quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

evolução suícida

há dias escrevi aqui e propus ao jornal da terra a publicação (que não aconteceu) de duas notas sobre elites e sociedade; retomo a escrita;
um pouco por todo o lado se mostram e evidenciam as notas do cansaço social, que leva a situações extremas, da impaciência, que conduz à intolerância, da insatisfação, que conduz ao repúdio; 
um pouco por todo o lado se nota o descontentamento, mas também a incapacidade de alternativas, sejam elas quais forem, políticas ou partidárias, pessoais ou profissionais, sentimentais ou afectivas, estamos enleados em nós mesmos, nas tramas do nosso desígnio, maios prosaicamente, deitamo-nos na cama que fizemos; 
os partidos debatem-se no lamaçal que criaram (razão teve guterres ao referir-se ao pântano), os governos evidenciam o seu esgotamento e a democracia corre o sério risco de se ressentir e trazer para a boca de cena tristes figuras míticas do apocalipse; 
não temos quem nos ajude a pensar, ou temos, mas estão de tal modo pulverizados por aí que se torna difícil distinguir o trigo do joio; a cacofonia é de tal modo ensurdecedora que os argumentos se fazem valer pela gritaria, pelo esbracejar, como se isso servisse de argumento ou justificação; 
quase todos se fecham, qual concha, na procura do seu espaço de conforto e segurança, na tentativa de, por um lado, ver passar os outros enquanto os cães ladram; por outro lado, procuram passar despercebidos como se nada fosse com eles, ignorando responsabilidades e enjeitando culpas; 
évora está assim; está assim a modos que... debilitada, frágil, insegura, inconstante;
o alentejo está assim, cinzento, frio, húmido;
o país está assim, insustentável, impaciente, cansado, senão mesmo esgotado;
a europa está assim, duvidosa, insatisfeita, incapaz, receosa; 
o mundo está assim, em corda bamba, no fio da navalha, à espera, a ver o horizonte;

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

coisas interessantes


coisas que por aí se encontram, algumas bem interessantes:
três olhares sobre a sala de aula: um primeiro, no qual o espaço sala de aula é tido como continente e o currículo pensado, igualmente, como um continente de conteúdos programáticos, regras metodológicas e didácticas; um segundo movimento, o espaço sala de aula é concebido como relacional, ou seja, é constituído nas e pelas relações [que aí se estabelecem entre os diferentes elementos presentes e ausentes]; um terceiro movimento, que entende o mundo como um espaço relacional, propõe o espaço sala de aula como relação de forças.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

da falência das elites à falência social

uma qualquer espécie de análise onde procuro relacionar a abulia nacional, ainda que disfarçada por espasmos sindicais ou sectoriais, com o progressivo esgotamento social;
entre uma e outra situam-se duas dimensões terríveis do panorama nacional; por um lado uma mentalidade colectiva criada, fomentada e impregnada por Salazar que temos de ser, à viva força, pobrezinhos, remediados, mas honestos e imbuídos de santa virtude; foi assim que Salazar criou o 10 de junho que não foi abolido mas que nada justifica, foi assim que se criou e fomentou a santíssima trindade de fátima, fado e futebol, que se difundiu a imagem do país retratada pela varina da nazaré, pelo pastor alentejano, pela sardinha ou pelo bacalhau com todos, como se a imagem tivesse estagnada e o interior espaço idílico de virtudes, contraponto ao urbano depravado e pecaminoso; não deixa de ser esta a imagem que se impõe actualmente ao país; de um país que não merecia ser nem rico nem feliz, espaço e condição reservada a apenas alguns; àqueles que se podem dar ao beneplácito de serem misericordiosos na condição dos outros; 
por outro lado, a ausência de elites, sejam elas intelectuais ou sectoriais que permitam tornar colectivo aqueles que possam ser sentimentos individuais, dizer ou escrever o que a maioria pensa e sente mas que não tem espaço ou condição de o fazer ou o de ser reconhecido enquanto tal; as elites andam ou deserdadas ou desfazadas; a desvalorização da dimensão social das ciências, reflectida de forma mais directa na valorização das chamadas ciências naturais (de que são exemplo as "disciplinas estruturantes"), provoca, com propensa intencionalidade, o vazio do pensamento social; alia-se a isso o facto de as ciências sociais que deviam estar na rua, ouvir as pessoas, construir os actores se refugiarem nos gabinetes e nos estudos estatísticos, criando séries onde deviam estar pessoas, definindo análise e rácios onde deviam estar sentimentos e emoções; 
entre algum retorno da mentalidade salazarista, ainda que revestido de outras roupagens, mais urbanas e aparentemente cosmopolitas, com o silênciamento das elites, acantonadas por vontades alheias ao radicalismo partidário, o país vê-se entregue a si mesmo, sem armas nem condições de contrapor alternativas ao sentido único, à verdade proclamada apenas por alguns, ao destino que nos impõem, ao momento do voto, como se a democracia se cingisse, como alguns querem fazer crer, ao voto;
como alternativa torna-se essencial que as chamadas redes sociais (facebook, blogues, twitter, entre outros) sejam utilizadas como espaços alternativos, mostrem outras imagens do filme que nos impingem; mas é no quotidiano, na vida do dia a dia, no convívio que temos de desconstruir as verdades absolutas, os sentidos únicos, o destino que alguns, por força de uma qualquer maioria, nos forçam a viver; 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

nomeações

ele há com cada coisa que não deixo de assinalar;
atão não é que foram hoje publicadas as nomeações, despachos nº. 2507, 2508 e 2509, respectivamente norte, centro e lisboa e vale do tejo, em regime de substituição, dos novos delegados escolares (regionais) e não aparece a do alentejo;
ele há com cada coisa que, daqui a pouco, começo a acreditar que deus existe...

seminário "Políticas e práticas educativas em discussão"

uma excelente ideia que coloca frente-a-frente (ou será lado a lado?) investigadores e docentes numa troca de ideias entre o que é teoria e o que são práticas;
o objectivo é que possa existir cruzamento e reciprocidade no entendimento de uns e de outros; é um espaço de abertura da escola a pensar as suas práticas, momentos de reflexão partilhados entre o que se pensa e o que se faz;
um lote de oradores interessantes e conhecedores das realidades de que falam;
vale a pena num tempo em que os docentes são remetidos para a acefalia e as escolas para depósitos de produção...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

indisciplina e coisas que tais

a reportagem confunde, aparentemente de forma algo propositada, diferentes conceitos que têm em si diferentes significações, o de indisciplina, a remeter para a quebra das regras, a contestação à autoridade e poder do docente, a rotura com padrões instalados, a fuga à norma e à "normalidade", e o de violência, tenha ela que dimensão tenha e que coloca em causa a integridade de pessoas e bens; 
se é certo que habitualmente se pode registar uma excessiva proximidade entre uma e outra, é também certo que uma e outra atitude (de indisciplina ou de violência) terão, na generalidade, diferentes enquadramentos ou factores, como remetem para pressupostos habitualmente diferenciados e consequências também elas diferentes; 
finalmente uma e outra não podem ter o mesmo tipo de tratamento nem de análise; 

uma leitura pedagógica
se fosse há uns tempos atrás, muito provavelmente a minha análise, leitura e acção seriam diferentes daquela que é hoje, resultado da análise de um grupo de percurso curricular alternativo, onde as duas situações, indisciplina e violência, andam excessivamente próximas; hoje direi que há elementos/factores estranhos à escola e que nela se manifestam; a desestruturação social, as debilidades familiares são por demais evidentes e hoje regista-se, pelos espaços por onde ando, uma mais frágil tolerância, uma mais fácil quebra de consensos, níveis de paciência muito mais baixos que antes; são situações que também em função do número de alunos por turma se manifesta de outra maneira, quer entre alunos, quer entre alunos e docentes; a ser assim é impossível ser a escola, entendam-se os professores, a identificar soluções milagrosas para as situações; 
qualquer proposta de abordagem deverá passar por formação, os professores não têm formação para enfrentar a alteração de relações e a análise de processos recentes (nota-se um claro desfasamento entre a formação inicial e os contextos profissionais), a constituição de redes institucionais (escola, municípios, saúde, segurança social, outros locais) de modo a que possa existir uma abordagem direi "ecológica"; atitudes mais firmes e mais imediatas por parte dos órgãos de gestão que, como docentes que também são, precisam de formação para perceber o que se passa e destrinçar indisciplina de violência no seu contexto; 

números assustadores



Não são os números que são assustadores, é mesmo a realidade que se esconde atrás de cada número, de cada décima deste pesadelo; 
cada número é uma pessoa, com uma realidade, com sentimentos, emoções, muito provavelmente a sentir que a esperança se esvai por entre as angústias e as agruras desta realidade;
cruzam-se, de norte a sul, do litoral ao interior, os silêncios de quem perdeu o emprego, daqueles que estão velhos demais para um outro começo e novos em excessos para a reforma; 
há uns anos, por este meu alentejo, era ver as praças pejadas de velhotes a ilustrarem o envelhecimento da região; hoje, esses mesmos velhos, têm a companhia dos mais novos, daqueles que apenas esperam por uma oportunidade, seja por arranjar um qualquer afazer, seja para emigrar; 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

redes de sociabilidade

em sociologia existe o termo redes de sociabilidade para definir o conjunto de relações de proximidade existentes entre indivíduos por uma qualquer razão, familiar, profissional, social, política ou qualquer outra;
um termo que, de algum modo, foi adaptado daquilo que o pessoal da biologia e da natureza caracteriza como machos alfa e os demais; para todos os efeitos não deixam de ser relações construídas com base num qualquer pressuposto, no caso do grupo que frequenta um percurso curricular alternativo, o mais extrovertido e destemido que se constitui como macho alfa, um dos elementos aglutinadores da relação, em torno do qual rodeiam outros, que colhem um pouco dos seus despojos, as fêmeas que procuram espaço de afirmação e depois os demais; são grupos que denotam maior ou menor fragilidade de acordo com o número de indivíduos que constituem um grupo e em função do elemento que os une; de acordo com as suas características intrínsecas, poderão ser mais frágeis, se viverem por si, ou mais fortes se, por um qualquer motivo, se unem e reagrupam; 
gosto de observar estas redes de sociabilidade e perceber por onde e porque se movimentam elas; seja na escola, na aldeia ou por aí...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

morte

morreu ontem e foi hoje a descansar aquele que muito provavelmente seria o meu único amigo na aldeia que me acolheu;
figura conhecida por estar atrás de um dos balcões da aldeia, palito na boca, palavra fácil para comentar e opinar, recebeu-me como mais um; alinhou comigo quando muitos duvidaram do novato; deu-me palavras de conforto quando perdi; brincou comigo quando ali estava; incentivou-me quando merecia; 
a família cresceu à sua sombra altaneira, foi a descansar como merecia, rodeado de amigos e conhecidos num reconhecimento colectivo da aldeia por aquela que é uma das suas figuras...
fica em paz Constantino

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

a propósito de um percurso curricular alternativo

na sequência da minha anterior entrada digo, ou repito, que tenho tido o privilégio de acompanhar e estudar a implementação de um percurso curricular alternativo (pca) na minha escola; 
estes percursos, criados nos idos anos 90 do século passado (decreto-lei 22/seei/96) e atualizado a meio da década de 2000 (despacho normativo 1/2006) e aproveitado pelo atual governo (no âmbito do currículo, decreto-lei 139/2012) visam jovens com insucesso repetido, risco de abandono ou problemas de integração social; 
na altura da sua revisão tive oportunidade de dizer ao então secretário de estado que gostava mais de uma escola alternativa que de um currículo alternativo, na falta de um havia que aproveitar o outro salvaguardando alguns aspetos; 
o grande problema das ofertas complementares ao ensino regular (caso dos pca, cursos educação e formação ou, mesmo, cursos profissionais) consistem na sua estigmatização e na estigmatização daqueles que os frequentam; aparentemente mais não são que guetos escolares e educativos onde se reúne a população problemática de uma escola, isto é, são «projectos que acrescentam mais ao mesmo e [não] projectos que ajudem ao refazer de modos e conteúdos de trabalho com os alunos»; nesta medida e habitualmente, estes grupos são olhados por quem frequenta a escola com desconsideração, os docentes sentem a angustia de trabalhar com turmas difíceis, os restantes alunos o receio de frequentarem o mesmo espaço e os pais/encarregados de educação deixam as críticas e os comentários ao ambiente que se faz sentir; aparentemente ninguém, mas mesmo ninguém, nem mesmo aqueles que constituem o grupo , gosta deste tipo de ofertas;
a minha participação, num assumido processo de investigação-ação com alguns retoques de formação-ação,  vai ao encontro de duas preocupações; por um lado, participar no processo de avaliação interno, aferindo as situações e contribuindo para a sua dimensão organizacional no próximo ano letivo; por outro lado, aproveitar as dinâmicas de conflito resultantes da relação instituída entre alunos e docentes deste grupo enquanto elemento potenciador de mudança, seja ela aquela que acontece em contexto de sala de aula, seja em termos organizacionais, nomeadamente no envolvimento de estruturas, na gestão de recursos ou mesmo na definição de competências inerentes ao currículo; 
enquanto elemento potenciador de mudança, um percurso curricular alternativo tem, desde que aproveitado e canalizado nesse sentido, tudo o que é importante para a mudança; tem conflito, pois em tempo de paz ninguém mexe palha, não se sai da zona de conforto, tendemos à estabilidade e equilíbrio situacional, coisa ausente num pca; apresenta um manifesto desequilíbrio com a escola dita regular, isto é, a população carece de outras estratégias, outras metodologias, outras dinâmicas em contexto de sala de aula, seja por via do aproveitamento, que é sempre muito, muito baixo, seja por via do constante desafio, quando não mesmo conflito, que se institui entre autoridade (docente) e rotura (aluno); exige-se imaginação, pois o aluno não responde como o aluno de um curso regular, é sempre mais imprevisível e inconstante na resposta ou na adesão às propostas de trabalho; é volátil, tudo se passa de repente, seja pelo conflito, seja pela surpresa com que as coisas acontecem; há partilha, os docentes, por via administrativa, isto é, obrigatória, ou voluntariamente, falam sobre os seus problemas, trocam ideias, partilham recursos e, por vezes, definem estratégias; há avaliação, mais não seja porque se é obrigado a apresentar relatórios das estratégias e da análise da situação dos alunos, individual e coletivamente; 

há quase sempre uma primeira vez

talvez esta minha primeira vez não conte... ou conta;
acompanho um grupo/turma de percurso curricular alternativo, nomeadamente constituindo-me como adjunto (coadjuvante) de uma colega; imiscuo-me na aula, pois claro, não fosse este meu feitiozinho, largo o meu tatibitaite, apesar de procurar preservar e reservar o espaço da colega que me empurra lá para dentro; 
ontem, numa das sessões, preparava-se o trabalho, coisa pouca, comentar um filme, retirar dele duas ou três ideias que pudéssemos trocar entre todos; mas um miúdo já habitué realçava todo o seu empenho em moer o juízo aos professores e aos colegas, impedir o que quer que fosse, alguém fizesse o que fosse; trocamos palavras e argumentos, empertigámo-nos um ao outro, medimos forças, aferimos poderes e acabei com a conversa abrindo-lhe a porta e mandando-o sair; 
a aula decorreu como poucas vezes, empenho, participação, algum sossego e um mais que razoável ambiente de trabalho;
foi a minha primeira vez que não aguentei um miúdo dentro da sala de aula...

criança em espaço próprio

de quando em vez surpreendo-me com as pessoas, em particular com os mais jovens - por isso gosto da minha profissão;
dou conta de um miúdo da minha escola entre os 12 e os 13 anos, um vivo diabo, irrequieto, traquina, fraco estudante, maus resultados, uma repetência no 2º ano até agora, que está no 6º ano, com fraca acção escolar pois não gosta de acatar ordens, responde com palavra pronta na ponta da língua;
a roupa que trás, gasta pelo uso, suja de limpar o chão da escola em amenas brincadeiras e correrias, quando não mesmo uma ou outra tropelia, não favorecem a imagem;
mas ontem era vê-lo; subiu para o autocarro a acompanhar a avó e a irmã mais novas; um homem pequenino; mais que isso, assumia toda a sua responsabilidade e o seu papel de zelar pela segurança dos que acompanhava; uma senhora, ao reparar naqueles três comentou para a avó e para quem quis ouvir, isso é que é, um autêntico homenzinho; não o imagina ela na escola, por onde se rebola, esfrega o chão, foge a professores e funcionários, espicaça tudo e todos; afinal, talvez seja um dos poucos, senão mesmo o único espaço, onde esta criança pode ser criança...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

mudança ficando na mesma

Na escola e na educação um dos elementos da mudança regista-se, qual ironia, na permanência das situações, modos e organização da escola;
É tema recorrente na minha escrita, nas divagações que por aqui faço, mas é também elemento incontornável das preocupações o facto de a escola se manter persistentemente como nos anos 80 do século passado, período onde foram definidos os modos e os contornos organizacionais do tempo escolar, tais como constituição de turmas, organização funcional dos grupos, a estrutura disciplinar, o funcionamento das estruturas, conselho pedagógico, grupos/departamentos, sistema de avaliação, curriculo, etc, etc;
Nos tempos presentes, torna-se essencial ultrapassar lógicas de organização individual, solitárias; ultrapassou-se, nos tempos mais recentes, o isolacionismo do primeiro ciclo, mas isolou-se, por incapacidade, fuga ou simples segurança, todos os restantes docentes dos demais ciclos de ensino;
Frases feitas e lugares comuns caíram  no esquecimento sem que fossem substituídas, o vazio passou a ocupar um lugar determinante na acção educativa, caso de trabalho colaborativo, interdisciplinariedade, apoios educativos, estudante, estratégias, rede, comunidade escolar, entre outras; outras houve que foram slogans que muitos utilizaram, alguns sem perceber o seu sentido, outros sem preocupação de operacionalizarem, outros apenas por efeito de retóricas assente ou decorrente de modas, como foi o de autonomia, projecto, aluno, sujeito, politica, etc;
Interessante q. b., refere-se ao facto de as politicas educativas que têm sido definidas se basearem em muitas práticas que por ai se implementaram e criaram em muitos contextos, como serviram e foram oportunidade para desbravar caminhos e re-inventarem sentidos ao trabalho escolar; 
Hoje por lógicas e opções, o espaço de criação na escola não existe e as politicas redefinem apenas obrigações, normas, regras e imposições; retoma-se o aluno como objecto da acção educativa, com a agravante de se lhe juntar o docente enquanto objecto e não parceiro; a gestão, por medo, inépcia ou simples incompetência do deixa ver o que dá, colabora, quando não reforça está opção, por ausência de uma estratégia, por indefinição de opções, consequência do enorme vazio politico que tem promovidos na escola;

mudanças

Esta crise, que bem que poderá vir a ser conhecida como a crise das crises, está a mudar-nos, a alterar comportamentos, relações, formas de estar e de sermos, culturas, lógicas de organização; muito dificilmente sairemos dela como entramos, tenhamos consciência de tal facto ou não, sejamos nós capazes de indicar ou identificar aquilo que muda e o que fica, sejamos capazes de navegar na crista da onda ou sermos trucidados por ela, desaguarmos felizes e contentes numa qualquer praia ou esgotados no fim dos oceanos;
Serão muitas as áreas em que mudaremos, das sociais às familiares, das politicas às profissionais, das culturais às organizacionais os tempos são de mudança profunda; podemos olhar os tempos como se tudo ficasse ou continuasse na mesma, podemos ignorar ou fingir que não é nada connosco, que não nos diga respeito ou simplesmente procurar adaptar-nos, com maior ou menor dificuldade, dando um jeito daqui e dali, às circunstancias e aos tempos, às modas e aos modos;
Mas tudo muda à nossa volta, as relações sociais estão diferentes, há outras formas de juvenialidade que se prolonga, distende pelos anos; neste campo as sexualidades ganham fluidez, uma imbricação entre géneros, modos e formas de assumir os comportamentos e as relações; Perde-se, na aparência, o papel de um e de outro, interligam-se, penetram-se mutuamente, como se excluem por si;
as hierarquias diluem-se em ilusões de rede, perdendo-se ligações onde não se ganha autonomia; o próximo fica mais distante mas longe da relação com aquele que está distante;
Na escola, para não me esticar em dimensões profissionais que não domino, pwrdem-se papéis, diluem-se nas ausências do que não se assume, nas competências que se perdem e nos saberes que não se ganham;
O mundo está diferente e nós com ele...

domingo, 3 de fevereiro de 2013

coisas ao contrário

em termos educativos quisemos acreditar (e alguns ainda querem) que a formação e a educação mudaria muito ou tudo; crozier e passeron foram crucificados nos idos 70 do século passado por provarem que a educação mais não faz que assegurar as continuidades sociais, a reprodução daquilo que temos e não, muito distante, do que queremos;
durante muito tempo, em portugal e não só, se mascaram resultados e políticas, se confundiram opções com organização, o sistema educativo com o sistema social, qual o resultado? a perpetuação do óbvio, isto é, o acesso do povo a alguns sítios ou lugares, a manutenção das elites, sejam elas o que forem, na condução do mando e do quero e posso; o sistema educativo acabou por ser mera ilusão, sonho perene de abril e de alguns que acreditaram que abril mudaria alguma coisa, não mudou, permanece a mesma iniquidade política e social, a escola abriu-se, alargou gentes mas permanece selectiva, sectária, segmentada;

ensaios

tenho por aqui escrito entre a divagação e as notas soltas, entre tons de educação e ares de política educativa; hoje surge, para memória futura, uma nova etiqueta, a de ensaio, onde procuro discorrer sobre o que me rodeia, tal como é hábito na minha escrita, mas agora com tons de ensaio, isto é, medeiam a análise e a interpretação, a descrição e a compreensão do que me rodeia; uma outra forma de interpretar aquilo que sinto por intermédio daquilo que vejo, ou será o contrário...
não valem nada nem para nada, apenas para memória futura, seja isso o que for...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

poder e relações do dito cujo

De quando em vez a blogosfera local promove discussão que até pode ser interessante, como é o caso de algumas das ultimas entradas do grupo dos cinco;
Na referência que fiz assumo duas notas;
Os conceitos de poder e, consequentemente, das relações que lhe estão inerentes, podem ser vistas sob diferentes perspectivas, desde as funcionalistas às estruturalistas ou pós qualquer coisa (de Foucault a Sousa Santos é escolher); a forma como o poder é perspectivado e analisado vai determinar, em muito, como se pressupõem as relações que lhe estão inerentes; defendo que tanto o conceito como as relações de poder  têm mudado e, por outro lado, muitos feito para que não mude numa aparente dialéctica de afirmação e protagonismos, como de oposição e confronto onde, uns e outros, mais não fazem que perpectuar lógicas funcionalistas das relações de poder; 
como segunda referência e intimamente ligada às questões do poder, o texto que referencio é um hino ao espírito tuga, não me interessa o que é nem como é, só sei que não me interessa, numa lógica que pode variar entre  o pretenso espírito anarquista e a simples contestação infanto-juvenil do por que sim ou por que não e pronto; 
entre um e outro, formas de poder e exercício político e partidário do assumir, não se crie a ilusão que o poder ou os partidos são entidades que transcendem o colectivo social, que vivem fora ou acima dele ou do conjunto de pessoas que constituem um tempo e um espaço, marcado que é por um conhecimento e por acções mais ou menos colectivas; o poder, os partidos, as organizações, este meu blogue são o que as deles fazemos e têm apenas a importância que lhe damos; 

pdi

A idade vai fazendo das suas, desgasta o físico, mói a cabeça e, entre um e outro, alteram-se estados de espirito; ontem foi dia de revisão quase geral, na continuidade do que costumo fazer no inicio de cada ano; consequência, o senhor dos olhos fez uma mais que adequada e pertinente observação, tenho uma quarentite muito aguda que ira descambar em cinquentite muito em breve;
Que me aguente, pois claro...