quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

2009

e pronto, agora escritas só para o ano;

um excelente 2009 e que façamos dele aquilo que mais desejamos;

catarse

o Miguel faz anos nesta rede de cumplicidades, de troca de ideias e de opiniões;
tem sido um dos mais coerentes, insistentes e persistentes na defesa de uma ideia de escola;
divirjo dele em alguns aspectos ou posições; concordo com ele em muitas das suas ideias;
reconheço nele a vontade de uma outra escola, de um outro professor, de uma outra educação;
é nesta divergência e na comunhão de ideias, que nos construímos;
fiquei menos burro desde que ele por aqui anda;

saudades

um amigo (assim o considero, apesar de controleiro) costumava dizer, repetindo as palavras do poeta, que saudades só do futuro;
mas há situações em que apetece desfrutar dessas saudades;
ontem estive à conversa com um colega de curso; amena cavaqueira que começou por uma obrigação e estendeu-se pela simples vontade de conversar, de trocar ideias, de encolher o tempo, de colocar em dia a partilha de vontades;
soube bem e fiquei com a nítida sensação que, caso se tivesse proporcionado de outra forma, teríamos ali ficado, sem compromisso nem obrigação, apenas a falar, conversar... a matar saudades...

últimas

e pronto chega-se ao fim de mais um ano;
lento a passar, rápido a fazer-se sentir na incredulidade de tudo o que o marcou;
deixo para outros o balanço colectivo do ano, mas não resisto a olhar para trás e a escrever duas ou três ideias;
quando, lá mais para a frente, olharmos para o ano de 2008, sentiremos um qualquer sentimento de dejá vu; o ano fica marcado pelo fim do capitalismo selvagem, pelo esgotamento da proclamada auto-regulação dos mercados; tudo o que daqui possa sair terá de ser diferente, como, com que contornos e assente em que características serão as grandes incógnitas do futuro;
o ano de 2008, em termos colectivos, não deixa saudades, marcado que fica eventualmente mais pelos seus aspectos mais nefastos e péssimistas do que que por uma outra qualquer razão mais soalheira; de uma ponta a outra, apenas consigo referenciar a medalha de ouro no triplo salto, de resto é para esquecer - o 5º lugar do glorioso, o enxovalho sucessivo da selecção, a ausência de políticas de futuro, de protagonistas presentes, do constante sumisso da minha terra e da minha região do mapa político, a afirmação de agremiações de sombra;
o futuro será aquilo que dele conseguirmos fazer...

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

diferendos

e o Presidente da República lá se pronunciou sobre o estatuto dos Açores;
contrariado, acedeu à sua promulgação, mas irá ferido de constitucionalidade e certamente invalidado pelo respectivo tribunal;
daquilo que ouvi das palavras do presidente, ressaltam-me duas ideias; por um lado, que o atrito entre presidência e governo, directa ou indirectamente por intermédio da Assembleia da República, se irá acentuar no decorrer dos próximos tempos; neste sentido, se 2009 não se perspectiva optimista o crescendo de fricção entre órgãos de soberania poderá, pelo menos, agravar a sensação e perturbar espíritos;
por outro e esta uma segunda ideia, a disputa de posições entre a assembleia e a presidência poderão ser um claro exemplo do que aqui tenho escrito sobre a afirmação das agremiações que se confrontam nos pequenos e grandes pormenores;

objectivos

o Miguel realiza uma sondagem sobre quem entrega ou não os objectivos individuais;
já votei, disse que entregava (mas, na realidade, até já os entreguei em Outubro passado) e pertenço aquela imensa minoria que entregou;
a definição de objectivos, seja na escola ou num qualquer outro serviço (mesmo que muitos docentes digam que não será bem assim) é das coisas mais complicadas de se fazer;
além do mais, até à introdução do fadado SIADAP, ninguém estava habituado a definir objectivos;
as coisas iam acontecendo de acordo com a normalidade dos quotidianos, das peripécias das situações, da vontade ou da bondade de uma ou outra pessoa; mas de forma sistemática, pensada e estruturada, nem de perto nem de longe, nem na administração pública, nem na escola; as coisas aconteciam porque sim, por que se seguiam uns dias atrás dos outros;
um dos desafios que a avaliação de desempenho coloca, a despeito das suas desvirtudes, consiste exactamente em pensar a nossa acção no médio e no longo prazo, em definir, de modo mais ou menos coerente e consistente, um caminho que se pretende trilhar; poderá não ser fácil de definir ou de implementar, mas será ou servirá como um azimute que se traça, mesmo que cheguemos ao fim e demos por nós no sentido oposto; mas aí teremos elementos necessários e suficientes para tentar, pelo menos, perceber do porquê; hoje simplesmente não temos nada e, em algumas realidades, é a desresponsabilização que impera;

domingo, 28 de dezembro de 2008

perspectivas

depois do balanço um perspectivar o próximo, 2009 mais de como gostaria que fosse, o que quero e pretendo fazer dele;
para 2009 um conjunto de intenções, que se ficam pela vertente mais académica:

  • concluir o trabalho de campo - levantamento de actas, realização de entrevistas, análise de dados;
  • redigir uma/duas apresentações/artigos - Abril/Maio e segundo semestre do ano;
  • iniciar o processo de escrita - organização de dados, estruturação da escrita, definição de linhas de orientação e redacção;
  • conversar com orientador, conversas pelo menos trimestrais;
  • em termos de produto ter, pelo menos no final do ano, o corpo documental organizado e estruturado;
  • redigir o capítulo referente às opções metodológicas e procedimentos adoptados na organização e tratamento dos dados;
em termos pessoais os objectivos e intenções ficam-se mais cá por casa do que por qualquer outro lado; 2009 é ainda tempo de atravessar o deserto que eu criei e que uma ou outra agremiação desfruta, mas há tempo para quase tudo, particularmente para aquilo que pretendemos fazer de um novo ano;

balanço

fim de um ano início de novo, é tempo de balanços, de equacionar o deve e o haver do nosso quotidiano, de perspectivar forças e fraquezas que nos consomem e condicionam, que nos empurram para o sorriso ou para a tristeza, para o sol dos dias primaveris ou para o cinzento do Inverno; entre um e outro é certo e sabido que nem um nem outro são eternos, que se cruzam numa manifesta instabilidade climatérica que, por vezes, torna incertos tanto a previsão como a projecção;
2008 fica marcado - cá para o ge - por ter:
  • conseguido delimitar um objecto de estudo, definir um objecto de investigação - neste processo foi para mim determinante ter conseguido transformar um objecto de interesse social (como é a indisciplina na escola pública) num objecto de investigação (a análise da alteração dos comportamentos por intermédio dos instrumentos de acção pública de regulação e governação do sistema);
  • retornado ao quotidiano lectivo, ao confronto sempre frutificante (como desgastante) de ajudar a crescer novas gerações - a utilização de uma metodologia que cruza os princípios do projecto com pedagogia diferenciada é um desafio diário na tentativa de perceber os acertos, correcções, rectificações e surpresas;
  • a passar noites apenas com os filhotes, pois a esposa retomou ao hospital e ao trabalho por turnos;
  • a ter mudado de sítio de escrita e de divagações e a ter assentuado aquilo que preenche os meus dias, a escola e a educação;
  • conseguido escrever diariamente para um jornal virtual cá da terra, apesar das bandeiras que usei (e uso) ou do tom panfletário de que me acusaram - e ainda bem, não gosto de coisas inócuas;
  • sido vigiado, controlado nas minhas acções e, particularmente, nas minhas intenções político-partidárias - é um regozijo sentir que alguém me dá importância;
  • ficado sem carro e, desse modo, condicionado na minha mobilidade que significa também alguma falta de contacto civilizacional, um outro ar;
  • visto e sentido os meus filhos a crescer, a afirmar ideias e opiniões, a definir a sua personalidade a cada dia que passa;
poderão ser coisa pouca, ou poucas coisas para um ano inteiro na minha vida pessoal, mas são aquelas que destaco de um ano que se apresta a finalizar, que por razões e vicissitudes várias me ficam nesta contabilidade;

avaliação

em final de período faço sempre um balanço do trabalho, das opções, das metodologias e das estratégias e processos de trabalho;
tenho consciência que o tipo de trabalho que desenvolvo (já aqui o escrevi, cruza uma metodologia de projecto com pedagogias diferenciadas e bebe alguma coisa na escola moderna e cultural) é diferente e aceite assim mesmo, como diferente;
mas como diferente que é traz sempre alguma desconfiança, uma necessidade permanente e consistente de se avaliar o seu ponto de situação, o rendimento do aluno, os seus resultados, a adequação ao seu perfil e aos seus objectivos - aferir os níveis de autonomia, a capacidade de resolução de problemas, o de confrontar competências com objectivos (santa incoerência, mas é verdade);
iniciar um processo de trabalho com estas características com um grupo em início de ciclo (7º ano) é uma vantagem, mas que traz consigo a necessidade de permanentes acertos, diálogos, negociação;
e os resultados globalmente não foram maus, longe disso, mas há acertos a fazer, nomeadamente ao nível da resolução de problemas e da definição das margens de autonomia de cada um;
situação a rever no início do 2º período...

sábado, 27 de dezembro de 2008

leituras

no meio da confusão e de muito ruído há textos que nos ajudam a pensar, há escritos que nos deixam a pensar;
este, de hoje do Prof. Manuel Maria Carrilho, é desses;
cruza a incredulidade dos tempos com a análise do possível, entremeado com o o desejável, sempre sem as certezas e garantias dos ignorantes, mas com a incerteza, a dúvida de quem procura um rumo, certo de convicções valores, hoje tão despojados;
destaco um parágrafo, podia referenciar outros, mas recomendo vivamente a leitura na integra:

Foram décadas de esvaziamento ideológico e de constante "virtualização" da realidade, em nome de exigências cada vez mais ocas. Falar de reformas passou a ser um estereótipo sem conteúdo. Proclamar a modernidade tornou-se num tique sem projecto. Invocar as novas tecnologias transformou-se no álibi de todos os impasses estratégicos. O essencial continua assim à espera: e o essencial é que se ultrapasse, com decisões e medidas concretas que exigem muita coragem, o abismo que se criou entre o poder da finança e o Estado de direito, entre as dinâmicas do mercado e as exigências da democracia. Porque é aqui que , clarissimamente, está a origem de todos os nossos principais problemas.

imagens

as imagens percorrem as televisões, são manchete de jornal e circulam um pouco por todo o lado e dão conta de um quotidiano de violência, provocação e até mesmo ou apenas de simples brincadeira;
a escola torna-se notícia vulgar, que cruza a banalidade das manifestações sindicais e socio-profissionais, com a vulgaridade de ameaças e pretensa violência;
a julgarmos a escola e a educação apenas por aquilo que nos é dado a ver e a ler em televisões e jornais começamos a acreditar que a escola está um caos, a educação um pandemónio e as relações aí existentes são feitas no fio da navalha, na tensão da proximidade, no stress das obrigações profissionais;
se é verdade que a escola hoje em dia não é igual há de dez ou vinte anos atrás, também é certo que teremos de relativizar e ler com algum espírito crítico, aquilo que nos é dado a ver e a ler pela comunicação social e não podemos, nem devemos, confundir a árvore com a floresta;
a grande falha que aponto à escola de hoje em dia, é a manifesta falta de formação de muitos que a habitam (e rodeiam na sua escrita) que impede ou condiciona que tenha uma outra estrutura organizacional para poder lidar com as diferenças, com o meio e o contexto em que se insere;
persistir numa regulamentação que tudo procura homogeneizar, uniformizar e a tornar monocromático, quando a realidade é cada mais diversa e policromática é querer tapar o sol com a peneira...

cabala

não sou adepto de cabalas, de organizações mais ou menos nefastas que com intencionalidade e sistematização organizam coisas que acabam por prejudicar uns e outros e retirar apenas dividendos próprios e individuais sem nunca se conhecer um rosto, um protagonista, um actor;
mas considero engraçado, para me ficar apenas pela ironia, perceber como as coisas funcionam ou pretensamente funcionam;
olhe-se ao diário da república on-line, agora democratizado no seu acesso, passível de muitas e diversificadas interpretações na sua leitura, 1ª e 2ª série, particularmente esta última;
não é num dia, nem em dois, são semanas consecutivas onde o Alentejo prima pela ausência;
são dirigentes, chefias nomeadas politicamente e outras estruturas intermédias que se perpetuam no poder, atravessando partidos, políticas e interesses, com manifesta tendência para o funcionarismo mais bacoco que se possa imaginar; consequência mais óbvia, o silenciamento de estruturas e de vozes dissidentes, minoritárias ou apenas não alinhadas - e não se pense que é de alinhamento partidário que escrevo, nem de perto nem de longe;
incompetência? sem dúvida; incapacidades? não dúvido; mas acima de tudo uma estratégia pensada, alinhavada e implementada eventualmente com origens em agremiações que não se assumem como tal, mas não deixam de cozinhar as suas influências, de fazer valer os seus interesses, posições e valores - nas mais pequenas e comezinhas coisas e situações, algumas ridículas outras nem por isso;
têm sido estes interesses e a sua afirmação que têm governado, direi antes regido, os destinos de uma região; umas vezes com vontade de participação, de alguma abertura, de alguma tolerância, sempre q.b.; mas os mais das vezes apenas com secretas sapiências de marasmo, de silênciamento, de jogo encapotado por regras que alguns, poucos, conhecem e outros, menos ainda, dominam;
resta tentar perceber até quando...

descanço

as pausas servem para isto mesmo, descansar, restabelecer, recomeçar;
esta está-me a saber que nem ginjas, família junta, alguma confusão à mistura, sossego e muito descanso;
de tal modo que já começo a pensar em trabalho; então sento-me a ver se passa...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

lembranças

é sabido que nesta quadra o despachar de sms's é obra e meio fácil, prático e rápido de chegar a quase toda a gente; mesmo àqueles com quem pouco passamos, mas como constam da lista, siga sms, fica bem e não custa (quase nada);
mas tem sido para mim uma surpresa receber mensagens e votos de pessoas que há muito tempo não vejo, que imaginava que não constaria da sua lista de distribuição e que mais não seria que uma lembrança passada;
sinal que o mau feito cá do ge é apenas referência numa ou noutra agremiação e não atinge amizades; valha-me esta quadra para sentir que existo, porque se lembram de mim...

Natal

ontem como muito provavelmente a grande maioria das cidades portuguesas, Évora fervilhava de Natal;
era um rodopio de gentes, de olhos ávidos de referenciar uma prenda, mais uma lembrança;
fiquei com a sensação que o subsídio de Natal se destinou ao equilíbrio doméstico e que o vencimento deste mês às compras;
Feliz Natal;

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

últimas

há que fazer as últimas compras de Natal; aproveitar uma ou outra ideia, uma ou outra necessidade e avançar para as surpresas;

FELIZ NATAL

sábado, 20 de dezembro de 2008

formalização

conhecendo diferentes realidades públicas e por comparação, terei de dizer que a escola não é, nem de perto nem de longe, o prototipo da burocracia; há outros locais bem piores, mais kafkianos, mais enlaçados nas teias da vil burocracia - apesar e muito para além de Weber;
mas há coisas que, apesar de necessárias (digo eu) tornam-se enormes laços de um processo de formalização que coincide, em muito, com o preenchimento do totoloto;
concordo em absoluto com esta ideia, que expressa claramente o que digo e já aqui escrevi; a inutilidade da formalização, mas também a obrigação de se pensar o que fazer e como fazer; só que as teias cerzidas em seu redor levam a que sejam apenas papeis e não se considerem as realidades que estão na pessoa daquele(a) aluno(a)...

afazeres

apesar da pausa de Natal mandar mais descansar e usufruir da família do que outra coisa, desenho alguns afazeres que procuro impor a mim mesmo nesta quadra;
coisas que cruzam os afazeres diários da escola e que só em pausa há oportunidade de pensar e fazer, com situações de investigação e organização do trabalho;
vamos ver o que faço...

expectativas

todos criamos expectativas, face a isto ou àquilo, sobre uma ou outra coisa, sobre situações ou acontecimentos;
quando se concretizam, ficamos contentes, satisfeitos; quando, pelo contrário, esbarram nas incapacidades de momentos, criamos ansiedades, sentimos a frustração de não se ter conseguido, pergunta-mo-nos sobre o porquê, duvidamos de tudo, mesmo de nós mesmos;
quando as expectativas são relativamente a nós mesmos e ao futuro então ganham dimensão de pesadelo;
resta acreditar que é possível superar contrariedades, que depois de hoje há um amanhã, outro dia e que o mundo, por muito incrível que pareça, roda sempre para um outro dia;

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

observador

ser minimamente conhecedor de como funciona, por dentro, a administração pública nacional e ter o privilégio de trocar ideias com elementos que ocupam cargos, permite-me criar um olhar que cruza conhecimento com distância;
este conhecimento permite-me, por outro lado, criar um conjunto de perspectivas de análise que, considero, interessantes;
é um outro conhecimento, uma outra perspectiva - e fundamentada;

esperança

com as notícias que dão conta do alargamento de vagas de quadro para o próximo ano lectivo, fico com a leve esperança de me conseguir aproximar;
é a única coisa que me falta para estar totalmente bem;

festa

ontem foi dia de festa na minha escolinha;
não apenas por ter sido o último dia de aulas mas porque houve sarau de reconhecimentos vários;
bonita e simples, onde foi possível ver que quando se quer (apesar de tudo) se consegue;

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

ausência

estou mais comedido; de quando em vez opto por não escrever, de modo a evitar estender-me por sítios que não devo;

livre

Évora e de um modo geral o Alentejo é dominado por um conjunto de interesses mais particulares e individuais que se têm, há muito, superiorizado ao conjunto dos interesses públicos e colectivos;
são interesses agremiativos, expressos por protagonistas que raramente se assumem com tal;
a situação de Évora (impasse, bloqueamentos vários, incertezas) e do Alentejo (ausência manifesta na comunicação social, esvaziamento de protagonismo e estagnação) não é obra nem do acaso nem de incompetências, mas sim de estratégias pensadas, organizadas e instituídas;
resta saber até quando se condiciona a acção e o pensamento livre;
ou uns são mais livres do que outros?

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

comedido

dizem-me que estou mais comedido na minha escrita;
talvez seja assim; afinal os anos vão passando e há razões que começam a superar as emoções;
talvez seja bom; talvez não; quem sabe;

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

soberania

as questões em redor da educação, expressas de modo muito loquaz na avaliação de desempenho ou no Estatuto docente, podem ser também traduzidas em questões de soberania;
é um braço de ferro, uma medição de forças para saber quem tem e exerce mais poder (influência, interesse) sobre os professores;
as questões da soberania não se restringem ao simples exercício do poder, sempre difuso, se assente numa concepção foucaultiana, mas na capacidade de influenciar, instrumentalizar o exercício do poder;
e aqui não haverá volta a dar, é mesmo de questões de política que se trata, por muito que alguns queiram omitir esta dimensão;

sábado, 13 de dezembro de 2008

vapor

em dia de chuva, vento e frio a lareira parece uma caldeira de uma locomotiva do antigamente, daquelas a vapor;
arde, aquece e faz companhia;
devia estar a ler actas, a trabalhar (fosse para a escola, fosse para o meu projecto de investigação) mas não me apetece;
divago entre espaços virtuais, escrevo ideias soltas e espero pelo glorioso;
descanso...

enganos

recebi uma sms de pessoa que conheço, mas não era para mim;
respondi, apesar de alguma surpresa; salvaguardei a distância como elemento mediador da minha dúvida;
foi mesmo o melhor que disse, porque tudo o mais não foi asneira, mas desnecessário e manifestamente descontextualizado;
acontece...

impasse

pois claro, a avaliação de desempenho re-caiu no impasse;
apesar de conversas e pseudo negociações o certo é que ninguém arreda pé das suas posições;
agora seguem-se, de acordo com as notícias de fim-de-semana, os médicos (e em próxima oportunidade os enfermeiros, pois claro), os magistrados (que tal como os militares não querem ser equiparados aos demais) e, genericamente, a administração pública, em virtude da alteração de estatuto;
como será o futuro? conturbado, de certeza...

psi

nos últimos vinte anos, para não ir mais atrás, as ciências oriundas das psicologias têm determinado, e muito, os afazeres escolares e educativos;
por razões várias a entrada da psicologia na escola tornou clínicos processos que eram eminentemente pedagógicos - por dificuldades, desinteresse ou simples alhaeamento, por contextos familiares, etc;
não virá mal ao mundo, é certo, mas implicou e determinou mudanças substantivas;
isto a propósito das dificuldades que um aluno tem sentido por mudar de ciclo (do 2º para o 3º) e do fraco aproveitamento que tem revelado, em que a mãe, sem saber o que fazer, o levou ao psicólogo;
sem respostas, o último a ser consultado foi o director de turma, eu mesmo, pois claro;

paragem

foi uma pausa sem querer;
entre dúvidas e afazeres distanciei-me dos meus comentários;
afinal, certamente também não teria grandes motivos para escrever, senão te-lo-ia feito; certo!?

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

registos

ando de volta dos registos do professor - a preparar as avaliações;
não me conformo; começo sempre tudo de princípio; ainda não descobri o suporte adequado aos meus objectivos;
os instrumentos de registo que encontro são quantitativos, quando opto por uma avaliação qualitativa e eminentemente descritiva; resultado, construo suportes, ora em Access, ora em Word, ora em Excel e não consigo optar por um;
falta sempre qualquer coisa, está incompleto, não obedece aos meus objectivos, não é funcional, não é prático;
estou irritado com esta coisa...

vida

quem lida habitualmente com as questões da saúde, da vida e da morte, cria as suas rotinas e os procedimentos que minimizam a gestão dos sentimentos e das emoções;
mas há sempre surpresas, incredulidades;
para todos os efeitos, relativizam-se outras situações, outras circunstâncias;
e em casa percebem-se outras dimensões das relações...

virtual

este ano tenho optado por uma crescente influência do correio electrónico na relação quer com os alunos, quer com pais/encarregados de educação da direcção de turma, quer mesmo com os colegas do conselho de turma;
esta crescente utilização tem criado dinâmicas próprias, alterado outras e condicionado outras ainda;
são os trabalhos que circulam pelo correio, são as dúvidas que não têm nem hora nem lugar, são os esclarecimentos que se disseminam, como são os instrumentos e recursos de trabalho que se volatilizam;
interessante e para continuar a atentar perceber...

público

não concebo, nem imagino que um qualquer responsável de um qualquer serviço, nomeadamente aqueles que são, para todos os efeitos, designados politicamente, sejam meros funcionários públicos com o estatuto de chefe;
é um contra-senso que conduz quer ao esvaziamento de serviços quer ao empobrecimento do espaço em que se insere o referido serviço;

sábado, 6 de dezembro de 2008

correio

o ministério da educação tem utilizado (e abusado?) do correio electrónico para esclarecer, explicar e informar sobre o processo de avaliação de desempenho;
sobre os mais diversos argumentos, e sem direito a resposta, diz de sua justiça;
sem ser convidado ou solicitado a tal, nada o impede de ocupar a caixa de correio e dizer das suas, informando os desprevenidos, desatentos ou pouco esclarecidos quanto ao ponto de situação da discussão, aos argumentos ou àquilo que entenda;
se esta situação não fosse circunscrita ao processo de avaliação, se a presença e o esclarecimento ministerial fosse tão célere e escorreito noutras situações como esta, se a administração pública, sectorial ou geral, apresentasse esta estratégia até seria de saudar;
como é apenas e simplesmente propaganda, é apenas triste que aconteça... pois não temos oportunidade e possibilidade nem de responder nem de recusar;

riscos

talvez esta seja uma das razões que leva ao apoio do primeiro-ministro à senhora que tutela a educação;
como é claramente uma estratégia de isolar os professores do resto da sociedade, risco que sempre afirmei e defendi a evitar;
talvez a nova posição, das partes envolvidas, permita equacionar saídas e alternativas;

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

princípio

mas foi aqui que as coisas começaram;
era um suporte novo, uma tentativa de me experimentar e experimentar a escrita, rotineira, diária, quotidiana;
eram dias quentes, em pleno contraste com os dias frios de hoje, que me levaram a baptizar as crónicas do deserto;
olho para trás, passaram mais de 5 anos, revejo apontamentos, notas soltas e sinto que pouca coisa, muito pouca mudou;
porquê? que não fiz eu para que as coisas, pelo menos as minhas opiniões, não tivessem mudado? será que deveriam ter mudado?

memória

são memórias de escrita;
por mero acaso fui parar ao sítio onde quase tudo começou, esta escrita, entre o opinativo e o simples prazer de fluir os dedos pelo teclado libertando ideias e opiniões;
naquele sítio, tive oportunidade de clicar nas ligações que então disponibilizei; já não são muitos os que escrevem, seja por mero cansaço de uma rotina, seja pela mudança de sítio, de modo a não cansar passantes ou simplesmente a criar alternativas;
mas é esta memória que me permite ser coerente; coerente no tempo, nos modos de pensar, nas ideias que defendo, nas posições que assumo;

e depois do adeus

é o título de uma canção e foi senha de Abril, é pretexto para perguntar e agora, como é?
impossível continuar tudo na mesma, como se nada se passasse e nada acontecesse;
há que equacionar as soluções, as possibilidades e não apenas e simplesmente os constrangimentos ou os problemas;
mais greves não resolverão a situação de intransigência ou de impasse;
pessoalmente pergunto-me qual a razão e a orientação que leva o primeiro-ministro a manter na sua equipa um problema;
a substituição de Maria Lurdes Rodrigues poderia conduzir a uma situação caricata; por um lado, apaziguar os ânimos, por outro, desencadear a implementação do modelo de avaliação, ainda que simplificado

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

esvaziamento

já antes o tinha aqui escrito, o esvaziamento político, mediante a retirada de cena dos principais interlocutores do Ministério da Educação, procura colocar a situação num patamar meramente socio-profissional; se isso acontecer perdemos a razão e a oportunidade de, num momento único, fazermos valer ideias e uma posição;

alterações

depois de tantas alterações, do reconhecimento de erros e de problemas seria ainda mais importante assumir um ponto de situação que deixasse às escolas espaços de autonomia necessários e suficientes para que se definam;
reconhecendo que nem todas as escolas têm esta capacidade há que assumir posições intermédias e que, não sendo de consenso, evidenciem progressos sociais e profissionais na coisa da avaliação;
senão não saímos daqui;