. Ed. Relógio D'Água. Lisboa. p.40

quinta-feira, 2 de maio de 2013

agregações ou a formalização da idiotice

cá pelo burgo alargado, isto é, esta minha região alentejo, formalizaram-se as agregações, junção de escolas básicas com escolas secundárias; 
de quase todas ficaram de fora teips e autonomias contratualizadas (se bem que estas não sejam exemplo para ninguém, pois existem duas - sec stª isabel e ae portel - e uma delas está sozinha, portel);
aparentemente nada se passou, pelo menos pelo que me consigo aperceber pelos corredores dos mentideros, pela praça da minha cidade ou pelos blogues, não encontro referências, não oiço comentários - certamente porque não terei propcurado ou nos sítios certos ou adequadamente; 
os directores das secundárias (gabriel pereira e andré de gouveia) foram afastados, claro que com a excepção da severim de faria, qual dinossauro da gestão escolar, que mantém o exercício da coisa; por outras cidades quem foi afastado foi o director do agrupamento, noutras foram todos afastados e pronto, não percebo quais os critérios, certamente porque não atinjo a iluminadura de algumas cabecitas;
aparentemente assumem-se as agregações como coisa intransponível, coisa certa, garantida e segura, incontornável, como se de destino se tratasse; nem as aleivosias da delegada escolar são comentadas, tudo se passa como se existisse uma qualquer pide, ou similar, fossemos parvos ou assumíssemos o destino como inevitável; 
será assim mesmo...

alterações e mudanças - para que tudo (ou quase) fique na mesma

alterei a lista de blogues, os que sigo, aqueles que leio, aqueles de quem gosto (pela escrita, pelas ideias, pela corrente, pela temática, and so on);
há quase 10 anos que por aqui ando e que acompanho a escrita dos outros, ajudam-me a pensar, a criar ideias e a formar a opinião, mesmo no meio de muita idiotice que se escreve, mesmo na confusão de uma cacofonia aparentemente caótica; 
tal como com os livros, os blogues que aqui estão ao lado, uns que visito mais que outros, mas pelos quais passo com regular frequência, dizem muito de mim e da minha pessoa; 
boa leituras

quarta-feira, 1 de maio de 2013

apresentação

ando entretido com o PCA, um grupo de percurso curricular alternativo;
o primeiro objectivo tem sido o de apoiar os docentes, em particular a sua coordenadora e uma colega que me solicitou a colaboração para dentro da sala de aula;
vai daí e depois de um longo percurso de investigação, comecei a estudar esta estratégia pedagógica nas suas dimensões curriculares e de formação; esta tanto na perspectiva do aluno enquanto sujeito, quer na perspectiva do docente, enquanto área de trabalho;
tenho estado de volta da coisa desde o primeiro período altura em que referenciei e apresentei uma proposta de trabalho ao I congresso internacional de envolvimento dos alunos na escola; perspectivas da educação e da psicologia, que se realizará em lisboa em julho no instituto de educação
a proposta que apresentei foi aceite e preciso agora de acelerar alguns processos e ver se apresento um texto digno dos alunos e dos docentes com quem tenho trabalhado; 
fiquei contente...