quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

conversas

pediu-me uma colega da escola vizinha para falar sobre indisciplina;
apresenta-me os problemas e as situações que, nos últimos tempos, têm caracterizado aquele quotidiano educativo, como muitos outros, acrescento eu;
na minha escolinha os processos disciplinares sucedem-se a ritmo claramente "anormal";
sou suspeito para falar sobre indisciplina, por não conseguir ir atrás de ideias feitas ou meros juízos de valor onde o pretendido é a regularidade e a estabilidade de comportamentos em prol do trabalho do professor;
pensei para os meus botões que a indisciplina é um processo necessário e incontornável no crescimento de cada um;

dinâmicas

um dos processos, entre outros, que mais se tem alterado dentro da sua aparente estabilidade diz respeito às dinâmicas de sala de aula;
fruto de políticas, modas, opções, recursos, formações ou circunstâncias, a dinâmica de sala de aula tem sido alterada de forma aparentemente subtil;
a gestão do tempo, do espaço e dos recursos em contexto de sala de aula, tem influência determinante em dois factores, por um lado nas chamadas questões de indisciplina e, por outro, nos resultados da aprendizagem;
um e outro elementos indissociáveis da estabilidade da dinâmica de sala de aula;

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

congresso

e pronto, os primeiros dias de Maio serão passados em terras de bouro, mais concretamente em Bragança;
o resumo enviado foi aceite, resta-me agora inscrever e fazer-me à estrada
o resumo dá conta do seguinte:

Pretende-se dar conta de um projecto de investigação, que decorre sob a alçada da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, que conta com o apoio da Fundação Eugénio d’ Almeida, Évora, em que, tomando-se como ponto de partida a alteração dos comportamentos na escola, expressos nas situações de indisciplina, se pretende problematizar as formas como, em tempos marcados pela diversificação e heterogeneidade de públicos, interesses e objectivos (individuais e colectivos) e perante as “esperanças e receios” que essas situações colocam não apenas à escola como à sociedade, se destaca uma gestão política assente nos instrumentos de acção pública que procuraram regular comportamentos e condutas sociais e assim assegurar o governo de nós mesmos para além da sala de aula ou da escola, num assumido reforço ou complementaridade do “governo de si” e das “tecnologias de subjectivação”.O período de tempo considerado neste estudo vai da publicação do Decreto-Lei 769-A/77 à alteração do Estatuto do aluno do Ensino Não Superior, definido pela Lei nº. 3/2008.O quadro de análise que se propõe assenta nas políticas públicas, onde se destaca o conceito de referencial, levando em consideração uma estreita relação entre uma dimensão cognitiva, decorrente do conhecimento produzido e dominante num dado contexto (de espaço e tempo), e uma dimensão social, em face da gestão de interesses e objectivos dos actores de uma escola em concreto.A articulação entre o arco temporal definido e o quadro de análise pelo qual se opta, permite cruzar escalas de micro análise, porque se parte de situações vividas em sala de aula, com uma dimensão de meso análise, porque assenta numa escola em concreto, com níveis de macro análise onde se destaca uma correspondência entre saber e poder estruturador das relações sociais que permitam o governo de sistemas cada vez mais complexos.
Palavras-chave: indisciplina, políticas públicas, governação, regulação, instrumento

rotinas

sou pessoa de rotinas, direi que de hábitos quotidianos que organizam a minha pessoa e aquilo que sou, ou procuro ser;
é o café da manhã no mesmo sítio, a compra do jornal, o petisco naquele canto, o bar naquele recanto;
contudo, de quando em vez, quebro as regras e vou por sítios diferentes;
recentemente mudei uma das rotinas que me caracterizam e optei por ir cortar o cabelo a outro sítio que não ao mesmo de sempre;
e não é que notaram...

opção

por opção e com manifesta intenção, uma ausência que serviu para fazer muita outra coisa que não estar próximo da máquina;
serviu para apanhar sol, arranjar o quintal, tratar da vedação, limpar o anexo, arrancar ervas, preparar a terra para as batatas, andar atrás do cão e brincar com os filhotes;

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

pintelhices

nem pensei noutra designação para esta posta;
os quotidianos andam de tal modo assoberbados com tantas e tão diferentes situações que as preocupações de gestão se prendem em pequenos pormenores, detalhes de virgula, insignificâncias que mais se prendem com o excesso de zelo que com qualquer sentido estratégico;
os pormenores são importantes, determinantes, mas deverão ser inseridos numa corrente mais vasta;
não há mares sem ribeiros; mas ficar-mo-nos pelo ribeiro é perder a noção do colectivo, essencial para quem gere uma qualquer organização;

percalços

de quando em vez surgem-nos percalços, solavancos no caminho que nos ajudam também a crescer;
o filho teve a sua primeira negativa; o pai, professor, equaciona agora novas estratégias de trabalho, apoio e compensação para que os sentimentos de angustia não se instalem e se possa lidar (e aprender) com as dificuldades;

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

conselho

amanhã conselho de turma;
articulação de ideias, ponto de situação e o que mais se possa considerar;
o papel do director de turma tem sofrido inúmeras alterações e reconfigurações ao longo dos últimos anos- para não ser excessivo e reportar aos tempos em que comecei a leccionar, há 20 anos atrás;
contudo, muito daquilo que considero e designo como práticas tradicionais, permanece na longa duração da relação pedagógica;
hoje, considero o Director de Turma, como um coordenador; mas poucas são as situações de coordenação efectiva;
hoje - retoricamente sempre - o papel do aluno é central e essencial, mas dilui-se nos afazeres e preenchimentos quotidianos que pouca margem dão para o aluno;
se me puser a discutir a situação de cada aluno, nunca mais dali saímos e corro o sério risco de ser rotulado de seca...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

entalados

a escola e em particular o trabalho dos professores, sempre esteve "entalado" entre os ditames escolares e a opinião (para não dizer pressão) da família;
mais evidente nuns ciclos de ensino que noutros, o certo é que a relação escola/família, expressa nos intercâmbios entre o professor e os pais, tem definido muito do que se faz e como se faz na escola;
seja por justificação, necessidade ou imposição esta relação condiciona não apenas as práticas mas, acima de tudo, os modos sociais de olhar a escola;
surge agora um artigo interessante que procura ir para além do simples olhar e questionar os modos em que assenta esta relação e perceber como se estrutura face aos novos e diferentes interesses, pressões e situações;

síntese

preparo, ou procuro preparar, um texto que me permita o seu envio a dar conta do que ando a fazer, no âmbito da minha tese, para o próximo congresso da sociedade portuguesa de ciências da educação, a realizar em Bragança;
olho e não gosto, distancio-me e parece frouxo, aproximo-me e considero-o curto, escasso;
o orientador diz-me que tem um registo demasiadamente escrito, contraposto a uma exposição oral em que será pretensamente realizado, mas adequado aos objectivos;
tenho até ao final da semana para o despachar, até lá poderei dormir sobre ele e ver o que surge ou pode sair;

domingo, 15 de fevereiro de 2009

circulação

circula pela net, via correio electrónico, um texto que põe os nomes nos bois, que diz aquilo que eu insinuo, que descreve objectivamente aquilo que dou intenções de descrever, isto é, descreve, com nomes e tudo, as bruxas evadas de avental;
pretensamente atribuído a um autor/jornalista da praça pública, descreve, com requintes de alguma malvadeza, o conjunto de interesses que estão por detrás de alguns partidos políticos, reconheço que o meu PS é um balcão público desses interesses, e que se insinua em conflitos de opinião, interesse e protagonismo;
não vou tão longe; não apenas por receio pessoal e físico, mas acima de tudo pela volatilidade que esses mesmos interesses, ditos secretos, ocultos ou privado, manifestam no contexto social e público da acção colectiva;
o que destaco, para além do referido texto, é o manifesto reconhecimento que, aqui e ali, vai surgindo face à bruxa de avental; eu não acredito em bruxas, menos ainda de avental, mas...
e mais não digo

diferenças

sinais que a escola não é o que já foi, o número de diferenças existentes numa pequena escola do interior do país;
o ano passado, aquando da redacção do novo projecto educativo, constatou-se que existiam 14 nacionalidades, desde brasileiros, chineses, israelitas, moldavos, russos, mexicanos, romenos, lituanos, franceses e coisas que tais;
este ano, fruto de um trabalho de iniciativas várias, constata-se uma outra diferença, a religiosa, que não deixa de condicionar o trabalho dito normal na escola;
são judeus, budistas, adventistas, ortodoxos e o que mais haja a polvilhar a escola;
com claros reflexos nas comemorações e celebrações, desde o dia de S. Martinho, em que uns não participam, ao Natal que outros não reconhecem, ao dia de S. Valentim que outros recusam;
mas há quem persista na "normalidade" uniforme da escola quando ela já muito pouco tem de uniforme e de normal, pelo menos para o que era considerado tradicional;

sábado, 14 de fevereiro de 2009

dia

dia dos namorados, tal como o Natal é sempre que uma pessoa queira... ou possa;
passado debaixo de um bonito dia de sol, sempre deu oportunidade para descansar e sentir o tempo a passar...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

registo

um antigo presidente da câmara cá da terra, dinossauro do poder local, deu uma entrevista a um jornal da terra;
um balanço do mandado socialista, num assumido contraponto de ideias, posições e opiniões não apenas políticas e ideológicas mas, acima de tudo, de assumida presunção;
um registo triste que serve exactamente para realçar mais as saudades do passado que as possibilidades de futuro, fica a ideia de serviço interno do que apresentação externa;
aguardem-se os próximos episódios, pois isto não ficará por aqui...

ritmos

os filhos, cá por casa, tiveram e terão uma semana recheada de testes, trabalhos e momentos de avaliação, chamemos-lhe assim;
no meio dos afazeres, na organização do estudo e no trabalho para esta e para a outra disciplina perguntam-me, enquanto professor, do porquê dos professores marcarem os testes quase ao mesmo tempo, sem darem oportunidade a que o pessoal respire;
digo-lhes que, por um lado, as solicitações são sempre superiores ao que esperamos, é um assumir da defesa da classe, mas também penso e digo que é fruto do ritmo de trabalho ser definido pelo professor e não pelo aluno (e duma manifesta ausência de coordenação - por receio ou outro - por parte do director de turma);
há professores que, no início do ano, marcam testes para o ano inteiro, numa previsibilidade de dinâmicas que nada tem a ver com o ritmo do aluno; é certo que há que "dar" o programa, mas há muitas formas (e ritmos e dinâmicas) das criancinhas comerem a sopa;
mas, aparentemente, a maior parte conhece apenas uma maneira...

acidentes

este e o ano lectivo passado foi um constante entra e sai de bombeiros da minha escola, fruto de quedas, brincadeiras "parvas" e coisas do género;
nunca, em já algum tempo de serviço, me tinha apercebido destas situações;
das duas três, ou há uma maior violência de brincadeiras, atitudes e comportamentos com as inevitáveis consequências, ou uma maior atenção a estas situações ou apenas um passar de responsabilidades, fruto da assumida complicação em que tudo anda;
seja como for, esta semana a ambulância passou três vezes pela escola e dois dos alunos eram da minha direcção de turma;

regulação

dá-se hoje conta, por diferentes espaços de informação, da divulgação do parecer jurídico sobre a avaliação de desempenho docente;
já escrevi noutros lados que a ausência do Estado, enquanto entidade reguladora (e mediadora) do social dá origem ao reforço da jurisdicialização, isto é, ao crescente peso que o campo jurídico assume na regulação do social;
não viria mal nenhum ao mundo com esse facto, não fosse o caricato dessa regulação ser apenas uma interpretação de medidas regulamentares que não procuram regular, mas normalizar;
surge assim um outro campo, o jurídico, como espaço de intervenção social, em que a pretexto da regulação se regulamenta e interpreta, podendo-se tão só cair numa espiral de interpretações onde o saber não é poder mas possibilidade;

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

evolução

C. Darwin faz hoje anos, um jovem com duzentos anos;
juntamente com Galileu Galilei, Freud e Einstein terão sidos os autores que mais determinantemente influenciaram modos de pensar e agir e se recusaram ficar presos ao seu espaço de acção, de pensamento ou de intervenção;
cada qual a seu modo, alterou radicalmente não apenas o modo de olharmos o mundo, mas essencialmente o modo de nos situarmos no mundo, daí a facilidade com que os seus quadros de análise foram apropriados por outras áreas do conhecimento que não as de origem e a facilidade com que se passou da teoria de Darwin da evolução das espécies ao darwinismo social, que recuso liminarmente;

reconhecimento

ontem, em reunião de conselho de turma, que conta com a presença de um representante dos pais e alunos, duas notas que se destacam e que vão ao encontro daquilo que trabalho, enquanto processo de investigação;
primeiro, o reconhecimento explicito e honesto da representante dos pais em perceber se desempenha bem o seu papel, não apenas o de pai e mãe, que o é a tempo inteiro, mas também aquele mesmo de representante, face a alguma indiferença ou mesmo alheamento dos pais surpreendidos que estão por os filhos estarem a crescer;
depois o assumir do reconhecimento, por parte dos alunos, das suas atitudes, comportamentos e relacionamento com o trabalho em sala de aula; reconhece-se que por vezes não apetece, que por vezes se boicota;
um e outro remetem para dimensões diferentes mas complementares do que é a escola hoje; antes, os pais para além de nada terem a ver com o trabalho escolar, como em grande parte eram ignorantes face ao trabalho da escola, não participavam, nem opinavam; remetia-se para o âmbito doméstico a sua contribuição parental; o próprio aluno era um objecto (ainda hoje o é em grande medida) da acção educativa, passivo e receptivo;
esta alteração de posições requer outras dimensões organizacionais que o legislador pretende incutir, mas que as relações e os modos definidos na escola ainda dificultam, quando não mesmo recusam;

debate

a avaliação de desempenho, como qualquer outro processo de avaliação, implica discussão, debate, algum conhecimento, muita informação e alguma capacidade negocial;
quando não se têm estes elementos em consideração o mais provável é que os debates descaiam para o conflito e se utilizem opiniões em detrimento de argumentos;
invariavelmente é também o que se passa por aqui, em que, face a medidas e a intransigências, em vez de se utilizar uma imposição como factor de colaboração, se utilizam os pretextos como processos de intenção;
dá buraco, pois claro;

conversa

ontem ainda que rapidamente, foi dia de conversa com o orientador;
é um prazer, dos poucos que neste momento sinto com este trabalho, trocar ideias e opiniões em redor de argumentos e quadros de análise;
foi um pulo significativo, um progresso claro no que se refere ao trabalho e ao padrão de registo;
o trabalho de campo, a recolha de elementos empíricos, permite-me afinar processos e clarificar opções;
cansado, mas muito satisfeito, valha-me isso

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

culturas

as escolas são um conjunto muito diversificado de pessoas;
essa diversidade expressa-se na organização, planificação e avaliação de práticas e procedimentos;
tenho dificuldades em entender os mecanismos que procuram uniformizar tudo e todos, mais pelo manifesto receio da diferença do que pelas capacidades de assumir essa mesma diferença;
cá pela casa discute-se a avaliação e entre conceitos, ideias e opiniões há de tudo, desde as competências aos objectivos, passando pelos indicadores e pelos pesos;
onde fica a diferença? ou apenas teoria que ninguém, ou quase ninguém cumpre, face às características cada vez mais heterogéneas dos grupos/turmas;

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

marchar

a missa foi tal qual o esperado, sem surpresas e dúvidas acrescidas, face ao português utilizado;
ainda houve alguém que perguntou a que se devia a bondade aquele encontro;
gostei, particularmente, da introdução, onde se falou da autonomia das escolas e dos professores, dos instrumentos, das políticas e se concluiu que "temos é de marchar todos ao mesmo ritmo";
boa na é?...

missa

dia de missa na catedral da direcção regional de educação, para ouvir a oratória em redor do 75/2008;
que nos resta senão isso mesmo?

desafios

assumi a minha travessia do deserto político e partidário;
apesar de me reconhecer na acção nacional (e na moção de Sócrates) tenho muitas dificuldades em reconhecer o que quer que seja na estratégia e nos actores locais e regionais;
o amorfismo não é nem complacência nem incompetência, é estratégia; nessa medida resta-me esperar para fazer o caminho, como quem espera que estes dias cinzentos e chuvosos tragam dias de sol e melhor disposição;
mas sempre que ponho a cabeça de fora, há quem me desafie; não percebo se pelo desafio se apenas para ver como vão as minhas intenções e poderem, assim, controlar o rapaz;

domingo, 8 de fevereiro de 2009

convite

amanhã reunião na direcção regional, por intermédio de convite;
o convite mais não é que o reconhecimento pleno do não exercício de qualquer preponderância sobre as escolas, da diluição de um poder que se esvai no esvaziamento de competências, objectivos e funcionalidades;
pessoalmente considero este facto com alguma tristeza, pois podiam e deviam ser órgãos de apoio, acompanhamento e estruturação da acção das escolas;
mas a política (educativa neste caso, mas não só) tem sido inexorável face às estruturas desconcentradas, num permanente esvaziamento e descomprometimento...

empate

o glorioso não perdeu, mas não ganhou;
um empate que sabe a pouco, fruto das circunstâncias que ditaram aquele penalti;
campeonato pela frente e viva o Sporting, de Braga, pois claro :)

neura

desenvolver um projecto de investigação há já 4 anos é motivo forte para, de quando em vez, sentir uma neura do tamanho das casas;
reconheço que o projecto tem tido desenvolvimentos consentâneos com os objectivos que tenho definido e desenhado; contudo, não invalida que fruto do meu bio-ritmo e sentindo-me cansado, não sinta uma clara fartura deste trabalho, um apetite inexorável em não ter nada para fazer, preocupações que me apoquentem;
neste momento, atravesso uma fase em que não sinto prazer nem na investigação nem na escrita, apenas uma dor de fartura e manifesto cansaço;

sábado, 7 de fevereiro de 2009

lógicas

o movimento de contra-reforma nacional, esse mesmo que marcou a reacção da igreja católica aos movimentos de separação e contestação ao longo dos séculos XVII e XVIII, deixou marcas insalubres na nossa sociedade que ainda hoje criam pseudo lógicas de pensamento;
uma das medidas procurou assegurar a compartimentação dos grupos sociais, num período em que se insinuava alguma "promiscuidade" entre os grupos e se fazia sentir alguma mobilidade social, particularmente ascendente, decorrente do crescente peso da burguesia;
esta compartimentação foi ao ponto de assegurar que cada cada um permaneceria nas suas origens e assim se condicionou o vestuário, bem definido e regulamentado de acordo com o estatuto social, que quem era rico assim permaneceria, mesmo já não o sendo e proibindo a ascensão daqueles que, por razões diversas, o conseguiam fazer;
não é de História que falo, ainda hoje esta lógica se inculca no pensar nacional mediante a crítica de quem subiu na vida e vê apoucado, criticado quando não mesmo rotulado de muitos nomes e prevaricações apenas por que ousou deixar as suas origens;
permanece, de algum modo, instalado no pensar nacional que ricos são apenas os ricos e que os restantes se devem confinar ao seu espaço de origem, não lhe permitindo a ousadia de daí sair; e não são poucos os casos, desde o comerciante que fruto do seu trabalho subiu na vida, ao político do interior que ousou desafiar poderes instituídos...

família

as famílias juntam-se, o mais das vezes, em tempos de funeral, na morte de alguém que era uma das pontas de união da família, ou apenas um ponto numa rede de cumplicidades e afinidades;
com a minha tem sido assim; nos últimos tempos temo-nos reunido/encontrado no funeral de alguém que nos viu crescer;
hoje, um primo resolveu quebrar essa regra e a família cujo apelido consta na designação deste espaço, resolveu juntar os homens; três gerações, o meu pai, o único sobrevivente da família e os respectivos sobrinho, para além de mim, pois claro;
um almoço de estórias, memórias e saudades de futuro, de nos voltarmos a encontrar e a conviver; tão agradável que ficámos com vontade de mais...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

bruxas

em conversa rápida um colega (entre amigo e controleiro) perguntava-me por onde ando;
limito-me às bases, à infraestrutura política, numa travessia do deserto assumida pela distância que quero ter às agremiações de avental, uma vez que o PS desta terra é cada vez mais a boca de cena de argumentos escritos noutros lados;
diz-me que não, para não acreditar em cabalas;
respondo-lhe que em cabalas e em bruxas eu não acredito, mas ...

crise

na cidade onde trabalho, Vendas Novas, a crise sente-se;
há muito que tem a pretensão de ser uma cidade industrial; pelo bom e pelo mau até tem tradição;
mas a tradição não chega em tempos de crise;
uma das maiores empresas, uma para a qual grande parte dos jovens da escola gostaria de ir trabalhar, está em crise; e aqui sim, se espirra todo o concelho fica com tuberculose;
e a escola também não fica imune; sentem-se algumas amarguras nos jovens, é um silêncio que se prolonga, é uma ausência de sorrisos, são faces mais contraídas;
distantes da realidade, mas muito próximos dos afectos caseiros...

ouver

ontem fui "ouver" (como diz o Zé Duarte) José Sócrates;
a clientela do costume, nada de novo; até para mim, mais não é que um marcar de presença, dizer que ainda estamos vivos, que se existe;
não comento, dado que há por aí comentários q.b., nem mesmo na área da educação onde a novidade assenta no prolongamento da escolaridade, nem na juventude, onde lhe são dedicadas 4 ou 5 linhas;
o meu comentário vai para a sua frescura; depois de uma tarde na Assembleia da República de certamente ter resolvido mais uns quantos berbicachos, apresenta-se fresco que nem alface;
fiquei impressionado, reconheço...

alegria

afinal o canito voltou a casa;
foi ver os sorrisos e o descomprimir;
até eu passei o dia mais leve, muito mais leve...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

tristeza

estou triste;
desapareceu-me o mais recente amigo lá de casa, o nosso cão;
três meses de vida, há um em casa e hoje não o vimos;
estou triste

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

pote


ontem, face ao espanto natural, parei para captar a imagem; algures na estrada nacional 4, entre Vendas Novas e Montemor-o-Novo;
no fim de tudo isto estará o pote de ouro;

clique

já aqui o disse, esta geração, que se encontra na faixa dos 10 - 15 anos, designo-a como geração clique;
já foi designada de geração google, fruto do predominância que esta ferramenta tem dito nos últimos anos;
mas a designada geração clique caracteriza-o como mais imediatista e instância, à velocidade do clique, seja no rato, no icon da net ou no botão do aparelhómetro electrónico;
se a juventude sempre foi caracterizada pela rapidez e imediatismo, agora a velocidade altera-se e o imediato é o clique;

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

nome

quando escrevo preciso de o fazer em face de um nome, um título;
o nome ou a designação serve-me como elemento de orientação, uma referência de trabalho de acordo com uma linha argumentativa;
neste início de ano considero que a minha escrita finalmente desemperrou;
tinha uma designação - a regulação dos quotidianos educativos, instrumentos das políticas disciplinares na escola pública;
agora reconfigurei essa designação e é tão só: A escola e o governo de nós mesmos;
para já poderá ser o título da minha tese; a ver vamos...

andamento

primeiro a sala de aula;
depois de um primeiro período em que opto por questionar todo o processo de ensino-aprendizagem, levando a que grande parte dos alunos, e respectivas famílias, se sintam desorientados face à autonomia outorgada, o segundo período tende para a estabilização;
é engraçado ver os alunos a entrar, a puxar do material necessário e avançar sem sobressaltos para o trabalho;
ganha-se em responsabilidade no mesmo nível que a autonomia se insinua;
o tempo de concentração é ainda limitado, mas nada de anormal quando se tem apenas 11, 12 ou 13 anos;
mas é um privilégio percebe-los e vê-los a crescer;

domingo, 1 de fevereiro de 2009

novidades

e por muito incrível que nos possa parecer a segunda-feira do ano já lá vai;
novo mês, Fevereiro, se inicia e com ele todos os desejos de poder avançar com confiança e alguma determinação;
já defini objectivos, reformulei alguns e apontei baterias a um mês em que o pai fará anos;

modelos

há muito que os modelos da família dita tradicional se alteraram; ou talvez nunca tenha sido como os pensamos, mas apenas como os vivemos;
cá por casa sinto a manifesta dificuldade de ser pai e mãe, nos interregnos em que a esposa está de serviço;
entre refeições, neuras e roupas para o dia seguinte é um ver se te avias no desdobrar das atenções, da gestão de atritos quando não mesmo de conflitos, de interesses e o que mais apareça;
quando as minhas colegas dizem que eu não sei o que é ser mãe/mulher, apenas me sai um sorriso...